Caros amigos,
Em conversa com o meu primo (que é um entusiasta da história da cidade do Porto) e, sabendo ele da minha paixão por tudo o que envolva duas rodas com pedais, disse-me para grande espanto meu que no Porto existe um velódromo há mais de 100 anos! Pois é, ninguém ou quase ninguém sabe disto, mas a verdade é que ele existe.
Chama-se Velódromo Maria Amélia e está localizado no Museu Soares dos Reis.
Agora eu pergunto: sendo aquilo de todos nós, não deveríamos ter o direito de, pelo menos, o visitar? Gostava de saber a vossa opinião.
Aqui vão as imagens do Google Maps, onde se vê claramente o Velódromo nas traseiras do museu:
Aqui vão uns links sobre o Velódromo, bem como algumas fotos, mas se procurarem ainda encontram mais:
http://portoantigo.blogspot.com/2010/01/o-velodromo-maria-amelia.html
http://jpn.icicom.up.pt/2010/04/30/fotogaleria_o_porto_que_se_esconde_no_velodromo_maria_amelia.html
Um abraço!
É óbvio que passar a utilizar o espaço é quase impossível, mas como podem ver nas imagens do segundo link que postei, o espaço respira história e é lindíssimo e encontra-se quase ao abandono, pelo menos devia ser restaurado e permitido o acesso ao público, nem que fosse só para visita.
Deixo aqui mais um artigo, do jornal "O Jogo", sobre o Velódromo. Estou fascinado com isto. Um Velódromo na minha cidade e quase ninguém sabe!
Porto tem velódromo com 100 anos
AUGUSTO FERRO
O Velódromo do Porto, ou Velódromo D. Amélia, foi o maior recinto desportivo do Porto na primeira década do século passado, como palco da modalidade que os tripeiros mais acarinhavam quando se começaram a interessar por desporto. Sim, porque o ciclismo antecedeu o futebol. Actualmente, e tendo Portugal já a funcionar, em Sangalhos, um velódromo que está entre os melhores do novo século, aquele transformou-se num estádio prenhe de surpresas: parte das suas instalações manteve-se intacta até hoje, o local onde está instalado é quase um segredo, e a grande maioria dos habitantes da cidade desconhece a sua existência num local tão nobre como as traseiras do museu Soares dos Reis e perto do Palácio de Cristal e do hospital de Santo António.
O Velódromo do Porto surgiu um 1894, furto da doação por parte do rei D. Carlos, no ano anterior, de um terreno ao Real Velo-Club do Porto para a prática do ciclismo. Uma prenda integrada nas comemorações do V centenário do infante D. Henrique. Não era o primeiro espaço na cidade ou arredores que recebia provas de amadores ou profissionais deste desporto. O primeiro estava instalado na Quinta de Salgueiros e pertencia ao Clube de Caçadores do Porto. Posteriormente, na serra do Pilar, construiu-se o primeiro Velódromo D. Amélia - assim baptizado em homenagem à mulher do rei -, designação que seria transferida para a pista do Porto, passando a estrutura de Gaia a ter o nome de Príncipe Real.
O Velódromo foi instalado no jardim do palácio dos Carrancas, propriedade da família real desde 1861 e local onde esta costumava pernoitar quando se deslocava à cidade. O palácio dos Carrancas, recorde-se, é o actual Museu Nacional de Soares dos Reis. O estádio ficou situado nas suas traseiras, no interior de um quarteirão, o que o resguarda de qualquer olhar mais indiscreto e o torna quase desconhecido.
A sua entrada continua a ser um simples portão, localizado na Rua Adolfo Casais Monteiro - (Rua do Pombal, à época). Se os muros o conseguem esconder, já as tecnologias do século XXI revelam toda a sua dimensão. Utilizando o Google Earth, tem-se a perfeita dimensão daquela pista que tinha 333,33 metros à corda, o que permitia completar um quilómetro em cada três voltas.
As portas do Velódromo do Porto encerraram em 1910 com a implantação da República e a ida do rei D. Manuel II para o exílio. O espaço foi doado à Misericórdia, mas em 1939 o Estado Novo decidiu "nacionalizar" o palácio e a sua envolvente para aí ser instalado o museu Soares dos Reis, que necessitava de poder crescer - e, com isso, ocupou posteriormente a única parte da pista já inexistente -, pois estava confinado no edifício onde hoje existe a Biblioteca Municipal do Porto, junto ao Jardim de S. Lázaro.n
Porto'2001 permitiu última requalificação do espaço
O espaço do Velódromo do Porto é hoje denominado Jardim da Cerca e integra as instalações do Museu Soares do Reis. Aí encontram-se em exposição alguns dos brasões das antigas casas senhoriais do Porto. O terreno foi objecto da última requalificação no contexto da "Porto'2001, Capital Europeia de Cultura", numa criação do falecido arquitecto portuense Fernando Távora, que fez questão de preservar integralmente alguns dos elementos da centenária instalação desportiva. Assim, sem grande esforço, ao nível do solo são perfeitamente visíveis as duas curvas da pista, com os respectivos relevos. Uma recordação do primeiro espaço desportivo do Porto, que permite imaginar as loucas corridas que aí se disputaram e os 25 mil adeptos que a elas assistiram.
