Farpas, vou tentar ajudar-te.
1º Acho essencial (contrariamente ao NR) que leves um porta mapas (não dá jeito nenhum segurar o mapa na mão, na boca, estar a tirá-lo dos calções, etc...).
2º Orientar-te não vai ser complicado, desde que o faças com calma.
3º No local de partida vais receber o mapa. No mapa estão assinalados os locais de partida (um triangulo), de chegada (dois circúlos) e os posto de controlo por onde tens de passar por ordem.
ATENÇÃO: O LOCAL ONDE RECEBES O MAPA NÃO CORRESPONDE AO SÍTIO ONDE ESTÁ O TRIÂNGULO NO MAPA!! ou seja, não é efectivamente o ponto de partida. Isto é importante pois normalmente quem se inicia nisto pensa que onde recebe o mapa é onde está o triângulo... logo à partida já está desorientado
Do local onde recebes o mapa até ao sítio da partida o percurso é balizado (podem ser 100m, 150m...) e no sítio da partida (que corresponde ao triângulo no mapa) há uma baliza para reprensentar precisamente esse ponto de partida. Ao lado dessa baliza estás no triângulo de partida no mapa. É a partir de aqui que tens de te orientar!
Depois é só escolher o caminho por onde ir, nem sempre o mais curto é o mais rápido :mrgreen:
Se quiseres um porta mapas tenho um amigo que faz uns por 10€. São rotativos, isto quer dizer que permite girar o mapa para que este esteja sempre orientado na direcção que estamos a seguir. Por exemplo se vamos num trilho e vamos cortar noutro à direita a 90º, giramos o porta mapas à esquerda por forma a que o caminho onde acabámos de entrar esteja no mapa na nossa frente. Isto facilita-em muito a orientação pois num porta-mapa fixo quase nunca temos o caminho à nossa frente como ele (e os outros caminhos) se nos apresentam. Normalmente, toda a gente que faz orientação tem um suporte rotativo. Não é obrigatório mas ajuda imenso!
Deixo-te a seguir um texto de um amigo meu (o Eduardo O.) que serviu para esclarecer as dúvida de alguém que estava mais ou menos na tua situação. Apenas lá se fala de SI (sistema de controlo electrónico que está presente nas provas da taça de Portugal) e isso não vais encontrar em Monsaraz por ser uma prova regional. Aí terás um cartão de controlo que terás de validar com um alicate em cada posto de controlo (cada um tem um picotado diferente).
Aqui fica o testamento... boas orientações:
"Mais algumas dicas, para além das que já foram referidas:
- em primeiro lugar vai calmo e descontraído pois o principal objectivo deve ser divertires-te com o teu percurso
- sobre o mapa:
1. Existem 6 classificações para os caminhos:
- grossura do traço: 2 opções: +grosso significa caminho com mais de 1,5m de largura, se for +fino significa com menos de 1,5m, podendo ser um single track ou algo estreito, pelo que terás de ter cuidadopara identificar bem estas opções
- tipo de traço: 3 opções: contínuo significa bom piso; ligeiramente tracejado piso não tão rápido, pode ter umas valas, buracos mas é transitável sem grandes problemas; muito tracejado significa mau piso e progressão difícil, conforme o local pode significar muitos calhaus, areia, terreno muito irregular
- existem as 6 combinações: 2 grossura x 3 traços, o ideal é traço grosso e contínuo (estradões), mas podes ter traço fino e contínuo (single track de boa progressão), traço grosso e muito tracejado (caminho largo mas cheio de calhaus e buracos) ou qualquer outra combinação
2. Cores do mapa:
- um novo praticante fica sempre "maravilhado" com as cores do mapa, mas todas têm um significado:
- zona branca - zona de floresta / árvores
- zona amarela - zona aberta (clareiras) sem árvores
- zona verde - zona de vegetação densa (independentemente de ter árvores ou não), pode ser mato, árvores muito juntas em que não se tenha visibilidade ou não se possa passar a pé. Quanto mais carregado for o verde mais densa é a vegetação
- em alguns mapas surge por vezes zonas verde claras com uns riscos branco transversais - isso pode significar eucaliptal novo devidamente alinhado. Se for um eucaliptal mais antigo com árvores
grandes aparecerá a branco
- existe um verde especial (ver legenda no mapa) que aparece nas áreas urbanas e que significa área privada e interdita. É intransitável mas não devido à vegetação, mas sim por ser a propriedade de alguém.
