Boas a todos!
Sou utilizador estreante neste fórum. Foi através de vários posts que tenho lido aqui que decidi comprar uma bicicleta dobrável para usar em Lisboa. Caso o meu post não de encontro às regras do forum, agradeço que os moderadores o alterem ou me avisem se necessário, pedindo desde já desculpas por qualquer tipo de incómodo.
Moro perto de Alcântara num apartemento pequeno com uma escada muito estreita e a bicicleta que tenho em casa dos meus pais com rodas 26” iria ser uma chatice para transportar para cima e para baixo, para não falar nos transportes públicos.
Comecei a procurar por tempos de percurso entre Alcantâra e a Cidade Universitária onde estudo, e cheguei à conclusão que se fosse de bicicleta mesmo que apenas parte do trajecto, poupava tempo e eventualmente dinheiro por deixar de comprar o passe de autocarro, ficando só com o de metro (para evitar muitas subidas).
Fui vendo modelos, preços, revendedores e em 1º lugar julguei que não queria gastar mais que 300€. Equacionei uma Órbita dobrável com suspensões e quadro em aluminio 7005 pelo preço ridículamente baixo de 200,00€ -
http://www.orbita-bicicletas.pt/produto.php?id=154&lang=1
Contudo rapidamente comecei a desconfiar da qualidade de construção e da assistência (sendo uma empresa de Aveiro e vivendo eu em Lisboa onde não há loja especializada) e decidi ir à Decathlon comprar uma B’Twin -
http://www.decathlon.pt/PT/hoptown-20-cinzento-cromado-120952524/
Custo da bicicleta é de 299,00€ e pensei que certamente teria melhor assistência (loja em Alfragide onde até chego de transportes públicos se necessário). Tem imensos extras e componentes que seriam de esperar numa bicicleta bastante mais cara: quadro em alumínio 6061, 7 mudanças com desviador shimano, grelha com cabo para prender mochilas e compras, reflectores e iluminação, mala para transporte e arrumação, 5 anos de garantia pelo quadro e 2 pelas restantes peças com a 1ª revisão gratuita, etc.
Contudo, quando vinha com ela para casa, reparei que a 2ª e 5ª mudança custavam a entrar e de vez em quando saltavam de volta para a 1ª e a 4ª e que havia algum ruído no quadro quando saltava do passei para a estrada – possivelmente a corrente a bater no quadro. Chegando a casa dobrei a bicicleta para subir as escadas, e de repente o mecanismo que prende o guiador e roda da frente à roda traseira soltou-se e a bicicleta começou a desdobrar sózinha... Não foi muito giro ter que voltar a dobrar a bicicleta no meio das escadas e ainda causei uns tantos riscos na parede.
Todas estas pequenas coisas seriam facilmente consertáveis na revisão ou numa oficina por um preço irrisório, mas chateou-me o facto de surgirem logo no 1º dia em que usei a bicicleta.
Portanto no dia a seguir fui à Decathlon devolver a bicicleta. Foram impecáveis e deram-me os 299€ que paguei em dinheiro (felizmente não foi em cheque oferta), bastou alegar que não estava de todo satisfeito, que a bicicleta fazia ruídos que não deveria e que a peça que mantêm a bicicleta encaixada se soltou no 1º dia de uso.
Passados poucos dias encontrei um anûncio online de uma Dahon Vitesse D7 modelo de 2009 usada. Aqui o link para o modelo americano:
http://dahon.com/bikes/2009/vitesse-d7
Preço 350€, com 2 meses de uso. Informei-me devidamente antes de experimentar a bike e reparei que os componentes não eram Made In EU como é hábito nas bicicletas Dahon à venda no mercado europeu, mas sim provenientes de Taiwan e China continental. O Pneu não era da Schwalbe, mas sim da Kenda, o selim era algo diferente mas também muito confortável, o desviador também não era o mesmo, tal como os travões. Contudo, tinha o que eu queria: quadro em alumínio 7005, travões em condições e 7 mudanças SRAM com gripshift (excelente para reduzir as mudanças quando me aproximo de um cruzamento enquanto travo). As peças eram diferentes das que se vendem em Portugal normalmente, porque a bicicleta fora comprada na chainreactioncycles pelo preço de 380libras (+ ou - 450€) numa altura em que a loja fazia price dumping descarado por importar para a Europa peças asiáticas, competindo com os próprios fornecedores oficiais. Isto entretanto deu bronca com a Dahon e pelo que sei, a loja jão não tem licença para vender bicicletas Dahon de 2010 para a frente (o que lá encontrarem online à partida são modelos de 2008 e 2009). Como mesmo assim a bicicleta estava em óptimo estado e os pneus efectivamente apresentavam muito pouco uso, o dono me pareceu uma pessoa extremamente séria e por me mandar o comprovativo de compra e garantia da bicicleta antes da compra, acabei por aceitar o negócio.
Ando com ela há 2 semanas, fazendo o percurso casa - faculdade pela ciclovia de alcantara ao cais do sodre à beira rio, depois de metro até alvalade. O regresso é pela Av. da Liberdade, Fontes Pereira de Melo, Rato, Estrela, Av Infante Santo. Convêm dobrar a bicicleta quando se entra no metro, e de cada vez que o fiz frente ao guichet de atendimento, saiu sempre o responsável do metro para abrir de propósito o corredor especial para passar mais facilmente com a bicicleta. Nota-se um crescendo de interesse pelas dobrábeis pois ouço imensos comentários e perguntas, tanto de seguranças como dos utilizadores do metro acerca de pormenores da bicicleta, onde a comprei, quanto custou, se é fácil montar e desmontá-la etc.
