vascompsousa
New Member
Há muito que tinha pensado fazer esta travessia em BTT. Como não dispunha de tracks para o GPS, consultei vezes sem conta o google earth de forma a encontrar uma ligação mais ou menos ciclável entre a aldeia da Moimenta, no Parque Natural Montesinho, Concelho de Vinhais e o Lago de Sanabria, situada na Região de Zamora, Espanha.
Apenas o Micx aceitou o desafio. O resto do pessoal cortou-se. De facto os excessos alimentares da quadra natalícia ainda se faziam sentir...e de que maneira. As fotos falam por si.
Saída da Moimenta às 8.30 horas. Dia 29 de Dezembro de 2007. Temperatura: certamente negativa como comprova a foto da bike em cima do bebedouro das vacas.
A aldeia da Moimenta , situada a 2 km da fronteira, terra de contrabandistas , tem a particularidade de ficar perto da conhecida fraga dos três reinos, penedo enorme que parece coincidir com as divisões administrativas de Portugal, Província de Leão e Galiza. Como a família possui ainda aí uma casa devoluta pernoitamos de Sexta para Sábado.
Foto da praxe no início da aventura.
A ideia inicial era a de andarmos por cotas superiores a 1500 metros e como devem ter calculado , no Inverno, com um número de horas de luz muito reduzido e tendo caído um nevão quatro dias antes...podem já fazer uma ideia das dificuldades que iríamos encontrar.
Percorremos inicialmente parte do percurso da rota de Contrabando de 2006, maratona organizada pela Câmara de Vinhais. Serpenteamos o Rio Tuela junto à estrada que liga a aldeia a Dine/Monfreita. Obviamente que optámos pelos trilhos anda não asfaltados. Carvalhos, castanheiros e outra vegetação típica do Nordeste Transmontano como comprova a foto.
Uma pausa para um merecido descanso depois de deixarmos o rio Tuela e de termos atingido novamente a estrada que liga Moimenta-Dine.
Andamos por alcatrão durante dois a três kilometros e cortámos para um corta-fogo, no alto de um planalto, que nos permitiu contemplar a genuina paisagem transmontana. Neste caso estão a ver ao fundo a Serra da Coroa com os seus 1240 metros.
o primeiro berbicacho estaria a acontecer. Chegados à estrada que nos levaria à aldeia castelhana de Tejera e já com o montesinho à vista, uma série de estradões parecia levar-nos à encosta da montanha mesmo diantye de nós. No entanto não estava a reconhecer esses caminhos, a partir da visualização no google earth. Bem, fizemos, mal, o que o instinto nos indicou: descer por um dos estradões que nos levaria o mais rapidamente possível ao rio onde supostamente deveria haver uma ponte, mesmo junto a um caminho florestal. Dessa forma subiríamos directamente até ao alto do Montezinho. Como no monte o caminho mais perto não é o da linha recta acabamos por descer a encosta, e voltar a subi-la, uma série de vezes pois os estradões não levavam a lado nenhum. Num desses momentos, com cara de pouco amigos, aproveitamos para comer qualquer coisa para retemperar as forças.
Decidimos seguir sempre pelo caminho junto ao rio e fomos ter perto da aldeia transmontana de Vilarinho. A partir daqui a história era outra. Estava em território já conhecido. Não havia tempo a perder. Toca a subir o estradão florestal, a partir da Cova da Lua, que nos iria levar aos 1350 metros no planalto da Lama Grande e, de seguida, à Barragem da Serra Serrada.
A partir dos 1200 metros começamos a ver os primeros vestígios de neve. Bem , o estradão que desde Soutelo, junto à Cova da Lua, até á Barragem da Serra Serrada poderia ser feito numa 1 hora e 30 minutos durou o dobro. Fiquei a saber o que é pedalar num estradão lamacento devido à fusão da neve. Qualquer descida parecia uma subida. O atrito era tanto que os meus IRC mibro 1.9, próprios para a lama, se enterravam no estradão e não me permitiam o andamento desejado . Uns palavrões à moda do norte foram proferidos várias vezes, num cenário deslumbrante e de grande altitude. Peço desculpa se contribuí para uma indesejada poluição sonora susceptível de alterar os periclitantes e frágeis ecosistemas do parque natural do montezinho. Algumas fotos:
Acabámos por abandonar a ideia de atingir Sanabria pelo parque eólico espanhol pois o adiantado da hora já não permitia grandes aventuras. Ficou para uma outra ocasião conhecer a Serra Gamoneda, nome dado pelos nuestros hermanos à Serra de Montesinho. Assim, descemos à estrada que conduz à fronteira de Portelo_Calabor e a partir daí foi um ver se te avias para chegar com luz a Puebla de Sanabria. Houve ainda tempo para fazermos umas brincadeiras em Predalba de Pradaria:
http://www.youtube.com/v/8hqBr0UFOWo
O dia 29 tinha chegado ao fim: 82 km e 1900 metros de acumulado. O dia seguinte iria ser bem pior.
