Canyon Nerve XC 8.0 / Helga: A voluptuosa e sedutora alemã / Fim de ciclo

duchene

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A ANÁLISE ESTÁ AGORA COMPLETA. EM BREVE, NOVO PROJECTO.
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Passados 12 meses de convívio com a nova montagem, é tempo de balanço, até porque um novo projecto se avizinha e há que encerrar este ciclo com a merecida, chamemos-lhe, homenagem.

Andava a protelar a colocação da análise aqui no fórum, por um lado porque ainda não tinha a máquina na versão final e poupei-vos assim o aborrecimento de documentar efusivamente cada parafuso que fosse trocando, e por outro porque quando escrevo tendo a ser alongado e portanto levou o seu tempo a escrever as linhas que se seguem.

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ÍNDICE
[size=7pt](com respectivos links)
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PREÂMBULO: UM POUCO DE HISTÓRIA
[iurl=#mamifero][O MAMÍFERO][/iurl] · [iurl=#ido][O QUE FAÇO E POR ONDE ANDO][/iurl] · [iurl=#need][A NECESSIDADE][/iurl] · [iurl=#arrive][A CHEGADA A VALONGO][/iurl]

[iurl=#lista]A LISTA COMPLETA DE COMPONENTES[/iurl]

À LUPA: A ANÁLISE, COMPONENTE A COMPONENTE
[iurl=#guiador][GUIADOR][/iurl] · [iurl=#brakes][TRAVÕES][/iurl] · [iurl=#pads][PASTILHAS DE TRAVÃO][/iurl] · [iurl=#shift][SHIFTERS][/iurl] · [iurl=#grip][PUNHOS][/iurl] · [iurl=#stem][AVANÇO][/iurl] · [iurl=#tampa][TAMPA AVANÇO][/iurl] · [iurl=#cabo][CABOS E ESPIRAIS][/iurl] · [iurl=#desvfr][DESVIADOR FRENTE][/iurl] · [iurl=#desvtr][DESVIADOR TRASEIRO][/iurl]
[iurl=#k7][CASSETE][/iurl] · [iurl=#chain][CORRENTE][/iurl] · [iurl=#crank][PEDALEIRO][/iurl] · [iurl=#pedal][PEDAIS][/iurl] · [iurl=#skew][APERTOS DE RODA][/iurl] · [iurl=#rodas][RODAS][/iurl] · [iurl=#frame][QUADRO][/iurl] · [iurl=#fork][FORQUETA][/iurl] · [iurl=#rp23][AMORTECEDOR][/iurl] · [iurl=#pneus][PNEUS][/iurl]
[iurl=#tubes][CÂMARAS DE AR E LÍQUIDO][/iurl] · [iurl=#selim][SELIM][/iurl] · [iurl=#seatpost][ESPIGÃO DE SELIM][/iurl] · [iurl=#collar][APERTO DE ESPIGÃO DE SELIM][/iurl]

[iurl=#epilogo]EPÍLOGO: CONCLUSÕES[/iurl]

[iurl=#fotos]FOTOGRAFIAS[/iurl]
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[O mamífero pedalante e a Helga, na solitária volta de despedida // Subida das Águas Férreas / St.ª Justa / Valongo]

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PREÂMBULO: UM POUCO DE HISTÓRIA
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[anchor=mamifero][ENQUADRAMENTO I // O mamífero] [/anchor]
Apesar de ter sido quase sempre elegantemente proporcional, com 80 quilos para 1,90m, os anos da faculdade e as 12 horas por dia sentado ao computador, mais as directas de trabalho e a má alimentação, fizeram com que, em 5 anos, disparasse para uns pouco saudáveis 125Kg. Aliou-se a isto o facto de ter parado o BTT antes de começar a derradeira jornada estudantil e também o desleixo no campo do físico, durante os anos académicos. E não me perdi em alcool e festas, senão é que era...

Sempre tive boa resistência e não me arrastava propriamente pelas escadas acima, mas sentia o peso do peso, passe a redundância.

Entretanto um grande amigo de longa data, e companheiro de pedaladas nos longínquos anos 90, que estava basicamente na mesma situação de sedentarismo, voltou ao activo no final de 2007 e pouco depois arrastou-me com ele. Na primeira semana em que regressei aos trilhos, 7 anos depois da última volta de BTT, tive um aquecimento de 20km e, uma semana depois, 40 quilómetros que me deixaram com o maior empeno de sempre até hoje. Os últimos 10km foram feitos com paragens praticamente a cada quilómetro. No entanto foi, por cruel que possa ter parecido na altura, o incentivo que precisava para continuar. Hoje faço essa volta com naturalidadade (Valongo - Recarei - Mesas - Santa Comba - Valongo, para quem conhece) o que faz valer todo o esforço e sofrimento da altura.

Costumo dizer que mesmo os desistentes, não se livram da primeira volta de BTT e é nisso que este desporto é primordial: Se estivermos meio mortos a 30km de casa, a desejar não ter nascido e com vontade de atirar a toalha ao chão, teremos ainda de apelar a todas as forças para voltar para trás. E mesmo que se desista no dia seguinte, aqueles km de ida e volta já ninguém nos tira!

Eis-me então em Novembro de 2009, com 9000 e tal km nas pernas de voltas com os amigos, voltas de estrada, raides, maratonas e inter-freguesias. Com oscilações de humor entre os 90 e os 92 quilos, não tenho ainda grandes preocupações com a alimentação, aparte de a tentar manter saudável. Como bom garfo que sou, não sou capaz de sacrificar integralmente um dos grandes prazeres que tiro da vida, um bom petisco, em favor de outro enorme prazer que é o das pedaladas. Não me sinto obeso, até porque a estatura disfarça bem os 10 quilitos a mais, mas sei que com mais alguma disciplina, a coisa entra nos eixos.

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[anchor=ido][ENQUADRAMENTO II // O que faço e por onde ando] [/anchor]
Aqui em Valongo e arredores impera o solo árido e a pedra solta, mais concretamente xisto laminado e triturado plantado numa secura que só não é aridamente desértica, porque aqui e ali ainda existem alguns cursos de água, e eventualmente, chove no inverno!

Com a contribuição activa das motos e moto 4, e também pelo domínio avassalador ao longo dos anos das plantações de eucalipto, a erosão manifesta-se de forma implacável nos trilhos mais concorridos e o inverno, com as suas águas livres, só vem piorar a situação. Sem agregadores no solo a erosão aumenta indefinidamente.

Aparte dos trilhos em Quinta Rei, onde a humidade mais abundante permite manter o solo compacto e cria zonas com alguma vegetação mais variada, as restantes serras envolventes a Valongo, salvo salpicadas e dispersas excepções, são demolidoras para braços, pneus e suspensões apresentando-se com uma mistura de cobertura vegetal de mato rasteiro e eucalipto, com muito pouca incidência de pinheiro, outrora uma das espécies mais abundantes. As zonas mais verdejantes ladeiam os cursos de água ou são essencialmente agrícolas.

Com uma orografia irregular onde as subidas e descidas se sucedem, mesmo nas cristas, esta zona é um excelente parque de diversões para os amantes do BTT.

No meu caso em particular, faço tiradas entre os 40 e os 60km, sempre desgastantes por causa do relevo e terreno, mas em que as longas subidas contrastam e alternam com rápidas e por vezes perigosas descidas. Seja em estradão, seja quando se usa o caminho mais curto entre o ponto A no topo e o ponto B na base: ou seja, um corta-fogo.

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[anchor=need][ENQUADRAMENTO III // A necessidade] [/anchor]
Depois de começar com um quadro de alumínio, muito Shimano Deore, Zoom nos acessórios e uma forqueta que, de suspensão só tinha o muito peso, decidi dar um salto maior. Comprei um quadro de uma Rockrider 8.2, um kit XT e uma Marzocchi MX PRO ETA e fiz uma coisita melhor para continuar o gosto no BTT que entretanto redescobri. É como dizem, o bichinho fica sempre...

Mas nessa altura o meu peso ainda era um contra considerável e rendi-me ás vantagens de conforto que poderia tirar de um quadro de suspensão total, ideia reforçada pelo que referi acima, acerca do terreno. Não tenho uma visão robotizada e exageradamente eficiente do que deve ser uma bicicleta de todo o terreno, e portanto tenho essa aspiração de desfrutar de tudo o que o BTT nos pode oferecer, incluindo os safanões, mas com o conforto necessário para que a experiência não se torne condicionante.

Procurava por isso um quadro de suspensão total, minimamente acessível e sobretudo que me enchesse as medidas sem esvaziar a carteira. Andei a ver várias opções que se encaixassem no reduzido orçamento (sub 500 euro), já que nesta fase não procurava um investimento para a vida, mas sim uma entrada no mundo dos quadros de suspensão total. Procurei da BH até à Progress com paragem na MSC. No entanto, sabia de um quadro Canyon 2008 que, fruto de ser um tamanho XL, andava aos tombos nos classificados, há umas valentes semanas. Já conhecia a qualidade das Canyon porque um amigo meu tem uma e decidi arriscar.

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[anchor=arrive][ENQUADRAMENTO IV // A chegada a Valongo] [/anchor]
Fui buscar o quadro a Anadia, e apesar de me parecer grande, não dava para ter ideia da monstruosidade que era, depois de montado. Estava em excelente condição, apenas com algumas falhas no lettring serigrafado, o que aliás, se veio a revelar o único problema até agora com o quadro.

A montagem fez-se inicialmente com os componentes da minha antiga Rockrider 8.2 também montada a preceito: Transmissão XT, Formula ORO K18, Marzocchi MX Pro ETA 100mm, Rodas Sun Ringlé Disc Jockey, Avanço e guiador Ritchey WCS e mais algumas coisas aqui e ali.

Logo na montagem da forqueta, um problema. Se na antiga 8.2 o tubo da forqueta sobrava, tendo de utilizar espaçadores, na Canyon, fruto do tamanho considerável do quadro e da testa a condizer, o topo do tubo ficava meio centímetro abaixo do topo do avanço, sem espaçadores!

Se dava para sobreviver ao entusiasmo de rolar com a máquina nova, nem que fosse em estradão, não era de todo seguro para fazer uma volta de XC.

Ficou no entanto a restante montagem feita, dando então para perceber que a bicicleta ficava mesmo muito grande, especialmente para quem vinha de um M com uma geometria muito agressiva. Na verdade o XL é o tamanho acima do que gastaria na Canyon e para terem uma ideia, equivale a um 22", quando normalmente um 19" já é considerado um quadro grande.

A posição de condução era radicalmente diferente daquilo a que estava habituado, algo como passar de um Smart Roadster para um Camião Renault!

Isto obrigava a um esforço suplementar na hora de montar e desmontar, especialmente em zonas mais irregulares em que as rodas acabam por ficar num plano mais elevado do que o local onde o pé irá pousar. Causou-me alguns problemas nos primeiros tempos, com saídas mais artísticas, dada a grande inclinação a que tinha que colocar a bicicleta para poder sair em segurança.
Acabei por me habituar ao posto de condução mais alto, sendo que recuperei grande parte da agilidade que tinha com o quadro mais pequeno. O evoluir da forma física também ajudou a que as saídas artísticas diminuíssem. Não tem a inquietude e irreverência de um S, mas desenrasca-se muito bem. No entanto não está isento de problemas, como explicarei mais à frente.

Impunha-se então a compra de uma forqueta nova. Não valia a pena fazer compromissos neste aspecto. A Marzocchi estava muito desfalcada nas gamas superiores, a Rock Shox tinha na Reba a sua escolha acertada e até gostava da versão branca, no entanto, havia claramente uma marca que se destacava nas pesquisas e sondagens de opinião que fui fazendo: Fox.

