Para muitos isto é apenas mais um relato, para mim foi uma experiência única e mágica.
A ideia era recente, o dia 10 de Junho de 2009 já estava pensado, mas entretanto tinha ficado na gaveta.
A falta de alguém para me acompanhar, tão em cima da hora, condicionava a minha partida, para além de não ter nenhuma perspectiva do que me esperava no caminho, mas mesmo assim decidi ir, com o gps para me ajudar, evitando de me perder mais vezes.
Sexta-feira 5 de Junho - Passo pela pastelaria onde está o jorgegt, como sabia que tinha feito o caminho há pouco tempo podia ser que me soubesse dizer onde arranjar a credencial do peregrino rapidamente.
De tarde ligo para a associação Espaço Jacobeus de Braga que me dizem para passar lá à noite que me arranjam uma, e assim foi.
Sábado 6 de Junho – Como não ando já há bastante tempo e mesmo quando andava empenava facilmente, lá me levantei cedinho para uma voltinha com o pessoal ( Tico, oscarbh e 350plus ).
Que rico empeno regado com umas chuvadas fortes à mistura.
Chego a casa mais morto que vivo, como, tomo banho e vou descansar para recuperar doh.
Domingo 7 de Junho – Levanto-me pela manhã, para trocar o pneu de trás por um mais rolante, mudo o selim para um mais confortável, faço umas afinações, e mal me conseguia sentar de tantas dores no rabiosque.Voltinha rápida para encher os pneus na estação de serviço e volto para casa desanimado .
Segunda-feira 8 de Junho – O jorgegt prontificou-se a emprestar-me os alforges e como eu não tinha a certeza de conseguir passar Barcelos, foi uma óptima ajuda, não ter de gastar dinheiro numa coisa que poderia fazer poucos quilómetros. Ao fim de algum tempo lá os conseguimos colocar na bike com alguma improvisação dado que a furação não era igual. (Obrigado jorgegt )
Terça-feira 9 de Junho – Depois de um dia de trabalho começo a organizar tudo nos alforges, dou uma voltinha na rua e fico a pensar que sem qualquer preparação prévia esta missão estava destinada ao fracasso.
Perco mais um tempo na net a pesquisar. Estava exausto, devido a tamanha ansiedade e nervosismo, os últimos dias tinham sido terríveis.
Quarta-feira 10 de Junho – (127 Km) Levanto-me bem cedinho, olho pela janela e a chuva está presente para me acompanhar.
Tomo o pequeno-almoço e parto de Castelões - Vila Nova de Famalicão ainda não eram 6:00, rumo a Barcelos.
Tenho pouco tempo para me habituar aos alforges, mas rapidamente ultrapasso a dificuldade de guiar com aquele peso.
Chego a Barcelos e passo por dois peregrinos a pé, páro para carimbar, e mais à frente assusto outro peregrino que não deu pela minha presença.
Bom dia e bom caminho, frase que muito mais para a frente iria dar e receber muitas vezes.
Chego a Ponte de Lima e encontro um grupo de peregrinos que tinham saído de Braga à meia-noite.
A chuva não parava de cair, pára durante uns momentos, voltando a cair cada vez mais forte.
Fomos carimbar e disseram-me para comer bem, que dali para a frente seria um calvário, principalmente a subida da Labruja.
Depois de me dizerem que não devia fazer o caminho sozinho, coisa que ouvi todo o caminho com a palavra maluco à mistura.
Bebo uma cola, como um bolo e levo outro para comer na subida e parto sem perder tempo, passo a ponte e já seguia em frente, quando os mesmos peregrinos me indicam o caminho a tomar, também se tinham perdido.
Mais um desejo de bom caminho e começa a tortura, tudo enlameado e tenho de passar por autênticos “rios” tendo de desmontar com água a tocarem os alforges.
A paisagem era deslumbrante e isso fazia com que me sentisse com força, para pedalar serra acima, até encontrar a subida da Labruja.
Páro para comer o bolo, coloco uma pedra em cima de outras, mesmo sem saber qual o seu significado e provoco uma queda de pedras. Tento colocá-las em cima outra vez e começo a subida.
Puxo a bike, empurro, subo, escorrego, caio, desespero e páro para pensar o que me tinha passado pela cabeça.
