Tu não és um bttista

Nunomlcs

New Member
Boas Nozes,

O teu texto é muito bem escrito, mas não o subscrevo na integra. Numa comunidade tão grande como é BTT, existe de tudo , e a generalizarmos corremos o risco de ser injustos. Acredito que muita gente ainda anda de bike pelo prazer de andar de bike e não para mostrar aos vizinhos,assim como também admito que há quem o faça. É cmo tudo na vida, existe de tudo e para todos.

Um abraço
 

Nozes

Active Member
Olá Nuno,

Se reparares,a minha ideia não é generalizar,as pessoas a quem me dirijo no texto são os novos "corredores de passeios/maratonas",que aparecem como cogumelos todos os dias. ;)
Não escrevi para criticar mais ninguém,ao contrário do que muitos podem fazer crer nos seus comentários...
 

jmdcfigueiredo

New Member
Não sei se tens o tópico subscrito Nozes, mas se tiveres e leres isto os meus parabéns.

Gostei imenso da tua dissertação sobre "o estado da nação".

Acho que sou bttista! Um abraço
 

oliana

Active Member
Eu acho que as bikes evoluiram muito durante os ultimos anos. Para nos dar mais prazer e segurança, com muito mais conforto. O que se fazia há uns 20 anos atrás é história e o que ficou foi mesmo de bom, foram os momentos de convívio.
Como ando de bike há quase 40 anos, sem contar com os triciclos, poucas saudades me deixam as velhas bikes, para alem da natural nostalgia. São peças que nos ficam na memória. Fazem parte da nossa vida, como tudo.
Não acho que era melhor andar numa bike há 10 ou 15 anos atrás. E comparar o que se faz agora numa bike de xc com uma dos anos 80 seria rídiculo. Nem as bikes tinham aptidão para tal. E fazê-lo com sofrimento, dizendo que assim é que era bom, será um exagero. Como dizer que havia mais capacidade de sacríficio.
Os tempos mudaram e as bikes tambem. Quem pode comprar uma máquina cara, compra. Quem só pode comprar uma pela metade do preço, fica por ali. Não quer dizer que seja melhor ou pior bttista. Nem o extracto social tem a ver para o caso. Somos todos iguais nos trilhos.
Com qualquer bike.
 

depinho

New Member
Caro Nozes, gostei do teu pensamento, do qual subscrevo inteiramente. Mas lamento que a grande maioria dos que comentaram o post, não o tenham entendido, como eu o entendi. O que li, não está em causa a parte física, mas a parte mental.
Boas pedaladas.
 

STIG_73

New Member
É sem dúvida um belo texto. Mas, como em tudo, apresenta alguns argumentos que podem ser rebativeis. Na essência somos obrigados a concordar com quase tudo o que lá está escrito, basta atendermos à definiçao do próprio veículo em que se pratica esta modalidade / hobby. Agora, olhemos para o António. O António todos os fins de semana saía no seu utilitário para passar um bom bocado à beira de um qualquer lago ou ribeiro numa qualquer localidade deste país. Ultimamente o António tem reparado no cada vez maior número de pessoas que passam montadas numa bike e pensa para consigo, se calhar isto até deve ser divertido e ao menos não será tão monótono como estar aqui a dar banho à minhoca. António decide comprar uma bike barata, porque o orçamento não dá para mais, e começa a dar umas voltinhas ao fim de semana. Não tem grande material, não tem muito guito para inscrições em passeios e maratonas e também não tem grande técnica mas diverte-se imenso em cima da sua bike. O António não é bttista? Se calhar não, mas também não é isso que o preocupa. O que interessa é que se diverte muito em cima da sua bike e não está preocupado com o olhar de soslaio dos supostos bttistas quando passam por ele. Temos que conviver num ambiente de respeito mútuo e não rotular as pessoas pelas suas opções.

Abraço e boas pedaladas
 

alfsa

Member
Exacto vferraz, tem que haver lugar para todos. Eu não me revejo na malta que faz maratonas e/ou passeios organizados, contudo respeito-os completamente, se é o que gostam de fazer força.... Agrada-me muito mais voltas com grupos pequenos, 6 ou 8, sem confusões, com liberdade de escolha, sem horários, sem pressões. Adoro quando a malta vai para uma zona explorar novos trilhos, inventar... ver grandes paisagens, fazer aquela descida técnica de cortar a respiração ou subir o raio de uma parede e poder chegar ao topo e apreciar a vista antes de se atirar feito tolinho pela descida abaixo.Isto para mim é o meu BTT. Se sou betetista ou não, não sei, mas também não me preocupa muito.

abraço....
 