Apesar de considerar desde logo a Talas um "must have" na relação peso/versatilidade, na altura em que procurei (como já referi acima, foi uma compra com urgência para poder andar com a bicicleta) não havia basicamente oferta neste modelo. Encontrei uma de 2006, a outra de 2007, ambas longe e sabendo de antemão que nem sempre são suspensões bem tratadas, decidi esquecer e concentrar-me nos modelos F.

A escolha acabou de recair na F120, para permitir uma condução mais atrevida, e também para manter a frente equilibrada em termos de altura já que os 100mm praticamente anulavam o sloping do quadro! A disponibilidade de uma em branco foi a gota de água e dias depois estava montada na Canyon.

Nesta altura a montagem rondava os 12.800g, peso que considerei interessante tendo em conta o que ainda se poderia melhorar.

Agora que tinha um esqueleto quase irrepreensível, estava na altura de ir acertando os pequenos detalhes. Naturalmente tenho noção que a longo prazo, acaba por ficar mais caro fazer uma montagem peça a peça, no entanto encaro-o como sendo um ALD (aluguer de longa duração): Vou desfrutando já da máquina na sua essência, atingindo, a longo prazo, e quase (quase) sem notar na carteira, a montagem de qualidade que pretendo.

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[size=12pt]A LISTA COMPLETA DE COMPONENTES
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Quadro: Canyon Nerve XC 8.0 - Tamanho XL - Anodizado - Preto (2595g c/dropout + cx direcção + ferragens amortecedor)
Amortecedor: Fox RP23 2007 (242g c/casquilhos)
Forqueta: Fox F120 RLC Branca 2008 (1682g c/tubo a 21cm)
Rodas: Cubos DT 240s enraiados em aros XR400 com raios Sapim CX-Ray (1530g s/apertos e s/fita)
Câmaras de ar: Specialized UltraLight (130g)
Líquido anti-furo: Joe's No Flats (120g)
Pneus: Schwalbe Nobby Nic Evo 2.25 (572g + 558g)
Fita de aro: Michelin
Apertos de Rodas: A2Z em CroMo, vermelhos (108g par)
Selim: Selle Italia SLR XC Gel Flow, preto (179g)
Espigão de selim: Thomson Elite 31.6 (240g)
Aperto de espigão selim: KCNC Road Lite (12g)
Guiador: KCNC SC Bone Recto 31.8
Avanço: Thomson Elite X4 / 0º / 110mm (174g)
Espaçadores da coluna de direcção: KCNC
Tampa caixa direcção: KCNC (4g s/parafuso)
Punhos: Bontrager Race Lite Slim Lock On (88g)
Manípulos das mudanças: SRAM X-9 Trigger (260g c/MixMaker e c/cabos de teflon)
Travões + Discos: Formula Oro K18 (F: 180mm / T:160mm) (258g + 286g c/adaptadores + parafusada e s/discos)
Cabos de mudança: Jagwire Ripcord Teflon
Espirais de mudança: Jagwire Ripcord (51g c/terminais e c/protecções de borracha)
Desviador da frente: Shimano XT Bottom Swing (158g)
Desviador traseiro: Sram X-9 2008 (214g)
Cassete: Shimano XT 11-34
Corrente: SRAM PC971
Pedaleiro: Truvativ Stylo 3.3 OCT GXP (852g)
Pedais: Exustar PM-25 (282g)
Grade de Bidão: Specialized Rib Cage MTB (37g)

PESO FINAL: 11 760g

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[size=12pt]À LUPA: A ANÁLISE, COMPONENTE A COMPONENTE
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[anchor=guiador][GUIADOR // KCNC SC Bone, 31.8 OS, Recto]
Como muitos outros colegas de pedal também já haviam descoberto, constatei por experiência própria que o verniz do meu Ritchey WCS Wet Black OS Low Rise era estupidamente fraco. Na verdade nem é um verniz, mas sim uma película termo-moldada, que se descola do anodizado com bastante facilidade. Depois de descolar descasca rapidamente e, no meu caso, passei-me com o mau aspecto e acabei por tirar tudo. Ficou o anodizado por baixo mas mais baço que nas versões "normais" e partes dos logotipos saíram com o verniz. Uma porcaria!

Estava então à procura de um novo guiador, quando surgiu por empréstimo uma bela desculpa para experimentar um guiador recto: um FSA XC180. Não me fiz rogado já que era uma experiência que andava para fazer há uns tempos e o certo é que agora não quero outra coisa!

Ganhei mais controlo, precisão e apoio nas subidas, e não notei rigorosamente diferença nenhuma a descer. Com as vantagens enumeradas e um peso substancialmente mais baixo não via porque haveria de voltar aos guiadores elevados.

Entretanto encomendei o KCNC SC Bone que tirou de imediato 100g (!) ao FSA XC180 e uns espantosos 160g face ao peso do Ritchey WCS que tinha originalmente. Com 600mm de comprimento, pareceu-me uma boa medida para fazer a desabituação dos grandes guiadores elevados.

A leveza do guiador faz-se sentir naturalmente num aumento da flexibilidade face a guiadores mais pesados mas, sinceramente, não reparo nessa torção quando estou a pedalar. Um guiador destes é por inerência mais frágil e tenho o cuidado de fazer uma inspecção visual em cada lavagem, à semelhança do que faço com outros componentes estruturais, no sentido de minimizar o risco de surpresas. Felizmente não tenho quedas há uns tempos, portanto a integridade do guiador estará para já minimamente garantida.

No entanto dada a torção e leveza deste modelo em particular, já estipulei que será trocado ao cabo de dois anos, contando que não falhe até lá.
O acabamento é um anodizado bastante agradável ao toque o que garante a resistência a pequenos impactos e um acabamento do melhor que peças como estas podem ter. Só é superado pelo acabamento muito peculiar da Thomson. Os logotipos são gravados a laser o que garante que ficarão sempre apresentáveis e como no dia que instalei o guiador.

mais) melhorou o controlo, menos peso, estética agressiva na frente, acabamentos de qualidade
menos) alguma flexibilidade, mas que não compromete. Ou seja, na prática não há nada a assinalar.


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[anchor=brakes][TRAVÕES // Formula ORO K18]
Em equipa que ganha não se mexe! Não consigo sinceramente encontrar nenhum motivo racional para trocar actualmente de travões e isso penso que reflecte a qualidade dos ditos e o meu nível de satisfação com eles. É claro que no plano não racional os Formula R1 chamam lascivamente por mim, mas gastar 400 euros num capricho, não me parece aceitável (para já...).

Os Oro K18 (e os Formula em geral) não são de trato fácil. Apesar de os meus serem da geração "pós problemas de pistão da manete", ainda é complicado de, por exemplo, recolher os êmbolos das pinças ao trocar de pastilhas e na generalidade não são pêra doce de sangrar. Mas como qualquer produto italiano que se preze, para o grandioso grau de complicação de um lado, há uma fantástica faceta de performance do outro.

Os Oro não fogem à regra. Oferecer peso baixo e performance logo no modelo de entrada não está ao alcance de todos. Face aos mais caros K24, os K18 são mais básicos ao nível da parafusada, mais pesada e também pela falta de afinador para compensar o desgaste das pastilhas. De resto, mesmo poder e mesma performance a um preço bem mais em conta. Aliás, pode-se comprar todos esses itens à parte e por um preço acessível.

Resumidamente? São brutos, são porcos e são maus! É brutal a potência disponível na travagem. Não são muito (ou até nada!) progressivos, mas quando é preciso parar, controlar, superar zonas muito complicadas em que um pequeno toque tem de surtir efeito imediato e em que a resposta tem de ser afirmativa, os meus nunca desiludiram. E têm a complicada tarefa de anular a inércia dos meus 92 quilos, numa condução nem sempre moderada.

No meu caso montam 180 - 160 e é a combinação perfeita para mim. A frente pega de caras os obstáculos (é mesmo impressionante a torção que provoca na forqueta quando é solicitado à seria) e a traseira vai controlando a cauda do touro por assim dizer.

Nas zonas mais rápidas como temos aqui por Valongo, com 6 km sempre a descer de forma muito rápida, em zonas onde se passa dos 60 para os 15km/h em menos de nada, com o meu peso, a carregar duro, nunca fiquei sem travagem mesmo com os discos a ferver. O facto de utilizarem DOT, complica na manutenção mas favorece nas prestações a altas temperaturas, onde o DOT se aguenta melhor que os outros óleos.

A manete é bastante bonita e a alavanca ergonómica. Mantendo o indicador e o polegar a agarrar o guiador o médio e anelar encontram facilmente a posição certa na alavanca para garantir a travagem e o controlo, mantendo a frente segura. Gosto igualmente da sensibilidade e da linearidade no curso, não apresentando o tradicional solavanco de outros modelos, quando entram na zona de travagem.

Os discos têm um padrão bem conseguido, a contrastar com a "rodela com furinhos dos shimano" por exemplo. Evacuam o calor com eficácia, nunca tendo sofrido de sobreaquecimento fatal. Mas já os tive azuis, já.

Até agora, e aparte de um vedante que foi facilmente substituído e que provocava refluxo de óleo no corpo da manete quando estava em carga prolongada, não tive problemas rigorosamente nenhuns com os travões. O recuo é suave, mas positivo, e não manifestam nenhum dos sintomas de pistão preso que aborreceram alguns donos de travões Formula no passado.

Não são travões para todos, mas do que tenho experimentado, são os que melhor se comportam para o meu gosto pessoal. Gosto do tacto mais bruto que oferecem e também da qualidade de construção e a solidez que se mantêm, apesar da idade. A título de exemplo, já vi alguns avid com a manete completamente desengonçada, no sentido de ter bastante movimento vertical, ao fim de poucos meses de uso.

São um pouco rebeldes quando se trata de trocar as pastilhas. Tenho-me deparado sempre com bastante resistência na recolha dos êmbolos o que torna a operação algo demorada. Por comparação já troquei pastilhas nuns travões XT que recolheram os êmbolos num ápice.

[size=9pt]mais) enoooorme potência de travagem; desenho da manete; qualidade e desenho dos discos
menos) exigem mais desenvoltura na hora dos ajustes e sangramento. Podem ser impetuosos demais, para quem goste de muita progressividade.


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[anchor=pads][PASTILHAS DE TRAVÃO // Alligator + A2Z]
Já experimentei várias marcas e tipos mas, para já, estão umas Alligator semi metálicas atrás e umas A2Z semi-metálicas à frente. No entanto a melhor travagem a todos os níveis que já experimentei foi com as pastilhas A2Z metálicas (bronze) que para já estão esgotadas onde costumo comprar.

As metálicas são super resistentes, o poder de travagem é exemplar e pautam-se por uma resposta pronta seja em seco, seja em molhado.

Com as semi-metálicas não tenho muita razão de queixa, aparte de serem barulhentas no primeiro par de travagens após serem molhadas. As orgânicas aguentam-se mas exclusivamente em tempo seco. Em tempo molhado o poder de travagem está quase todo lá, mas o desgaste é rapidíssimo.

[size=9pt]mais) desempenho em tempo seco (todas, especialmente as metálicas)
menos) desgaste em tempo molhado (todas excepto as metálicas)


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[anchor=shift][SHIFTERS // SRAM X-9]
Depois de um ano a lutar contra alguma rebeldia do desviador XT Shadow em condições de lama e com o pressing do único SRAMista do grupo, experimentei o conjunto X-9+X0 e acabei por me render ás evidências. Dei por mim a apreciar muito mais a resposta positiva do conjunto SRAM face à (igual) precisão cirúrgica mas inerte da Shimano.