Em conversa com o meu primo (que é um entusiasta da história da cidade do Porto) e, sabendo ele da minha paixão por tudo o que envolva duas rodas com pedais, disse-me para grande espanto meu que no Porto existe um velódromo há mais de 100 anos! Pois é, ninguém ou quase ninguém sabe disto, mas a verdade é que ele existe.
Chama-se Velódromo Maria Amélia e está localizado no Museu Soares dos Reis.
Agora eu pergunto: sendo aquilo de todos nós, não deveríamos ter o direito de, pelo menos, o visitar? Gostava de saber a vossa opinião.
Aqui vão as imagens do Google Maps, onde se vê claramente o Velódromo nas traseiras do museu:
Aqui vão uns links sobre o Velódromo, bem como algumas fotos, mas se procurarem ainda encontram mais:
http://portoantigo.blogspot.com/2010/01/o-velodromo-maria-amelia.html
http://jpn.icicom.up.pt/2010/04/30/fotogaleria_o_porto_que_se_esconde_no_velodromo_maria_amelia.html
Um abraço!
É óbvio que passar a utilizar o espaço é quase impossível, mas como podem ver nas imagens do segundo link que postei, o espaço respira história e é lindíssimo e encontra-se quase ao abandono, pelo menos devia ser restaurado e permitido o acesso ao público, nem que fosse só para visita.
Deixo aqui mais um artigo, do jornal "O Jogo", sobre o Velódromo. Estou fascinado com isto. Um Velódromo na minha cidade e quase ninguém sabe!
Porto tem velódromo com 100 anos
AUGUSTO FERRO
O Velódromo do Porto, ou Velódromo D. Amélia, foi o maior recinto desportivo do Porto na primeira década do século passado, como palco da modalidade que os tripeiros mais acarinhavam quando se começaram a interessar por desporto. Sim, porque o ciclismo antecedeu o futebol. Actualmente, e tendo Portugal já a funcionar, em Sangalhos, um velódromo que está entre os melhores do novo século, aquele transformou-se num estádio prenhe de surpresas: parte das suas instalações manteve-se intacta até hoje, o local onde está instalado é quase um segredo, e a grande maioria dos habitantes da cidade desconhece a sua existência num local tão nobre como as traseiras do museu Soares dos Reis e perto do Palácio de Cristal e do hospital de Santo António.
O Velódromo do Porto surgiu um 1894, furto da doação por parte do rei D. Carlos, no ano anterior, de um terreno ao Real Velo-Club do Porto para a prática do ciclismo. Uma prenda integrada nas comemorações do V centenário do infante D. Henrique. Não era o primeiro espaço na cidade ou arredores que recebia provas de amadores ou profissionais deste desporto. O primeiro estava instalado na Quinta de Salgueiros e pertencia ao Clube de Caçadores do Porto. Posteriormente, na serra do Pilar, construiu-se o primeiro Velódromo D. Amélia - assim baptizado em homenagem à mulher do rei -, designação que seria transferida para a pista do Porto, passando a estrutura de Gaia a ter o nome de Príncipe Real.
O Velódromo foi instalado no jardim do palácio dos Carrancas, propriedade da família real desde 1861 e local onde esta costumava pernoitar quando se deslocava à cidade. O palácio dos Carrancas, recorde-se, é o actual Museu Nacional de Soares dos Reis. O estádio ficou situado nas suas traseiras, no interior de um quarteirão, o que o resguarda de qualquer olhar mais indiscreto e o torna quase desconhecido.
A sua entrada continua a ser um simples portão, localizado na Rua Adolfo Casais Monteiro - (Rua do Pombal, à época). Se os muros o conseguem esconder, já as tecnologias do século XXI revelam toda a sua dimensão. Utilizando o Google Earth, tem-se a perfeita dimensão daquela pista que tinha 333,33 metros à corda, o que permitia completar um quilómetro em cada três voltas.
As portas do Velódromo do Porto encerraram em 1910 com a implantação da República e a ida do rei D. Manuel II para o exílio. O espaço foi doado à Misericórdia, mas em 1939 o Estado Novo decidiu "nacionalizar" o palácio e a sua envolvente para aí ser instalado o museu Soares dos Reis, que necessitava de poder crescer - e, com isso, ocupou posteriormente a única parte da pista já inexistente -, pois estava confinado no edifício onde hoje existe a Biblioteca Municipal do Porto, junto ao Jardim de S. Lázaro.n
Porto'2001 permitiu última requalificação do espaço
O espaço do Velódromo do Porto é hoje denominado Jardim da Cerca e integra as instalações do Museu Soares do Reis. Aí encontram-se em exposição alguns dos brasões das antigas casas senhoriais do Porto. O terreno foi objecto da última requalificação no contexto da "Porto'2001, Capital Europeia de Cultura", numa criação do falecido arquitecto portuense Fernando Távora, que fez questão de preservar integralmente alguns dos elementos da centenária instalação desportiva. Assim, sem grande esforço, ao nível do solo são perfeitamente visíveis as duas curvas da pista, com os respectivos relevos. Uma recordação do primeiro espaço desportivo do Porto, que permite imaginar as loucas corridas que aí se disputaram e os 25 mil adeptos que a elas assistiram.
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