Mach3

New Member
Boas,

Nozes, gostei muito do teu texto inicial, contudo não me revejo em tudo o que ele diz, pois se não percebi mal, defines o verdadeiro btt como uma vertente mais técnica, e criticas quem faz 80 Km em estradões, no entanto o btt é como tudo, e deixo o exemplo do futebol em que a maior parte de nós jogando muito ou pouco gosta de jogar, e não deixa de ser futebol.

Eu sou daqueles que não tenho muita técnica a andar, pois na infância infelizmente os meus pais não tiveram condições de me dar uma bicicleta de modo que pouco andei, além de que eu próprio não gosto de zonas demasiado técnicas, no entanto sendo ou não um BBtista, há uma coisa que eu sei, eu de vez em quando faço BTT, seja um btt muito rolador ou pouco, muito técnico ou não, com ou sem subidas, não importa, faço-o porque me encanta, e acima de tudo porque me faz feliz.

Cumprimentos,

Mach3
 

romaguero

New Member
Se ando muito ou pouco, se tenho um bicla cara ou barata, etc..., não importa o que importa é que gosto de bicicletas, gosto de andar de bicicleta sózinho ou (preferencialmente) acompanhado, divirto-me e isso faz-me sentir bem... o resto... é conversa. Pedalem mais e falem menos.
 

Mangelovsky

New Member
O que eu gosto no BTT, que fiquei a achar que o Nozes não gosta:

Eu cá sou um daqueles que foi descrito há umas páginas atrás, que gosta de se picar nas subidas para mostrar que a tem maior que os outros. E o que é certo é que a tenho mesmo grande, tão grande que frequentemente me atrapalha o pedalar e me impede de ganhar esses mesmos picanços;). Mas mesmo assim não há ciclista de roda fina que eu encontre na estrada que não tente desafiar, ou sempre que me sinto bem numa subida ou num terreno rolante, lá disparo eu, na esperança que alguém me siga. Faço-o simplesmente porque me dá gozo e sempre respeitando a minha segurança e a dos outros. Não me acho melhor ou pior ciclista que ninguém, se "ganhar" ou "perder" o picanço.

Mas não é apenas disso que eu gosto: gosto de passeios de 80 km em estradões de terra, que durem o dia todo, com sandes e barras de cereais na mochila, que acabam por ter que ser reforçadas com coca-colas e batatas fritas de pacote compradas na tasca que fica mesmo a jeito na meia distância do passeio. Gosto de aproveitar o alcatrão e os estradões para tirar umas fotos ao grupo em andamento, sem ver bem para onde aponto, corrigindo a falta de qualidade das fotos com recurso à selecção na quantidade. Gosto de me juntar a um grupo de amigos que gostam mais de copos que de bikes, adicionar uns alforges com tralha à traseira da bicla e fazer algo tão pouco original como ir até Santiago de Compostela por motivos tudo menos religiosos, bebendo uma ou duas cervejas a mais todas as noites do percurso e fazendo piadas e jogando pelo caminho jogos que envolvem arrotos e libertação de outros gases mais fétidos. Também gosto de por vezes fazer pouco mais do que 20 km na cidade ao domingo de manhã e acabar o passeio numa esplanada a tomar café, com uma conversa que dura mais tempo que os 20 e poucos kms feitos.

Estes poucos kms feitos têm o efeito de me deixar ligeiramente preocupado por quase não ter treinado para a maratona de 80 kms que vou fazer na semana seguinte, na qual vou andar a pensar na semana toda e para a qual vou adorar andar a procurar nos supermercados, o melhor preço nas barras Isostar, no Gatorade em pó, ou no Powerade engarrafado. No dia anterior ao da maratona vou me deitar excessivamente tarde, depois de lavar e afinar a bicicleta com cuidados acrescidos e vou perder tempo com preciosismos do género: fazer um pequeno golpe com a tesoura nos papeis das barras, para poder abri-las com uma mão e com os dentes e comê-las em andamento, aproveitando as zonas de abastecimento para deitar fora os papeis que se acumulam nos bolsos do jersey e para comer mais qualquer coisa (as bolas de berlim tramam-me sempre, apesar da ideia inicial ser de não perder tempo parado). Gosto de quando me sinto um pouco preso em cima da bicicleta no início da maratona e depois, a partir do meio e até ao fim, de sentir que já ando com muito mais técnica e fluidez por já estar há horas a praticar. Gosto de me sentir bem até aos 40 kms, ponderar e decidir que faço a maratona toda em vez de apenas metade, e de já estar a começar a sentir as pernas esgotadas aos 55, mas ainda assim completar o frete de qualquer forma e senti-lo como uma vitória no fim.

Depois de uma maratona, nada como consultar o site da organização umas três vezes por dia, até aparecer uma tabela com as classificações, onde procuro o nome dos meus amigos que ficaram atrás de mim, para lhes poder mandar umas "bocas mete nojo" durante alguns dias. Do site da prova, também saco os previews das fotos que tive a sorte de me terem tirado e chapo-as na janelinha do messenger para "impressionar as miúdas", e perco algum tempo a admirar-me a mim próprio, enquanto os guardo em pastas segundo localizações e datas.

