Vou tentar passar para para palavras a aventura vivida no passado sábado, não possuo os dotes de escriva, do Major, ou do Indy, mas aqui vai.
Finalmente chegava o dia escolhido, todos os anos fazemos uma espécie de travessia, que liga Vila Nova de Famalicão ao Gerês, concretamente a S. Bento da Porta-Aberta (Terras de Bouro), por um misto de terra e estrada. Nesta edição propunha-me retirar o máximo possível os trilhos por estrada, e fazer o máximo em terra.
Foi então que me lembrei de juntar duas vias romanas, já que estas se encontravam na direcção que iríamos seguir. Assim juntamos a Via XVII, na Serra do Carvalho, e a Via XVIII na Serra de Stª Isabel, também conhecida por Geira ou Via Nova. Bastou arranjar um percurso para realizar a ligação entre ambas, o que facilmente foi conseguido.
Como usualmente partimos da Bastos por volta das 8h00 da manhã, o grupo era grande, talvez até demasiado 17 elementos, mas misturados estavam alguns desconhecidos, que seriam possíveis incautos, e sérios candidatos com direito a empeno, ainda agora não sei como souberam do passeio.
Lá nos pusemos em marcha, saindo em direcção a Vale de S. Cosme, e depois Portela de Stª Marinha, para subir para o alto do monte, onde ficam as pedreiras em Airão.
Depois a descer para Leitões aconteceu a primeira avaria e furo, uma roda ust danificada, prontamente reparada, felizmente iamos prevenidos para estas eventualidades.
Logo ali o primeiro incauto ao ver a inclinação do inicio da subida para a Srª da Saúde, questiona sobre o melhor caminho de regresso, lá indiquei a direcção a seguir. Despedidas feitas, lá continuamos viagem em direcção à capela, depois daqui é que iria verdadeiramente começar a aventura. Monte acima, monte abaixo, lá íamos percorrendo caminhos, estradões e trilhos.
Mais à frente um ligeiro engano na interpretação do track, levou-nos a subir até ao alto da Stª Marta das Cortiças, e daqui descendo para a Falperra, contornado o Sameiro, parando junto à capela de Stº António, para abastecer de água e consertar mais um furo.
Logo depois mais um incauto, visivelmente desgastado e mal preparado, resolveu regressar por estrada, fui logo apoia-lo enviando uns “piropos” de incentivo.
Depois de uma ligeira paragem ao passar na aldeia de Sobreposta, os cerca de 40º de temperatura assim obrigavam, depressa chegamos à nascente do Rio Este, aqui chegados deparamos com um grupo que confraternizava neste local, e usava a nascente para refrescar bebidas, cerveja e vinho. Paramos para matar a sede, ao mesmo tempo encher os cantis de “água”, e tirar algumas fotos.
Depois de uma ligeira descida entravamos na Via Romana XVII, que ligava “Bracara” a “Aquae Flaviae”, e que trilho maravilhoso, não sei como não nos lembramos de fazer este itinerário mais cedo, lindas paisagens, bonitas panorâmicas sobre o vale do Cavado, alguns dos meus parceiros só queriam ver se conseguiam ver o Santril. eh eh eh
Seguimos quase sempre a descer a Via Romana até à Póvoa de Lanhoso, só a deixando junto do cruzamento da EN103 (Braga/Chaves), com a EN205 (Póvoa de Lanhoso). Aqui mais dois elementos, estranhados com a dureza do percurso, resolveram rumar a casa, ficávamos 13 elementos.
Daqui fizemos um single-track que desce na direcção a Monsul, que depois liga a um estradão, trajecto este a passar pelo meio de quintas e grandes casas de lavoura.
Minutos depois mais 6 elementos cediam à dureza do trajecto, ficando rendidos ao apelo dos petiscos na tasca do Santril, sendo levados a retemperar forças para conseguir realizar o regresso a casa.
O grupo ficava resumido apenas 7, mas aqueles que mais gostam de pedalar em longas distâncias, e que acabaria por alcançar o objectivo proposto.
Atravessamos o Cávado pela Ponte do Porto, mais à frente em Dornelas fomos novamente obrigados a parar para consertar mais dois furos. Aqui aproveitamos para hidratar e recuperar alguma energia, a temperatura continuava muito alta, e o alcatrão parecia querer queimar-nos os pneus, por isso aproveitamos o simpático café, onde o dono ouviu com ar de espanto e incredibilidade, de onde vínhamos, e para onde onde íamos.
