lobo solitario
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Finalmente, fui aos Cornos. Podem não acreditar mas, de facto, nunca tinha ido. Devem-me achar um morcão! Já tinha andado muito perto mas... nunca lá tinha chegado. Um dia fui ao Gerês com uns amigos alemães, zangamo-nos e... não cheguei a ir aos Cornos mas andei lá muito perto: Pitões. Outra vez, um amigo perguntou-me se estava interessado nos Cornos mas eu disse "não obrigado". Foi preciso um convite do Jorge Moniz para eu, finalmente, alcançar essa grande meta na minha vida: ir aos Cornos da Fonte Fria, ainda por cima, vindo de Espanha.
Deste modo, track no GPS e almoço na mochila, arranquei cedinho para passar a salto para Espanha na zona de Lindoso. A ideia era começar na barragem d'As Conchas, junto aos restos de um acampamento romano denominado Aquis Querquennis, construído ao lado da Via Nova (a Geira, como é referida no lado português). Os danadinhos dos romanos podiam, aí, usufruir de umas nascentes termais para uns banhos de assento quentinhos enquanto punham a populaça a render.
A falta do prometido "enorme" cartaz castanho com as indicações pertinentes, prometido pelo Jorge Moniz, fez-me avançar um ou dois Km monte acima antes de dar conta do logro. Custou-me um ligeiro atraso mas as tropas não tiveram coragem de me repreender.
Na parada já lá estava a comitiva que o JM tinha conseguido arrebanhar. Com o seu vozeirão característico, destacava-se o nosso Professor Orlando. Há já muito que não andava com ele.
É curioso como certos tipos conseguem estruturar a sua comitiva de modo quase ideal: o JM trazia um primo de idade mais avançada como objecto de tortura e deleite pessoal; um assistente (ajudante de campo, nas suas palavras) que iria proporcionar a descodificação das coordenadas geodésicas (e alombar com as culpas caso desse para torto); um amigo de Biana para poder trocar anedotas; um tipo mais desbocado para alegrar o ambiente; e um escriturário que garantisse para a posteridade a descrição das manobras.
A primeira parte consistia num avanço precário nas margens arenosas da albufeira. Aproveitei para filmar uns planos fotogénicos deixando-me ficar para trás do grupo. Na pressa de voltar a reunir-me aos pedalantes, cortei a direito e acabei executando um exuberante mortal encarpado quando a roda da frente entrou numa espécie de areias movediças. Só muito adiante daria conta da perda de duas sandes de salame como consequência das acrobacias.
Entrámos, então, no asfalto, cruzando o paredão da concha. Foi em asfalto que fizemos a primeira parte da subida, interrompida por um problema pneumático que gerou umas filmagens alegres (no inglês, gay footage) que decidi, por enquanto, não divulgar, na expectativa de conseguir um bom preço por elas.
Depois de uns trilhos mais interessantes mas curtos, entrámos num longo estradão que nos levaria a uma aldeia abandonada mas em vias de reconstrução: Salgueiro.
Era tempo de comer algo, pois se avizinhava a subida do dia. Ela começou com umas calçadas exigentes onde ainda consegui pedalar por umas centenas de metros apenas desmontando para ultrapassar algumas passagens mais complicadas. Mais acima, no entanto, as coisas já não eram tão fáceis dadas as inclinações, regos e falta de aderência do granito esboroado. Alguns trilhos técnicos engraçados de permeio e chegava a última parte da subida. Apesar de não ser ciclável, ninguém se queixou (exceptuando o quadricípete do capitão Folha) dada a beleza do local. Lembro-me de ter pensado que seria giro ter alguma carqueja a roçar a queixada...
As vistas valeram bem o esforço.
Chegávamos ao topo e verifiquei que ir aos Cornos valia mais pela viagem que pelo objectivo final. A imponência do local, visto de longe, não se apercebe quando se lá está.
Uma breve descida para apanhar a estrada e rapidamente atingimos Pitões das Júnias, aldeia aromatizada pela riqueza em gado bovino e caprino. O passo seguinte foi a visita a uma das casas de pasto do aglomerado com o objectivo de repor as energias: uma sopa quente, presunto e queijo a acompanhar a côdea de trigo e uma sobremesa.
No restaurante apenas havia senhoras pelo que ouvimos o Professor esmerando-se sucessivamente nuns "Bom dia, menina"; "Menina, com se chama? Marisa? Dona Marisa, traga-nos umas sopinhas quentinhas." e progredindo para uns "Então meninas, também comeram a sopinha? Estava muito boa:" e (a que me deixou profundamente deprimido) "Dona Marisa! Quem acha que é mais jovem: eu ou este senhor aqui ao lado (eu)?!" ao que ela escolhe o danado do farsante. Por mim, a menina Marisa ficava sem gorjeta!
O regresso foi feito "predominantemente" a descer o que, todos sabem, significa que foi um sobe-e-desce-rompe-pernas. A escolha anterior, do nosso capitão, de uma pêra bêbada para complemento alimentar valeu-lhe, nessa difícil fase da progressão no terreno, a alcunha óbvia, atirada vezes sem conta pelo seu amável primo. O caminho gerou um saudável picanço entre alguns de nós que deu para aquecer os brônquios.
