Há tempos num outro tópico foi-me colocada a seguinte questão:
Como o tópico era muito abrangente, resolvi abrir um novo apenas sobre as questões relacionadas com a montagem
desta "variante" das bicicletas; as Single Speed.
Sou muito novato no assunto e existem neste fórum pessoas muito mais experientes.
Alguns deles (jppina, José Carlos) ajudaram-me esclarecendo algumas dúvidas que tinha.
Também pesquisei bastante na net sobre o assunto e, acima de tudo, gastei muitas horas em testes na oficina.
Com o que relato a seguir talvez possa ajudar outros novatos para não cometerem os mesmos erros ou terem as mesmas dúvidas. Repito, isto é apenas a experiência de 3 meses. Muito mais há para aprender.
Então vamos lá...
Estava entusiasmado com o que via e lia sobre as SS e resolvi tentar montar uma com o material extra que tinha em casa. Esta foi uma das primeiras versões:
Foi fácil de montar. Uma corrente SRAM PC69, um prato de 32 dentes LX montado nuns crenques Truvativ Firex e um carreto de 16 dentes retirado duma k7 SRAM 7.0, tudo isto já com uns 5000km de utilização anterior :lol:
Na próxima foto é possível ver o carreto centrado no cepo através de dois tubos dum plástico duro (PVC?), cortados à medida, e um espaçador e porca de aperto retirados da tal k7 SRAM:
Só quando tentámos montar a SS do ET é que me apercebi da sorte que tinha tido. Não havia maneira de na bicicleta dele acertarmos com o comprimento da corrente. Tirava-se um elo, era muito curta, metia-se um elo, era muito comprida! :eish:
Finalmente arranjámos uma combinação que funcionava mesmo à tangente: prato 34/ carreto 17. O nosso obrigado ao Helder, da CityBike, que nos aturava nas nossas incursões pela sua oficina em busca de pratos e carretos :clap:
O meu sistema funcionava perfeitamente, o do ET nem tanto: esporádicamente a corrente saía fora mas dava para viver com isso.
Foi assim que fomos fazer a Rota das Capelas (ver aqui). As bicicletas portaram-se à altura mas agora aquilo já era mais que uma experiência passageira, estávamos e gostar, e resolvemos meter uma transmissão em condições, com material novo. O que lá tínhamos, tal como disse anteriormente, era mesmo muito velho. Alguns dos elos da minha corrente já tinham dificuldade em articular, os dentes do carreto pareciam agulhas e tinha receio que aquilo rebentasse tudo dum momento para o outro.
E então começou o pesadelo! :evil:
Não tinha a noção de como uma corrente "esticava" com o uso! A corrente nova era muito mais curta, para o mesmo número de elos. Mas se lhe acrescentasse um elo, ficava demasiado comprida! :shock: :evil: :eish:
Bom, íamos precisar dum esticador. Mas onde comprar? Descobrimos a Singlespeed.nl e resolvemos encomendar dois modelos diferentes, um para cada um, e assim já poderíamos fazer uma comparação de vantagens e defeitos para referência futura. Eu optei por este modelo:
O ET optou por este:
Fizemos a encomenda a uma 6ª e na 3ª já cá estavam :clap:
Montámo-los rápidamente no dia seguinte... e foi a desilusão total :|
As correntes estavam sempre a saltar e tivemos de regressar a casa e tentar diagnosticar o problema. A linha de corrente, a tensão da mesma, etc... tudo foi devidamente verificado.
