Histórias de Viagem – O Primeiro dia pelos Algarves
Amigos, o Zé Figueiredo encarregou-me de uma missão que muito me honra! Fazer a crónica diária para aa suas pedaladas pelo país a favor da sensibilização para a ASSOCIAÇÃO ACREDITAR. -o com todo o prazer por várias razões: sou amigo do Zé (é difícil que alguém não o seja!), a causa é muito nobre e há que divulgar o que está a fazer e que tem um grau de dificuldade acrescida pelo facto de o Zé estar em lista de espera para um transplante oftalmológico e inerente dificuldade em ver com exatidão. Assim, o Zé consegue levar a efeito estas suas iniciativas de enorme importância para as crianças com problemas graves de saúde. Por entre as imensas conversas que temos, há sempre uma troca de galhardetes. Ele falando das minhas iniciativas, eu das dele! Aqui para nós que ninguém nos ouve, sempre que falamos, fico com mais vontade de pedalar mais, tal o exemplo que ele me dá!
Força, Zé!
Histórias de Viagem – O Primeiro Dia
Bem cedo pela manhã, cerca das três horas, lá estava o Zé, apetrechado com a sua bike Quer (linda…), o atrelado e os companheiros algarvios, Os Marafades (Kota Varela, Zé Entradas, Mê Nelson, Batistuta, Apolinário, Cai-cai, Trepador, Jójó, Paulus, Nuno e Balau).
Saíram de Portimão e bota lume nas pernas até ao segundo ponto mais alto do Algarve, na Serra de Monchique, a Picota. Diz-me o Zé que a subida é dura (pois, após o magnífico jantar com que foi presenteado horas antes por esta gente que tão bem recebe…), tão dura na sua grandeza como as paisagens circundantes. A costa algarvia à noite é lindíssima, nas palavras do Zé. A animação era enorme, por entre figos, o raiar do dia e o frio.
Por entre as curvas e as subidas que não acabavam, apareceu o Xicott com o abastecimento. E que abastecimento!
A viagem até Monchique contraria o que se conhece da costa e da sua planura. Aqui é um sobe e desce constante, mas motivador. A passagem pela aldeia histórica do Barrocal Algarvio, o Algarve profundo, fica marcada pela beleza estonteante deste pequeno povoado. Em S. Marcos da Serra, o merecido almoço de javali estufado e o doce regional, as famosas delícias de S. Marcos (Zé, vê lá o colesterol! Mas, com tantos quilómetros em cima da burra, podes comer o que quiseres, eu que o diga!)
Falando de quilómetros, quando pergunto a este conterrâneo de Gil Vicente (Barcelos),
responde-me com a sua simplicidade: “Sei tudo, menos isso!”. Só tu, Zé, para me fazeres rir a altas horas da noite…
Despediu-se de quase todos os Marafades e seguiu na companhia do Kota Varela (Kota, um abraço e uma murraça ao Zé da Música! Animem o rapaz que anda um bocado triste, pois as bifas este ano não lhe ligam!), da Sílvia e de mais um amigo, até S. Marcos da Serra. Daqui até S. Bartolomeu de Messines são 14 quilómetros.
Quando falámos, estava confortavelmente instalado na Casa do Povo, no seu Centro Comunitário, num quarto privado, com casa de banho e frigorífico, onde tiveram o cuidado de colocar água para que o Zé a levasse bem fresca, pela manhã.
Quero aqui referir uma particularidade. O Zé pedala com enormes dificuldades de visão, chegando a subir mais rápido do que desce, tal a dificuldade em reconhecer onde as rodas passam. Está numa lista de espera para um transplante de córnea, de uma doença degenerativa que o impede de ver com nitidez e lhe agrava as dificuldades à noite. Testemunho esta situação, valorizando a missão do Zé, pela situação que acrescenta esta doença. A viagem tem um grau de dificuldade enorme, com a sua capacidade de visão reduzida, o Zé é um verdadeiro lutador. Merece, para além do nosso muito respeito e admiração, o incentivo para levar a efeito mais esta nobre iniciativa e que se prende com a sensibilização das pessoas para a ASSOCIAÇÃO ACREDITAR.
Zé, logo à noite, espero o tu telefonema, para conhecer as tuas histórias, gozar com a tua simplicidade tão bonita e dar-te nas orelhas para descansares como deve ser, pois a tarefa não é fácil! Força, Zé!
Um enorme abraço!