O que eu gosto no BTT, que acho que o Nozes também gosta:

Gosto de sair para andar sozinho, calmamente, repetindo os trechos das subidas ou descidas que não consegui fazer, ou que não saíram muito bem à primeira vez. Adoro provas de XC (das antigas), divirto-me mais a fazê-las do que as actuais e mais frequentes maratonas e tenho imensa pena de praticamente não conhecer ninguém que esteja disposto a fazê-las comigo.

Gosto de fazer passeios ao domingo de manhã ou de tarde ou no sábado, que sejam duros pela distância e pelo tipo de terreno envolvido e fico com o ego em alta, sempre que faço uma descida que me meteu algum medo à partida, ou quando consigo ir um ou dois metros mais acima na subida que "é para se fazer a pé". Gosto de meter conversa com outros betetistas que vão na mesma direcção que eu, especialmente se já me estiver a sentir cansado, porque a conversa distrai um bocado da dor. Gosto de cumprimentar toda a gente que encontro no monte, excepto o pessoal de mota, mas ainda assim prescindo da excepção se eles me cumprimentarem primeiro.

Gosto de ver uma mancha verde no Google Earth e de tentar passar por lá na volta seguinte, para ver se "dá para andar".
Gosto de usar o carro menos que a maior parte das outras pessoas, por pedalar a maior parte das vezes para o trabalho, apesar de transpirar sempre um pouco mais do que seria ideal a fazê-lo e ter que aguentar parte do dia com a roupa húmida no corpo. Gosto do meu kit de ferramentas portátil, da bomba e da minha câmara suplente e do facto de terem muitos anos e muito pouco uso, porque saio sempre de casa com a bike devidamente vistoriada. Gosto de fazer um passeio a abrir, sair de casa a pedalar para um monte que fica a 20 km de casa, apenas com um ou dois colegas que estejam a andar bem no momento, e de fazer uns kms de estrada extra no fim, como penalização por ter levado coça deles nas subidas. Gosto das dores musculares que estou a sentir agora, por ter feito ontem um bom passeio desse género.

Gosto de ter começado a andar de bicicleta no monte em 1994, e de por isso ter uma boa noção de como as bicicletas evoluíram e as revistas da especialidade já raramente me ensinarem algo de novo. Por essa mesma razão, também gosto de me sentir ligeiramente mais sábio ou um pouco paternal em relação aos outros que só começaram a praticar na era "pós travão de aro", apesar de saber que é um sentimento errado e que por vezes isso se reflecte involuntariamente na forma como digo ou escrevo as coisas.
 
Last edited:

Mach 4

New Member
Observações interessantes ;). Acho que ninguém se pode ofender de não ser considerado um verdadeiro Bttista. Assumam esse facto sem vergonhas. Eu por exemplo considero-me mais um "domingueiro" solitário, porque não tenho mais tempo disponivel (para além do trabalho agora sou pai também) nem moro perto de um monte para poder ir explorá-lo :(. Nunca fui a uma maratona ou a um passeio organizado no entanto já experimentei todos os pisos existentes, já fiz um pouco de enduro, já lavei a bicicleta muitas vezes, etc...mas continuo a não me considerar um verdadeiro Bttista. Só tenho pena é de ter iniciado esta vertente desportiva muito tarde (em 2007). Lamento mais ainda ter adiado 6 anos a compra da minha bike. O pior mesmo foi o tempo que perdi para evoluir assim como as imensas oportunidades de ir pedalar com o pessoal, coisa que hoje em dia para fazer se torna bastante complicado. Contudo através das minhas experiências pessoais, aliadas a muitas conversas sobre este assunto, já deu para entender muitas coisas nesta modalidade, sendo uma delas que o Btt não é mais que um estado de espirito, uma harmonia entre mente e corpo, um desafio ás nossas capacidades e limites, sabendo sempre como tirar o máximo rendimento da nossa bicicleta...nas mais diversas e adversas situações. Quanto a esta questão já quase tudo foi dito nos posts anteriores, mas analisando mais a fundo a palavra Bttista, e a origem desta vertente desportiva percebemos que nada tem a ver com o vulgar ciclista, que pedala nas ruas por puro prazer ou por simples necessidade de se deslocar. Temos de saber distinguir as coisas. Como reza o ditado -"Cada macaco no seu galho." Entendo o Btt como sendo uma modalidade em que um individuo para "amadurecer" terá de passar por vários nivéis. Comparo estes nivéis como a atribuíção de cores nos cintos dos Judocas ou no Karaté, onde a experiência é medida pela capacidade de aprendizagem, destreza, concentração e até mesmo de inovação da técnica singular. Por outras palavras - para se chegar ao cinturão negro não chega teres milhares de km nas mãos, nem tratares a lama por "tu", nem aparecer com uma bicicleta devidamente montada após te terem fechado numa garagem sózinho com uma caixa de ferramentas, etc. Teremos de reunir uma série de condições e requisitos que só com muita prática e tempo nos irão demonstrar o nivel em que estamos. Um Bttista genuíno será aquele que é expedito em qualquer situação, aventureiro destemido, que saberá "ler" a natureza que o rodeia, terá de ter alguns conhecimentos de mecânica e um enorme espirito de sacrificio e entre-ajuda. Resumindo a mensagem do Nozes - Btt é sinónimo de terreno acidentado, de perigo, de risco, de adrenalina, de sujidade, pó, sangue, súor e mesmo lágrimas...é como fazer uma tropa de choque em cima de uma bicicleta. Já vi muitos com grandes máquinas mas com pernas curtas, com montadas das mais caras e evoluídas mas sem quererem suar em cima delas. Uma coisa é mostrar-se como Bttista outra é REALMENTE QUERER abraçar esta modalidade...como um compromisso de vida. Para isso é preciso muito tempo, dedicação e sentido de oportunidade, coisa que eu neste momento não tenho, por isso só me resta dizer - "Quem me dera ser um verdadeiro Bttista... :cool:".

