José Figueiredo
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Santiago de Compostela a História e a Lenda
De entre todos os discípulos que acompanharam Jesus Cristo, Santiago pertence ao grupo dos mais íntimos, ele esteve presente nos momentos mais importantes da sua vida. Após a morte do Profeta, Santiago participa na evangelização da palestina. Faz parte, com os outros apóstolos, do núcleo central da Igreja primitiva de Jerusalém antes de ser decapitado por ordem de Hérodes Agripppa, neto de Heródes O Grande, aproximadamente em 44 dc, sendo o primeiro apóstolo mártir.
Aqui acaba a história e começa a lenda.
A tradição atribui a Santiago a evangelização da Espanha. Partindo da Palestina ele terá chegado num barco de transporte de Ouro e Estanho, comércio que se desenvolvia nessa época entre a Galiza e a Palestina, à Andaluzia, onde iniciaria a sua pregação até chegar a Iria Flavia (actual Padrón). O seu regresso à Terra Santa seria feito pela via romana de Lugo que atravessa a península passando por Saragoça, dirigindo-se para Valença de onde embarcaria para reentrar na Palestina. Contudo, sobre este episódio nunca foi encontrado nada escrito pelo que muitos e reconhecidos historiadores medievais duvidam da sua veracidade.
O Breviarium Apostolorum, um registo de biografias dos apóstolos, redigido em Grego e posteriormente restaurado em Latim, fornece um detalhe importante sobre a descoberta do túmulo de Santiago na Galiza o que contribuiria para o nascimento do santuário e das peregrinações. Após o seu martírio o corpo de Santiago foi, segundo a lenda, transportado por dois dos seus discípulos e enterrado nos confins da Galiza. A sepultura é descoberta no reinado de Alonso II (759-842). A partir do século IX encontram-se alusões a este acontecimento. Porém, não há certezas quanto à data da descoberta do sepulcro apostólico, mas a maioria das fontes católicas apontam datas entre 813 e 820. A lenda conta que um ermitão do bosque de Libredón, de nome Pelágio (ou Pelaio), observou durante algumas noites seguidas uma “chuva de estrelas” sobre um monte do bosque. Avisado das luzes, o bispo de Iria Flávia, Teodomiro, ordenou escavações e encontrou uma arca de mármore com os ossos do santo e dos seus discípulos. Informado, o Rei das Astúrias mandou construir 3 Igrejas no lugar indicado, dando-se início às primeiras peregrinações.
Em 872 Afonso III, perante o número crescente de peregrinos manda construir uma majestosa Igreja no lugar da primitiva. Paralelamente, a reputação das peregrinações a Santiago levaria à mudança da sede episcopal de Iria Flavia para Compostela.
Em 951 é registado o primeiro peregrino estrangeiro, na pessoa do Bispo de Puy, Goldescalc. Os Franceses são os primeiros peregrinos estrangeiros a deslocarem-se ao túmulo do apóstolo no século XI, na segunda metade desse século o carácter internacional afirma-se com a chegada de Alemães e dos primeiros Ingleses. Nesse tempo a Galiza metamorfoseia-se em Palestina Ocidental. Contudo, após ter sido um fenómeno religioso durante a idade média, as peregrinações a Santiago conhecem uma progressiva erosão a partir do século XIV, parando mesmo no século XVII por falta de peregrinos. No século XX dar-se-ia o renascer das peregrinações fazendo com que Santiago de Compostela seja o 3.º lugar Santo do cristianismo após Jerusalém e Roma.