Chegados ao ponto de partida lá fomos mergulhar nas águas sulfurosas onde mais cenas alegres tiveram lugar. Abstive-me de filmar, apesar das exuberantes performances do nosso Professor. Já tinha a minha dose...
Fica aqui uma montagem de algumas das imagens deste magnífico dia.
http://vimeo.com/moogaloop.swf?clip_id=7149713
Deste modo, track no GPS e almoço na mochila, arranquei cedinho para passar a salto para Espanha na zona de Lindoso. A ideia era começar na barragem d'As Conchas, junto aos restos de um acampamento romano denominado Aquis Querquennis, construído ao lado da Via Nova (a Geira, como é referida no lado português). Os danadinhos dos romanos podiam, aí, usufruir de umas nascentes termais para uns banhos de assento quentinhos enquanto punham a populaça a render.
A falta do prometido "enorme" cartaz castanho com as indicações pertinentes, prometido pelo Jorge Moniz, fez-me avançar um ou dois Km monte acima antes de dar conta do logro. Custou-me um ligeiro atraso mas as tropas não tiveram coragem de me repreender.
Na parada já lá estava a comitiva que o JM tinha conseguido arrebanhar. Com o seu vozeirão característico, destacava-se o nosso Professor Orlando. Há já muito que não andava com ele.
É curioso como certos tipos conseguem estruturar a sua comitiva de modo quase ideal: o JM trazia um primo de idade mais avançada como objecto de tortura e deleite pessoal; um assistente (ajudante de campo, nas suas palavras) que iria proporcionar a descodificação das coordenadas geodésicas (e alombar com as culpas caso desse para torto); um amigo de Biana para poder trocar anedotas; um tipo mais desbocado para alegrar o ambiente; e um escriturário que garantisse para a posteridade a descrição das manobras.
A primeira parte consistia num avanço precário nas margens arenosas da albufeira. Aproveitei para filmar uns planos fotogénicos deixando-me ficar para trás do grupo. Na pressa de voltar a reunir-me aos pedalantes, cortei a direito e acabei executando um exuberante mortal encarpado quando a roda da frente entrou numa espécie de areias movediças. Só muito adiante daria conta da perda de duas sandes de salame como consequência das acrobacias.
Entrámos, então, no asfalto, cruzando o paredão da concha. Foi em asfalto que fizemos a primeira parte da subida, interrompida por um problema pneumático que gerou umas filmagens alegres (no inglês, gay footage) que decidi, por enquanto, não divulgar, na expectativa de conseguir um bom preço por elas.
Depois de uns trilhos mais interessantes mas curtos, entrámos num longo estradão que nos levaria a uma aldeia abandonada mas em vias de reconstrução: Salgueiro.
Era tempo de comer algo, pois se avizinhava a subida do dia. Ela começou com umas calçadas exigentes onde ainda consegui pedalar por umas centenas de metros apenas desmontando para ultrapassar algumas passagens mais complicadas. Mais acima, no entanto, as coisas já não eram tão fáceis dadas as inclinações, regos e falta de aderência do granito esboroado. Alguns trilhos técnicos engraçados de permeio e chegava a última parte da subida. Apesar de não ser ciclável, ninguém se queixou (exceptuando o quadricípete do capitão Folha) dada a beleza do local. Lembro-me de ter pensado que seria giro ter alguma carqueja a roçar a queixada...
As vistas valeram bem o esforço.
Chegávamos ao topo e verifiquei que ir aos Cornos valia mais pela viagem que pelo objectivo final. A imponência do local, visto de longe, não se apercebe quando se lá está.
Uma breve descida para apanhar a estrada e rapidamente atingimos Pitões das Júnias, aldeia aromatizada pela riqueza em gado bovino e caprino. O passo seguinte foi a visita a uma das casas de pasto do aglomerado com o objectivo de repor as energias: uma sopa quente, presunto e queijo a acompanhar a côdea de trigo e uma sobremesa.
No restaurante apenas havia senhoras pelo que ouvimos o Professor esmerando-se sucessivamente nuns "Bom dia, menina"; "Menina, com se chama? Marisa? Dona Marisa, traga-nos umas sopinhas quentinhas." e progredindo para uns "Então meninas, também comeram a sopinha? Estava muito boa:" e (a que me deixou profundamente deprimido) "Dona Marisa! Quem acha que é mais jovem: eu ou este senhor aqui ao lado (eu)?!" ao que ela escolhe o danado do farsante. Por mim, a menina Marisa ficava sem gorjeta!
O regresso foi feito "predominantemente" a descer o que, todos sabem, significa que foi um sobe-e-desce-rompe-pernas. A escolha anterior, do nosso capitão, de uma pêra bêbada para complemento alimentar valeu-lhe, nessa difícil fase da progressão no terreno, a alcunha óbvia, atirada vezes sem conta pelo seu amável primo. O caminho gerou um saudável picanço entre alguns de nós que deu para aquecer os brônquios.
Chegados ao ponto de partida lá fomos mergulhar nas águas sulfurosas onde mais cenas alegres tiveram lugar. Abstive-me de filmar, apesar das exuberantes performances do nosso Professor. Já tinha a minha dose...
Fica aqui uma montagem de algumas das imagens deste magnífico dia.
http://vimeo.com/moogaloop.swf?clip_id=7149713