P.s - A culpa desta massificação em torno do Btt deve-se somente a uma pessoa - Mr. Gary Fisher.
 
Last edited:

bmards

New Member
Gosto de ver uma mancha verde no Google Earth e de tentar passar por lá na volta seguinte, para ver se "dá para andar"./
viva a nova tecnologia....
Grande analise, subscrevo inteiramente
abraço
b.sá
 

oliana

Active Member
Mach 4. Tarde!

Nunca é tarde para se começar. Embora tenha bicicleta desde miudo, foi aos 36 anos, e com dois filhos, que comecei no btt|cross contry. Já lá vão 7 anos. Como os trilhos da Arrábida foi fácil viciar-me. E pronto. Agora é uma doença crónica que aparece algumas vezes por semana. Só mesmo a velhice adiantada irá curar.
Haja pernas...e saude.
 

Mach 4

New Member
Obrigado pelo teu apoio oliana.
Parece que já temos 3 coisas em comum - 1ª Estamos ambos na casa dos quarenta; 2ª Somos ambos pais e 3ª Adorámos esta "doença crónica". Muita saúde e força também para ti para continuares a sujar os pneus.
 

toxina

New Member
Malta não compreendo tanto despique, quem se quer picar que se pique, quem quer chegar em primeiro que se esforce, comecei no btt por convite, pela pessoa mais competitiva que conheço, para ele perder é pior que levar uma martelada num dedo, tenho bicicleta à pouco mais de um mês, que aliás nem é de nenhuma marca xpto, não achei que isso fosse relevante para ser melhor ou pior bttista, e o que mais gosto além de me jogar para decidas de segurança duvidosa e subir paredes a cavalo nela ou com ela a cavalo, são as almoçara-das e o convivio de poder partilhar estes momentos de esforço extremo ou apreciação da calma e beleza da natureza , ou será que com os meus trintas e poucos anos e com uma vida desportiva recheada de tanta competitividade, momentos de frustação, momentos de glória agora quero me andar a picar e a mostrar a bike !! tenham tento na cabecinha, cada um é como cada qual, os que compram bicicletas de 5000€ e andam ao domingo de manha no calçadão, fazem-no porque podem, o dinheiro é deles portanto têm a liberdade de fazer o que querem, portanto não nos ponhamos a julgar os outros porque, não estou a ver muita gente aqui do blog a ganhar dinheiro com as vitorias do btt, portanto não percebo para quê tanta conversa de competitividade, sei o que sei ou o que o tempo para dedicar me deixa saber, o resto é diversão almoçara-das e conversa, tanto posso ir passear com a minha mulher pro meio do mato 20 ou 30 quilómetros como posso ir a uma maratona tentar superar me ou andar um domingo inteiro na serra de manha à noite a subir aos picos todos e a parar nas capelinhas todas, entenda-se que o btt pelo menos a mim não em põe a comida na mesa, é exactamente para dar paz de alma, condição fisica para sobreviver melhor à idade e para conviver com mais pessoas. Agora para ser um verdadeiro bttista é preciso 1+2+3+... é pá deixem se de tretas, porque alguém pegar na bicicleta de montanha e ir dar uma volta nem que seja de 30 minutos acreditem que já é uma grande coisa, porque poupou o planeta da poluição que iria causar se fizesse o mesmo num veiculo motorizado, e esteve a fazer bem à saude dele e dos outros, nem que seja mental.

PS : nunca dei tanto uso à maquina fotografica, foi preciso andar de btt.
 
Top Bottom