Lá subimos os cerca de 2,5Km para alcançar a Via Romana XVIII (Geira) na povoação de Paredes Secas, e partir daqui foi seguir o trilho da Geira até Covide, para depois daqui descer a grande velocidade, o alcatrão até S. Bento, daqui até Rio Caldo, aqui perderíamos o último grupo de 4 empenados elementos, que optou por regressar de carro.
Não sei bem se com medo da escuridão da noite, ou porventura se teriam receio de vender a alma ao diabo para chegar até casa.
Depois das pontes subiríamos a EM530 até às Cerdeirinhas, o dia começava a escurecer, mas nada que fizesse esmorecer a vontade férrea destes bravos, e assim como já íamos prevenidos com iluminação, foi só ligar. A partir daqui foi cumprir calendário para chegar a casa.
Em Braga o Alexandre, o último dos três mosqueteiros, queixava-se de algumas dores, acabando por ligar ao irmão, para o que seria a última desistência desta aventura.
Apenas reduzido a dois elementos, demoramos cerca de 1h a chegar cá ao burgo, não antes sem assistir ao fogo de artificio, na localidade de Escudeiros, festas em honra do patrono S. Pedro.
À chegada a Vila Nova de Famalicão éramos apenas dois, do total de um grupo de 17 elementos, onde em anos de actividade, nunca tinha visto o “homem da marreta” fazer uma actuação tão mortífera, chegamos cansados mas felizes, e com a boa sensação de dever cumprido ou comprido :lol:
De vez em quando é preciso elevar a fasquia, para sabermos se estamos vivos!
E lembrem-se sempre: “Que o que não nos mata, torna-nos mais fortes”.
O itinerário:
Famalicão; Vale de S. Cosme; Portela de Stª Marinha; Penedice; Leitões; capela da Srª da Saúde; Balazar; Stª Marta das Cortiças; Falperra; Serra de Lombão; Costa das Ovelhas; capela de Stº António; Ribeira de Provencias; Sobreposta; Nascente do Rio Este; Rita; Serra do Carvalho; Lanhoso; Geraz do Minho; Monsul; Dornelas; Paredes Secas; Santa Cruz; S. Sebastião da Geira; Travassos; Santa Comba; Covide; Rio Caldo; Cerdeirinhas; Braga; EN309; Lomar; Escudeiros; Portela de Stª Marinha; Telhado; Vale de S. Cosme; Gavião; Famalicão.
Total do percurso: 155Km
Altimetria: 2546m
Mais Fotos em:
http://picasaweb.google.pt/jpfmon/ViaXXXVSB0802
J. Moniz
Finalmente chegava o dia escolhido, todos os anos fazemos uma espécie de travessia, que liga Vila Nova de Famalicão ao Gerês, concretamente a S. Bento da Porta-Aberta (Terras de Bouro), por um misto de terra e estrada. Nesta edição propunha-me retirar o máximo possível os trilhos por estrada, e fazer o máximo em terra.
Foi então que me lembrei de juntar duas vias romanas, já que estas se encontravam na direcção que iríamos seguir. Assim juntamos a Via XVII, na Serra do Carvalho, e a Via XVIII na Serra de Stª Isabel, também conhecida por Geira ou Via Nova. Bastou arranjar um percurso para realizar a ligação entre ambas, o que facilmente foi conseguido.
Como usualmente partimos da Bastos por volta das 8h00 da manhã, o grupo era grande, talvez até demasiado 17 elementos, mas misturados estavam alguns desconhecidos, que seriam possíveis incautos, e sérios candidatos com direito a empeno, ainda agora não sei como souberam do passeio.
Lá nos pusemos em marcha, saindo em direcção a Vale de S. Cosme, e depois Portela de Stª Marinha, para subir para o alto do monte, onde ficam as pedreiras em Airão.
Depois a descer para Leitões aconteceu a primeira avaria e furo, uma roda ust danificada, prontamente reparada, felizmente iamos prevenidos para estas eventualidades.
Logo ali o primeiro incauto ao ver a inclinação do inicio da subida para a Srª da Saúde, questiona sobre o melhor caminho de regresso, lá indiquei a direcção a seguir. Despedidas feitas, lá continuamos viagem em direcção à capela, depois daqui é que iria verdadeiramente começar a aventura. Monte acima, monte abaixo, lá íamos percorrendo caminhos, estradões e trilhos.
Mais à frente um ligeiro engano na interpretação do track, levou-nos a subir até ao alto da Stª Marta das Cortiças, e daqui descendo para a Falperra, contornado o Sameiro, parando junto à capela de Stº António, para abastecer de água e consertar mais um furo.
Logo depois mais um incauto, visivelmente desgastado e mal preparado, resolveu regressar por estrada, fui logo apoia-lo enviando uns “piropos” de incentivo.