- elementos azuis - sempre ligados com água, rios, ribeiras, lagos, poços (uma bola), chafariz (um x)
- elementos pretos - elementos humanos ou de pedra - caminhos, casas, pedras, postes, construções, etc. As estradas são representadas com um alaranjado e percebem-se bem claro
- elementos castanhos - têm a ver com o relevo - curvas de nível, depressões, buracos, pontos de cota, etc. Para quem está a começar não é fácil ler o relevo, mas indica a forma dos montes, se o
caminho é a subir ou a descer e isso está tudo no mapa. Se não conseguires perceber isso logo é normalíssimo e podes seguir duas regras muito simples e que ajudam alguma coisa:
- um caminho se atravessa muitas curvas de nível, é sempre muito acidentado seja a subir ou a descer. Um caminho com muitas poucas curvas de nível é quase plano
- as linhas de água são sempre nos sítios mais baixos, pelo que um caminho que vai para uma linha de água e a atravessa para lá é a descer e provavelmente a seguir é a subir. Os topos dos montes é
onde as curvas de nível fecham num círculo irregular. Para lá é a subir, para os outros lados é a descer
- sobre o percurso e algumas técnicas
- já explicaram noutro email o triângulo que é a primeira baliza sem nada, e é aí que a orientação começa, até lá é balizado e é só seguir.
Para quem não sabe o motivo desta situação, não é para baralhar
, mas sim para garantir igualdade para todos os atletas. Se o triângulo fosse logo na partida, o primeiro atleta tinha de ver ali se era para a esquerda ou para a direita, e os outros que ainda não tinham partido já sabiam a primeira opção e ficavam em vantagem. Por isso o triângulo nunca deve ser visível da zona de partida
- depois os pontos no mapa estão marcados como 1 - n1, 2 - n2, ... O 1,2, etc. indica a ordem a seguir 1º ponto, 2º ponto, etc. O número a seguir indica o nº que está no posto de controlo que devem sempre validar. Se for 1-50, têm de encontrar o 50, podem passar pelo 49 ou o 51, mas têm de controlar no 50. Em cada escalão todos os atletas fazem o mesmo percurso, mas diferentes escalões podem ter os pontos todos trocados, por isso não vão atrás de outro Bttista pois a prova dele pode ser toda diferente. Por exemplo: escalão A: 1-50, 2-51, 3-52, ... e o escalão B: 1-49, 2-52, 3-51, ...
- a chegada (Finnish) está marcada no mapa com 2 circulos um dentro do outro sem números
- os números no mapa estão sempre orientados a norte
- como já disseram a bússola serve essencialmente para orientar o mapa. Ter o mapa orientado significa que o mapa está à vossa frente com os caminhos alinhados com o terreno. Isto significa que se o caminho no terreno segue em frente, o mapa deve ter esse mesmo caminho à vossa frente em frente (e não atravessado, por exemplo). Se o caminho virar à esquerda, no mapa o traço também curva para a esquerda. Se houver um cruzamento à direita, no mapa também aparece à
direita. Se tiverem por exemplo o mapa ao contrário (o norte trocado com o sul) o que vai acontecer é que vocês pensam no mapa que têm de voltar à esquerda, e na realidade teriam de virar à direita. Para orientar o mapa basta garantir que o norte da bússola está alinhado com o norte do mapa (pelas linhas azuis de azimute em todo o mapa) ou pelos números no mapa. Parece difícil, mas é uma coisa que se aprende num minuto com 2 ou 3 exemplos
- mas como já foi dito a bússola não é sequer essencial. Como o mapareflecte o terreno basta garantir que o mapa está alinhado com o terreno, por exemplo se vos aparece uma casa à esquerda, no mapa essa casa tem de estar também à esquerda no mapa.
búusola
- o ponto principal no OriBTT é a escolha de opção entre 2 pontos.
Quando se faz um ponto deve haver várias opções possíveis para o ponto seguinte. Cabe a cada um escolher qual a melhor opção, considerando a distância de cada uma, o que sobe, o que passa por caminhos mais rolantes ou mais técnicos. É curioso que geralmente pessoas diferentes escolhem opções diferentes, e quem fizer a "melhor" opção pode estar em vantagem. No fim depois podem comparar as opções. Mas atenção, se demorarem 5 min. para escolher uma opção 1 min. mais rápida, vão perder 4 min... Por isso a rapidez de decisão também é importante.
- depois além de se fazer a opção mental do melhor caminho no mapa, é preciso conseguir realizar na prática o caminho escolhido no terreno, pois uma boa opção também não serve de muito se planearem seguir um caminho e acabarem por seguir outro diferente e se perderem.
Um critério de escolha da opção é também minimizar a hipótese de se enganarem. Se escolherem uma opção em que têm de virar em 10 cruzamentos, mesmo que seja mais curto, pode ser pior que uma opção mais longa em que seguem por um caminho sem cruzamentos.
- nos percursos tentem tomar atenção ao máximo de pormenores. Quem está a começar tende só a contar caminhos. Mas isso é perigoso pois se falharem uma contagem ou se passarem por um caminho sem o verem vai ser complicado acertar. Tentem por isso olhar também para a vegetação
(por exemplo se o caminho é numa zona amarela, e vocês estão numa zona com árvores podem seguir mais à frente e procurar o caminho numa zona aberta), olhem para o relevo (se o caminho é só no fim da subida, podem subir à vontade e procurá-lo quando começarem a descer), vejam
outros pormenores - casas, curvas do caminho, poços, postes de electricidade pois tudo isso ajuda a confirmar as opções
- e se se perderem? Em primeiro lugar isso não é um problema, toda a gente se perde até os atletas de elite. O importante é manter a calma, e há várias hipóteses possíveis. Uma é voltar atrás até um sítio conhecido e reorientar a partir daí, se necessário voltar ao ponto anterior. Mas isto é pouco eficiente, o melhor é tentar relocalizar no mapa, ou seja se não estou no caminho certo, em que caminho estou? Primeiro orientem o mapa, e na zona próxima do mapa procurem um cruzamento similar, vejam se há um pormenor identificativo (casa, poço, poste, ...), procurem pela cor da vegetação, pelo relevo, etc.
Quando souberem onde estão depois é só fazer uma nova opção para o próximo ponto
E estas coisas são toda a piada da orientação, pois está sempre tudo em aberto, e os adversários não são os outros, mas sim as opções que nós tomámos e a forma como conseguimos ou não concretizar aquilo que pretendemos.
Só para fechar este email enorme falar do SiCard que é o mecanismo electrónico de controlo. Vais receber um no secretariado, e metes no dedo de forma muito fácil. Em cada estação inseres o chip no buraco e assim que apitar e acender uma luz vermelha está confirmada a passagem no local. Atenção que se meteres o SI numa estação que não é do teu percurso ela apita à mesma, és tu que tens de ver se está certo ou não.
Antes de partir terás de fazer o clear (limpar o SI) e depois o Check (garantir que está tudo ok). Qualquer pessoa na partida te ajuda com isso.
Depois em prova é só fazer o teu percurso e controlares todas as estações (não podes falhar nenhuma senão és desclassificado).
E se houver um engano? Supõe que o percurso era 50, 51, 52. Picaste o 50, e depois em vez de picar o 51 picas o 49. Não há problema nenhum, o 49 não é teu e por isso fica registado, mas não tem
problema se entretanto fizeres a seguir o 51. Mas voltas a enganar-te e em vez do 51 acabas por fazer o 52 que era o teu terceiro. Aí tens de ter mais cuidado, pois não basta ir fazer o 51 e já está, pois não é permitido trocar a ordem dos pontos. O que tens a fazer nesse caso é
ir picar o 51 e depois ir de novo fazer o 52 pois os pontos têm de estar na sequência certa.
Por isso isto é válido: 50-49-52-51-52, mas se não fizeres pela 2ª vez o 52 (tem de estar a seguir ao 51) és desclassificado.
Depois o melhor é no fim quando chegas, o chip é descarregado e recebes de imediato uma folha impressa com todos os tempos que realizaste e podes comparar com outras pessoas do teu escalão, onde é que fizeste boas opções e ganhaste tempo, e onde é que te perdeste e quanto tempo foi à vida."