José Azevedo: "Não há modalidade tão controlada como o ciclismo"
08.07.2007 - 14h37 Filipe Escobar de Lima
José Azevedo, ciclista do Benfica que disputou três Tours com a camisola da Discovery Channel, antiga equipa de Lance Armstrong, considera que o programa antidoping do ciclismo é mais apertado do que em outras modalidades e que, por isso, a imagem pública do ciclismo está mais associada à dopagem.
"Não vejo ninguém nas outras modalidades a fazer o número de controlos sanguíneos que se fazem no ciclismo. Eu não digo que não exista doping no ciclismo, mas a relação casos positivos/número de testes não é uma proporção assim tão grande como as pessoas fazem crer. Deve ser até um dos desportos com índice mais baixo", vincou Azevedo, ao PÚBLICO.
"O ciclismo está numa fase não muito positiva. Iniciou-se há um ano com a Operación Puerto e esse caso tem afectado a modalidade. Há ciclistas cujos nomes foram envolvidos mas até ao momento não se provou nada - houve outros que acusaram o uso de substHá ciclistas em Espanha e Portugal com registos sanguíneos anormais
08.07.2007 - 13h59 Duarte Ladeirasâncias (e confessaram os erros que cometeram) e é altura de as pessoas fazerem uma separação. O ciclismo é envolvido porque se calhar é o desporto mais perseguido pelo controlo antidoping", diz Azevedo.
Porque será José?? declaracoes infelizes estas.mais um na onda da desculpabilizacao tentando justificar algo...
O presidente da União Ciclista Internacional (UCI), Pat McQuaid, revelou que este organismo e representantes das equipas de elite discutiram recentemente registos sanguíneos de ciclistas e que “os parâmetros de alguns de Espanha e de Portugal eram anormais”. “Porquê? Não sei. O que posso pensar é que alguns ciclistas não aceitam que a cultura de doping terminou e continuam a tentar enganar o sistema”, disse, em entrevista ao PÚBLICO.
PÚBLICO - Que espera do Tour?
PAT MCQUAID - Uma excelente corrida, muita paixão e drama, novos nomes, novos heróis, que alguns jovens se destaquem e mostrem ao mundo que é possível correr e brilhar de forma limpa. Precisamos de novos heróis nos quais o público acredite.
Todos os ciclistas do Tour assinaram o compromisso para um novo ciclismo. Foi uma vitória sua?
Não considero uma vitória, mas sim uma forma de as pessoas mais importantes no ciclismo, que são os ciclistas, mostrarem ao mundo e aos media que querem um ciclismo limpo. Nem eles nem eu estamos preocupados com o passado, mas sim empenhados no que deve ser o futuro.
Alguns ciclistas dizem que o documento viola os seus direitos...
Não concordo. Não se trata de um documento com valor legal. Tivemos pedidos de equipas, ciclistas e advogados para serem mudados alguns termos. Recusámos porque queremos mantê-lo simples. Qualquer ciclista que não queira assinar um compromisso como este vai levantar dúvidas dentro da sua equipa. Vão questionar-se porque é que ele não assinou algo tão simples e que diz: não estou envolvido em doping, não quero estar, não vou estar, estou convicto desta decisão e, se violar as regras, perco o que ganhei. Na minha opinião, algo deste género não viola direitos.
A Associação de Ciclistas quer que outros envolvidos no ciclismo - directores, médicos e organizadores de provas - assinem este pacto. Concorda?
Totalmente. Quando apresentei o documento às equipas, disse que iríamos preparar compromissos semelhantes para os directores e o pessoal de apoio, que serão enviados a todas as equipas na próxima semana. Entretanto, logo depois de eu ter apresentado a ideia, algumas equipas enviaram declarações assinadas comprometendo também médicos a não usarem dopantes.
Está à espera de outro caso Landis?
Não! Mas é preciso realçar que no ano passado tivemos uma enorme falta de sorte. Fizemos 600 testes, com um só positivo, o que, em termos estatísticos, é muito bom. Infelizmente foi o vencedor. E isso teve um enorme impacto e causou danos. Se tivesse sido um ciclista pior classificado, teria pouco efeito.
Para quando uma decisão sobre Landis?
Provavelmente nas próximas duas semanas.
Em pleno Tour...
Não interessa que seja durante ou depois. Qualquer que seja o resultado, bom ou mau do ponto de vista desportivo, iremos lidar com a situação.
Já tem todos os documentos da Operación Puerto?
Só mil páginas. Disseram-nos que virão mais 5 mil. Temos um advogado a trabalhar nas primeiras e esperamos analisá-las o mais depressa possível. Mas também temos de ter em conta o recurso do procurador, da UCI e da AMA contra a decisão do juiz em arquivar o processo. Se o tribunal de apelo aceitar, o caso é reaberto, se não, tudo estará acabado, pois não iremos receber mais dados.
O director da Gerolsteiner disse que, numa reunião entre equipas e UCI, foram discutidos valores sanguíneos anormais de espanhóis e portugueses. Confirma?
Sim. Um médico mostrou estatísticas sobre parâmetros sanguíneos de ciclistas europeus e também de fora da Europa. Os parâmetros de alguns ciclistas de Espanha e de Portugal eram anormais. Porquê? Não sei. O que posso pensar é que alguns ciclistas não aceitam que a cultura de doping terminou e continuam a tentar enganar o sistema. Mas quero esclarecer que é apenas um pequeno grupo de ciclistas espanhóis e portugueses. A grande maioria dos europeus aceita que o ciclismo seja limpo.