@
miguelcarromeu
Eu não falo na "legalização". Nada de tão formal e burocrático. Falo no reconhecimento de determinadas zonas como áreas, digamos, privilegiadas para a prática do Btt dentro das modalidades que fossem possíveis de enquadrar lá seja XC, DH, FR, AM, EDR, etc.
Isto é, áreas onde havia um reconhecimento e colaboração oficial por parte das autoridades como as câmaras municipais em conjunto com clubes ou grupos de Btt e proprietários de terrenos se necessário e possível, que aquele era um espaço "MTB Friendly". Áreas com um conjunto de percursos assinalados tanto em termos das diferentes rotas que se podiam fazer para não se ter que andar a olhar sempre para o GPS e não nos perdermos, bem como de alertas a quem por lá passasse.
Por exemplo, num troço destinado a descidas mais radicais haveriam placas a alertar nas zonas de cruzamento ou entrada no trilho para se estar alerta às bicicletas e ao risco de embate. Nessas zonas de cruzamentos com outros trilhos tentava-se trabalhar a boa visibilidade para todos, e por aí fora.
Não era necessário uma oficialização, vedação, proibições, etc. Apenas um acordo entre as partes onde se incluía a manutenção e protecção dos trilhos. Onde se podia "fechar" uns para manutenção e recuperação enquanto se abria outro em alternativa. Isto não é nada de diferente que aquilo que é feito nos EUA desde os anos 90. Grupos de ciclistas em colaboração até com as entidades de gestão de parques naturais.
Em Fafe existem 11 percursos pedestres (e de Btt se se quiser) criados e divulgados pela câmara como forma de promoção do turismo na região. Fiz um pequeno à volta da Barragem da Queimadela e parcialmente outro nas Terras Altas e achei aquilo espectacular. Não tinha grande sinalização para além dos mapas nos folhetos e das marcas dos escuteiros mas logo ali já há uma vontade de fazer coisas relacionadas com o desporto de natureza. Porque é que não se aproveita isso e se tenta canalizar esforços específicos para o Btt?
Não aprofundei completamente os exemplos que mencionaste em Ponte de Lima e na Batalha, mas do que vi qualquer dos dois parecem-me boas ideias. Porque é que isso não é replicado por mais pontos do país?
O Btt hoje em dia já não é um desporto de meia-dúzia de malucos com quem quase ninguém se chateava e com quem até falavam com curiosidade como nos anos 90. Hoje é um desporto de massas com todos os problemas que isso pode acarretar. A abertura de trilhos e construção de rampas hoje em dia deve de se poder multiplicar por 1000 relativamente a então, e neste caso as coisas já não conseguem ser olhadas com a ingenuidade de outros tempos.
Olhando ao caso do Monsanto, foi lá construida uma área para skate e dirt se não me engano. Não é que a CML esteja cega ao fenómeno dos desportos radicais. Como digo desde o inicio é necessário insistir para que se possa obter o reconhecimento de determinadas práticas no parque e em que para além da autorização de uma série de rampas seja colocada a sinalética a informar os outros utilizadores do parque que necessitam de precaução naquele ponto especifico.