Como a troca exigia a mudança também dos shifters e, porque depois de exaustivamente procurar e perguntar não me tinham conseguido elucidar das fabulosas diferenças entre X-9 e X0 que justificassem o custo em dobro dos X0, comprei o conjunto X-9.

No caso particular dos shifters, funcionam com a brutidão positiva que já conhecia e para a qual já ia avisado. Sinto por vezes falta do instant cable release dos XT, no entanto é a única réstia de saudade que deixam. Desde o sistema de aperto no guiador ao desenho e ergonomia das alavancas, passando pelo funcionamento exemplar e qualidade de construção, a mudança foi 100% positiva.

Estão acoplados aos MixMaker da Formula o que garante um guiador mais arrumado, não havendo praticamente alteração no peso total face às braçadeiras normais de manípulo + travão. No meu caso em particular, como tenho as mãos grandes, a reduzida possibilidade de ajuste dos MixMaker não foi um problema, já que o polegar encontra as alavancas com toda a facilidade.

[size=9pt]mais) precisão e feeling positivo da alavanca nas passagens entre mudanças; existência de sistemas matchmaker
menos) por vezes daria jeito o instant cable release da shimano


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[anchor=grip][PUNHOS // Bontrager Race Lite Slim Lock On]
Farto de punhos que rodavam, torciam e saíam do sitio, mesmo com lacas, wd40 e mezinhas, finalmente comprei uns MSC lock-on. Foi amor à primeira vista. Se ao princípio estava preocupado com o pouco acolchoado, notei depois que não causava desconforto adicional significativo.

Entretanto ficaram coçados e ao procurar substitutos dei de caras com os Bontrager Race Lite. Acabei por os comprar porque, além de terem o toque de vermelho que já tinha noutros componentes, usam apenas uma braçadeira com parafuso e o interior tem um plástico mais fino, perfurado, o que os torna ligeiramente mais leves que os MSC.

A borracha é mais resistente do que a dos MSC, sem ser por isso mais desconfortável. É talvez um pouco mais agressiva com as luvas, mas a tracção extra merece o compromisso. Além do mais, com meio ano de uso, estão rigorosamente impecáveis, sem zonas coçadas ou peladas.

Um ponto extremamente positivo é o facto de não usarem tampas, sendo que a extremidade é a continuação do corpo de borracha, um pouco como os tradicionais punhos de borracha. Assim não há tampas riscadas, partidas ou incómodas, especialmente para mim que gosto de pousar parte da palma da mão na esquina do guiador.

[size=9pt]mais) fixação; sensibilidade e aderência.
menos) não que me incomode, mas são mais pesados do que uns de espuma.


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[anchor=stem][AVANÇO // Thomson Elite X4 / 0º / 110mm / 31.6mm]
Estamos a falar de uma forqueta de 120mm. Estamos a falar de um quadro XL. E de um guiador elevado, ainda que low rise. Logo, estamos a falar de uma frente alta! Como não não gosto de ver avanços invertidos, a não ser na estradista, tive de delinear uma estratégia bem pensada para a frente que era notoriamente saltitona. E a ajuda veio de uma fonte inesperada.

Comprada a estradista, e com o colocar de km nas pernas, na posição de alta competição, a cortar o vento, melhorei a flexibilidade e a tolerância a posições de condução mais agressivas. Como tal peguei no meu avanço +6º, inverti, passei alguns espaçadores para cima e fui fazer um par de voltas puxadas. Com isto baixei 2cm à frente, mantendo um nível de conforto aceitável.

Conclusão positiva! Medidas feitas, precisava de um avanço de zero graus! Por um lado porque a testa era alta e com algum ângulo - qualquer subida adicional do avanço tornava a frente alta e inestética - e por outro lado, queria resolver o problema do comportamento da frente, nas subidas mais acentuadas.

Sondado o mercado, saltou de imediato à vista o Thomson elite x4 de zero graus. Se eu não ia mesmo nada à bola com o elite antigo, chegando mesmo a ser arcaico, este novo modelo já passou pelo processo de humanização. É mais fluído, embora conserve a robustez tradicional da Thomson e um pequeno toque da rudez do antigo. Não é um peso pluma, mas só os Rotor SX/S1 disputaram o prémio de elegância com o Thomson. O peso dos rotor era muito aliciante mas o preço proibitivo, e como o espigão também já estava escolhido, sai um voto de confiança para os capitalistas americanos e venha de lá esse Thomson. Perde-se no peso, ganha-se no valor acrescentado, afinal de contas é também essa uma das bases da relação emocional cliente/produto.

A visão cá de cima é magnífica, a solidez é impressionante e o toque que deu ao conjunto é soberbo.

Uma nota super positiva para o acabamento lindíssimo e à prova de bala da Thomson que reage muito bem ao uso no monte. A textura CNC é magnífica e o revestimento tem um brilho muito próprio.

Há alguns relatos de placas frontais do avanço Thomson que acabam estaladas a meio. Uma das causas apontadas, além do defeito no fabrico, é o facto de a folga entre a placa e o corpo do avanço não ser mantida uniforme em todo o perímetro, durante o aperto. Tento ter o máximo de cuidado neste caso, bem como nas manetes de travão, para evitar colocar um dos lados em carga desnecessária.

Mais uma vez este é dos componentes que é sujeito a uma inspecção visual atenta no final de cada volta.

[size=9pt]mais) qualidade de construção e acabamentos acima da média; facto de ser 0º
menos) nada a assinalar tendo em conta que assumo o prejuízo do peso.


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[anchor=tampa][TAMPA AVANÇO // KCNC]
Aparte de poder ser utilizada com a aranha expansora em tubos de forqueta de carbono, a colocação desta tampa é meramente estética. Como não consegui arranjar a fantástica tampa que a canyon usa, a q ue faz conjunto com a caixa de direcção Acros One One Four, acabei por colocar a interessante KCNC. Dá um remate diferente ao avanço e combina muito bem com o conjunto frontal. Acaba por ser invulgar pelos recortes que tem e funde-se com o tipo de acabamento da Thomson, o que para mim é um ponto positivo.

Quando a comprei só existia a versão para colunas de carbono pelo que, para aproveitar a aranha que já tinha colocada, tive de descartar o mecanismo de aperto por expansão e usar um parafuso que tinha por cá, mais comprido.

[size=9pt]mais) estética; peso
menos) na versão que comprei tive que colocar um parafuso novo para poder usar a aranha tradicional.


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[anchor=cabo][CABOS E ESPIRAIS // Jagwire Ripcord Kit]
Farto das espirais tradicionais que enferrujavam e em que o revestimento estalava ao fim de 5 lavagens ou 4 dias de chuva, e já conhecendo as vantagens dos cabos revestidos a teflon que uso desde a Rockrider, decidi dar um toque de branco ao longo do quadro, fazendo uso precisamente das espirais.

A escolha recaiu na Jagwire, embora a Shimano também já venda espiral branca. Online encomendei o kit completo que trás as ferragens, a espiral e os batentes do cabo, bem como ponteiras para evitar a entrada de lama e 2 cabos revestidos a teflon.

A suavidade de passagem das mudanças não é assombrosamente melhor face a uma espiral normal montada de novo. A diferença está em que, ao longo do inverno não perdi eficácia e a suavidade mantém-se. A ajudar está o facto de ter feito um kit de protecção caseiro com manga retráctil de electrónica. É um pequeno protótipo que foi aprovado e me permite poupar uns trocos face ao kit MudLovers. A protecção fica-me a 1,50€ para todas as partes de cabo exposto do quadro.

Ao contrário do que me tinham alertado, se bem mantida a espiral não fica amarelada com a lama. Portanto até ver, quando necessitar novamente de espiral a eleita será certamente a Jagwire.

[size=9pt]mais) qualidade global; baixo atrito
menos) para as encontrar baratas têm de vir da fizzbikes; as ponteiras das ferragens são algo grandes para quem não quer utilizar as protecções fornecidas.


[anchor=desvfr][DESVIADOR FRENTE // Shimano XT Bottom Swing]
Comprado com o meu kit inicial de transmissão XT, pelo facto do seu funcionamento simples não deixar grande margem para inovação ou melhoramento, o desviador frontal ficará até entregar a alma ao criador, ou seja, daqui a uns milhares de quilómetros. Não há muito a dizer, funciona, resignado, com os shifters X-9 e garante as passagens entre pratos precisas e quase sempre fiáveis. Quase sempre porque uma vez em cada 1358 vezes lembra-se de não baixar para o prato pequeno, deixando o mamífero que vai a pedalar um pouco atrapalhado, a suar as estopinhas naquele cotovelo da serra mais apertado onde era preciso uma relação mais leve.

Acompanha-me desde a Rockrider e ainda hoje, com o desviador desmontado, tentei procurar folgas mas apresenta-se perfeitamente sólido e composto.

Quando não tiver mais nada para fazer, talvez o troque pelo X-9, só pelo gozo da quase total hegemonia americana na transmissão.

mais) funcionamento global, durabilidade, ausência de folgas
menos) falha em 0,0375% das situações


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[anchor=desvtr][DESVIADOR TRASEIRO // SRAM X-9 Caixa média]
Determinado a mudar para SRAM, a escolha do desviador, tal como dos shifters, foi uma questão racional. O X0 oferecia menos 30g e a bomba relógio que era a caixa em carbono, pelo triplo do preço. A escolha tornou-se então óbvia: X-9.

A diferença nas mudanças foi notória e para melhor face ao anterior XT. Mais bruto é certo, mas quando é solicitado o desviador responde com um afirmativo (e audível) "EU!". Não é bom para preparar um sprint, mas é óptimo para enfrentar a lama e as paredes surpresa.

Assim não resta pingo de saudade do desviador XT Shaddow e a escolha do X-9 revelou-se acertada.

Coloquei a roldana KCNC na posição inferior. No entanto devido à forma como a rosca do parafuso é feita na caixa do X-9, fica uma saliência para o lado de dentro da caixa, saliência essa que fica apoiada do lado de fora do rolamento da roldana KCNC. Assim as duas metades da caixa ficam ligeiramente mais separadas do que na montagem de origem.

Mas com um pouco de bricolage na tampa do rolamento da roldana KCNC, tudo ficou ajustado como o original e a caixa fechada na perfeição.
Aliás, o ideal seria colocar as duas roldanas KCNC já que retêm muito menos sujidade que as de origem, no entanto no modelo 2007/2008/2009, a roldana superior tem uma fixação que não é centrada com o eixo de rotação, pelo que a roldana KCNC ficaria fora da posição da roldana original. A transformação poderia ser feita, mas sinceramente, prefiro que fique como está e como foi desenhado pelos engenheiros SRAM.

As letras da marca e modelo já estão um pouco desgastadas, mas no corpo de material compósito não haveria muitas alternativas à serigrafia. Longe vão os tempos em que a marca era gravada no metal, garantindo que ficava lá para sempre...

Para já não se apresenta com folgas ou perca de força de tensão, o que vem confirmar a robustez que lhe é atribuída. Em caso de falha catastrófica, o substituto seria certamente um novo X9, pelas razões já acima apresentadas em questão do rácio qualidade/preço.

[size=9pt]mais) funcionamento exemplar; feeling positivo nas passagens de mudança; robustez
menos) barulhento no funcionamento (isto é um menos?)


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[anchor=k7][CASSETE // Shimano XT 11-34]
A falta de opções neste campo é óbvia. Estabeleço como característica mínima o facto de a cassete ter que possuir aranha tubular para preservar os dentes do cepo. E nesse aspecto só a XT e XTR, a PG990 da SRAM e alguns modelos mais exóticos cumprem com a exigência. Como tal, e até porque não tenho sinceramente razão de queixa, mantenho-me com as XT.