Com efeito, no dia 30, e depois de uma noite mal dormida, apesar de bem bebida, conscientes de que não poderíamos fazer o percurso planeado: Puebla, Lago sanabria, Lago dos Peixes, Embalse de Vega de Conde, Embalse de Vega de Tera, Serra Segundera , Porto de Padornelo, Hermisende, Moimenta, optámos por andar em estrada pois a neve que se acumulava, por algum fenómeno certamente racional , acumlava-se exactamente nos trilhos e nos estradões.
http://www.youtube.com/v/gt6yfpoTynY
1º objectivo: atingir o Lago dos Peixes, situado a 1745 metros. O desnível desde o Lago de Sanabria foi, sensivelmente, de 800 metros. Deu para reparar que a minha forma anda pelas ruas da amargura ao passo que a do Micx continua sempre no topo. Seguir a roda dele foi um suplício. O comentário que se segue é esclarecedor:
http://www.youtube.com/v/TKnxFoYmVH4
http://www.youtube.com/v/OFAaNu8ZKy8
Quando chegamos ao fim do alcatrão estivemos a analisar como é que seriam os trilhos em altitude e se seriam cicláveis para atingirmos a Barragem de Vega de Conde. Verificamos que seria necessário vencer uma encosta, não muito inclinada mas que iria exigir , com a bike, uma ascenção aos 1920 metros. Como ainda tinhamos presente a informação da guia do Parque de Sanabria que nos disse que a neve poderia ter nessa dobra de montanha cerca de 40 cm ficamos convencidos que o trajecto de regresso seria o mesmo do da chegada. Uma foto...
e depois disso a descida. 3 ou 4 graus negativos . A descida a 40 e por vezes a 50 km hora provocou de tal maneira um arrefecimento térmico que a meio da descida tivemos de beber um caraílho de baileys em San Martin de Castaneda. Reposta a temperatura no corpo, graças ao impacto etílico, continuamos a descida.
O regresso até ao ponto de partida do dia anterior (Moimenta) foi sempre por estrada, sem grande piada. Há a salientar a subida do Puerto de Padornelo, a 1340 metros, em alcatrão e a chegada já quase de noite.
Rescaldo dos dois dias:
Ascenção total 3865 metros
Elevação Máxima 1739 metros
Tempo a pedalar 12 horas e 21 minutos
Distância total 190 km e 36 metros
Velocidade média 15.4 km
Altura ideal para fazer esta travessia: de Abril a Setembro
Bikes usadas: duas HT (Scott Scale e Specialized s-works)
Apenas o Micx aceitou o desafio. O resto do pessoal cortou-se. De facto os excessos alimentares da quadra natalícia ainda se faziam sentir...e de que maneira. As fotos falam por si.
Saída da Moimenta às 8.30 horas. Dia 29 de Dezembro de 2007. Temperatura: certamente negativa como comprova a foto da bike em cima do bebedouro das vacas.
A aldeia da Moimenta , situada a 2 km da fronteira, terra de contrabandistas , tem a particularidade de ficar perto da conhecida fraga dos três reinos, penedo enorme que parece coincidir com as divisões administrativas de Portugal, Província de Leão e Galiza. Como a família possui ainda aí uma casa devoluta pernoitamos de Sexta para Sábado.
Foto da praxe no início da aventura.
A ideia inicial era a de andarmos por cotas superiores a 1500 metros e como devem ter calculado , no Inverno, com um número de horas de luz muito reduzido e tendo caído um nevão quatro dias antes...podem já fazer uma ideia das dificuldades que iríamos encontrar.
Percorremos inicialmente parte do percurso da rota de Contrabando de 2006, maratona organizada pela Câmara de Vinhais. Serpenteamos o Rio Tuela junto à estrada que liga a aldeia a Dine/Monfreita. Obviamente que optámos pelos trilhos anda não asfaltados. Carvalhos, castanheiros e outra vegetação típica do Nordeste Transmontano como comprova a foto.
Uma pausa para um merecido descanso depois de deixarmos o rio Tuela e de termos atingido novamente a estrada que liga Moimenta-Dine.
Andamos por alcatrão durante dois a três kilometros e cortámos para um corta-fogo, no alto de um planalto, que nos permitiu contemplar a genuina paisagem transmontana. Neste caso estão a ver ao fundo a Serra da Coroa com os seus 1240 metros.
o primeiro berbicacho estaria a acontecer. Chegados à estrada que nos levaria à aldeia castelhana de Tejera e já com o montesinho à vista, uma série de estradões parecia levar-nos à encosta da montanha mesmo diantye de nós. No entanto não estava a reconhecer esses caminhos, a partir da visualização no google earth. Bem, fizemos, mal, o que o instinto nos indicou: descer por um dos estradões que nos levaria o mais rapidamente possível ao rio onde supostamente deveria haver uma ponte, mesmo junto a um caminho florestal. Dessa forma subiríamos directamente até ao alto do Montezinho. Como no monte o caminho mais perto não é o da linha recta acabamos por descer a encosta, e voltar a subi-la, uma série de vezes pois os estradões não levavam a lado nenhum. Num desses momentos, com cara de pouco amigos, aproveitamos para comer qualquer coisa para retemperar as forças.
