Ainda que um bocadinho atrasado, aqui fica o meu rescaldo:
Depois de já ter corrido 3 vezes a Meia-Maratona, este ano teria de fazer a Maratona. Até porque nos meus planos está a participação na Douro Bike Race, e tenho de habituar o meu corpo a estes maus tratos sempre que possível.
Pela frente iria ter cerca de 106km com 2300m de acumulado em subida. Pela análise do gráfico esperava um inicio rolante, depois uma fase a subir, antes da verdadeira subida para a Serra de S. Mamede e, por fim, a fase final muito similar a todas as edições anteriores.
Este ano fui sozinho, ao contrario de 2009 e 2010 em que levei companhia. Cheguei a Portalegre na noite de sexta, e apesar de ter levado tenda, dado o adiantado da hora, decidi transformar a minha carrinha numa motorhome. Depois de ter tudo pronto, decidi jantar pela segunda vez nessa noite (havia que fazer barriguinha para o dia seguinte!)
Às 6:45 tocou o despertador, e eu acordei de uma noite razoavelmente dormida, para uma manhã fria e húmida. Tentando manter a compustura, arrumei a motorhome, montei a bicicleta, cocloquei o dorsal e fui a correr fazer o controlo 0. Fi-lo cerca de 10 minutos depois da abertura, mas quando cheguei à zona de partida já havia um mar de bicicletas à minha frente.
Enquanto a MSC guardava lugar na partida, fui tomar o meu pequeno almoço e fazer todos os preparativos para a Maratona. As 9h chegaram depressa. Entre o tiro de partida e o passar pelo pórtico mediaram aí uns 45 segundos, pelo que a minha posição não era má de todo!
A saída de Portalegre já é conhecida: acelerar pela zona industrial, entrar na IP2, manter o ritmo nas primeiras rampas. Depois, mesmo dentro de Portalegre, é que a coisa mudou este ano. Quase descemos até aos Bombeiros, e passamos mesmo no centro de Portalegre, no empedrado. Em termos de dificuldade penso que esta saída e as anteriores tinham o mesmo grau de dificuldade. O objectivo aqui era ganhar o máximo de posições, para chegar bem colocado aos trilhos e não sofrer com engarrafamentos, não podendo contudo gastar toda a energia já aqui.
A separação dos percursos dava-se ao km15 e depois de mais uma rampa, iniciavamos a descida, já nos primeiros trilhos. Entrei bem nos trilhos e a média horária da 1ª hora foi de 23.7kmh. A progressão aqui foi muito rápida apenas dificultada pela chuva que caía e pela lama e poças que iam aparecendo pelo caminho (lama essa que gostava de se colar à transmissão, fazendo-me temer o pior).
A primeira ZA estava localizada em Urra, sensivelmente ao km36, mas não parei aí. Tinha sólidos e líquidos com fartura e pela minha análise a transmissão aguentaria até à próxima ZA. Daqui para a frente o panorama mudava. As zonas rápidas davam lugar a subidas, que apesar de, no geral, serem pouco inclinadas, escondiam algumas rampas de dificil transposição (então a rampa de Alegrete nem se fala!). À passagem por Alegrete um espectador informa-me que me encontrava na 134ª posição. Estava bem e estava a chegar o terreno em que me sinto melhor, a subida. Daqui para a frente elas seguiam-se em catadupa, sendo apenas interrompidas por pequenas zonas rolantes ou descidas rápidas. Mas estas subidas ainda não eram as tais, as que eu tinha identificado no gráfico como as que me iam deixar marca... Entretanto parei na ZA2 (km62 +/-) para encher o bidon e colocar óleo na corrente, pois durante o percurso foi preciso atravessar 4 rios a vau (água pelos joelhos!). Paragem curta e toca a pedalar senão as pernas esquecem-se de como se faz...
E agora sim, agora é que a coisa piava mais fino! Era preciso subir dos 500 aos 800m de altitude em 14kms e por 3 vezes... Lá no alto, sensivelmente ao km 74, estava o controlo3 e se olhassemos em frente viamos o alto da Serra de S. Mamede a poucos kms (cerca de 2km em distância linear)...
Mas o percurso fazia uma volta de 180º e desciamos para longe do objectivo. Desciamos novamente até aos 500m de altitude, apanhavamos a ZA3 (onde parei para voltar a encher o bidon e colocar óleo na corrente). Agora era sempre a subir até ao km91... 9kms até chegar acima dos 1000m de altitude. Ao km85 os percursos voltavam a unir-se, sendo que a esta hora a maioria dos participantes da Meia já faziam a subia apeados. Havia que os evitar e não perder o ritmo de pedalada. A última rampa, este ano, foi feita pelo alcatrão, e muito sinceramente não sei se não foi mais dificil... Apesar dos meus EsiGrips estarem a portar-se como deve de ser, as minhas luvas estavam a aleijar-me as mãos. Só me apetecia tira-las e seguir sem luvas.
Lá no alto estava o controlo 4 e a ZA4. Aqui só apanhei um bidon novo em folha da Isostar e arranquei descida abaixo, num constante esquerda/direita/ao meio para ultrapassar os participantes da Meia-Maratona, mais lentos. Foram 10kms a descer que acabaram num single track já conhecido.
Esta zona era igual à do ano passado, pelo que já sabia que se seguia a última subida. As minhas pernas, depois do esforço da subida e dos abanões da descida, estavam a querer prender, mas não as deixei, pedalando sempre. Mais um berro ou outro para que se arranjasse um carreiro para passarmos e tudo se fez. Agora era descer para Portalegre e fazer as curvas e contra-ciurvas no meio da cidade. Tudo sem stress. E assim, passei a linha de chegada 5h 45m depois da partida, na 110ª posição.
Montei "acampamento" na relva do jardim enquanto comia o lanche dado à chegada e avisava em casa que já tinha cegado ao fim e que estava tudo bem. Depois foi hora de voltar a montar na bicicleta e dirigir-me para a zona de partida onde estava o carro. Dei banho à bicicleta, desmontei-a e empacotei-a.
Peguei no meu saco Evoc, onde trazia tudo o que precisei para estes dois dias, e dirigi-me para o banho. O balneário tinha muito espaço mas a água estava geladinha. Tinha bastante pressão o que pra mim é mais importante que a temperatura. Além disso agua fria faz bem a musculos cansados.
Era hora de almoçar. A Alhada de Cação, estava uma maravilha. Não achei que a Carne de Porco à Alentejana com batata frita fosse o prato mais indicado, mas ainda assim estava bem boa.
Nada mais havia a fazer, a não ser voltar a casa e começar a pensar já na 11ª Edição em 2012...!!!