Além do mais é a única que está dentro de um orçamento humanamente aceitável para mim para um componente de desgaste regular.
As passagens são rápidas e eficazes, tolera alguma passagem de emergência mais em carga e as subidas rápidas de mudança, face a um obstáculo imprevisto. Ao fim de 1500km não apresenta desgaste assinalável na curvatura dos dentes, e apenas alguns pontos de dobragem do metal, que regularmente limo.

Entretanto comprei a um preço exemplar a versão 11-32, mais leve, e que terei oportunidade de experimentar na Primavera. Até lá a cassete actual ainda vai conhecer mais duas correntes.

[size=9pt]mais) qualidade global; sistema de fixação dos carretos
menos) nada a assinalar


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[anchor=chain][CORRENTE // SRAM PG971]
Depois de por à prova um par de SRAM PG991 Crosstep, desta feita quedei-me pela PG971. Apesar das 991 terem sido exemplares, mesmo com a pedalada e passagens "de caixa" brutas que por vezes faço, nunca torceram, partiram ou cederam. Aliás é essa a sua principal característica, com a rebitagem cruzada (cross step) a dar resistência extra. No entanto, nos tempos que correm consigo comprar 2 correntes 971 com o que custa a 991, portanto, e tendo em conta que a durabilidade provou ser igual (sei-o agora), revelou-se uma escolha acertada.

Uso lubrificante da Finish Line que se mantém na corrente, mesmo nas voltas mais longas (70km) e mesmo com chuva forte. No final a lavagem é feita com Bike Wash da Motorex que dissolve a maior parte dos resíduos e, com água e bastante pressão (sem máquinas!), tiro os restos do meio dos dentes da corrente. Seco com ar comprimido e lubrifico antes de guardar a bicicleta. Longevidade garantida!

Com 1500Km está novamente na altura de a trocar e portanto já tenho ali a substituta que entrará brevemente ao serviço. Tenho por norma rodar as correntes o máximo possível, antes de ter de investir de forma muito mais onerosa em cassete e pratos.

[size=9pt]mais) preço; qualidade; inclusão do elo de desengate rápido
menos) nada a assinalar


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duchene

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[anchor=crank][PEDALEIRO // Truvativ Stylo OCT 3.3]
Na altura da compra da transmissão base, há dois anos, impunha-se a escolha,: LX ou XT (modelo 2007). A diferença de preço era significativa e como mais uma vez apenas no peso encontrava diferenças entre os pedaleiros, optei pelo LX. Não me arrependi.

Porque funcionava tão bem como o XT e sobretudo porque os pratos são mais baratos. Cheguei a trocar o prato pequeno e o médio, os dois por 15 euros, cá em Portugal.

Entretanto surgiu a teimosia de trocar por um pedaleiro... diferente.

O XT continuava a não ser uma opção e o que me enchia realmente as medidas, dentro do orçamento que estabeleci era o Truvativ Stylo OCT 3.3.

Por 80 euros fiquei com um pedaleiro com o mesmo peso do Shimano XT que custa em média mais 40 euros, sendo que o Truvativ quase que se enquadra na categoria de exclusivo, quando comparado com a "banalidade" de montagens que usam o XT.

A versão OCT é igual ao stylo tradicional, com a diferença de que os crenques são ocos, contribuindo naturalmente para a redução do peso.

Apesar de necessitar de um bom aperto depois da primeira volta, para eliminar alguns estalidos, revela-se agora uma excelente aposta.

O revestimento preto dos crenques já sofreu algumas pancadas nas passagens mais técnicas mas não era nada que não estivesse à espera e que assumi ao comprar. Naturalmente que com crenques cinzentos o problema é muito mais atenuado, mas como esta era a cor disponível, assim teve de ser.

Rolam com a suavidade e facilidade esperadas de um pedaleiro de rolamentos externos. As passagens entre pratos são bastante positivas mesmo em carga e não noto particular flexão em utilização mais agressiva.

Poderá levar uma cura de emagrecimento mais tarde, com uns pratos levas mas, fundamentalmente, duradoiros. Para já, os de origem estão a aguentar muito bem, vamos ver como se comportam agora com a entrada em jogo da muita lama invernal.

Quando for grande, pensarei em algo verdadeiramente exótico, mas duradoiro. Certamente um BB30 leve. :mrgreen:

mais) funcionamento global, estética, "exclusividade"
menos) exige um re-aperto no final da primeira volta.


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[anchor=pedal][PEDAIS // Exustar PM-25]
A escolha natural para quem se inicia nos pedais de encaixe são os M520 da shimano. Ao longo do tempo fui dando tensão na mola e estava praticamente no máximo, com toda a segurança e confiança que isso transmite na pedalada.

Tive oportunidade de testar os dois tipos de cleats, para decidir que os single release são definitivamente melhores que os multi-release. Estes últimos por vezes soltavam-se inadvertidamente, no calor da pedalada ascendente causando alguns sustos escusados.

No entanto ao fim de 2 anos a cumprir a sua função exemplarmente estava na hora de os trocar. O peso aqui teve uma palavra preponderante a dizer já que com quase 400g, não eram uns pedais propriamente leves.

Poderia ter subido na gama da shimano, mas só o XTR compensariam de facto o upgrade, com o inconveniente de preço que isso acarretaria. O baixo peso e a solidez eram imperativos, que deixaram de fora, por exemplo os cranck brothers, famosos por não se darem bem a longo prazo com ciclistas mais pesados.

Lido e relido o panorama de pedais de encaixe disponíveis no mercado, optei pelos Exustar PM25. Porque nem só de shimano se faz o mundo dos SPD. Com menos 120g, opiniões positivas e um preço acessível não me fiz rogado.

A primeira impressão foi bastante positiva, com um encaixe mais sólido embora possa ser considerado por alguns como bruto. No entanto eu gosto. O desencaixe curiosamente não é tão positivo em certas situações, sendo que parece mesmo que não desengatará. Não chega para preocupar verdadeiramente, mas nota-se, ocorrendo sobretudo depois de longas tiradas com o pé encaixado.

O facto de o eixo rolar sobre rolamentos poderá facilitar a manutenção a longo prazo, permitindo anular folgas que seriam permanentes em pedais de esferas.

Infelizmente o primeiro par que montei tinha um defeito numa das faces do pedal direito o que provocava que o pé saltasse fora quando puxado com força na vertical ascendente. À conta disso esfolei uma canela e ao final de 50Km já estavam na garantia. Foram trocados de imediato na loja e o novo par está impecável.

No entanto, com sapatilhas mais "racing", há uma pequena folga na ascendente da pedalada, talvez 1mm. Se usar a sapatilha mais casual, com a sola um pouco mais grossa, essa folga desaparece. Não considero defeito, mas sim feitio. Eventualmente se o sistema fosse mais justo, custaria mais a encaixar e desencaixar com sapatilhas de sola mais grossa.

[size=9pt]mais) encaixe e desencaixe com feeling positivo. Peso. Movimento assente em rolamentos.
menos) nada a assinalar


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[anchor=skew][APERTOS RÁPIDOS RODAS // A2Z com eixo em CroMo]
Aqui realizei uma opção esteticamente racional. Depois dos BBB que inicialmente tive nas primeiras rodas, vieram os apertos da Ringlé nas rodas da mesma marca.

Estes dias acabei por comprar os A2Z vermelhos com eixo em aço. Mais do que os 10g que tirei, moveu-me a parte estética. É mais um pequeno detalhe vermelho a juntar ao conjunto e a forma da alavanca apesar de não ser exótica é minimamente interessante para me agradar.

Escolhi o eixo em aço face ao de titânio já que este segundo apresenta mais alongamento o que poderia causar, hipoteticamente algum problema com o alinhamento e prisão da roda, além de que, os de aço custam metade do preço dos de titânio que tenho na asfáltica.

Mais tarde, se achar pertinente o gasto, poderei comprar os DT Swiss, para fazer conjunto com as rodas.

[size=9pt]mais) estética, preço
menos) nada a assinalar


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[anchor=rodas][RODAS // DT Swiss XR400 + Sapim CX Ray + DT 240s]
Esta foi a última grande compra para o projecto da Helga e, sem dúvida, a que demorou mais tempo a ser escolhida.

Tinha orçamento e o capital disponível, portanto só faltava decidir que rodas comprar. E que "só"...

Foram praticamente 4 meses afogado em toneladas de literatura, horas a vasculhar fóruns nacionais e estrangeiros, muitas opiniões pedidas na loja habitual, nos colegas de pedaladas e em muitos outros foristas que fui incomodando aqui e ali.

Sabendo de antemão que este era o componente em que podia tirar mais peso, admito que foi complicado resistir a escolher o mais leve que encontrasse.

Ponderei imensas montagens, com cubos Hope, American Classic e Tune. Aros redondos, espalmados e de tripla espessura. E ainda aros leves, muito leves e não tão leves.

Havia imensa pressão positiva em quase todas as montagens. E quase todas elas tinham um denominador que me agradava, o facto de serem sub-1500g. Algumas até sub-1400g.

No entanto tive de refrear essa tendência de colocar o peso acima de tudo, e comecei finalmente a ver as coisas com o devido afastamento e clarividência. Não sendo leve, e com o tipo de terreno agressivo que impera por onde habitualmente ando, estaria a arriscar desnecessariamente, comprometendo a integridade do material, e quiçá a minha própria, simplesmente por apostar numa solução extremamente leve.

Foquei-me então no outro ponto a que dou primazia. A fiabilidade. E comecei pelos cubos. Aí, por entre o pelotão de marcas, havia uma que claramente se destacava nas várias fontes de opinião que consultava.

Não eram vermelho anodizado, não se anunciavam a plenos pulmões quando rolávamos em roda livre, não eram os mais leves e nem sequer eram simétricos! No entanto "se queres uns cubos para a vida, pensa nos DT Swiss", diziam-me.

E eu pensei, pensei e pensei. E cheguei à conclusão que o que eu queria era mesmo uns cubos que me acompanhassem até eu ter pernas para não notar que eles eram mais pesados, até ter a experiência para os desmontar e fazer a simples revisão com os olhos fechados e uns cubos que pudessem ser mostrados orgulhosamente numa galeria de oldschool, daqui a 10 anos.

E, assim, cheguei aos eleitos: os DT Swiss 240s.
São cubos com pedigree, descendentes dos míticos Hügi. E como fazer cubos deve ser como andar de bicicleta, nunca se esquece, a DT ainda deve saber como se fazem bons cubos...

São portanto cubos de rolamentos selados, corpo com falanges assimétricas, o que poderia ser um contra, por causa das tensões diferentes entre os raios de lados diferentes. Para já não encontrei sintomas que possam indicar que isto seja um problema real no meu caso.

O sistema de engate é bastante fiável e engenhoso, não utilizando as normais patilhas de engate com mola. Neste caso são duas rodas dentadas com rampas em direcções opostas e que ao serem pressionadas uma contra a outra, caso não estejamos em roda livre, engatam essas rampas permitindo passar a força de pedalada do cepo para o cubo propriamente dito.

Exige a normal atenção e lubrificação, para evitar que as rampas acumulem sujidade e possam não "morder" mas a desmontagem pode ser realizada sem recurso a ferramentas o que é sem dúvida uma mais valia.

Havia queixas de que, devido ao número reduzido de pontos de engate, o ângulo de 20º percorrido pelo pedaleiro entre cada engate era exagerado. Sinceramente não tenho um nível de precisão na pedalada que possa efectivamente destrinçar a desvantagem que isto possa acarretar. No entanto a DT Swiss apresentou este ano os novos engates de 36 dentes, que reduzem o ângulo de engate para 10º.