Depois de uma ligeira paragem ao passar na aldeia de Sobreposta, os cerca de 40º de temperatura assim obrigavam, depressa chegamos à nascente do Rio Este, aqui chegados deparamos com um grupo que confraternizava neste local, e usava a nascente para refrescar bebidas, cerveja e vinho. Paramos para matar a sede, ao mesmo tempo encher os cantis de “água”, e tirar algumas fotos.
Depois de uma ligeira descida entravamos na Via Romana XVII, que ligava “Bracara” a “Aquae Flaviae”, e que trilho maravilhoso, não sei como não nos lembramos de fazer este itinerário mais cedo, lindas paisagens, bonitas panorâmicas sobre o vale do Cavado, alguns dos meus parceiros só queriam ver se conseguiam ver o Santril. eh eh eh
Seguimos quase sempre a descer a Via Romana até à Póvoa de Lanhoso, só a deixando junto do cruzamento da EN103 (Braga/Chaves), com a EN205 (Póvoa de Lanhoso). Aqui mais dois elementos, estranhados com a dureza do percurso, resolveram rumar a casa, ficávamos 13 elementos.
Daqui fizemos um single-track que desce na direcção a Monsul, que depois liga a um estradão, trajecto este a passar pelo meio de quintas e grandes casas de lavoura.
Minutos depois mais 6 elementos cediam à dureza do trajecto, ficando rendidos ao apelo dos petiscos na tasca do Santril, sendo levados a retemperar forças para conseguir realizar o regresso a casa.
O grupo ficava resumido apenas 7, mas aqueles que mais gostam de pedalar em longas distâncias, e que acabaria por alcançar o objectivo proposto.
Atravessamos o Cávado pela Ponte do Porto, mais à frente em Dornelas fomos novamente obrigados a parar para consertar mais dois furos. Aqui aproveitamos para hidratar e recuperar alguma energia, a temperatura continuava muito alta, e o alcatrão parecia querer queimar-nos os pneus, por isso aproveitamos o simpático café, onde o dono ouviu com ar de espanto e incredibilidade, de onde vínhamos, e para onde onde íamos.
Lá subimos os cerca de 2,5Km para alcançar a Via Romana XVIII (Geira) na povoação de Paredes Secas, e partir daqui foi seguir o trilho da Geira até Covide, para depois daqui descer a grande velocidade, o alcatrão até S. Bento, daqui até Rio Caldo, aqui perderíamos o último grupo de 4 empenados elementos, que optou por regressar de carro.
Não sei bem se com medo da escuridão da noite, ou porventura se teriam receio de vender a alma ao diabo para chegar até casa.
Depois das pontes subiríamos a EM530 até às Cerdeirinhas, o dia começava a escurecer, mas nada que fizesse esmorecer a vontade férrea destes bravos, e assim como já íamos prevenidos com iluminação, foi só ligar. A partir daqui foi cumprir calendário para chegar a casa.
Em Braga o Alexandre, o último dos três mosqueteiros, queixava-se de algumas dores, acabando por ligar ao irmão, para o que seria a última desistência desta aventura.
Apenas reduzido a dois elementos, demoramos cerca de 1h a chegar cá ao burgo, não antes sem assistir ao fogo de artificio, na localidade de Escudeiros, festas em honra do patrono S. Pedro.
À chegada a Vila Nova de Famalicão éramos apenas dois, do total de um grupo de 17 elementos, onde em anos de actividade, nunca tinha visto o “homem da marreta” fazer uma actuação tão mortífera, chegamos cansados mas felizes, e com a boa sensação de dever cumprido ou comprido :lol:
De vez em quando é preciso elevar a fasquia, para sabermos se estamos vivos!
E lembrem-se sempre: “Que o que não nos mata, torna-nos mais fortes”.
O itinerário:
Famalicão; Vale de S. Cosme; Portela de Stª Marinha; Penedice; Leitões; capela da Srª da Saúde; Balazar; Stª Marta das Cortiças; Falperra; Serra de Lombão; Costa das Ovelhas; capela de Stº António; Ribeira de Provencias; Sobreposta; Nascente do Rio Este; Rita; Serra do Carvalho; Lanhoso; Geraz do Minho; Monsul; Dornelas; Paredes Secas; Santa Cruz; S. Sebastião da Geira; Travassos; Santa Comba; Covide; Rio Caldo; Cerdeirinhas; Braga; EN309; Lomar; Escudeiros; Portela de Stª Marinha; Telhado; Vale de S. Cosme; Gavião; Famalicão.
Total do percurso: 155Km
Altimetria: 2546m
Mais Fotos em:
http://picasaweb.google.pt/jpfmon/ViaXXXVSB0802
J. Moniz