Fiz a ecoposta duas vezes - ida e volta:
A 1.ª vez fui de roda fina e a 2.ª fui de btt e recomendo a todos que também o façam, independentemente do tipo de bicicleta que tenham à disposição.
De facto o início em Santa Comba Dão está por terminar (o acesso faz-se por um caminho de terra que de BTT não levanta problema algum, mas de bicicleta de estrada obriga a desmontar) e em Viseu a "passadeira vermelha" acaba sem aviso prévio;
De facto as guardas no concelho de Viseu (as tais rotundas) são demasiado apertadas e são muito frequentes, limitando em demasia a progressão;
De facto devemos ter sentido crítico, principalmente quando se trata de avaliar a coisa pública;
Mas....
O autor do tópico pinta um quadro que, na minha opinião, não faz justiça ao que é, al final, a ecopista.
Seja em família ou em modo "ligeirinho", fazer a ecopista do Dão é uma experiência muito compensadora e agradável.
Até mesmo eu, que tenho a mania que sou contra "ambientes controlados" para a prática de BTT ou ciclismo, dou a mão à palmatória.
A parte inicial em Santa Comba faz-se de forma espectacular, com o caminho a seguir sobranceiro ao Rio Dão e aos seus penedos graníticos, até começar a entrar naquilo que são os resquícios da floresta autóctone portuguesa, com a pedra escavada em barrancos a guiar o caminho a partir daí, na exacta largueza de um comboio , pouco mais...
O imaginário do ferroviário antigo vai-se fazendo sentir, dando um sabor muito especial ao passeio: as placas, as passagens de nível, as antigas estações...dum tempo em que o esforço pelo desenvolvimento do país - através de infraestruturas desta natureza - não estava geograficamente tão desequilibrado.
Com o avançar da coisa começam a chegar os túneis e as grandes pontes: a iluminação indirecta nos túneis é muito cénica, deixando antever aquelas fantasmagóricas paredes em rocha viva e - caramba - olhar cá para baixo nas pontes e vermo-nos a alguns 30 metros acima do telhado das casas, enquanto a bicicleta faz aquela barulho "ferroviário" é qualquer coisa de espectacular.
Depois há outra coisa: como os comboios não cumprem grandes declives, os 100 kms que há para fazer de ecopista não implicam um acumulado grande, permitindo rodar uma distância grande de forma descontraída e sem grande esforço, ideal para moralizar os outsiders e combater a heresia de não-ciclistas. Resultou na "semi-conversão" da minha cara metade às bicicletas, o que foi óptimo!
Experimentem, vale a pena!