Ao fim de muito penar chego lá cima não acreditando que já tinha acabado o martírio.
Para minha alegria era sempre a descer, e lá vou eu rapidamente que tenho de chegar a Valença.
Começa a chover torrencialmente, passo pelo albergue de Rubiães, São Bento da Porta aberta e sigo até Valença.
Ao chegar a Valença encontro dois bttistas, vou ter com eles, pai e filho Espanhóis de Madrid que já vinham de Lisboa, e todos os anos tiravam uns dias para fazerem caminhos diferentes.
Como não os tinha visto antes pensei que tivessem chegado muito antes, mas não, fizeram Ponte de Lima-Valença por estrada porque pelo caminho era difícil andar com aquele tempo. Realmente tinham razão mas para mim tinha valido a pena o esforço.
Como ainda era cedo, depois dos cumprimentos eles seguem e eu vou comer qualquer coisa, tiro a minha cábula do caminho e decido ir até Porriño.
Chego ao albergue cansado e uns peregrinos que já lá estavam dão-me as indicações da casa.
Coloco a bike lá dentro toda enlameada, com receio que me chamem a atenção por tanta imundice, mas nada. Já lá estavam duas, as dos Espanhóis que encontrei em Valença.
Vou tomar banho, troco de roupa, duas de treta que a minha língua já estava a ficar presa :lol: e vou até à cidade comer uma refeição quente e que bem me soube, principalmente, a sopa.
Volto para o albergue e entretanto, chegam mais dois bttistas de Guimarães, com destino a Finisterra.
Um tinha rebentado um pneu, mas tinha um suplente, ao contrário de mim que comecei a pensar nos problemas que poderia ter, além das mudanças que só passavam a muito esforço tal tinha sido a carga de lama e chuva.
Envio umas mensagens a dizer onde estou e que está tudo bem, e o Tico manda-me para aquele sítio :mrgreen:, não acreditando que eu tinha saído de casa.
Realmente até a mim me custava acreditar, mas depois de um telefonema e lhe ter relatado alguns sítios por onde passei, lá acreditou, acho eu :mrgreen:.
Quinta-feira 11 de Junho- (83Km) levanto-me cedo, vou buscar a muda de roupa e vejo que está toda molhada devido a ter ficado por baixo mal embalada. Lá tive que partir com roupa molhada no corpo.
Saio de Porriño com alguma chuva, mas que não tardará a passar e o sol começará a aparecer.
Os trilhos continuam a puxar por mim de tão bonitos que são, passo por Redondela, estavam a fazer uns tapetes de flores muito bonitos e quando me viram, umas senhoras começaram a gritar para não pisar nada, acho que reconheceram a minha destreza com a bike e para as acalmar desmontei e passei a pé :mrgreen:.
Continuo e vejo a ria de Vigo ao fundo
Depois passo a ponte Sampaio onde a seguir atravesso um labirinto por entre casas.
Mais à frente atravesso a estrada e um senhor diz-me que a ponte Ullo caiu que tenho de ir à volta, estava sinalizado o desvio, mas não tinha visto.
Agradeci ao senhor dizendo-lhe que era a primeira vez que passava ali e que não tinha nada a ver com a queda da ponte :lol:
Sigo por uma calçada empedrada e numa parte sou atraiçoado e afundo-me na lama e água, se alguém visse ia ser uma galhofa, já seco tornei a ficar com os pés molhados, mas até foi bom pois parecia um pato a subir aquelas pedras sem me desviar da água.
Ao chegar ao fim encontro três peregrinos sentados a comer.
Uma senhora tinha caído e sofrido algumas escoriações, nada de muito grave mas quem ouviu um sermão fui eu por ir sozinho .
Acompanhei-os no resto da subida de terra, trocando algumas impressões e com eles descobri que não ia sozinho mas acompanhado daquelas pessoas que gosto e não me saíam da cabeça.
Agradecido pela companhia despeço-me e sigo o caminho.
Chegado a Pontevedra, perco muito tempo a atravessar a cidade cheia de gente atarefada, passo para o outro lado e entro numa zona de floresta muito agradável.
Ao fim de algum tempo a fome apodera-se de mim e penso que foi errado não ter parado em Pontevedra para comer.