Escolhidos os cubos, faltava pensar nos aros e raios.

Nos aros andei a navegar nos ZTR 355, Sun Ringlé EQ21 e até nos Mavic. No entanto a espera acabou por levar a uma situação caricata. A DT Swiss, ia lançar a sua nova gama 2010, no Eurobike, e por isso ainda não tinha disponível online os novos produtos.

Entre eles estavam os novos aros XR400, que retiravam 20g ao DT4.2d, um aro com provas mais que dadas. Mas, e há sempre um mas, havia uma queixa recorrente dos aros 4.2d e que presumi se estendesse também aos novos XR400, que era a fragilidade do alumínio usado ou pelo menos do revestimento que o deveria proteger.

O curioso era então o facto de uma loja alemã, já ter em venda material 2010 da DT Swiss mesmo antes deste ser apresentado oficialmente. De tal forma que só num fórum japonês, consegui ver referência a estes novos aros XR400 com foto.

A montagem oferecida pela loja, tinha como raios os Sapim Cx-Ray. Com provas dadas a nível de resistência e utilizados em muitas montagens de topo, eram raios que sempre tinha considerado como melhor cenário numa montagem que viesse a fazer. E portanto estava a tríade completa. Tinha escolhido cubos, aros e raios, finalmente. Como a montagem da roda era feita à mão após a encomenda, chegou-me às mãos duas semanas depois do pedido.

Estava habituado a pegar nas ZTR e portanto não fiquei abismado com o peso. São umas rodas de classe média, com 1530g o par. Os raios Sapim em preto davam uma sobriedade que gostei particularmente, e a decoração dos aros também era discreta o suficiente para me agradar.

O primeiro sítio para onde corri à procura de defeitos e que me deixou absolutamente convencido do profissionalismo de quem montou as rodas, foram as cabeças dos raios. Como são de alumínio, tem a tendência a vir marcadas logo da montagem. Mas no meu caso, estavam absolutamente impecáveis. Sem mordidelas ou falta de cor.

Montadas as fitas, e as câmaras de ar, mais uma boa surpresa. O meu pneu de eleição, o Nobby Nic, montava-se e desmontava-se do ar sem esforço e à mão.

Tudo pronto, e montado ao sítio, hora de ir para o cascalho ver como se comportava a nova aquisição.

Logo à cabeça, a aceleração melhorou a olhos vistos. Menos 400g de massa rolante notaram-se de imediato. As transições de velocidade são mais rápidas e na transposição de obstáculos a diferença foi notoriamente para melhor.

Mas a sensação mais intrigante que tive, a ponto de montar de novo as rodas antigas para comprovar que não estava a sofrer de um qualquer efeito placebo, foi o facto de sentir a bicicleta notoriamente mais confortável! E de facto assim é. Talvez o formato lâmina dos Sapim permita alguma flexão que proporciona esse conforto. Claro que isto podia acarretar o reverso da medalha, que era ter comprado umas rodas feitas de esparguete cozido, super flexíveis. Na realidade isto não se comprovou. Quer a frente quer a traseira são sólidas, mesmo quando solicitadas por tracção lateral considerável no trilho, nas mudanças de direcção mais bruscas e nas manobras a baixa velocidade.

A prova de fogo aliás, foi feita logo poucos dias depois, com a maratona de chaves e os seus campos intermináveis de blocos rochosos nas descidas do último terço de prova. Mesmo assim, mesmo com algumas aterragens menos suaves quando cheguei a casa verifiquei que não tinha existido descentramento do aro. Ou seja, nem o normal ajuste pós primeiras voltas foi necessário fazer, muito provavelmente porque já deveriam vir pré esforçadas da montagem.

Fiquei realmente satisfeito, o que fez valer toda a hesitação na escolha e o tempo que passei antes de ter as rodas. À data destas linhas, contam com 4 maratonas onde foram impiedosamente espremidas e continuam tão direitas como um prumo. Trouxeram uma nova dinâmica à minha pedalada e ajudam concerteza a que melhore um pouco mais a cada saída, já que dão a confiança necessária para enfrentar mesmo as rampas mais íngremes, sempre com enorme confiança. E era esta melhoria prática que procurava e não o showoff da balança que muitas vezes guia e justifica a compra de umas rodas novas.

Vinha de umas rodas Sun Ringlé que eram donas de impressionantes dotes vocais, com o seu cubo a anunciar ao mundo que ali vinha o mamífero pedalante, monte abaixo a grande velocidade. Não posso dizer que não gostava, mas agora estou rendido à precisão do relógio suíço. Se nos primeiros tempos era algo tímido, ao fim dos 150km iniciais perdeu a timidez e agora já é mais audível, mas sempre com a contenção sonora característica dos helvéticos.

A única nota menos positiva é a já referida fragilidade da liga de alumínio usada no aro. Ou da liga ou do acabamento. O certo é que já tenho um par de marcas que eventualmente não deviam ali estar. Mas, aparte da questão estética não estou propriamente preocupado que o aro torça sem avisar.

[size=9pt]mais) rácio peso/resistência; estética sóbria; qualidade de construção e fiabilidade esperada.
menos) aros algo susceptíveis a danos cosméticos.


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[anchor=frame][QUADRO // Canyon Nerve XC 8.0]
Há certos mitos que é bom prepetuar, nomeadamente para quem tem alguma imunidade a estas coisas das marcas. Um deles é o de que um quadro para ser bom tem de ser de uma marca conceituada e, por isso caro. Isto deixa espaço no mercado (e nos trilhos) para soluções alternativas.

Já tinha desfeito pessoalmente esse mito com o quadro da decathlon, que com os seus 1650g era tudo menos de supermercado, com pormenores de construção excelentes e uma qualidade irrepreensível a um preço arrasador. Voltei a fazê-lo com o novo quadro.

As marcas de renome tinham ficado automaticamente excluídas da minha pesquisa, porque simplesmente eram caras demais para aquilo que me ofereciam e claro, para o orçamento de que dispunha na altura.

De todos os quadros a que passei revista, considerei mais seriamente o MSC, só que o curso reduzido e o facto de o tamanho grande fazer uma curva no tubo superior do quadro que me desagradava, acabaram por também o afastar da lista de compras.

Até que apanhei este Canyon de 2008, a um preço muito interessante e com a vantagem de que além de trazer já amortecedor, este era o topo de gama da Fox na gama XC, o RP23.

O quadro em si tem uma geometria bastante convencional, com tubos de diâmetro generoso no tubo superior e ainda mais no inferior, adelgaçando-se as medidas nos tubos do triângulo posterior. Não se destaca particularmente da multidão, a não ser talvez pelo tamanho e pelo facto de ser um Canyon, que ainda é como que uma marca "mistério". Já me abordaram várias vezes questionando a qualidade da marca e a minha satisfação global, facto que revela um aumento de interesse por esta marca, bem como pelas interessantes alternativas que se vão perfilando de ano para ano, campo onde os alemães dão cada vez mais cartas.

Quando o típico português, doutorado pelo MIT em Engenharia dos Materiais, dá carolos com os nós dos dedos no quadro, para aferir da qualidade da liga utilizada, o som é semelhante ao que obtemos quando se faz o mesmo numa lata de coca cola. O que deve querer dizer que as tubagens são de espessura reduzida, digo eu. Já li algures que um quadro canyon ficou com uma amolgadela porque deslizou suavemente de encontro a um poste. Mas como diria o Pôncio Monteiro: "É tudo uma questão de intensidade!". O meu nunca amolgou por ir a descer desenfreadamente um trilho, e nem das duas únicas vezes que foi ao tapete se dignou a riscar, quanto mais amolgar.

Portanto cabe-me inferir que, para já, é um quadro robusto e confiável apesar da aparente (sonora apenas) fragilidade das tubagens.

Os acabamentos são exemplares. As soldas são limpas e uniformes (não sendo no entanto ao nível da Cannondale, por exemplo), o anodizado é de alta qualidade e resiste extremamente bem aos pequenos (e a alguns grandes) impactos. O tubo superior tem dois pequenos reforços junto à caixa de direcção e ao espigão de selim, que podiam ter um remate mais interessante. Não sou no entanto apologista do reforço triangular na vertical junto ao espigão, presente nos modelos novos, portanto mal por mal, prefiro estes.

O reforço do tubo inferior junto à testa do quadro é generoso e muito bem integrado. Gosto também do facto dos tubos principais serem soldados em separado na testa do quadro. Nem todos os fabricantes conseguem remates interessantes em tubos cortados em bisel ou curvados e soldados juntos, por isso a Canyon não inventou aqui. Aliás no seguimento do conservadorismo seguido no resto do quadro, apanágio alemão.

Um ponto que podia ser revisto, e que o foi nos novos modelos, é o sistema de âncoras para as espirais. Apesar de resolverem muito bem o problema na parte de trás do quadro, encaminhando sem problemas a espiral para os desviadores, à frente a colocação não resultou tão bem. Ficam numa posição lateral, que não é carne nem peixe. Como as espirais não podem cruzar à saída dos shifters, têm de fazer umas argolas estranhas para entrarem do mesmo lado do quadro naquela posição, além de que ficam mais vulneráveis a danos e a movimentação inadvertida.

Pessoalmente prefiro os sistemas de espiral completa e neste quadro seriam relativamente fáceis de implementar, com um sistema similar ao utilizado por exemplo pela Merida na sua 96 ou pela Lapierre nos modelos de Enduro/AM.

O modelo actual já utiliza espiral completa a correr pelo interior do quadro o que dá uma limpeza fenomenal ao conjunto com as naturais vantagens a nível de protecção dos cabos das agressões meteorológicas e mecânicas presentes nas nossas voltas de montanha.

Ao fim destes 18 meses, o quadro apresenta sinais de uso apenas nas zonas de abrasão permanente e continuada, como a zona do calcanhar que volta e meia roça na escora. Na generalidade está num estado impecável facto para o qual contribuí, mais uma vez, o anodizado.

Mecanicamente a parte móvel é um convencionalíssimo "horst link" com pivots ligeiramente à frente e abaixo dos dropouts traseiros e com o pivot maior atrás da caixa do eixo pedaleiro. Neste modelo as escoras são simétricas facto que muda no modelo 2009, no sentido de aumentar a rigidez da traseira.

Os rolamentos do pivot que fica no tubo do espigão de selim são protegidos por uma tampa cromada algo grande com um parafuso a condizer, um pormenor que destoa na sobriedade do conjunto.

Os rolamentos são iguais, na fórmula 4+2. Troquei os quatro do link, uns standard 6082RS por 4 euros cada um. Os da escora são iguais, e os que ficam junto ao eixo pedaleiro são maiores e portanto mais caros: 15 euros cada. Estão muito bem protegidos, não havendo nenhum rolamento visível como acontece noutras marcas. Isto além de ser esteticamente mais interessante, protege de sobremaneira os rolamentos aquando das lavagens e na utilização.

O amortecedor fica em posição vertical, paralelo ao tubo do espigão, sendo relativamente fácil de aceder aos controlos do propedal e fica bem protegido dos detritos lançados pelas rodas.

O ângulo aberto da testa favorece a abordagem da forqueta aos obstáculos aliviando algum do muito stress que o material sofre naquela zona da bicicleta e torna a condução muito segura, previsível e linear.

O quadro desmontado pesa, 2654g sem amortecedor, com caixa de direcção e sem aperto de selim. Valor que é simpático, tendo em conta o tamanhão: XL. Por comparação o quadro do novo projecto pesa 2712g sem caixa de direcção mas já com amortecedor.

