Que tecnologia é que há hoje que até mesmo no inicio dos anos 90 não existia já, e sem dúvida alguma a meio da década que não permitisse fazer boas 650b ou 29?
Já haviam suspensões (também totais), travões de disco, alumínio, carbono e titânio, espessura interna variável, tubos hidro-formados, peças mecanizadas em CNC, aros de parede dupla, manípulos rapidfire, a-headset, direcções de 1,5", pedaleiras e cassetes com diferentes relações, diferentes ângulos de direcção, guiadores elevados, mais largos e por aí fora. E bicicletas a pesar de série 10 e 11kg com suspensão.
Estes componentes eram tão bons como hoje? Obviamente que não. E colocariam dificuldades à produção de rodas maiores? Naturalmente.
Mas se as desvantagens das 26 fossem assim tão evidentes tenho a certeza que as marcas depois de criarem uns protótipos de rodas maiores se aperceberiam claramente e sem margem para dúvidas das suas vantagens imbatíveis, e que arestas teriam que limar para as pôr a funcionar devidamente. Mas chegou a haver mais que protótipos. Chegou a haver bicicletas de série de grandes marcas com outros tamanhos de roda para lá do 26. Então porque é que se continuou a vender roda 26 durante mais 15 ou 20 anos?
Bolas, bastava a Specialized, GT ou Scott perceberem que a 27,5 ou as 29 eram de tal forma incrivelmente superiores que logo na Taça ou Campeonato do Mundo em 1995 apareciam com uma dessas de surpresa e limpavam o pódio! E na prova a seguir já toda a gente vinha com outras iguais. Que isto da competição e do sucesso já na altura era uma força enorme (ou a maior) em termos publicitários e ninguém quer perder.
Ou dito de outra forma, porque é que marcas enormíssimas e com meios de fabrico brutais à sua disposição nunca quiserem saber de forma séria de outros tamanhos para lá do 26, de repente descobriram que andavam enganados e que o 26 não serve? Será que as marcas que não ganhavam campeonatos tinha algum código de honra e prescindiam de competir com material superior por lealdade para com os outros?
Ao fim e ao cabo não foram lançadas imensas bicicletas de roda 29, por exemplo, de péssima qualidade de concepção e construção até recentemente? O que impedia as marcas de o terem feito na altura? Nada. Mas como se criou mercado para estas rodas, e as 26 estavam a acalmar nas vendas toca a forçar outras rodas. Mesmo que as vantagens sobre as 26 não fossem absolutas, foram vendidas como sendo.
Repito, a tecnologia já existia mesmo que em fase inicial em alguns casos, mas numa época em que se investia enormemente em investigação e desenvolvimento parece-me estranho terem demorado tanto tempo a descobrir a pólvora.
A simples explicação da melhor tecnologia actual não explica a falta de investimento e interesse no passado.
Ou achas que uma marca com capacidade de construir uma máquina destas em
1997 não conseguia construir uma roda 27,5 ou 29 eficaz se isso lhe trouxesse vantagens em termos de competição? Olha bem para a tecnologia que ali está aplicada. Não me venhas dizes que isto é uma Penny Farthing... E se recuar mais uns anos encontras outros exemplos de grande tecnologia também.
GT - STS 2 - Suspensão Look Fournales - Mavic Crossride - Travões Magura HS 33 (?) hidráulicos.