El Solitario
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O veículo de locomoção rápida, vulgo automóvel, permitiu encetar esta operação de patrulhamento/reconhecimento, a partir de Cantelães (Vieira do Minho) ainda o dia se apresentava fresco e prometedor.
Mal se iniciara a progressão no “veículo movido a paixão” quando o batedor anunciou que não se poderia continuar: dois dos “melhores amigos do Homem”, dobermann por sinal, apesar de entrincheirados no seu posto de vigilância deram o alerta e convocavam as hostes que respondiam cada vez mais perto.
A missão não previa confrontos directos, pelo que, sem retirar, traçamos uma rota alternativa que permitiu evitar a contenda.
Em ritmo calmo percorremos a margem da linha de água, em calçada secular lapidada pelos veículos ancestrais que gravaram as suas passagens.
[URL="http://img819.imageshack.us/img819/7601/img0564p.jpg"][URL="http://img819.imageshack.us/img819/7601/img0564p.jpg"][URL="http://img819.imageshack.us/img819/7601/img0564p.jpg"]
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E entramos no Turio. A serenidade pode ser traiçoeira pelo que progredimos com cautela, atentos aos ruídos e às sombras: o pipilar das aves, o sussurro da água, até o bater das asas das borboletas, tudo merecia atenção. Este pequeno pulmão merece bem todos os cuidados na sua preservação (que bela cacofonia).
[URL="http://img821.imageshack.us/img821/949/img0566.jpg"][URL="http://img821.imageshack.us/img821/949/img0566.jpg"]
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Do Turio passamos à Serradela. Vozes em surdina comentavam a má opção de iniciar a jornada, com o dia ainda fresco, pelos sítios mais frescos. “- E quando a canícula ferrar… vamos p´ró descampado?!” - “-Yes!”
Estes homens pouco sabem de estratégia militar e da importância de surpreender o inimigo através de movimentações que não constem do catálogo.
Sabia que poderia vir aí mais contestação. Quando era esperada a ascensão directa e frontal ao Cabeço da Vaca transmiti a ordem seca e sem margem para dúvidas: descer até Salamonde, subir pela retaguarda. Todos acataram. Disciplina como eu gosto.
O dia estava claro. O horizonte perfeitamente límpido. E à nossa frente toda a grandeza da Serra do Gerês, com Fafião e a Ermida aninhadas no seu seio granítico…
Como explicar o frémito que percorre a espinha dorsal e transmite directamente à alma aquele sentimento indelével de “-Como é bom estar aqui.”? (Este aqui é muito mais do que aquilo que possam pensar).
A descida contemplativa foi paga em suaves prestações. Ora malhando na “avózinha”, ora malhando com os pedais nas canelas. Havia que subir, e mais nada.
O cume já estava tomado por outros “valorosos” que movendo-se em potentes SUV de tracção integral levantavam pó não se perdendo nas meditações que o alcance da vista exigia. Registou-se, no entanto, um contacto fortuito com outro batedor de duas rodas.
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Do Cabeço da Vaca, numa rota traçada a meia encosta da Serra da Cabreira, rumou-se às aldeias de Anjos e Arga. Pelo caminho pretendia-se registar a Ponte da Parada. De novo o inimigo já se havia antecipado acantonando-se de toalhas e malas térmicas. A ponte estava cercada por domingueiros em busca de águas límpidas e banhos de sol. (Começamos a preferir o Inverno para estes raids).
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O assalto à Serra da Maça fez-se, mais uma vez, evitando o confronto directo. Assim, atacou-se a subida pela zona de lazer da Veiga, circunscrevendo o cume antes do ataque final.
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[URL="http://img202.imageshack.us/img202/1723/img0594io.jpg"]
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Desta vez só os gigantes eólicos marcavam presença. A cortina de árvores que se mantém até ao cume impede vistas largas não sendo dos melhores sítios para se montar um posto avançado. Valeu a calmaria do sossego para permitir “inventar” bonecos.