Encontrei este artigo interessantíssimo no site da Surly e utilizei-o como uma checklist. A única coisa que não estávamos a cumprir era com o carreto traseiro... Tínhamos correntes novas (eu até tinha posto uma de 8v, em vez da de 9v), um prato novo mas o carreto, apesar de termos escolhido uns ainda bem conservados, eram usados (não estavam à espera que fôssemos comprar uma k7 nova para lhe retirar um carreto, pois não? :mrgreen: ). Os tipos da Surly desaconselhavam vivamente o uso destes carretos. Diziam eles que as rampas (aqueles sistemas HG, IG...) que os carretos têm para suavizar a troca de velocidades são um convite às correntes saltitonas Ora bem, pensei eu, as nossas correntes das bicicletas com mudanças não andam sempre por aí a saltar sem mais nem menos... mas neste caso, considerando o facto de a corrente ser nova e o carreto não, o que é uma ajuda para a corrente saltar (quem nunca experimentou aqueles estalidos ao tentar meter uma corrente nova numa k7 velha?), talvez seja mesmo esse o problema. Tínhamos de comprar carretos especifícos :evil:
Compramos 2 destes, na versão 18 dentes (eram os últimos, parece que a Shimano deixou de os produzir):
E 2 destes, na versão 16 dentes:
Enquanto não chegavam, surgiu-me uma ideia! :roll: Peguei em dois carretos de 21 dentes, fui a uma serralharia e pedi para me emprestarem a rebarbadora. Ó pra mim a fazer faíscas :lol:
E fiz 2 peças destas:
Que montei assim:
E apliquei assim:
E voilá! :hehe:
Fiz no Domingo passado 40km de sobe e desce bem puxado, com chuva, lama, pedras... e nem um estalido, nem uma fuga da corrente Se calhar devia registar a patente para vender os direitos ao Tio Shimano... :roll: :mrgreen:
Entretanto chegaram os carretos novos e montámo-los hoje:
Aqui está o ET, num misto de alegria e alivío após o primeiro teste drive. Alegria por ter a sua SS novamente operacional. Alivío por ter conseguido sprintar na rampa da rua dele sem bater com os "tin-tins" no quadro :lol:
Amanhã ao final do dia ou na 5ª feira já faremos um teste a sério... se tudo estiver ok, "5 cumes" aqui vamos nós! :mrgreen:
Espero ter ajudado. Agora... mãos à obra!
pastilha said:Viva,
também estou a reunir material para montar uma SS, mas a duvida subsiste.
Num quadro normal, como transformar a cassete para SS?Há adaptadores?
A Orbea do ET mostra pouco como foi feita a SS.
Podem dar mais dicas para adaptar a cassete ou como fizeram? Se compraram ou sei lá?
Um abraço
Paulo Ramos
Como o tópico era muito abrangente, resolvi abrir um novo apenas sobre as questões relacionadas com a montagem
desta "variante" das bicicletas; as Single Speed.
Sou muito novato no assunto e existem neste fórum pessoas muito mais experientes.
Alguns deles (jppina, José Carlos) ajudaram-me esclarecendo algumas dúvidas que tinha.
Também pesquisei bastante na net sobre o assunto e, acima de tudo, gastei muitas horas em testes na oficina.
Com o que relato a seguir talvez possa ajudar outros novatos para não cometerem os mesmos erros ou terem as mesmas dúvidas. Repito, isto é apenas a experiência de 3 meses. Muito mais há para aprender.
Então vamos lá...
Estava entusiasmado com o que via e lia sobre as SS e resolvi tentar montar uma com o material extra que tinha em casa. Esta foi uma das primeiras versões:
Foi fácil de montar. Uma corrente SRAM PC69, um prato de 32 dentes LX montado nuns crenques Truvativ Firex e um carreto de 16 dentes retirado duma k7 SRAM 7.0, tudo isto já com uns 5000km de utilização anterior :lol:
Na próxima foto é possível ver o carreto centrado no cepo através de dois tubos dum plástico duro (PVC?), cortados à medida, e um espaçador e porca de aperto retirados da tal k7 SRAM:
Só quando tentámos montar a SS do ET é que me apercebi da sorte que tinha tido. Não havia maneira de na bicicleta dele acertarmos com o comprimento da corrente. Tirava-se um elo, era muito curta, metia-se um elo, era muito comprida! :eish:
Finalmente arranjámos uma combinação que funcionava mesmo à tangente: prato 34/ carreto 17. O nosso obrigado ao Helder, da CityBike, que nos aturava nas nossas incursões pela sua oficina em busca de pratos e carretos :clap:
O meu sistema funcionava perfeitamente, o do ET nem tanto: esporádicamente a corrente saía fora mas dava para viver com isso.
