Acho as últimas páginas deste tópico bastante interessantes... É com estas discussões saudáveis que se aprende…
A questão da roda 29" é para mim recente, não porque estou nisto do BTT há pouco tempo, mas porque tenho visto poucas a rolar por onde ando...
Tal como a maioria das pessoas que comprou ou está atenta a esta nova "onda" das rodas grandes, o interesse surgiu porque os catálogos estão cheios destes modelos, as apresentações das marcas giram em torno deles, discute-se nos fóruns e alguns amigos vão aderindo...
O marketing das grandes marcas tem aqui uma responsabilidade inegável, e o efeito criado tem arrastado as restantes, que assim recebem uma lufada de ar fresco num mercado difícil...
O que quero trazer um pouco à discussão é a questão do "encaixar melhor na bike" e "maior conforto". Este ultimo aspecto está directamente relacionado com as escoras mais longas que flectem mais, aros maiores que mantendo muitas vezes o mesmo perfil das 26" se tornam também mais flexíveis, e os raios que mesmo bem tencionados têm maior comprimento de encurvadura. Não significa que tenham mais ou menos flexão lateral, porque aí entram outros factores, mas numa análise bidimensional, a deformação vertical é maior.
Tudo isto aumenta o conforto da bike, fazendo até com que alguns comparem uma 29er HT com uma 26"FS...
Mas penso que exista uma outra questão de fundo que justifica um pouco estas diferenças do "encaixe" que é a geometria do quadro. Não sendo especialista em ergonomia, a forma como encaixamos numa bike depende da posição relativa dos 3 pontos de contacto: as mãos, os pés e o rabo. Existem muitas formas de afinar esta relação (altura do espigão, avanços mais compridos e de vários ângulos, espigões recuados, carris do selim mais à frente ou mais atrás, pedaleiras de 170 a 180mm, espaçadores na coluna de direcção, enfim). Mas no quadro, onde tudo começa, 2 factores são determinantes: comprimento efectivo do tubo superior e os ângulos.
Sendo eu bastante atento ás geometrias (porque sou muito alto), desde sempre vi que as marcas americanas (Specialized, Scott, Cannondale, Trek, etc) têm um comprimento superior ás outras marcas. Isto influencia bastante a nossa posição e conforto transmitido. O peso do rider fica mais bem distribuído, temos uma melhor posição de ataque para subidas, etc...
O que tenho visto agora neste "boom" das 29er é geometrias muito semelhantes ás americanas... Enquanto que POR EXEMPLO uma Specialized HT 26" tem os mesmos 615mm de comprimento efectivo (tamanho L-19") que a sua gémea 29er, já POR EXEMPLO a Mondraker Finalist tem 590 contra 615 na mesma comparação...
Eu não sei muito bem porque isto acontece, mas dado que as marcas não tiveram muito tempo para desenvolver e afinar os seus quadros 29er (muitas marcas surgiram apenas neste mercado em 2011/2012), adoptaram as geometrias já estudadas e afinadas pelas grandes americanas que levam mais anos disto...
Bem sei que este é apenas um pormenor no mar de diferenças que existem, mas parece-me pertinente visto que tanto se fala no "encaixar" do rider nestas bicicletas.
Quanto ao seu comportamento no terreno, por não ter nenhuma nem nunca ter experimentado, não posso dar grandes opiniões... Mas parecem-me lógicos os dois lados já expostos:
- manobrabilidade e acelerações que se perdem
- maior capacidade de rolar e ultrapassar obstáculos
Quanto a relações de velocidades e pegando na boa explicação do FiCaçador, para uma 26" e uma 29" irem à mesma velocidade e com a mesma cadência (mesmo esforço), temos de ter uma relação mais baixa.
Não defendo marcas nem modas, mas gosto de estar informado e ter uma visão crítica.
Espero ter oportunidade de um dia experimentar e tirar as minhas conclusões no terreno, embora ache que seja como nas 26": há algumas que transmitem excelentes sensações e parece que foram feitas para nós, e outras que parecem ter tudo ao contrário...
Estou curioso...