O grande senão que tenho com este quadro é o facto de grande parte das letras serigrafadas apresentarem danos. Primeiro desapareceram metade das mais pequenas no tubo superior, o que me obrigou a retirar as restantes, depois foi a faixa laranja e agora tenho parte do "N" do lado esquerdo, e o "A" do lado direito já severamente obliterados.

Como parte das letras ficam por baixo do autocolante de protecção da parte inferior do tubo inferior, o autocolante levantou também um pouco. A longo prazo teria de ser tudo removido e as letras re-pintadas para ficar bem feito.

É apenas um pormenor estético, mas de certa forma aborrece-me.

E nos trilhos? A nível de comportamento tem algumas limitações, próprias de um quadro grande. No entanto só se revelam em zonas complicadas, com mudanças bruscas de direcção, como nas curvas em cotovelo. Nestas zonas sinto que perco algum tempo com as trajectórias mais largas exigidas pela pouca agilidade do quadro e do ciclista.

Nas zonas técnicas mais exigentes comporta-se bem, embora seja algo desequilibrado para a minha estatura, facto agravado por ser um tamanho acima do que deveria. Ao pedalar em crenques, de pé, acabo por ficar mais longe do eixo traseiro do que seria desejável, o que dificulta a tracção atrás. Há que ter um dosagem muito sensível da pedalada o que nem sempre consigo acabando por me sentar e prosseguir assim.

Da mesma forma, como fico mais esticado do que seria desejável, tenho dificuldade em equilibrar correctamente a distribuição de massas, nas zonas de saltos, lombas e obstáculos em que se exigem um maior jogo de corpo. Aí noto uma clara tendência de a frente "tombar". Como já vou naturalmente descompensado pela posição de condução, nem sempre consigo compensar o que, sem se tornar de todo perigoso, nota-se.

Isto, na prática, traduz-se em que consigo controlar perfeitamente as descidas e faço-as com uma rapidez aceitável, no entanto, as aterragens que poderiam ser feitas com recepção ao solo da roda traseira claramente em primeiro lugar, são feitas com ambas as rodas quase em simultâneo. Já tive oportunidade de experimentar um quadro igual em tamanho M e notei precisamente essa facilidade muito maior em fazer da bicicleta uma extensão do nosso corpo. Não se trata de um problema de frente baixa, mas sim de frente distante!

No entanto é um excelente rolador, e depois de devidamente balanceado, é um autêntico comboio. A geometria com pouco sloping ajuda certamente a um comportamento melhorado nestas situações.

Como já referi no início, aproxima-se um novo projecto que visará precisamente corrigir o tamanho do quadro, passando a ser a medida aconselhada para mim, o L.

[size=9pt]mais) qualidade global; tipo de geometria;
menos) alguns pormenores nas peças; serigrafia das letras, o tamanho (para mim)


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[anchor=fork][FORQUETA // Fox F120 RLC 2008]
Já tinha referido que a minha escolha inicial para forqueta tinha sido a Talas. Como não consegui uma em tempo útil, tive de procurar alternativas.

A F120 surgiu na altura que precisava mesmo de um forqueta e como estava rigorosamente impecável, comprei. Não foi uma situação temporária nem imprudente, e a prova é que acaba por ficar comigo mais tempo do que o quadro, esse sim, um assumido compromisso temporário.

Vinha de uma Marzocchi MX PRO ETA de 100mm que apesar de ter um comportamento razoável, em nada de assemelhava à qualidade que viria a experimentar com a Fox.

Cumulativamente ao aumento do tamanho do quadro, tinha agora mais 2cm de forqueta, o que se traduzia numa posição de condução bastante relaxada. O reverso da medalha prendia-se com o facto de que nas subidas mais íngremes, era notória a forma como a frente descompensada levantava no ar, dificultando ou mesmo impedindo a progressão.

Foi por isso necessário proceder ás alterações que falei acima, a nível de guiador e avanço que corrigiram, com sucesso, o problema da "frente saltitona".

O curso é sempre motivo de discussão. Se 100mm ou até mesmo 80, suportam a maioria dos obstáculos presentes no Cross Country, não me importo de carregar os 20mm/40mm extra para que, na hora de embater estrondosamente com aquela pedra grande, depois de uma trajectória mal calculada, a forqueta possa devorar a pedra sem causar mais do que um pequeno grande susto. Como sou grande e longe de ser um ágil chinês, volta e meia a Fox é mesmo chamada a intervir, e garanto que nunca tive quedas por descontrolo da frente da bicicleta. No entanto tenho perfeita consciência que já usei 90% do curso algumas vezes e portanto está óptimo assim.

Com o tubo ainda nos 21cm a forqueta queda-se pelos 1682g o que a deixa a meio caminho entre uma SID e a Marzo que tinha antes. Não há muito por onde argumentar aqui. O peso nunca foi factor de decisão em determinados componentes, e a forqueta é um daqueles onde tentei o compromisso possível.

Esta Fox, apesar de robusta visual e estruturalmente, tem alguma flexão longitudinal, fruto do comprimento já considerável, sendo que este comportamento se evidencia aquando das travagens mais agressivas com o travão da frente. No entanto é uma situação que fica perfeitamente dentro dos limites de segurança e que a forqueta está perfeitamente preparada para suportar. E de qualquer forma as bainhas de 32mm são robustas o suficiente para o tipo de condução que faço. Ao contrário da versão Talas, o arco das pernas da forqueta não tem reforço, no entanto não noto torção lateral por parte da forqueta. Aliás, com a flexão do guiador e das rodas, a forqueta seria o último sítio onde conseguiria notar essa eventual torção, até porque é a mais rígida deste trio.

O trabalhar é bastante suave, aliás apanágio da Fox. Conforme a regulação da compressão tem uma leitura mais ou menos sensível do terreno, no entanto no modo mais suave, é um verdadeiro tapete voador. Muita sensibilidade nos primeiros cm de curso, e uma progressividade bastante linear, sendo que os últimos cm são muito dificilmente esgotados. Isto protege aliás toda a mecânica e o atleta de um esgotamento súbito e agressivo do curso.

Este é o modelo mais completo e permite a regulação do rebound, bloqueio e regulação da força e bloqueio e a regulação da compressão. Esta última, apesar de ser muitas vezes ignorada, é a função que utilizo mais frequência, já que permite alterar rapidamente a sensibilidade da forqueta sem ter de jogar com a pressão na câmara de ar. Numa maratona em terrenos mais rolantes posso colocar a forqueta menos sensível de forma a que praticamente não necessito de a bloquear para obter um comportamento mais firme. Da mesma forma, em terrenos mais irregulares, defino a compressão para que a forqueta trabalhe ao mínimo impacto, o que ajuda a poupar os braços e aumenta significativamente o controlo de precisão, tão útil nas subidas.

A pré-carga é facilmente regulada com uma bomba de alta pressão. No meu caso não usei as tradicionais técnicas de determinação do SAG para regular a forqueta. Apesar de ter sido um processo bem mais moroso, fui fazendo determinados percursos com diferentes pressões, mantendo as restantes variáveis de rebound e compressão iguais. Acabei por usar menos pressão do que era esperado, sendo que consegui um conforto e uma leitura do terreno que me satisfazem na totalidade. Em conjugação com um rebound ligeiramente a pender para o lento, permitem que a forqueta tenha um comportamento muito suave a baixas velocidades, e estabilidade e solidez nos troços mais rápidos.

Um outro controlo presente é a regulação da força de bloqueio. No meu caso tenho-a praticamente no máximo, já que ao bloquear a forqueta faço-o essencialmente em troços de alcatrão ou subidas com piso compacto e aí quero mesmo um bloqueio vigoroso. No entanto, em caso de esquecimento, a forqueta conserva ainda a capacidade de amortecimento, ainda que apenas seja sensível a impactos consideráveis.

Em termos de ergonomia não está particularmente bem conseguida, especialmente a proximidade vertical dos manípulos. Se a regulação do rebound fica imune a mexidas acidentais, o mesmo não se pode dizer do manípulo de regulação da compressão. Ao bloquear e desbloquear a suspensão, com o acumular mesmo de pequenas quantidades de detritos, o anel da compressão roda "colado" ao manípulo de bloqueio o que constantemente desrregula a suspensão.

Os modelos 2009 já resolveram parcialmente esta situação com o redesenho do botão e também com o desenvolvimento do bloqueio remoto, tão ansiado, mas que não é retro-aplicável aos modelos anteriores, pelo menos sem usar dos dotes de bricolage.

Mas os engenheiros da Fox redimiram-se com o sistema de encaminhamento do tubo hidráulico, que é dos mais eficazes que por aí andam. Com apenas um ponto de fixação, o tubo é manietado e curvado de uma forma tão inteligente, que jamais toca no arco, nos raios ou na perna da suspensão, o que garante que não há inestéticas brçadeiras, fita cola ou zonas coçadas pelo tubo hidráulico. Less is, in fact, more!

Finalmente, em termos de fiabilidade nem parece um componente com partes móveis. Como sou consciente (leia-se picuinhas) a Fox é revista duas vezes por ano. Até agora apenas foi feita a muda do óleo, não tendo necessidade de trocar retentores ou outras peças internas. Continua a ter um funcionamento exemplar. Nestes casos é preferível sempre a manutenção preventiva, o que assegurará uma longevidade considerável dos componentes mecânicos. Considero-o como a prestação anual de usufruto ciclístico, um pouco como as correntes, pneus, pastilhas de travão e rolamentos.

[size=9pt]mais) funcionamento e comportamento; qualidade de construção; fiabilidade
menos) ergonomia dos botões de regulação;


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[anchor=rp23][AMORTECEDOR // Fox RP23 Propedal]
O sistema de plataforma veio mesmo introduzir uma área cinzenta que antes não existia nos amortecedores traseiros de 2 posições (aberto ou fechado): o "semi-aberto, assim meio para o fechado".

O RP23 não é excepção e com os seus 3 níveis de plataforma terá certamente um ajuste que agradará a todos, apesar de vir pré-regulado de fábrica o factor global de restrição do curso. Para os momentos mais emocionantes é só dar um toque na alavanca do propedal e temos o curso todo disponível.

O meu foi sendo aos poucos afinado para mim. Está agora ligeiramente rígido, com um comportamento mais agressivo aos pequenos impactos, beneficiando o rendimento da pedalada, sem no entanto comprometer nos obstáculos de maior dimensão.

Nunca percebi que era defeito, feitio ou característica, mas o que é facto é que mesmo arrancando bloqueado, no final de uma zona mais agressiva o amortecedor aparece-me sempre desbloqueado o que é óptimo porque mesmo conhecendo o terreno sou super esquecido e por vezes arranco para o abismo com o amortecedor fechado.

Normalmente ando com o propedal na posição 3, a mais rígida. Perco um pouco em conforto mas ganho em resposta e precisão no rolar.

O rebound foi sendo ajustado até estar no ponto que me agrada. Mais uma vez privilegiei a resposta rápida de um rebound ligeiramente rápido, em favor de uma suavidade acrescida, já que sou pesado e isso acaba por criar uma dose de rebound por si.

Nota menos positiva para a colocação da válvula no amortecedor, se bem que a Fox não tem culpa directa na situação.

Esta foi aliás uma dificuldade reconhecida e corrigida pela marca, dado à cada vez maior utilização destes amortecedores, neste tipo de geometria.

A colocação da válvula nos modelos 2007 implicava que a válvula ficasse perigosamente perto (senão mesmo tapada) pelo link do triângulo traseiro. Nos modelos seguintes a válvula passou para o lado da alavanca propedal, virada para a frente e ligeiramente para o lado, o que facilita de sobremaneira as operações de ajuste do SAG, que podem ser agora feitas sem tirar a bomba da válvula.

