Rui Vasco Santos, dado que a mensagem que aqui deixou levanta algumas questões, vamos então por partes:
Começando pelo fim:
Outra questão a pensar pela organização, é a forma como se abordam e respondem aos comentários deste fórum, a primeira intervenção dos "Trilhos Vivos" é qualquer coisa de irreflectida e baixa.
Quanto muito a resposta dada ao post sarcástico do
tretas2 foi pouco agradável do ponto de vista comercial. Irreflectida e de baixo nível, não creio.
Reconheço que provavelmente, ignorar tinha sido a melhor resposta, mas nem sempre conseguimos ser indiferentes aos comentários despropositados e completamente deslocados do contexto que algumas pessoas deixam aqui.
Primeiro que tudo, tentem com que a prova ganhe nome e credibilidade e depois colham os frutos em edições futura
Seria um bom pressagio plantar hoje para colher amanhã, mas esse tipo de mentalidades não faz parte do "Ser Português".
Provavelmente ainda não participou em nenhuma das nossas provas, nem nos conhece, mas a Trilhos Vivos é um projecto de empreendedorismo.
Desde 2008 que organizamos provas com a perspectiva de criação e valorização de eventos que de edição para edição ganhem consistência e valor. Numa área de negócio (eventos desportivos de btt) em que a oferta das associações sem fins lucrativos representa uma quota bastante grande e com condições impossíveis para qualquer empresa competir, só mesmo com paixão por este desporto, com factores de diferenciação e perspectivas de proveito a médio prazo é que podemos andar por cá, até porque numa conjuntura como a actual, tudo é mais difícil.
Já participei em algumas Maratonas, daquelas que se podem classificar de "carotas" e a minha opinião é que muitas delas não merecem o valor que se paga.
Em muitos casos, os custos são poucos ou nenhuns, porque alguns patrocinadores suportam grande parte dessas despesas.
Na minha perspectiva, algo (seja objecto, ou no caso das maratonas, serviço), não merece o valor pago, quando não tem qualidade, ou não corresponde às expectativas que temos!
Dizer que não merece o valor que é cobrado porque os patrocinadores pagam os custos não é argumento!
Se um autor de um livro receber um prémio de 100 mil euros, o livro dele perde valor comercial porque houve já alguém que pagou o trabalho/pesquisa/recursos?!
Os patrocinadores não são mecenas, são investidores que procuram retorno, de forma directa ou indirecta, do investimento que fazem ao patrocinarem um evento, isso não significa que o evento vale menos em termos de inscrição.
Se se analisar a questão, como alguém já o fez, de 100€ diários é complicado arranjarem explicação para tal, porque pela serra algarvia uma refeição completa e pernoita não passam os 40€, ainda para mais tratando-se de grupos.
Não sei de onde vem a ideia, mas a prova não é para grupos, está aberta à participação individual e tem data fixa. Não se trata de um produto de animação turística para grupos.
Relativamente à explicação que parece ser complicada de arranjar, começamos pela necessidade de auto-sustentabilidade.
Seguimos com o lucro, porque a Trilhos Vivos é uma empresa e não uma organização sem fins lucrativos.
Os nossos eventos mexem com a economia e visam gerar proveitos.
Mas caso estes argumentos não cheguem, e antes que pensem que andamos a enriquecer com estas provas, nós explicamos porque é que a prova custa 100€ por dia:
- 18,69€ correspondem a 23% da IVA e vão directos para os cofres do estado.
- A criação de um logótipo, website, sistemas de inscrições, não é gratuito.
- A tradução dos conteúdos do site, não é gratuita.
- O aluguer de carros que vão dar suporte logístico à prova, não é gratuito.
- O combustível gasto por estes carros, não é gratuito.
- A publicidade feita à prova em diversos meios, não é gratuita.
- O trabalho, com responsabilidade, das pessoas que vão assegurar toda a estrutura da prova (logística, segurança, alimentação, ZA's, cronometragem, motards, fotógrafos, ...), não é gratuito.
- Os reconhecimentos feitos ao longo dos tempos, onde gastámos combustível, onde ficámos alojados, onde fizemos refeições, desgastámos as bicicletas, não é gratuito.
- As inúmeras infra-estruturas que todos os dias serão utilizadas (tendas, máquinas de lavagem, suportes, mesas, cadeiras, pratos, talheres, copos), não são gratuitas.
- As telecomunicações, não são gratuitas.
- Todos as despesas inerentes a reuniões de preparação da prova com as mais diversas entidades (e recorde-se que a prova percorre todo o Algarve), não são evidentemente gratuitos.
- As nossas horas de trabalho, a planificar, a elaborar documentação/informação, a responder e-mails, a preparar cartografia, e muitas outras tarefas não são gratuitas (mas são mal pagas).
A lista continua, mas este pequeno excerto, deverá ser suficiente para que as pessoas que estão completamente alheias à realidade da organização de eventos tenham uma noção dos custos envolvidos.
...mas tendo em conta o país em que vivemos, as dificuldades com que todos nos deparamos, acho que não estão a ser seguidos os melhores métodos para cativar os "Betetistas" nacionais.
Se a prova tem uma inscrição abaixo dos 500€ é justamente porque tivemos em consideração o mercado de consumidores nacional, e pretendemos proporcionar a experiência de uma prova por etapas, a um custo acessível.
Esta foi inclusive a razão pela qual não realizámos a prova este ano. Para praticar este valor de inscrição, a sustentabilidade do evento ficou significativamente dependente de apoios de entidades que acabaram por voltar atrás, e inviabilizar a realização da prova.
Vejam o custo do TransAlp, Cape Epic, analisem bem o que está e não está incluído, e depois comparem o que propomos para este valor nesta prova.
É certo que a comparação com eventos com anos de existência e consolidados, poderá ser um bocadinho presunçoso, mas enquanto organizadores já demos provas do que conseguimos fazer e do constante compromisso de evolução e melhoria.
A questão financeira prende-se mais com a predisposição das pessoas a gastarem o dinheiro no intangível, e por cá há maior predisposição para gastar no que é material.
Mais facilmente se gasta 500€ numas rodas novas que até nem são necessárias, do que na participação numa prova que pode ser uma experiência enriquecedora e gratificante, mas esta é uma questão que vai muito além das provas de btt, e cada pessoa faz as suas escolhas e define as suas prioridades :wink: