O BTT e o Tuning...

Vasco.D

New Member
Ola!!!
Olha não acrescento mais nada ao que escreves-te, estou completamente de acordo com tudo o que disseste.
Não se percebe mesmo.
 

Arpeggio

New Member
Preparem os pensos, as ligaduras e o gelo, amanhã quando voltarem, levaram a maior sova da vossa vida num fórum. Deixem só vir cá o pessoal do Cantinho do Peso. :lol:
 

Anshelm

New Member
Arpeggio said:
Preparem os pensos, as ligaduras e o gelo, amanhã quando voltarem, levaram a maior sova da vossa vida num fórum. Deixem só vir cá o pessoal do Cantinho do Peso. :lol:

:rotfl: :rotfl: :rotfl:

Quanto ao tópico não me parece que seja assim tão linear...


RJLAgostinho said:
Já alguem pensou em organizar uma concentração Tuning BTT ao invés de um passeio ou maratona?

Também já vi por aí, um tópico a combinar precisamente isso!

Vou esperar pelo desenrolar disto :p
 

Torugo

New Member
Completamente de acordo.
Uma coisa e comprar componentes adequados ao que se faz.
No meu caso, substituir alguns componentes de XC por outros de AM/Enduro.
Ou tentar meter uma bike mais leve, mas sempre sem comprometer a segurança e entrar em extravagâncias (caso do pessoal que participa reguilarmente em maratonas e afins)

Outra é gastar €€ por gastar.

Só compro/modifico algo na minha Manca, se o que lá estiver, não me der garantias que vá aguentar a tareia que lhe costumo dar ou já tem os dias contados.

O resto é mesmo mariquice e de quem não tem nada que fazer ao dinheiro.
Opinião pessoal claro.
E como disse um amigo meu... as opiniões não se discutem... lamentam-se
 

Skyforger

New Member
Ora, é sempre bom alimentar uma boa polémica :twisted: Venham eles, quantos são, quantos são? :D

Completamente de acordo, troco material na minha bicicleta quando está realmente danificado ou quando vejo que o que está montado não me garante muito em termos de fiabilidade para a actividade que vou desenvolver. O que posso dizer é que tenho uma bicicleta modesta que cumpre bem o para o uso que lhe dou...e atenção que é mais intenso do que o uso que é dado por algum pessoal que tem bikes do triplo do valor da minha!
Eu não queria utilizar a palavra mariquice como o camarada Torugo fez, diria mais uma estranha obsessão!

Obviamente toda esta "febre" alimenta um negócio que sabe aproveitar-se disso...cada vez mais fico de queixo caído quando entro numa loja de bicicletas e me deparo com, primeiro a quantidade da oferta de tudo e mais alguma coisa e, principalmente, com o preço de material que, na minha humilde opinião, não justifica o seu valor. Dou um exemplo: na secção de atletismo de uma conhecida loja encontrei meias de corrida exactamente iguais a umas meias que estavam na secção de ciclismo...a não ser o preço que, no caso das de ciclismo, triplicava....e o pessoal compra...

Dá que pensar... :roll:
 

Espigão

New Member
Eu compreenderia a sua "confusão" se entrasse numa loja e fosse obrigado a comprar o que andasse à procura e a um único preço.

Mas não... Existem "n" loja nacionais, "n" lojas internacionais", "n" lojas on-line, a loja do amigo que faz desconto, etc e cada um só compra o que quer e hoje em dia, quase ao preço "que quiser".

Peço desculpa por citar parte de um testemunho de um tópico "aqui ao lado" mas acho que também se enquadra perfeitamente neste:

Josant said:
No meu tempo...(confuso), em que o tempo das Bolas de Berlim traziam farinha a mais e creme em fartura, em que o meu Renault 5 (BT-00-13) de cor beije era uma preciosidade típica de um azeiteiro nos dias correntes, em que isto e mais aquilo é que era, etc ,etc...! É que era!!!

Mas calma! Os tempos mudaram, as pessoas mudaram, e com esta mudança de postura, de relacionamento de convívio, de contra informação generalizada entre o Zé da tasca, coitado que vive do rendimento mínimo (sortudo) e do Bancário que acaba por ter um empréstimo a uma taxa baixa e passa os dias a tentar vender produtos ao balcão, para que o chefe não lhe massacre a cabeça, mesmo aos fins de semana porque não cumpriu os objectivos, existe uma grande diferença. Até a palavra diferente é “diferente” do que era à 10 anos atrás.

E o que tem isto tudo a ver com o que acabei de escrever?

Nada! Rigorosamente nada nos dias de hoje! Talvez à 10 anos atrás dissesse alguma coisa, mas hoje não vale nada, não tem nexo(ou tem), não tem valor ou substantivo. Enfim vale o que vale!

Pessoalmente irritam-me os tipos que estão sempre a dizer: “ No meu tempo…blá,blá,blá, wiskas saquetas, ossos para cão…”.
E irrita-me porque se julgam numa classe superior, que são os primórdios de algo e que todos os outros estão errados. Viva a inteligência secular e artesanal, viva os pedais de plataforma, as forquetas rígidas, as rodinhas de apoio. Viva Salazar (neste caso particular, Viva!) Viva a Altis e a Vilar, e porque não as pastilhas elásticas Gorila! viva tudo isto e viva todos os outros que não tiveram isto mas que têm a oportunidade de agora praticar desporto, de conviver, de se auto-promoverem a nível de auto- estima e de se sentirem bem consigo mesmo! Viva!

Nada tenho contra os que compram uma bike toda “xpto” e nem sequer andam, que fazem todas as subidas e descidas à mão, que vão atrás dos outros e tentam ser melhores que os outros. Viva estes, porque enquanto fazem isto estão a elevar o seu próprio ego, a sua própria estima (2ª vez que uso esta palavra), estão a ser próprios e verdadeiros com aquilo em que acreditam.

Estão a ser FELIZES!


Ser “Bttista” não é pertencer a nenhum culto, a nenhuma religião e muito menos a nenhuma seita! Ser “bttista” é como ser “azeiteiro”, só o é quem quer e quem pode. As teorias do tempo analógico e intemporal já se evaporaram com as ondas electromagnéticas. Viva a evolução e a ocupação das pessoas, ora sendo como desporto, ora sendo como hobbie.

(...)

O Josant que me desculpe mas acho que vou começar a usar estas citações em muitos tópicos deste fórum... :mrgreen:

Amigos... sejam felizes, aproveitem a vida e deixem-se de confusões! :yeah:

Cumprimentos betetistas

Hugo Carvalho
 

agirão

New Member
Amigos!
Há dias montei uma bike leve, fiável, bonita e cobiçada! Sem gastar balúrdios! Subjacente a esta anterior frase, está a minha concordância com o texto de abertura deste tópico! Mais afirmo que, muitas vezes, existe a montagem de uma bike leve e diferente, para exteriorizar e tornar perceptível o nosso poder económico, de sabedoria de bikes e de diferenciação no meio. No que respeita a "comprar quem quer", acho a justificação minimalista, pela não observação de factores manipuladores da nossa vontade, como o markting, o estado passageiro de uma vontade e a incerteza. Quantas vezes há a interrogação, no ante e no pós compra: " Deveria ter gasto tanto dinheiro? "
E, verifico, não raras vezes, a focalização da majoração ao limite da bike e um total descuido da condição física do proprietário.
Tenho sorrido ( até num acto de simpatia ), pela valorização de massa ( o dito peso ), pelo gastar de massa ( ou será maça? O dito guito ), de forma exorbitante, perante o aspecto tão pesado, como simpático, do seu proprietário! Pela dita simpatia do dito proprietário, quase que me atrevo a brincar: " Vamos lá a retirar UM grama na bike ( grama é MASCULINO ) e comer uma buchita, aumentando meio-quilo no corpo!

Claro que este último parágrafo é fruto do Natal, tempo de paz e concórdia, com os sorrisos acessórios, ao comprar outros acessórios, os da bike, que fica anoreticamente feliz, na razão inversa dos proprietários, obesamente felizes com as rabanadas e a observação do quadro que baixou dos três algarismos na balança!

Viva o Natal...a pedalar, mesmo com mais, ou menos, peso das companheiras..!! A de duas pernas e a de duas rodas..!!
 

pre_historico

New Member
cada um valoriza mais um determinado aspecto da sua bike.

uns o peso (em que os gramas a menos custam fortunas)

uns a estética (em detrimento de todo o resto)

fiabilidade, comportamento, durabilidade etc etc

desde que não me peçam dinheiro emprestado, concordo com tudo, até com o tunning

NOTA: em portugal há muito pouco tunning automóvel. o que há são modificações estéticas que é apenas uma pequena parte do processo de «tunificação». e eu estou à vontade para falar porque nos automóveis (e me tudo em geral) sou muito old school e apreciador dos clássicos
 

Bravellir

New Member
Então por favor digam-me , no vosso entendimento, qual o limite de numero de cores, limite euros, limite de km por semana, limite de peso da bike e de peso do utilizador, a partir da qual um individuo deixa de ser digno de dó, e tem direito à sua dignidade? Qual a vossa métrica? A partir de que valores é que os outros são aos vossos olhos gajos porreiros? Deixem-me deitar a adivinhar... quando esse valores forem todos iguais aos vossos ? humm... isto tem um nome... acho que já o li nalgum lado..
Quando deixarem de olhar para o vizinho e começarem a olhar para o espelho....

Epá vão mas é para o atletismo ou natação. Por favor deixem as bicicletas para quem gosta de bicicletas. Assim não vos estorvavam e acreditem que ficam mais felizes sem estas coisas para vos fazerem tanta confusão.


P.S. Não levem as coisas tão a sério..Deixem cada maluco com a sua mania..

http://www.youtube.com/watch_video?v=5eCdIe0wdvU
 
Boas,

Não querendo ferir a susceptibilidades de ninguém, a minha idéia a este tópico é:

A mim isso não me faz confusão nenhuma, se alguém compra uma bike (ultimo grito) é porque gosta, se gosta de ter a sua máquina sempre um brinco, é porque gosta, se gasta centenas de € para que fique mais leve, etc., é porque gosta e pode!, se não tira partido da máquina que tem é porque naturalmente não sabe.

Em suma este felizardo quando passeia a sua menina sente-se feliz, e esse comportamento para mim não é Tuning

Temos que ver que também há muito boa gente que têm brutos FERRARIS e outrs máquinas equivalentes, que estão sempre guardados na garagem!! Os seus proprietários também acabam por não tirar partido das máquinas que têm.

Cumprimentos

Boas pedaladas
 

JCSousa.

New Member
Boas
Será"Confusão".. :shock:
Será falta de respeito pelo gosto dos outros...? :?:
Ou será aquele mal que todos sofremos um pouco....a inveja? :evil:
JC
 

andrextr

Active Member
Eu se não fosse tão forreta e se tivesse mais dinheiro para gastar também tuneava a minha bike toda. Mas não com esses componentes ultra frágeis e leves.... Tuneava em favor do desempenho.

Pessoalmente dou muita importancia no que toca a suspensões/amortecedores, e se o dinheiro abundasse, gastava uma fortuna a comprar o topo de gama. Mesmo que não soubesse tirar todo o partido das afinações que os mesmos pudessem oferecer.

Se me calhasse o euromilhões não me importava nada de gastar 1200€ numa suspensão extravagante tipo isto:
e19bf12378013661237801366.jpg.jpeg


Ou 1000€ para ter o topo de desempenho em amortecedores... com a molinha de titanio eheh
http://www.canecreek.com/component-shocks?product=db-twin-tube

Bem, o sonho já vai longo, deixa-me cá regressar à realidade:
bicicleta_improvisada.jpg
 

Vasco.D

New Member
Voltando ao que disse em cima, acho que não tem explicação, mas cada um sabe de si.
Agora o que me faz muita impressão é ver tanta gente a queixar-se da crise e depois gastam 100€ num aperto ou noutra coisa qualquer.
Há aqui quem diga para deixarmos de ser bttista só por não concordarmos com o tópico, mas porque? Deixo de ser menos que os outros por não ter uma bike assim cheia de cores?
Por acaso ate não tenho uma bike má, pois ando de bike há 8 anos e faço competição há 7 anos, e continuo a andar com muito gosto, secalhar mais do que muitos, pois não e facil estar a chover e sair de casa para treinar 2horas e não o faço para ser melhor que os outros, faço porque adoro andar de bicicleta.
Agora dizerem-me que é lógico uma pessoa gastar milhares de € só para ter na garagem e tirar-la de lá só no passeio ou na maratona da terra isso é estupidez e não precisam de dizer que não é, porque conheço muitos assim e depois as pessoas comentam:
- O fulano tal têm uma bicicleta de 10.000£. E eles ficam todos contentes, só que depois o que deviam fazer bem, que é andar nelas não o fazem, mas falam muito deles próprios.
 

stuby39

New Member
Ola malta,já repararam que à conta do pessoal que compra isto e aquilo ,vermelho ,azul etc as varias marcas começam a ver no nosso mercado um bom mercado para apostar e quem ganha com isso? Gostaria que alguem fizesse as contas para saber quantos serão os desportistas que levam a modalidade de uma forma mais profissional e se só com esse numero o nosso mercado se tornava atractivo para as marcas.
Portanto quantos mais houver a comprar melhor, mais lojas abrem, mais concorrência melhores preços (acho eu não sei),maior gama de produtos a nossa disposição.
 

agirão

New Member
Parece-me que há uma incontornável falta de respeito pelas opiniões diversas, reflectidas em alguma intranquilidade que se nota em algumas palavras!
E, talvez fosse importante distinguir entre opinião e imposição.
Também tenho bikes com algum pormenor de interesse e de singularidade, mas porque posso fazê-lo, não chegando sequer aos limites das minhas possibilidades.
Analiso, com seriedade, o que leva a transformar / melhorar uma bike. Tento verificar as causas das coisas, mesmo as das razões do querer mudar uma bike. E, verifico que são bastante interessantes! Até ajudo, se necessário!
Mas, como se coloca a questão de até onde se deve ir, tenho para mim que o senso de cada um deve ser o acelerador, a embraagem e o travão, para que, com tuning de raciocínio, ou sem ele, se aquilate do que podemos fazer!
E, opinião pessoal, é isso mesmo! Pessoal, só transmissível em pormenores, não no seu todo!
E, ainda, conduzir a cabeça dos outros é que não! Podemos estar a errar pelo outro e por nós! Duplo erro!
Há que deixar, então, cada qual estar onde quer, sobretudo quando o outro até já provou estar bem, e de pleno direito, onde está! Com muita tranquilidade e de bem com a vida!
Aqui, parece que se pode aplicar o princípio da equidade! Pode estar-se em dois lados ao mesmo tempo! Não se ocupa espaço físico!
Por mim, estarei no local e no desporto que me apetecer, calmamente, curtindo e desfrutando! E, guiando-me pela minha cabeça que tão boa companheira me tem sido, com os vários tunnings que lhe fui fazendo..!! Por dentro..!!

Viva o Natal..!!
 

pirilampo

Member
Boas
Desta vez vou inserir o texto todo...isto foi à dez anos...continua actual.
Artigos de opinião do Sr.António Malvar

"10/09/1996 - Felicidade é....

Os ciclistas de montanha, ou melhor, os utilizadores de Bicicletas de Montanha neste país, são uma minoria numa sociedade de costas viradas para os interesses óbvios da expansão deste movimento e que teimosamente ignora ou evita reconhecer as vantagens sociais que advêm duma maior profusão desta modalidade desportiva e ou forma de ocupação dos tempos livres.

Mas não é minha pretensão hoje e aqui aprofundar o lamento procurando as razões e apontar as culpas para este estado das coisas, até porque culpas temos nós também e as razões são bem mais ancestrais do que o que conseguimos apurar.

É sim o meu intento analisar esta minoria que cresce todos os dias e que vai abraçando o movimento das formas mais variadas, algumas até peculiares.
A bicicleta é o elemento comum de entre todos mas a forma de estar é tão diversificada que chego à conclusão que para além da bicicleta o único que é ainda igual em todos é o “ser feliz”.


- Felicidade para uns é poder pegar na bicicleta e desbravar esses trilhos e caminhos do Portugal esquecido, sozinhos ou na companhia de amigos, contactando as simpáticas e hospitaleiras gentes dessas nossas aldeias mais remotas e ignoradas, num fim de semana ou ao longo das férias, em total esquecimento e numa profunda paz interior.
- Felicidade para uns é poder participar em competições, para conquistar um lugar entre os primeiros, daí: fama, reconhecimento, taças medalhas e dinheiro.
- Felicidade para uns é participar nos passeios que se organizam aos fins de semana em diversos locais do país e assim fazer novas amizades, conhecer outros espaços, outros caminhos, ou simplesmente estar entre os que gostam de andar de bicicleta.
- Felicidade para uns é entrar em competições muito simplesmente para participar sem pretensões a pódios, estar no evento, ao lado dos campeões à partida, competindo consigo próprio, fazer-se chegar ao fim, entrar na mesma volta do primeiro ou ficar à frente do vizinho ou do amigo.
- Felicidade para uns é treinar sem outro objectivo que não seja o de manter-se em forma, pegar na bicicleta e fazer o “ritual” do treino: 1 hora hoje, 2 horas amanhã, todas as manhãs de domingo, etc.
- Felicidade para uns é pegar numas cartas militares e com a bicicleta tentar chegar e passar por onde se planeia sem se perderem, saudavelmente obstinados em se localizarem no mapa a todo o momento e assim passarem horas e dias complemente absortos.
- Felicidade para uns é enfiarem-se por esses caminhos desconhecidos e reconhecê-los para futuramente guiar os amigos e os amigos dos amigos por essas paisagens por eles antes descobertas e preparar guias e roteiros desses trilhos para que muitos outros venham por si só a conhecer esses maravilhosos recantos.
- Felicidade para uns é pegar na bicicleta e com ela aprender e fazer as maiores acrobacias: cavalos, éguas, “bunny hops”, subir pedras, descer escadas, subir escadas, saltos com “tables”, etc.
- Felicidade para uns é domar a bicicleta naquelas descidas técnicas cheias de pedras quase verticais sem pôr o pé no chão, complemente embriagados de adrenalina.
- Felicidade para uns é subir de bicicleta sem desmontar aquela “parede” de piso escorregadio que durante tanto tempo parecia impossível de se fazer, ou fazê-la à frente dos outros do grupo com os pulmões a queimarem e o coração a explodir dentro do peito, mas saboreando o êxtase do sucesso.
- Felicidade para uns é rolar passeando calmamente de bicicleta ao longo das estradas marginais ou das estradas florestais e beber do prazer da brisa da manhã de Domingo na cara, exibindo ou não aquela nova colorida blusa de lycra, ou aquele novo capacete com pala.
- Felicidade para uns é levar toda a família a andar de bicicleta e com eles descobrir uma nova vida em convívio, uma forma mais nobre de ocupar os tempos livres em alternativa à volta saloia de carro, aos centros comerciais, às praias apinhadas de gente e às frustrantes tardes televisivas.
- Felicidade para uns é Ter uma bicicleta de montanha e com isso poder ser reconhecido como um aventureiro, um radical do desporto, um atleta ou como tendo uma forma física invejável..
- Felicidade para uns é comprar a bicicleta mais exótica, construir a bicicleta mais leve, montar a bicicleta mais “high tech” e tê-la imaculada sob uma redoma na sala de estar lá de casa, contemplando-a dias a fio, devorando todas as revistas da especialidade na busca da última criação tecnológica do mais avançado e futurista possível, para montar na sua bem amada. Andar nela não é o mais importante até porque se vai sujar, só se estiver seco, for em bom piso e houver muita gente para a admirá-la.
- Felicidade para uns é pedalar nos grandes charcos e lamaçais destes invernos rigorosos, enterrando-se em lama até à alma num total desprezo pela bicicleta, borrifando-se para centros de pedaleira, cubos, correntes e tanta outra tralha que parece incomodar os outros, e chegar a casa e esquecer-se da bicicleta num qualquer canto da garagem, varanda ou arrecadação.
- Felicidade para uns é poder transportar-se de bicicleta para o trabalho e com uma cara de satisfação ultrapassar os que escolheram ir de carro e que num total desespero esperam impacientes que aquela fila de carros parados na sua frente se mexa, acumulando stress e levando o dobro do tempo a lá chegar.
- Felicidade para uns é saber tudo o que há para saber sobre bicicletas e passar tardes a discutir sobre qual a melhor suspensão, o melhor material de quadro, o futuro das bicicletas de suspensão total ou a actual forma do Tomac, da doença da Furtado e da loucura do Palmer.
- Felicidade para uns é ter uma bicicleta dita barata e levá-la a fazer o que os que as têm ditas caras e sofisticadas não conseguem, e poderem provar que o que verdadeiramente interessa é ter pulmão e pernas.
- Felicidade para uns é ter uma bicicleta dita cara mas que não pareça, sem peças coloridas ou exuberantes mas poder secretamente confidencial com alguns (não assim tão poucos) que aquela bicicleta está avaliada em centenas ou milhares, e daí tirar um imenso gozo.
- Felicidades para uns é viajar de bicicleta indiferentemente de ser em estrada ou em terra em total auto-suficiência durante semanas expedicionando vários países ou regiões engrandecendo o seu conhecimento de outros horizontes, de outros povos e de si próprio.
Felicidade para outros é poder escrever sobre assuntos relacionados com a bicicleta e fazer testes e análises de produtos, de competições e passeios, e recrear em todos uma vontade férrea de pegar na bicicleta e com ela gozar uma ou diversas daquelas formas de felicidade.
Felicidade para mim, e quem sabe, não só para mim, são todas aquelas formas de ser feliz com a bicicleta, um pouco de todas ou um muito de todas.

Neste mundo tão variado da BTT há lugar para todos, sendo cada um feliz à sua maneira, e é errado não respeitar todas aquelas formas de estar porque todas elas são um espelho da felicidade interior de cada um. É errado escarnecer desta ou daquela postura pois isso é ofensivo e não cabe a ninguém julgar sobre qual deve ser o padrão de felicidade que se deva ter com a nossa bicicleta.

Pena é, reconhecer que esta nossa felicidade nem sempre é bem recebida e parece até por vezes ofensiva para quem nas estradas nos dificulta a circulação e não nos respeita, para quem no planeamento urbanístico das vilas e cidades nos esquece, para quem nos dificulta o acesso aos parques naturais sem procurar antes criar condições e formas de coexistência de mútuo interesse, nos rejeita quer directa quer indirectamente em locais públicos só porque nos vestimos e calçamos de forma diferente, que não nos deixa estacionar a bicicleta à porta do café ou restaurante, nos ignora nos meios de comunicação social não fazendo qualquer alusão às nossas actividades, autoridades que querem regulamentar o transporte das nossas bicicletas no nosso carro, Federação de Ciclismo retrograda que não só não protege os nossos interesses como até parece promover esta imerecida marginalização, etc.

Mas afinal quem pode ainda ignorar que não será o veículo de duas rodas sem motor o meio de locomoção por excelência do futuro das nossas cidades e grandes vilas.
Animem-se pois, estamos aqui para ficar e sejam felizes, cada um à sua maneira, claro está.
António Malvar


12/08/1997 - Neste nosso mundo do BTT


Neste nosso mundo do BTT, existem muitas formas de estar, ou seja, muitas maneiras de se encontrar felicidade. No entanto, o sentimento de que há algo de comum em todos os praticantes e que vai fomentando esta enorme paixão que muitos exibem pelo tema, nunca deixou de me aguçar a curiosidade e de me fazer observar mais analiticamente aqueles amantes do BTT com quem tenho oportunidade de acamaradar nas passeatas de fim de semana pelos mais belos trilhos deste nosso admirável país fora-de-estrada.

Em 1987 tínhamos uma empresa de Desporto Aventura que entre outras coisas fazia passeios de jipe para turistas na Serra da Arrábida e aos fins de semana competia-me a mim a tarefa de deambular com um UMM carregado de ´´aventureiros´´ pelos caminhos sulcados de valas atravessando ribeiras, subindo e descendo trilhos elameados na Arrábida que todos tão bem conhecemos. Ora, foi aí que tomei o primeiro contacto com a BTT. Quase sempre na zona da Comenda, fizesse sol ou chuva, encontrava-me com um punhado de (seriam ciclistas?) tipos vestidos com lycras muito coloridas, com um pedaço de esferovite atada à cabeça e montados numas estranhas bicicletas com umas rodas grossíssimas. Ao cruzar-me com eles acenavam-me um adeus com um sorriso na cara toda salpicada de lama e durante momentos ficava a pensar como poderiam aquelas criaturas estar tão felizes apesar de completamente molhados e sujos de lama até à alma. Estas imagens ficaram-me permanentemente gravadas na memória e foi sem surpresas que três anos depois dei por mim a negociar a minha primeira bicicleta de montanha e ao montar nela pela primeira vez (na Arrábida, claro!) percebi como era maravilhoso desbravar aqueles trilhos por entre vegetação luxuriante com a brisa da manhã na cara, rolando em silêncio, sem o barulho dos motores à minha volta.

Confesso que desde então fiquei apanhado pela BTT, deixei os jipes e dediquei-me de corpo e alma. Tinha descoberto uma nova paixão e dela contagiei todos os meus amigos.

Mas o que faz verdadeiramente um empresário, quadro superior duma empresa, professor, advogado, médico, levantar-se de madrugada ao Domingo, vestir umas roupas justas enfiar um capacete na cabeça e montado na sua BTT passar o resto do dia a chafurdar em lama, ou esvair-se de suor serra acima, ou ainda fazer apostas com os amigos em como é hoje que se vai mandar na tal descida íngreme ?

O que faz verdadeiramente famílias inteiras pegar no carro numa sexta-feira à noite, montar bicicletas no tejadilho e fazer centenas de kms par um qualquer lugar remoto e passar o fim-de-semana a deambular pelos campos, perdidos o tempo e no espaço, atrás de uma centena de outros que se juntaram no mesmo local para um passeio BTT por “não sei onde”, regressando exaustos com as bicicletas imundas ?

Muito dizem-me que é para se manterem em forma, mas quando os vejo frequentar ginásios, piscinas e fazerem o seu jogging a meio da semana, sinto que à uma outra força estranha que os faz sonhar com o fim-de-semana para pegarem nas bicicletas.

Muitos dizem-me que é pela camaradagem, mas quando os encontro na Marginal bem cedo a treinar sózinhos para que no próximo fim-de-semana subam ao Monge e cheguem primeiro que os colegas, sinto que há algo mais que os impulsiona para cima da bicicleta.

Muitos outros dizem-me que é pelas paisagens, pelo desfrutar da Natureza, para conhecer outros locais, mas quando os vejo guinchando de alegria a saltar por cima de valas ou raízes, descendo vertiginosamente pelos caminhos pedregosos, sinto que há uma outra razão para os levar a não perder um passeio de fim-de-semana ou a dar uma volta com os amigos ao fim da tarde.

Outros ainda dizem-me que o fazem pela competição, correndo o país de lés a lés, treinando afincadamente todos os dias para puderem aspirar àquele lugar no pódio, mas quando os vejo a ´´sacarem cavalo´´ e ´´égua´´ ´´saltos em table´´ ´´bunny hops´´ e a fazerem outros truques enquanto aquecem para a prova, sinto que há dentro deles algo mais que os leva a montar naquelas super BTT´s.

Há os que me dizem que é por os outros os desafiaram e que foi um pretexto para se livrarem lá de casa ao fim do dia ou ao fim de semana, mas quando os vejo a escolherem as poças mais fundas do caminho para as atravessar a toda a velocidade com um ar de gozo e prazer sem fim, sinto que há uma outra verdade escondida que os leva a sujarem todos daquela maneira.

Também há os que me dizem que não é por que seja moda, mas sim porque o médico os aconselhou a fazer qualquer coisa, a mexerem-se, a fazer desporto, mas quando os vejo a comprar um capacete a condizer com a cor da bicicleta, e apresentarem-se aos amigos ao fim-de-semana equipados a rigor com um sorrisinho de prazer nos lábios, sinto que pode ter sido o médico, mas há algo mais que os leva a fazer BTT.

E há ainda muitos (mais do que se possa pensar) que me dizem que o fazem porque sempre fizeram desporto, mas que começaram com aquela dor nas costas, foram ao médico e este lhes disse que tinham de parar de andar de bicicleta por causa daquele “princípio” de hérnia discal a menos que comprassem uma suspensão total. Mas quando os vejo exibirem o ´´último grito da moda´´ em tecnologia de BTT´s, e passearem-se secretamente de loja em loja na busca da última invenção fruto duma qualquer chafarica americana que produz acessórios de ´´indiscutível´´ qualidade, para pendurarem na sua BTT, sinto que algo mais os leva a perderem o seu tempo devorando as revistas e as lojas da especialidade.

Todos me dizem que o que gostam é de andar de bicicleta, mas quando os me acompanham nos passeios que fazemos e os vejo a sprintar à minha frente, saltar as pedras no meio do caminho, subir às bermas ´´rélévés´´ dos caminhos, descer escadas, lançarem-se a todo o gás pelas descidas rápidas, puxarem o rabo todo para trás nas descidas mais arrojadas, puxar a bicicleta para cima em qualquer pequena lomba, tirar o pé de apoio, ´´à campeão´´, em todas as curvas. Quando me pedem conselhos sobre suspensões de dupla coroa, quadros em titânio, suspensões totais, rodas em carbono, travões de disco, oito ou nove velocidades, sobre aquele exótico desviador que viram na MBA ou na NET ou aquela barra energética do ´´outro mundo´´ que substitui todas as refeições até ao final da semana. Quando me procuram para que lhes ensine a saltar para subir passeios, usar pedais de encaixe, descer pequenos degraus ou para que serve e como se usa um monitor de frequência cardíaca, sinto que há algo mais por detrás de toda aquela vontade de fazer BTT, há uma força renovada que os atrai e me atrai à BTT, há em nós um frenesim imparável para montar a bicicleta, há em todos nós uma criança que nunca deixámos de ser e ao voltarmos a senti-la redescobrimos que ainda não vivemos toda a nossa infância e como é bom sentir aqueles pequenos prazeres.
É a criança que há em nós que se solta e ao recreá-la sentimo-nos bem e deixamos de lado todas os pergaminhos e mais não somos que um grupo de crianças divertidas.

Na procura dos porquês mais metafísicos fui ignorando o que é tão simples…
Todos fazemos BTT porque isso liberta a criança que há em nós."

E mais não digo...cumprimentos e pedalem
 

P.M.

Member
FINALMENTE!

E eu a pensar que ia passar um ano inteiro e ninguém ia puxar pelo assunto mais idiota de sempre. Já estava preocupado!
Vá lá, foi mesmo na recta final, mas alguém se lembrou.

Bem, de qualquer forma, recomendo a leitura dos outros tópicos sobre o mesmo assunto, que se repete de tempos a tempos e que continua a contribuir imenso para o forum...

P.M.

PS: Agora mais a sério, só acho de mau gosto algumas combinaçõesde cores que se vêm para ai, mas e dai? Não sou eu que ando com isso :mrgreen:
 
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