A manutenção é trivial, e aparte da substituição dos vedantes é só ir trocando o óleo com a regularidade devida para garantir a longevidade do amortecedor.

No novo projecto estará instalado um RP2 que é exactamente igual, apenas não conta com a possibilidade de optar pelas 3 variações de plataforma, sendo já regulada de fábrica a restrição da plataforma.

[size=9pt]mais) funcionamento global; facilidade e versatilidade dos ajustes
menos) colocação da válvula (neste quadro em específico)


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[anchor=pneus][PNEUS // Schwalbe Nobby Nic 2.25 EVO]
Ou se gosta, ou se odeia, não há meio termo para definir os NN!

No meu caso trouxeram a tracção, a segurança e a rapidez que procurava. Se podem ser algo desgastantes em alcatrão, nos restantes pisos compensam em dobro o que comprometem.

Nas zonas técnicas dão uma confiança total e mesmo os pequenos sustos com a frente e piso solto não passam disso, a correcção é rápida e a tracção está logo ali.

Coloquei-os em pleno Inverno o ano passado. Exigiram desde logo uma mudança no meu estilo de pedalar nas zonas mais técnicas. Pedir a um mamífero de 100kg (na altura) que pedale com suavidade e modelação não é de todo fácil, mas acabei por me disciplinar. Agora já não fogem, já raramente vou com o pé ao chão porque a roda de trás disparou sem tracção. É um processo que nos leva a mudar antes de culpar o pneu. Talvez por isso os NN devem ser dos pneus mais criticados: não é montar e esquecer, antes pelo contrário, temos de nos lembrar quem ali está.

Mas as descidas passaram a ser feitas muito mais depressa, as aterragens mais ousadas e as travagens mais em cima. O pneu de trás desgasta-se com alguma rapidez, mas até os tacos saltarem fora e se ver a tela amarela por baixo, ainda é pneu! O da frente está quase novo, literalmente, o que permite que só meta um pneu de cada vez já que o da frente passa para trás e o novo entra à frente.

A única ponderação que me passou pela cabeça para já era experimentar o NN2.1 por uma questão de menos atrito ao rolar. Talvez leve a cabo essa troca na traseira (mantendo o 2.25 à frente), depois de esgotar os dois novos que ainda tenho aqui em stock.

Ao contrário das queixas que li aqui no fórum, o meu primeiro NN traseiro que mandei para o lixo estava verdadeiramente gasto, com imensos cortes e sem alguns tacos, no entanto nunca tive um único furo com ele. Não deixa de ser assinalável que um pneu tão leve, se leve ao limite do desgaste sem ficar constantemente apeado.

Na verdade só furei uma vez com NN e foi um snake bite à frente e infelizmente em plena maratona Bike Camp na Póvoa de Varzim, a dois quilómetros da partida. Escolhi mal a trajectória e acertei em cheio numa pedra angular. Aparte dessa situação não tenho tido problemas. Mas parte do sucesso se deve igualmente às câmaras de ar e ao líquido anti furo.

Ando sempre com pressões abaixo da média, com valores muito próximos da malta tubeless e talvez por isso o pneu se molde mais ao terreno e seja menos sacrificado em situações mais agressivas. Há algum desgaste nas laterais mas, apesar da fama de fragilidade que precede os NN, não tenho tido problemas rigorosamente nenhuns de cortes fatais.

A única situação em que não estou verdadeiramente à vontade com estes pneus é na passagem por blocos de pedra lisa ou próxima do liso, como é o caso das lages de xisto, em condições húmidas. Não querendo presumir muito, julgo que será um problema transversal a mais pneus no entanto nos Nobby Nic tento ter algum cuidado, especialmente com a frente, sempre mais difícil de compensar em caso de problemas. Naturalmente o problema é mais limitado é tempo seco, no entanto tenho sempre atenção redobrada nestas zonas.

[size=9pt]mais) baixo peso; elevada tracção em múltiplas situações
menos) desgaste "rápido" atrás (rápido = 8 meses); exigem habituação; temperamentais em piso molhado.


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duchene

New Member
[anchor=tubes][CÂMARAS DE AR E LÍQUIDO // Specialized air light e Joe No Flats]
Desde que re-comecei nestas andanças do BTT que uso câmaras de ar com líquido. Sempre usei líquidos à base de latex e como nunca comprometeram, assim mantive.

Usei durante bastante tempo câmaras de ar normais, compradas baratas, com o respectivo líquido. Como os aros das antigas rodas Sun Ringlé permitiam o uso de válvula Schrader, aproveitava o facto de se conseguir retirar o miolo da válvula e encher o líquido.

Com a chegada das novas rodas, veio o facto da furação do aro só permitir usar válvulas Presta. Aproveitei então para aplicar uma ideia que já tinha há uns tempos, que era a de usar câmaras de ar leves (e não as ultra leves) para fazer um sistema de baixo peso, com prevenção de furos.

Cada câmara de ar da Specialized pesa cerca de 130g e leva 60g de líquido vedante Joe's No Flats. Poderia ter optado pelas ultra leves da Schwalbe, com 80 e poucos gramas mas como são mais porosas, teria de vigiar mais amiúde a pressão dos pneus, o que se revelava pouco prático face ao ganho conseguido, além de que se tornavam mais frágeis para utilização despreocupada.

As válvulas Presta são mais simples que as Schrader, no entanto tão lineares de desmontar como estas. É necessário desmontar o batente exterior e depois, com bastante perícia, segurar no miolo que entretanto se empurra para dentro da câmara de ar. É uma questão de tacto. Há quem prenda um pequeno fio de costura para mais tarde pescar o miolo da válvula.

O facto de o tubo de enchimento ser mais fino que o Schrader também trás algumas complicações na hora de verter o latex para o interior da câmara de ar, já que tem tendência a secar na ponta da bisnaga de enchimento.

Apesar de tudo este é um procedimento bastante rápido e que resulta num kit de câmara de ar + líquido bastante interessante

Um dos problemas que se perfila a longo prazo é o facto do latex secar, deixando de ser eficaz. Como seca no interior da câmara de ar, adiciona o seu peso "morto" ao conjunto, pelo que ao final de um par de recargas, ficamos com o sistema muito menos vantajoso face a uma câmara de ar normal, que em vazio pesa cerca de 200g. Nesta altura poderá ser feita a troca das câmaras de ar que, apesar de estarem perfeitamente funcionais, já não afiguram a solução vantajosa inicial.

Não é mim prioridade imediata, a passagem para um sistema tubeless. Isto porque tenho aros não preparados para tubeless, o que implicaria utilizar uma fita específica ou outro sistema similar para vedar o aro. A juntar a isto ainda é necessário o líquido vedante e claro ter em conta a diferença de peso entre o Nobby Nic EVO e o seu congénere UST.

Não estou de todo interessado em converter pneus normais (especialmente estes), portanto só a diferença entre os dois pneus é igual ao peso da câmara de ar+líquido que tenho montado agora: 190g. Como já circulo com pressões relativamente baixas e não tenho tido problemas com furos, não se afigura pertinente pensar para já em tubeless.

mais) baixo peso; protecção contra grande parte das causas de furo; limpeza na instalação; possibilidade de trocar de pneu sem perder líquido.
menos) o látex acaba por secar ao fim de alguns meses;


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[anchor=selim][SELIM // Selle Italia SLR XC Gel Flow]
Depois de equacionar o BBB Anatomic Design e alguns outros Selle Italia, acabei por comprar, depois de experimentar o selim de um amigo, a versão SLR XC Gel Flow. Conjugado com uns bons calções é qualquer coisa, especialmente atendendo ao facto que já pertence aos sub 200g.

O SLR XC tem 2 claras vantagens tendo sido pensado, e muito bem, especificamente para BTT: A primeira prende-se com o reforço lateral que protege o selim dos encostos nas árvores, nas paredes e outras pequenas pancadas. O outro ponto positivo é o revestimento brilhante em Lorica. Além de facilitar a movimentação no selim, sem ser no entanto escorregadio em demasia, permite que a sujidade não se entranhe. Uma lavagem e fica novo. No meu caso, com vários meses de utilização, e mesmo em alturas com toneladas de lama a esfregar no selim, as letras e decorações ainda não saíram.

No início do ano, fruto de uma queda originada por chainsuck no pedaleiro, o selim limpou o alcatrão. Coçou precisamente um dos reforços de tecido da lateral, e ficaram as marcas do asfalto na carcaça inferior. Por faltar um naco de revestimento, pensava eu, iria descolar e empolar por ali. A verdade é que 4000 e tal km depois essa zona está sólida e para durar.

Como contra apenas o facto de em determinadas alturas os carris rangerem, especialmente com água e lama, barulho originado na zona de inserção dos carris na carcaça do selim. No entanto umas gotas de lubrificante da corrente resolvem o problema por uns tempos. Não é caso único no BTT já que conheço pelo menos mais dois com igual temperamento, no entanto o que tenho montado na bicicleta de estrada nunca apresentou problemas. Naturalmente está sujeito a muito menos agressões e intempéries, daí estar rigorosamente novo.

É portanto, este um selim de eleição, e estou certo que para substituir este, só mesmo um igual.

[size=9pt]mais) peso; conforto; qualidade do materiais
menos) por vezes range um pouco


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[anchor=seatpost][ESPIGÃO DE SELIM // Thomson Elite 31.6 / 400mm]
Como já o disse quando escrevi sobre o avanço, gosto de manter o máximo de homogeneidade permitida nos componentes, especialmente por zonas. Neste caso na parte de cima da bicicleta, não podendo os 3 componentes estruturais principais (espigão, avanço e guiador), ser iguais, quedei-me pelo avanço e espigão. Apesar de no mercado haver propostas mais leves, o Thomson encheu-me as medidas.

É uma peça muito bonita e que além da componente estética, trouxe uma funcionalidade acrescida: Como o quadro em XL é algo grande, mesmo para mim, o facto de "roubar" os 2cm de um espigão com setback convencional, já me permitiu um encaixe melhor na bicicleta. E se tinha algum receio de ficar desalinhado com o eixo dos pedais e ficar muito à frente do centro do eixo pedaleiro, a verdade é que o rendimento da pedalada aumentou e o controlo da bicicleta também.

O sistema de fixação do selim é exemplar, mais bem comportado que por exemplo o KCNC e como tem uma generosa superfície de contacto com os carris do selim não causando por isso tanto esforço incisivo nessa zona.

O que escrevi sobre o acabamento no avanço, aplica-se igualmente aqui. Foi desmontado agora e vai ser aplicado no novo projecto que se avizinha. Como o quadro novo é mais pequeno, a zona onde apertava no quadro Canyon irá ficar à vista. Bastou passar um pouco de polish nessa zona e todas as marcas desapareceram. Neste momento não é possível destrinçar onde era feito o aperto do espigão no quadro antigo.

O único contra será talvez o facto de não ter marcações de referência para a altura, mas como uso um aperto sem alavanca e raramente mexo no espigão, acaba por não ser grave para mim.

[size=9pt]mais) qualidade global irrepreensível
menos) poderia ter marcações de altura


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[anchor=collar][APERTO DE ESPIGÃO DE SELIM // KCNC]
Como já referi, sou quase um maníaco dos conjuntos. Gosto de ter o avanço e espigão de selim da mesma marca, e os apertos de rodas e selim também da mesma marca. Estive para comprar o kit da Hope, no entanto opiniões menos positivas sobre o aperto de espigão, nomeadamente sobre a facilidade com que o parafuso moía a rosca em apertos, fizeram-me repensar.

