Vou transcrever um post que o David Rosa fez no Facabook, em que é bem patente duas coisas: á falta de planeamento e apoio por farte da FPC, e o desnível nas estruturas de apoio aos atletas nacionais que vão representar Portugal nos JO nas modalidades menos divulgadas.
Citando David Rosa,
'' Chegado há pouco da Taça do Mundo na República Checa. Se quiserem ler uma odisseia podem ver abaixo, caso contrário é mesmo de passar à frente.
Chegámos a Praga (eu, Tiago Ferreira e Gonçalo Amado) na 5ª feira à noite. Quando fui alugar o carro disseram-me que havia uma caução exorbitante (e fiquemos por aqui) que tinha de ser paga para o aluguer (todas as empresas ali rondavam os mesmos valores). Siga a meter tudo no carro, que ficou mais parecido com uma lata de sardinhas.
Vamos então para Nove Mesto a mais de 150km. Numa vila já relativamente próxima, passo por um carro da polícia e como não encontrava placas em lado nenhum volto para trás para perguntar caminho. Eis que me mandam encostar para fazer um teste de balão. Fantástico. Lá me dizem o caminho e com mais umas boas voltas lá encontrámos o hotel, já bem tarde.
No outro dia, seguimos para o evento (a 10km). O levantamento de credenciais não era lá, volto para trás. Credenciais levantadas, seguimos outra vez para o evento. Faço as inscrições e sigo para o circuito. Tinha um pneu tubular de trás a ser reparado e a outra roda a precisar de ar. Não vedava nem a compressor. Dou umas voltas, peço uma câmara a uma equipa e vou finalmente para o circuito. Ainda não tinha dado uma volta quando furei. Voltas por todo o lado, já não ia dar tempo para ir andar mais.
No Sábado, chuva até dizer chega. Treinos das 9 às 11. Já tinha a roda tubular pronta, vou para o circuito. Com 500m de pista feita um disco de travão fica feito num 8. Não sei como ficou assim. Lá se arranja um disco, é afinado na tenda da marca dos travões e vou finalmente ver a pista. Só deu tempo para fazer 2 voltas (muito pouco para reconhecer) pois com a chuva que estava tinha de ir buscar o Gonçalo que ia correr dali a umas horas e não se podiam arriscar atrasos. Infelizmente não lhe correu de feição, com um pneu a saltar do aro durante a prova, mas decerto que pode confirmar o seu real valor numa prova futura.
Domingo, chegamos à prova, frio até dizer chega. Como não tinha rolos fiz o aquecimento na pista, 2 voltas à pista. Foi bom para conhecer um pouco mais o circuito, mas para aquecimento propriamente dito valeu pouco. Nas boxes, antes da partida até tremia.
Logo após o arranque, passados uns 50m houve uma enorme queda mesmo à minha frente, fiquei retido mas não caí. O start loop, como todo o circuito, era ao meu jeito, mas no início não conseguia “disparar”, por não conseguir partir “quente”. Não saía do sítio. Chego ao fim do start loop em 105º lugar. A partir da 2ª volta comecei a recuperar e ganhei bastantes lugares. Mais para o fim tive uma enorme quebra, pois quase não bebi líquidos. Os bidons caíam do suporte logo na descida seguinte a recebê-los, algo que nunca me aconteceu. Posto isto, consegui 3 pontos UCI, os de presença. Se o resultado podia ser melhor se tivesse tido apoio logístico como qualquer outro atleta e como já tive nalgumas provas? Nunca saberemos… cá vou tentando fazer omeletes sem ovos. E sem fogão!
E pronto, lá vou eu para La Bresse, sozinho outra vez… O apuramento não se garante sem se fazerem provas! Até à última não se desiste.''
Quedas suaves,
Ricardo Silva