Encontro três peregrinas que faziam aquilo pela primeira vez e não conheciam, mas mais à frente encontro um grupo muito animado, páro, e a única pessoa que está sentada incentiva-me a continuar.
Digo-lhe que para quem está sentada tem muita força :lol: e que precisava de encontrar um tasco para comer algo quente.
Dizem-me que mais à frente existe por isso fico mais descansado e passado pouco tempo estava em Sam Amaro a comer um hambúrguer que me soube pela vida.
Entretanto chegam os peregrinos e a galhofa continua e para grande pena minha despeço-me e continuo.
Como me tinham indicado mais à frente faço um desvio para ver as cascatas que vale bem a pena visitar.
Sigo em direcção a Padrón e antes de lá chegar esperam-me uns trilhos muito bonitos num sobe e desce agradável. Chego lá pelas 15:30 (hora de Portugal), bastante cedo, pensei em seguir até Santiago mas acabei por ficar lá para relaxar, visitar a cidade beber uma cervejinha numa esplanada e ir ao supermercado comprar umas coisas para fazer um excelente jantar no albergue.
O albergue estava quase lotado e entretanto chegam os meus dois amigos Espanhóis, Pai e filho.
Passado um pouco mais um grupo de bttistas muito alegres.
Sexta-feira 12 Junho – (26 Km) Levanto-me tarde, pois faltavam pouco mais de 20 quilómetros que se viriam a revelar os mais duros e com algumas surpresas pelo meio.
Começo a passar por muitos peregrinos e ao chegar a Esclavitude vou ver a igreja.
Ao sair encontro-me com uma peregrina que estava mal de um pé, trocamos algumas palavras e começo a acompanhá-la a pé.
Entretanto descubro que é minha vizinha, morando numa freguesia ao lado.
Falamos de tudo um pouco, obrigou-me a comer uma barra e ainda me pagou um cafezinho por lhe fazer companhia.
Estava a ser muito agradável até que já perto de Santiago comecei a ficar com muitas dores nos pés, aquele calçado não era para caminhar tantos quilómetros.
Contrariado lá tive que me fazer ao caminho desejando-lhe sorte e um resto de bom caminho.
Ao descer uma estrada engano-me e venho para trás (aconteceu muitas vezes) quando vejo três bttistas a todo o gás.
Mais à frente consigo apanhá-los, uma troca de palavras e sigo-os até que numa subida um senhor nos oferece água através de uma vasilha muito interessante.
Veio em boa hora pois não tinha água e estava mesmo fresquinha.
Eis a chegada a uma rotunda e começa a subir para a cidade quando um grupo grande se aproxima e parecia o final de uma etapa da volta com uns a passarem e outros a ficarem para trás, lá me aguentei bem e mais à frente param.
Também parei e um senhor que comandava as tropas diz para esperarmos pelos outros para chegarmos todos juntos.
Vira-se para mim e pergunta-me pelos meus colegas, ao que respondo que estou sozinho.
Ficou muito admirado.
Pergunta-me como vou embora, ao que respondo de comboio.
Senti que a minha boa acção em ajudar uma peregrina a fazer o resto do caminho me ia ser recompensada.
Como eram de Amarante prontificaram-se a oferecerem-me boleia.
Chegados à Catedral fomos levantar a Compostela e aí sim comecei a penar com mais de uma hora à espera sentando-me nas escadas por não aguentar as dores nos pés da caminhada que fiz antes.
Recebida a Compostela, compro umas recordações, tiro uma fotografia de grupo com o pessoal de Amarante e vamos em direcção às carrinhas que ficaram no estacionamento da estação de comboios de Vigo.
Ligação directa até Guimarães, onde me deixaram e fiz os últimos 15 quilómetros de bike.
Deixo aqui um agradecimento sentido por me terem trazido. O meu muito obrigado.
Cheguei a casa com um sorriso nos lábios e com vontade de regressar a Santiago.
Realmente o caminho tem algo de mágico, não sei explicar o quê, mas aconselho a fazê-lo de preferência acompanhado não vá surgir algum imprevisto.
Felizmente tive sorte, não tive nenhum problema com a bike, nem comigo.
Mais algumas fotos:
http://picasaweb.google.pt/Padawan.bh/CaminhoDeSantiago10062009#
A ideia era recente, o dia 10 de Junho de 2009 já estava pensado, mas entretanto tinha ficado na gaveta.
A falta de alguém para me acompanhar, tão em cima da hora, condicionava a minha partida, para além de não ter nenhuma perspectiva do que me esperava no caminho, mas mesmo assim decidi ir, com o gps para me ajudar, evitando de me perder mais vezes.
Sexta-feira 5 de Junho - Passo pela pastelaria onde está o jorgegt, como sabia que tinha feito o caminho há pouco tempo podia ser que me soubesse dizer onde arranjar a credencial do peregrino rapidamente.
De tarde ligo para a associação Espaço Jacobeus de Braga que me dizem para passar lá à noite que me arranjam uma, e assim foi.
Sábado 6 de Junho – Como não ando já há bastante tempo e mesmo quando andava empenava facilmente, lá me levantei cedinho para uma voltinha com o pessoal ( Tico, oscarbh e 350plus ).
Que rico empeno regado com umas chuvadas fortes à mistura.
Chego a casa mais morto que vivo, como, tomo banho e vou descansar para recuperar doh.
Domingo 7 de Junho – Levanto-me pela manhã, para trocar o pneu de trás por um mais rolante, mudo o selim para um mais confortável, faço umas afinações, e mal me conseguia sentar de tantas dores no rabiosque.Voltinha rápida para encher os pneus na estação de serviço e volto para casa desanimado .
Segunda-feira 8 de Junho – O jorgegt prontificou-se a emprestar-me os alforges e como eu não tinha a certeza de conseguir passar Barcelos, foi uma óptima ajuda, não ter de gastar dinheiro numa coisa que poderia fazer poucos quilómetros. Ao fim de algum tempo lá os conseguimos colocar na bike com alguma improvisação dado que a furação não era igual. (Obrigado jorgegt )
Terça-feira 9 de Junho – Depois de um dia de trabalho começo a organizar tudo nos alforges, dou uma voltinha na rua e fico a pensar que sem qualquer preparação prévia esta missão estava destinada ao fracasso.
Perco mais um tempo na net a pesquisar. Estava exausto, devido a tamanha ansiedade e nervosismo, os últimos dias tinham sido terríveis.
Quarta-feira 10 de Junho – (127 Km) Levanto-me bem cedinho, olho pela janela e a chuva está presente para me acompanhar.
Tomo o pequeno-almoço e parto de Castelões - Vila Nova de Famalicão ainda não eram 6:00, rumo a Barcelos.
Tenho pouco tempo para me habituar aos alforges, mas rapidamente ultrapasso a dificuldade de guiar com aquele peso.
Chego a Barcelos e passo por dois peregrinos a pé, páro para carimbar, e mais à frente assusto outro peregrino que não deu pela minha presença.
Bom dia e bom caminho, frase que muito mais para a frente iria dar e receber muitas vezes.
Chego a Ponte de Lima e encontro um grupo de peregrinos que tinham saído de Braga à meia-noite.
A chuva não parava de cair, pára durante uns momentos, voltando a cair cada vez mais forte.
Fomos carimbar e disseram-me para comer bem, que dali para a frente seria um calvário, principalmente a subida da Labruja.
Depois de me dizerem que não devia fazer o caminho sozinho, coisa que ouvi todo o caminho com a palavra maluco à mistura.
Bebo uma cola, como um bolo e levo outro para comer na subida e parto sem perder tempo, passo a ponte e já seguia em frente, quando os mesmos peregrinos me indicam o caminho a tomar, também se tinham perdido.
Mais um desejo de bom caminho e começa a tortura, tudo enlameado e tenho de passar por autênticos “rios” tendo de desmontar com água a tocarem os alforges.
A paisagem era deslumbrante e isso fazia com que me sentisse com força, para pedalar serra acima, até encontrar a subida da Labruja.
Páro para comer o bolo, coloco uma pedra em cima de outras, mesmo sem saber qual o seu significado e provoco uma queda de pedras. Tento colocá-las em cima outra vez e começo a subida.
Puxo a bike, empurro, subo, escorrego, caio, desespero e páro para pensar o que me tinha passado pela cabeça.
Ao fim de muito penar chego lá cima não acreditando que já tinha acabado o martírio.
Para minha alegria era sempre a descer, e lá vou eu rapidamente que tenho de chegar a Valença.
Começa a chover torrencialmente, passo pelo albergue de Rubiães, São Bento da Porta aberta e sigo até Valença.
Ao chegar a Valença encontro dois bttistas, vou ter com eles, pai e filho Espanhóis de Madrid que já vinham de Lisboa, e todos os anos tiravam uns dias para fazerem caminhos diferentes.
Como não os tinha visto antes pensei que tivessem chegado muito antes, mas não, fizeram Ponte de Lima-Valença por estrada porque pelo caminho era difícil andar com aquele tempo. Realmente tinham razão mas para mim tinha valido a pena o esforço.
Como ainda era cedo, depois dos cumprimentos eles seguem e eu vou comer qualquer coisa, tiro a minha cábula do caminho e decido ir até Porriño.
Chego ao albergue cansado e uns peregrinos que já lá estavam dão-me as indicações da casa.
Coloco a bike lá dentro toda enlameada, com receio que me chamem a atenção por tanta imundice, mas nada. Já lá estavam duas, as dos Espanhóis que encontrei em Valença.
Vou tomar banho, troco de roupa, duas de treta que a minha língua já estava a ficar presa :lol: e vou até à cidade comer uma refeição quente e que bem me soube, principalmente, a sopa.
Volto para o albergue e entretanto, chegam mais dois bttistas de Guimarães, com destino a Finisterra.
Um tinha rebentado um pneu, mas tinha um suplente, ao contrário de mim que comecei a pensar nos problemas que poderia ter, além das mudanças que só passavam a muito esforço tal tinha sido a carga de lama e chuva.
Envio umas mensagens a dizer onde estou e que está tudo bem, e o Tico manda-me para aquele sítio :mrgreen:, não acreditando que eu tinha saído de casa.
Realmente até a mim me custava acreditar, mas depois de um telefonema e lhe ter relatado alguns sítios por onde passei, lá acreditou, acho eu :mrgreen:.
Quinta-feira 11 de Junho- (83Km) levanto-me cedo, vou buscar a muda de roupa e vejo que está toda molhada devido a ter ficado por baixo mal embalada. Lá tive que partir com roupa molhada no corpo.
Saio de Porriño com alguma chuva, mas que não tardará a passar e o sol começará a aparecer.
Os trilhos continuam a puxar por mim de tão bonitos que são, passo por Redondela, estavam a fazer uns tapetes de flores muito bonitos e quando me viram, umas senhoras começaram a gritar para não pisar nada, acho que reconheceram a minha destreza com a bike e para as acalmar desmontei e passei a pé :mrgreen:.
Continuo e vejo a ria de Vigo ao fundo
Depois passo a ponte Sampaio onde a seguir atravesso um labirinto por entre casas.
Mais à frente atravesso a estrada e um senhor diz-me que a ponte Ullo caiu que tenho de ir à volta, estava sinalizado o desvio, mas não tinha visto.
Agradeci ao senhor dizendo-lhe que era a primeira vez que passava ali e que não tinha nada a ver com a queda da ponte :lol:
Sigo por uma calçada empedrada e numa parte sou atraiçoado e afundo-me na lama e água, se alguém visse ia ser uma galhofa, já seco tornei a ficar com os pés molhados, mas até foi bom pois parecia um pato a subir aquelas pedras sem me desviar da água.
Ao chegar ao fim encontro três peregrinos sentados a comer.
Uma senhora tinha caído e sofrido algumas escoriações, nada de muito grave mas quem ouviu um sermão fui eu por ir sozinho .
Acompanhei-os no resto da subida de terra, trocando algumas impressões e com eles descobri que não ia sozinho mas acompanhado daquelas pessoas que gosto e não me saíam da cabeça.
Agradecido pela companhia despeço-me e sigo o caminho.
Chegado a Pontevedra, perco muito tempo a atravessar a cidade cheia de gente atarefada, passo para o outro lado e entro numa zona de floresta muito agradável.
Ao fim de algum tempo a fome apodera-se de mim e penso que foi errado não ter parado em Pontevedra para comer.