Saindo em Alvalade, vou até à Av. Do Brasil onde há ciclovia até à Cidade Universitária. É extremamente relaxante, tanto de manhã como ao fim da tarde, porque excepto os eternos peões na ciclovia e semáforos desajustados para a condução de bicicletas na cidade, não há quase obstáculos nenhuns.
A minha mãe gostou tanto da ideia de ter uma bicicleta pequena que se possa levar a todo o lado, no bus, no metro, no carro, que começou a procurar uma para ela e para o meu pai.
Encontrou uma Brompton M3L com 3 mudanças de Março de 2010. Em Portugal custa 860€ no representante oficial em Benfica, acabou por comprá-la por 450€. Excelente negócio também, especialmente pela desvalorização mínima e pelo possível preço de revenda. Sinceramente se a quisesse vender por 700€ penso que o poderia fazer sem problemas. É muito bem construída, bastante fácil e rápida de dobrar e ocupa realmente menos espaço que a toda a concorrência quando dobrada. Contudo para mim, o acréscimo de preço é exagerado (ainda por mais se contabilizarem os preços standard nas lojas: 550€ pela Dahon D7 vs 860€ pela Brompton M3L). O quadro é maioritariamente em aço, pelo que pesa praticamente os mesmos 11-12kgs que a minha Dahon. Eu meço 1,82m, e sinceramente prefiro andar numa Dahon, pois o selim é mais confortável e posso ajustar a altura do guiador e a posição das mudanças e travões com 2 simples manivelas que também se usam na dobragem (não Brompton infelizmente não).
A Brompton tem pneus 16” em kevlar e aconselho vivamente a quem comprar uma que pondere gastar mais uns € e comprar uns Schwalbe, notam a diferença! As 3 mudanças funcionam impecavelmente, mas são completamente impróprias para uma cidade com colinas como Lisoba e têm um design extremamente antiquado e estranho de manobrar, tal como os travões que devido ao processo de dobragem ficam obrigatoriamente quase na vertical para baixo do guiador, o que não dá jeito nenhum, muito menos numa situação de emergência. Pequena referência, a diferença de preço entre 3 mudanças e 6 mudanças (sem ajustes) é de cerca de 80€, bastante caro!! O pedalar da Brompton parece-me estranho, talvez muito indirecto, na Dahon com cada peadalada que se dá sente-se a bicicleta a avançar, a Brompton arrasta-se um pouco até ganhar balanço. Talvez seja dos pneus ou da pequena suspensão no encaixe traseiro. Esta última é um grande ponto a favor, pois mesmo com pneus 16” versus os meus de 20”, e um selim bem mais confortável na Dahon, em empedrado e piso irregular, a condução é mais confortável na Brompton. Mas depois há o problema do pneu ser tamanho 16" e ter que se subir passeios, passar por buracos, etc.
Resumindo, a não ser que a Brompton fizesse um modelo de 20” e eu ganhasse bastante bem, optaria à partida por uma Dahon. A Brompton é efectivamente um negócio de tradição britânica com excelente controlo de qualidade, que produz apenas 16.000 bicicletas por ano e isto quase sem marketing, enquanto a Dahon é a maior empresa de fabrico de bikes dobráveis do mundo, podendo portanto fazer preços mais competitivos e incluir todos os anos bastantes inovações tecnológicas (que a Brompton tem algumas reservas em implementar).
Fiquei tão fã da Dahon, que fui hoje à loja oficial em Lisboa comprar uma Dahon Mu P8 -
http://dahon.com/bikes/2010/mu-p8 - para o meu pai. Tem também roda 20”, pesa menos 600gramas que a minha Vitesse D7, um quadro mais rígido, pedais com metal vs inteiramente em plástico, rodas com aros e cubo mais resistentes, pneus Schwalbe Marathon Racer vs os meus Kenda, 8 mudanças vs as minhas 7 (nota-se a diferença acreditem, porque todas as mudanças têm tamanhos de carreto ajustados, permitindo uma condução mais suave), um selim ainda mais confortável com bomba de pé incluída (BioLogic PostPump+), handlebars BioLogic Arx que se prendem ao guiador com um parafuso e que não fogem com os da minha D7, entre outras pequenas alterações.
Tem um acréscimo de preço de 140€ quanto à Vitesse D7, custando nova 690€. Mas nota-se uma ainda maior qualidade de construção, nomeadamente a rigidez aumentada do quadro, as mudanças e os pneus que têm imenso grip mesmo em dias como alguma chuva como foi hoje.
Para terem uma ideia do quão prático é andar de bicicleta dobrável em cidade, fiz o percurso Metro do Campo Grande até casa pelo jardim do campo grande até entrecampos e depois sempre que possível na faixa BUS pela Av da Liberdade, Fontes Pereira de Melo, Rato, Estrela, Av Infante Santo até Alcântara em 28 minutos em plena hora de ponta. Se fosse de Bus directo como costumo ir para não ter que sair do metro e ter que esperar pelo autocarro no rato, nunca faria o mesmo percurso em menos de 45minutos.
E faço exercício, dá-me gozo e sinto que estou a contribuir para diminuir a poluição.