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A partir daqui era só descer. Mas descer segundo o apanágio das tácticas de reconhecimento militar. Sempre atentos a qualquer curva, focados em todos os recantos e pormenores. Nunca se sabe onde estará aquilo que nos fará ganhar o dia…
E só assim se pode descobrir aquele riacho. Um pequeno manancial de águas cristalinas, saltitantes, num microclima de portentosa simplicidade e magia. Rochas cobertas de líquenes e fetos de autêntico verde, flores minúsculas e singelas mas omnipresentes, libélulas coloridas que atestavam a pureza da água. Pela segunda vez pensei “-Como é bom estar aqui.”
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Foi a custo que retiramos. Sim, desta vez retiramos. Havia que retroceder e apagar os vestígios da nossa passagem. Estes segredos só podem ser desvendados a quem os merecer.
Retomamos a rota, tendo-se verificado alguns recontros com autóctones quadrúpedes, que nesta altura do ano andam a mostrar a serra às crias recém-nascidas, obrigando a algumas manobras para flanquear os legítimos frequentadores destas paragens.
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E eis-nos chegados ao ponto de partida, “no regresso vieram todos”, isto é, eu e mais uma mão-cheia de divagações pseudo-filosóficas.
Para a história ficam 72 km percorridos com 2010m de acumulado, e a vontade de em breve voltar.
Mais registos em http://picasaweb.google.pt/viktor.moreira/SerraDaMaca#
Mal se iniciara a progressão no “veículo movido a paixão” quando o batedor anunciou que não se poderia continuar: dois dos “melhores amigos do Homem”, dobermann por sinal, apesar de entrincheirados no seu posto de vigilância deram o alerta e convocavam as hostes que respondiam cada vez mais perto.
A missão não previa confrontos directos, pelo que, sem retirar, traçamos uma rota alternativa que permitiu evitar a contenda.
Em ritmo calmo percorremos a margem da linha de água, em calçada secular lapidada pelos veículos ancestrais que gravaram as suas passagens.
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Estes homens pouco sabem de estratégia militar e da importância de surpreender o inimigo através de movimentações que não constem do catálogo.
Sabia que poderia vir aí mais contestação. Quando era esperada a ascensão directa e frontal ao Cabeço da Vaca transmiti a ordem seca e sem margem para dúvidas: descer até Salamonde, subir pela retaguarda. Todos acataram. Disciplina como eu gosto.
O dia estava claro. O horizonte perfeitamente límpido. E à nossa frente toda a grandeza da Serra do Gerês, com Fafião e a Ermida aninhadas no seu seio granítico…
Como explicar o frémito que percorre a espinha dorsal e transmite directamente à alma aquele sentimento indelével de “-Como é bom estar aqui.”? (Este aqui é muito mais do que aquilo que possam pensar).
A descida contemplativa foi paga em suaves prestações. Ora malhando na “avózinha”, ora malhando com os pedais nas canelas. Havia que subir, e mais nada.
O cume já estava tomado por outros “valorosos” que movendo-se em potentes SUV de tracção integral levantavam pó não se perdendo nas meditações que o alcance da vista exigia. Registou-se, no entanto, um contacto fortuito com outro batedor de duas rodas.
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E só assim se pode descobrir aquele riacho. Um pequeno manancial de águas cristalinas, saltitantes, num microclima de portentosa simplicidade e magia. Rochas cobertas de líquenes e fetos de autêntico verde, flores minúsculas e singelas mas omnipresentes, libélulas coloridas que atestavam a pureza da água. Pela segunda vez pensei “-Como é bom estar aqui.”
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Retomamos a rota, tendo-se verificado alguns recontros com autóctones quadrúpedes, que nesta altura do ano andam a mostrar a serra às crias recém-nascidas, obrigando a algumas manobras para flanquear os legítimos frequentadores destas paragens.
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Para a história ficam 72 km percorridos com 2010m de acumulado, e a vontade de em breve voltar.
Mais registos em http://picasaweb.google.pt/viktor.moreira/SerraDaMaca#
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