Com o devido respeito por todos, porque bons e maus há em todo o lado e eu também tenho os meus momentos de incompetência, mas já que perguntam:
- A justiça lenta e morosa que parece mais uma injustiça por favorecer os prevaricadores e facilitar a vida a quem não merece;
Acho um mal menor. A Europa, de uma forma geral, tem pouco crime. O pior são crimes do "colarinho" ou seja, financeiros/políticos. Mas aí o problema é que nem chegam a ser acusados, quanto mais devidamente investigados e levados a julgamento. E quando são, há sempre formas milagrosas de fazer desaparecer provas, seja universidades que não fazem registos dos alunos, seja uma das maiores operadoras nacionais a "perder" registos de chamadas. Enfim... Corrupção ao máximo, mas quando é na política/governo/ministérios, sendo a justiça controlada por um desses ministérios, dificilmente se resolve.
- A educação e formação dos nossos jovens que deveria ser mais profissional e rigorosa;
100% de acordo. Mas mudem os programas primeiro. Digam-me o que disserem, jamais acharei correcto andarem a ensinar literatura a alunos de ciências, quando os mesmos nunca aprenderam a escrever uma carta formal, um relatório ou outros documentos fundamentais para o futuro profissional. Pior, terem que saber interpretar os Maias, quando ainda escrevem "senoura" ou "diçeçe". Sim, eu conheço-os. Ao ponto de na minha universidade a reitoria ter ordenado todos os cursos de engenharia terem 1h semanal de português. Andar fazer as fichas de exercícios de pontuação que fazia na primária com 19 anos é triste, no mínimo.
Isso e educação física ou desporto não ter peso na média. De que me serve aquele 19 afinal?! Fiz competição, aprendi as regras de N desportos e o valor que isso tem é 0. Mas se fosse um sedentário que soubesse falar bem sobre os "êtrónimos" (sim, escrevi mal de propósito) já seria valorizado?
Não me entendam mal. Eu tive boas notas noutras cadeiras, como por exemplo 18 a Física, por isso não sou nenhum calão que só pensa em dar chutos na bola. Mas acho mal desvalorizarem desporto, em relação a outras matérias igualmente obrigatórias. É uma questão de disciplina e igualdade. As únicas coisas que concordo que tenham mais peso é Matemática e Português (português, não é literatura).
- A reabilitação da nossa agricultura;
Quem é que vai cavar se somos todos engenheiros e doutores? É mal visto tirar um curso técnico ou profissional. Os pais querem é filhos com canudos, de preferência médicos ou economistas. Mas concordo que fazia falta... Até para criar emprego e fomentar a vida fora dos centros urbanos. Espalhar um pouco a malta para não andarmos todos em cima uns dos outros.
- Apostar mais e melhor na nossa indústria;
Não há dinheiro. Temos mão de obra especializada de topo, ao nível dos melhores, mas cara devido à escassez e muitos abandonam o país. Além de ser difícil competir com os mercados emergentes em capacidade/preço. E também temos pouca aposta na exportação. As pessoas focam-se na ideia do produto nacional, mas esquecem-se que o produto nacional usualmente tem uma qualidade/preço acima daquilo que o português pode pagar nos dias de hoje. O padeiro também não faz pão para ele, faz principalmente para vender aos outros. E é nisto que nós falhamos. Aliás, nós até gozamos em vez de apoiar. Tenho como exemplo o papel higiénico colorido, que eu próprio pude ver a ser vendido do outro lado do atlântico a preços surreais.
- Ajudar mais as PME's para revitalizar a nossa economia;
Fomentar mais o empreendedorismo. Há pessoas com boas ideias e sem fundos, assim como pessoas com dinheiro que não sabem o que fazer com ele. Os bancos são quem mais ajuda neste aspecto, mas ou há pouca procura ou então há pouca credibilidade / insegurança por parte de quem investe. Não sei ao certo. Também, da minha experiência, os apoios e informações nem sempre chegam onde devem, por falha dos serviços, mas isso vem noutro ponto mais adiante.
- Melhorar o nosso sistema de saúde e de segurança social;
Aqui seria para mim o ponto de partida. Subsídios à ciganada? Eu tinha dois full-times, 80h semanais e quando precisei, levantaram-me o dedo porque era recibos e a lei dos recibos era recente e sem retroactivos. 5 anos a alimentar chungaria calona e porcos abastados.
Serviços de saúde? Tudo para a rua. Médicos a acumular horas entre público e privado, com ordenados de luxo e ainda a receber bónus pela porta do cavalo dos laboratórios e farmacêuticas por cada exame ou receita passada. Sim, é verídico e sei-o de fontes seguras. Inclusivamente em situações totalmente desnecessárias, o que interessa é ganhar o dito bónus.
Nunca mais me esqueço também de ter estado 4h nas urgências, à espera de ser operado, com um senhor ao meu lado. Senhor esse que já lá estava desde o dia anterior, com a mão cortada numa serra giratória. Isto já depois de ele ter sido "chutado" entre as urgências de três hospitais, para acabar o mesmo onde começou.
- Apostar mais na formação dos nossos funcionários públicos e privados;
Não digo formação, digo mesmo escravatura. É que no sector privado, cada um contrata quem quer e paga o que quer. É problema da empresa. No público já não devia ser bem assim. Durante muitos anos foi um luxo! Boas regalias, ordenados acima da média, progressões automáticas, lugares cativos e reformas a condizer. Agora choram, mesmo continuando com condições acima da média. E competência?! Volto a repetir, perdoem-me o comentário, porque bons e maus há em todo o lado e todos nós temos os nossos dias, mas a percentagem de funcionários públicos sem competência é enorme. E não é falta de competência devido a formação, é falta de competência porque não querem saber, falta de brio profissional, o importante é picar o ponto das 9h às 17h e siga. Muito foram lá parar só porque são amigos da prima do fulano que por acaso até é amigo da directora da repartição...
- Tentar acabar de vez com a corrupção.
Opah... Entre S.Bento, tribunais, empresas públicas e parcerias privadas, estádios e afins... Só S.Bento era preciso uma carabina de repetição automática e uma tarde inteira a disparar. É um ninho de vespas.
Para contextualizar esta amargura toda, sou um jovem que estudou, serviu a República Portuguesa (ex-militar), trabalhou anos a fio muitas vezes só com descanso domingo à tarde e a bater as 12h por dia, para agora ter que me agarrar ao que aparece, sem qualquer perspectiva de um futuro aceitável. Não me posso queixar de desemprego, mas mato-me e esfolo-me sem nada em troca. E afinal de contas em pediu subsídios para a ciganada? Quem meteu lá aqueles porcos mandato após mandato, sempre a rodar pelos mesmos que nem SL Benfica e FC Porto? Quem deixou crescer esta geração ao sabor do vento para depois lhes chamar "rasca"? Quem nos educou com a ideia de que temos que ser todos doutores "das caixas de supermercado" com o BMW pago às prestações?
Podem não concordar com nada do que disse, mas achando que já dei mais a este país do que devia ter dado, ao menos o direito à minha opinião ninguém me tira (enquanto não houver imposto sobre opiniões).