Decidimos seguir sempre pelo caminho junto ao rio e fomos ter perto da aldeia transmontana de Vilarinho. A partir daqui a história era outra. Estava em território já conhecido. Não havia tempo a perder. Toca a subir o estradão florestal, a partir da Cova da Lua, que nos iria levar aos 1350 metros no planalto da Lama Grande e, de seguida, à Barragem da Serra Serrada.
A partir dos 1200 metros começamos a ver os primeros vestígios de neve. Bem , o estradão que desde Soutelo, junto à Cova da Lua, até á Barragem da Serra Serrada poderia ser feito numa 1 hora e 30 minutos durou o dobro. Fiquei a saber o que é pedalar num estradão lamacento devido à fusão da neve. Qualquer descida parecia uma subida. O atrito era tanto que os meus IRC mibro 1.9, próprios para a lama, se enterravam no estradão e não me permitiam o andamento desejado . Uns palavrões à moda do norte foram proferidos várias vezes, num cenário deslumbrante e de grande altitude. Peço desculpa se contribuí para uma indesejada poluição sonora susceptível de alterar os periclitantes e frágeis ecosistemas do parque natural do montezinho. Algumas fotos:
Acabámos por abandonar a ideia de atingir Sanabria pelo parque eólico espanhol pois o adiantado da hora já não permitia grandes aventuras. Ficou para uma outra ocasião conhecer a Serra Gamoneda, nome dado pelos nuestros hermanos à Serra de Montesinho. Assim, descemos à estrada que conduz à fronteira de Portelo_Calabor e a partir daí foi um ver se te avias para chegar com luz a Puebla de Sanabria. Houve ainda tempo para fazermos umas brincadeiras em Predalba de Pradaria:
http://www.youtube.com/v/8hqBr0UFOWo
O dia 29 tinha chegado ao fim: 82 km e 1900 metros de acumulado. O dia seguinte iria ser bem pior.
Com efeito, no dia 30, e depois de uma noite mal dormida, apesar de bem bebida, conscientes de que não poderíamos fazer o percurso planeado: Puebla, Lago sanabria, Lago dos Peixes, Embalse de Vega de Conde, Embalse de Vega de Tera, Serra Segundera , Porto de Padornelo, Hermisende, Moimenta, optámos por andar em estrada pois a neve que se acumulava, por algum fenómeno certamente racional , acumlava-se exactamente nos trilhos e nos estradões.
http://www.youtube.com/v/gt6yfpoTynY
1º objectivo: atingir o Lago dos Peixes, situado a 1745 metros. O desnível desde o Lago de Sanabria foi, sensivelmente, de 800 metros. Deu para reparar que a minha forma anda pelas ruas da amargura ao passo que a do Micx continua sempre no topo. Seguir a roda dele foi um suplício. O comentário que se segue é esclarecedor:
http://www.youtube.com/v/TKnxFoYmVH4
http://www.youtube.com/v/OFAaNu8ZKy8
Quando chegamos ao fim do alcatrão estivemos a analisar como é que seriam os trilhos em altitude e se seriam cicláveis para atingirmos a Barragem de Vega de Conde. Verificamos que seria necessário vencer uma encosta, não muito inclinada mas que iria exigir , com a bike, uma ascenção aos 1920 metros. Como ainda tinhamos presente a informação da guia do Parque de Sanabria que nos disse que a neve poderia ter nessa dobra de montanha cerca de 40 cm ficamos convencidos que o trajecto de regresso seria o mesmo do da chegada. Uma foto...
e depois disso a descida. 3 ou 4 graus negativos . A descida a 40 e por vezes a 50 km hora provocou de tal maneira um arrefecimento térmico que a meio da descida tivemos de beber um caraílho de baileys em San Martin de Castaneda. Reposta a temperatura no corpo, graças ao impacto etílico, continuamos a descida.
O regresso até ao ponto de partida do dia anterior (Moimenta) foi sempre por estrada, sem grande piada. Há a salientar a subida do Puerto de Padornelo, a 1340 metros, em alcatrão e a chegada já quase de noite.
Rescaldo dos dois dias:
Ascenção total 3865 metros
Elevação Máxima 1739 metros
Tempo a pedalar 12 horas e 21 minutos
Distância total 190 km e 36 metros
Velocidade média 15.4 km
Altura ideal para fazer esta travessia: de Abril a Setembro
Bikes usadas: duas HT (Scott Scale e Specialized s-works)