Encontro três peregrinas que faziam aquilo pela primeira vez e não conheciam, mas mais à frente encontro um grupo muito animado, páro, e a única pessoa que está sentada incentiva-me a continuar.
Digo-lhe que para quem está sentada tem muita força :lol: e que precisava de encontrar um tasco para comer algo quente.
Dizem-me que mais à frente existe por isso fico mais descansado e passado pouco tempo estava em Sam Amaro a comer um hambúrguer que me soube pela vida.
Entretanto chegam os peregrinos e a galhofa continua e para grande pena minha despeço-me e continuo.
Como me tinham indicado mais à frente faço um desvio para ver as cascatas que vale bem a pena visitar.
Sigo em direcção a Padrón e antes de lá chegar esperam-me uns trilhos muito bonitos num sobe e desce agradável. Chego lá pelas 15:30 (hora de Portugal), bastante cedo, pensei em seguir até Santiago mas acabei por ficar lá para relaxar, visitar a cidade beber uma cervejinha numa esplanada e ir ao supermercado comprar umas coisas para fazer um excelente jantar no albergue.
O albergue estava quase lotado e entretanto chegam os meus dois amigos Espanhóis, Pai e filho.
Passado um pouco mais um grupo de bttistas muito alegres.
Sexta-feira 12 Junho – (26 Km) Levanto-me tarde, pois faltavam pouco mais de 20 quilómetros que se viriam a revelar os mais duros e com algumas surpresas pelo meio.
Começo a passar por muitos peregrinos e ao chegar a Esclavitude vou ver a igreja.
Ao sair encontro-me com uma peregrina que estava mal de um pé, trocamos algumas palavras e começo a acompanhá-la a pé.
Entretanto descubro que é minha vizinha, morando numa freguesia ao lado.
Falamos de tudo um pouco, obrigou-me a comer uma barra e ainda me pagou um cafezinho por lhe fazer companhia.
Estava a ser muito agradável até que já perto de Santiago comecei a ficar com muitas dores nos pés, aquele calçado não era para caminhar tantos quilómetros.
Contrariado lá tive que me fazer ao caminho desejando-lhe sorte e um resto de bom caminho.
Ao descer uma estrada engano-me e venho para trás (aconteceu muitas vezes) quando vejo três bttistas a todo o gás.
Mais à frente consigo apanhá-los, uma troca de palavras e sigo-os até que numa subida um senhor nos oferece água através de uma vasilha muito interessante.
Veio em boa hora pois não tinha água e estava mesmo fresquinha.
Eis a chegada a uma rotunda e começa a subir para a cidade quando um grupo grande se aproxima e parecia o final de uma etapa da volta com uns a passarem e outros a ficarem para trás, lá me aguentei bem e mais à frente param.
Também parei e um senhor que comandava as tropas diz para esperarmos pelos outros para chegarmos todos juntos.
Vira-se para mim e pergunta-me pelos meus colegas, ao que respondo que estou sozinho.
Ficou muito admirado.
Pergunta-me como vou embora, ao que respondo de comboio.
Senti que a minha boa acção em ajudar uma peregrina a fazer o resto do caminho me ia ser recompensada.
Como eram de Amarante prontificaram-se a oferecerem-me boleia.
Chegados à Catedral fomos levantar a Compostela e aí sim comecei a penar com mais de uma hora à espera sentando-me nas escadas por não aguentar as dores nos pés da caminhada que fiz antes.
Recebida a Compostela, compro umas recordações, tiro uma fotografia de grupo com o pessoal de Amarante e vamos em direcção às carrinhas que ficaram no estacionamento da estação de comboios de Vigo.
Ligação directa até Guimarães, onde me deixaram e fiz os últimos 15 quilómetros de bike.
Deixo aqui um agradecimento sentido por me terem trazido. O meu muito obrigado.
Cheguei a casa com um sorriso nos lábios e com vontade de regressar a Santiago.
Realmente o caminho tem algo de mágico, não sei explicar o quê, mas aconselho a fazê-lo de preferência acompanhado não vá surgir algum imprevisto.
Felizmente tive sorte, não tive nenhum problema com a bike, nem comigo.
Mais algumas fotos:
http://picasaweb.google.pt/Padawan.bh/CaminhoDeSantiago10062009#