Foi assim que fomos fazer a Rota das Capelas (ver aqui). As bicicletas portaram-se à altura mas agora aquilo já era mais que uma experiência passageira, estávamos e gostar, e resolvemos meter uma transmissão em condições, com material novo. O que lá tínhamos, tal como disse anteriormente, era mesmo muito velho. Alguns dos elos da minha corrente já tinham dificuldade em articular, os dentes do carreto pareciam agulhas e tinha receio que aquilo rebentasse tudo dum momento para o outro.
E então começou o pesadelo! :evil:
Não tinha a noção de como uma corrente "esticava" com o uso! A corrente nova era muito mais curta, para o mesmo número de elos. Mas se lhe acrescentasse um elo, ficava demasiado comprida! :shock: :evil: :eish:
Bom, íamos precisar dum esticador. Mas onde comprar? Descobrimos a Singlespeed.nl e resolvemos encomendar dois modelos diferentes, um para cada um, e assim já poderíamos fazer uma comparação de vantagens e defeitos para referência futura. Eu optei por este modelo:
O ET optou por este:
Fizemos a encomenda a uma 6ª e na 3ª já cá estavam :clap:
Montámo-los rápidamente no dia seguinte... e foi a desilusão total :|
As correntes estavam sempre a saltar e tivemos de regressar a casa e tentar diagnosticar o problema. A linha de corrente, a tensão da mesma, etc... tudo foi devidamente verificado.
Encontrei este artigo interessantíssimo no site da Surly e utilizei-o como uma checklist. A única coisa que não estávamos a cumprir era com o carreto traseiro... Tínhamos correntes novas (eu até tinha posto uma de 8v, em vez da de 9v), um prato novo mas o carreto, apesar de termos escolhido uns ainda bem conservados, eram usados (não estavam à espera que fôssemos comprar uma k7 nova para lhe retirar um carreto, pois não? :mrgreen: ). Os tipos da Surly desaconselhavam vivamente o uso destes carretos. Diziam eles que as rampas (aqueles sistemas HG, IG...) que os carretos têm para suavizar a troca de velocidades são um convite às correntes saltitonas Ora bem, pensei eu, as nossas correntes das bicicletas com mudanças não andam sempre por aí a saltar sem mais nem menos... mas neste caso, considerando o facto de a corrente ser nova e o carreto não, o que é uma ajuda para a corrente saltar (quem nunca experimentou aqueles estalidos ao tentar meter uma corrente nova numa k7 velha?), talvez seja mesmo esse o problema. Tínhamos de comprar carretos especifícos :evil:
Compramos 2 destes, na versão 18 dentes (eram os últimos, parece que a Shimano deixou de os produzir):
E 2 destes, na versão 16 dentes:
Enquanto não chegavam, surgiu-me uma ideia! :roll: Peguei em dois carretos de 21 dentes, fui a uma serralharia e pedi para me emprestarem a rebarbadora. Ó pra mim a fazer faíscas :lol:
E fiz 2 peças destas:
Que montei assim:
E apliquei assim:
E voilá! :hehe:
Fiz no Domingo passado 40km de sobe e desce bem puxado, com chuva, lama, pedras... e nem um estalido, nem uma fuga da corrente Se calhar devia registar a patente para vender os direitos ao Tio Shimano... :roll: :mrgreen:
Entretanto chegaram os carretos novos e montámo-los hoje:
Aqui está o ET, num misto de alegria e alivío após o primeiro teste drive. Alegria por ter a sua SS novamente operacional. Alivío por ter conseguido sprintar na rampa da rua dele sem bater com os "tin-tins" no quadro :lol:
Amanhã ao final do dia ou na 5ª feira já faremos um teste a sério... se tudo estiver ok, "5 cumes" aqui vamos nós! :mrgreen:
Espero ter ajudado. Agora... mãos à obra!