Acabei por colocar o KCNC, que ajudou a realçar ainda mais o bonito ângulo do tubo superior com o tubo do espigão de selim, que é dos pormenores que mais aprecio no quadro. É daqueles componentes que é montar e esquecer, portanto faz uma boa parelha com o espigão da thomson.

[size=9pt]mais) peso, integração com o quadro
menos) nada a assinalar


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_________________________________________________
[anchor=epilogo]
[size=12pt]EPÍLOGO: CONCLUSÕES
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Não me canso de referir que esta é uma análise de uma bicicleta que foi construída num contexto muito particular, para um dono de compleição física em mudança e portanto deve ser vista de uma determinada perspectiva. Não falamos de uma mota de 8 quilos, mas eu também não peso uns elegantes 65...

O resultado a que estou a chegar permite-me superar aquele feeling de fragilidade que sinto quando conduzo bicicletas mais leves. Não é que uma falha catastrófica do material vá acontecer numa carbónica de 8 quilos... mas não me sentiria seguramente confortável em algo tão leve (e caro). Não deixo de apreciar o trabalho colocado na construção de bicicletas de performance mas considero que não sejam a solução que serve a todos os ciclistas, e em particular a mim.

Quero apenas sentir que vou confiante e que necessito de fazer uma dose de esforço justa para fazer mover a bicicleta monte acima e claro, monte abaixo! E mais. Acima disso, quero sentir que tenho algo que não é temporário e descartável. Com a devida distância e sensatez na comparação, procuro uma bicicleta de qualidade com fiabilidade e longevidade. Com uma mecânica "à moda antiga" como se costuma dizer.

Não me move portanto a incessante procura do peso mais baixo em cada detalhe. Até porque já imagino a lista de sugestões que surgiriam para tirar peso aqui e ali e sei perfeitamente onde o poderia fazer. Mas tendo em conta que grande parte dos componentes têm pouco tempo e já foram comprados com estas considerações em mente, não estou a pensar trocar nenhum componente em particular, a curto prazo.

Evidentemente que tenho preocupações com o peso, no entanto tento moderar e ponderar. Posso dar como exemplo as rodas, onde bastaria ir para a "vulgar" combinação de ZTR Olympic com cubos e raios leves e teria logo menos 200g de rodas, mas com as limitações inerentes.

Mas não deixo de esmiuçar os tópicos dos maluquinhos do peso onde consigo ás vezes encontrar o "clique" para pensar em soluções de compromisso entre o peso e a resistência e durabilidade.

Existem igualmente preocupações de ordem estética e pessoal. Cada projecto é um projecto e como tal deverá agradar em primeiro lugar ao seu dono, já que o prazer de disfrutar de algo que idealizei e montei é em primeiro lugar e quase exclusivamente meu.

//

Em suma a experiência com a Canyon foi extremamente positiva. Procurava juntar uma amálgama de peças que tornassem a bicicleta divertida de conduzir monte abaixo mas pronta a atacar sem medo qualquer subida, por mais depressa ou devagar que o fizesse e isso foi plenamente conseguido.

Apesar das suas dimensões, não considero a considero propriamente pastelenta. Naturalmente não tem o fervilhar nervoso de um quadro mais pequeno, mas as coisas são como são. Um elefante não foi feito para correr, nem uma chita está preparada para derrubar árvores na savana africana.

O quadro grande dá abstante estabilidade a rolar e, a grandes velocidades, é um autêntico comboio, no sentido de ser só apontar a frente e segurar bem no guiador, que a bicicleta devora virtualmente tudo. E isso nota-se na confiança que a bicicleta transmite a descer.

O RP23 filtra muito bem o terreno, com o recurso ás 3 posições propedal, e quando está aberto devora o que os 115mm de curso deixam.

Não noto limitações relacionadas com o curso, quer à frente quer atrás. Nunca notei uma pancada que me quisesse mandar abaixo da bicicleta causada pelas suspensões que não se aguentaram à barra. Haverá certamente melhores tapetes voadores para as pedras, mas este encaixa-me muito bem.

A subir com o amortecedor em propedal 3, sinto controlo, sensibilidade e tracção. É quase, quase como ter uma hardtail com a vantagem acrescida de ela recuperar muito mais depressa de falhas de tracção. O braço é constantemente empurrado para baixo o que ajuda de sobremaneira na progressão. A frente, com a entrada em cena do avanço zero fica agora mais tempo colada ao chão permitindo que sejam apenas as pernas a levar com a culpa de uma má prestação nesta ou naquela subida.

Após alguma tentativa/erro, e de alguns euros desperdiçados pelo caminho, estou a atingir um nível de fiabilidade/estética/qualidade interessante e que me satisfaz bastante, sobretudo tendo em conta as condicionantes do utilizador e da utilização pretendida.

Tenho portanto uma bicicleta com componentes robustos, cuja substituição, especialmente no material de desgaste, não é por demais onerosa, dentro claro do gasto de manutenção que se espera de uma bicicleta complexa, com utilização contínua. Isso permite que a manutenção seja preventiva e não curativa, o que aumenta o tempo de vida do material.

Mas nem tudo são rosas. Mentiria se dissesse que não penso no assunto do peso mas, como já referi, já não há muito por onde, racionalmente, se possa retirar gramas de forma significativa. E pessoalmente não me interessa entrar em batalhas por migalhas.

O quadro é também um remedeio à Portuguesa, já que, de temporário, se tornou uma solução a longo prazo. Não posso no entanto deixar de reconhecer a esta montagem a virtude de, no último ano, ter acompanhado um salto considerável em termos de forma física, de contacto com a natureza e de satisfação pessoal, que espero se venha a prolongar no próximo projecto, que herdará a esmagadora maioria dos componentes actuais.

E finalmente apesar de não ser uma falha catastrófica com letras a desaparecer por completo, o facto de o quadro não conseguir manter a sua estética integral por causa de pedaços de letras que faltam, é um ponto negativo.

Haverá aqui e ali pequenos detalhes menos conseguidos neste ou naquele componente, que fui referindo nas mini-análises, mas que globalmente representam muito pouco e não contribuem de todo para uma visão negativa da experiência de pedalar com a Canyon, já que, na sua maioria são questões de compromisso que foram devidamente aceites na altura da escolha dos componentes.

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[anchor=fotos]_________________________________________________
[anchor=epilogo]
[size=12pt]FOTOGRAFIAS
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Pouco antes de desmontar os componentes do quadro Canyon para os transferir para novo projecto, fiz uma pequena sessão de fotografia, com alguns planos de pormenor dos componentes.

Como processei um pouco à pressa, a compressão dos jpegs ficou exagerada, mas penso que dará para ter uma ideia de como as coisas funcionaram e estavam instaladas.

14ms9q9.jpg

[Helga: A voluptuosa e sedutora alemã na sua configuração final]

acnervexcschwalbe.jpg

[São estas rodelas de borracha preta que me mantêm, quase sempre, longe do chão...]

acnervexcpunhos.jpg

[Estou realmente rendido a estes punhos, só é pena é que mudem o padrão da borracha conforme a cor da braçadeira de fixação.]

acnervexcfrontxt.jpg

[Sobrevivente da geração Shimano, o desviador XT poderá em breve dar lugar a um X-9 SRAM]

acnervexctriggers.jpg

[Os triggers X-9 em conjunto com o MixMaker da Formula, dão uma limpeza muito agradável ao guiador.]

acnervexcjagwire.jpg

[As protecções de quadro da canyon são excelentes e não dão sinais nem de desgaste nem de quererem descolar. Batente e cabo da Jagwire, a tal mania dos conjuntos.]

acnervexc240s.jpg

[Cubo dianteiro DTSwiss 240s, modelo 2010]

acnervexc240srear.jpg

[Cubo traseiro DTSwiss 240s, modelo 2010]

acnervexcfox.jpg

[Topo de gama da gama Float da Fox, a versão RLC permite uma infinidade de ajustes personalizados.]

acnervexcname.jpg

[A decoração sempre sóbria das Canyon. Aqui nota-se claramente o problema das letras efémeras que atacou um pouco por todo o quadro.]

acnervexcrasgo.jpg

[Tanto monte para cair, e fui ao tapete no alcatrão, a 200metros de casa...]

acnervexcfrbrake.jpg

[Muito branco, vermelho e preto, numa das zonas que melhor resultou em termos estéticos.]

acnervexcrp23.jpg

[Pormenor do link da suspensão, com a famosa rodela cromada. O RP23 está numa posição confortável para aceder à alavanca do propedal, mesmo em andamento.]

acnervexctampa.jpg

[A tampa da KCNC e o seu curioso trabalhado. Nota-se ao fundo a forma como entram no quadro os cabos vindos dos triggers.]

acnervexcroldana.jpg

[A roldana KCNC é muito boa a manter afastada a lama, o que ajuda a compensar a habilidade da vizinha de cima, em fazer o contrário.]

acnervexcguiador.jpg

[Com menos de 300g, o avanço e guiador funcionam muito bem juntos, apesar da modéstia dos logotipos, especialmente no caso do KCNC.]

acnervexcstem.jpg

[Não me canso de elogiar o acabamento das peças da Thomson e o avanço Elite X4 não é decerto excepção!]

acnervexctop.jpg

[Aparte do fundo vermelho, esta é a visão que normalmente tenho, do alto do meu posto de condução, ao olhar para o guiador.]

acnervexcx9.jpg

[O X-9 tem se comportado de forma exemplar e é certamente um componente que será mantido em sucessivas montagens de bicicletas que venha a fazer.]

acnervexcexustar.jpg

[Pedal Exustar PM-25. Um verdadeiro achado no que toca ao peso, com um funcionamento que considero bastante positivo.]

acnervexcclamp.jpg

[Aqui além do aperto consegue-se ver o pormenor do reforço entre o tubo superior e o tubo do espigão]

acnervexcpedaleiro.jpg

[Apesar do bom aspecto aparente, o pedaleiro já tem algumas marcas de guerra visíveis, que já estava à espera dada a cor dos crenques.]

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mariosimas

New Member
o que dizer :shock:

simplesmente a melhor análise que li neste forum.

e parabéns pela máquina. quem escreve assim tem que ter muita paixão pela sua bicicleta :wink:
 

JGabriel_M

New Member
Que grande análise :shock: Está ao melhor nível, muito bem escrita e interessante de ler :wink:

Também tenho uma Canyon mas é a AM e estou muito satisfeito com ela sendo que habitualmente também ando por Valongo!!

Quanto ás letras do quadro é verdade que a sua pintura não é muito resistente mas assim que me apercebi disso colei fita de plastificar livros (de qualidade) por cima e resovi por completo esse problema. Com lama, água e lavagens ela não levanta e protege as letras. É fácil, barato e eficiente :wink:


Abraço,
Gabriel
 

fitty77

New Member
Eu arriscava dizer que esta é a melhor análise que já li, fosse neste forum, fosse onde fosse, sem duvida. Para mais, ao ler esta análise, parecia que estavam a abrir o meu cérebro e a tirar o que lá estava guardado. Eu explico porque: É que, como o amigo Duchene, eu também tenho 1.90, também peso cerca de 80kg, e a minha bike também é uma Nerve XC (que agora está desmontada à espera que eu a coloque a rolar novamente). As diferenças é que eu optei pelo modelo mais pequeno (20") e esta parece-me ser o tamanho acima.... Isso trouxe-me alguma maior agilidade, bem como o facto de a minha na altura trazer uma Fox F100, lhe dava uma capacidade maior para subir. Mas sempre disse que naquele quadro, uma de 100mm era pouco (não pela necessidade de curso, mas sim pela posição relativa da frente), e isso sentia-se nas costas.... Se bem que se tornasse uma desvantagem na hora de subir.

Parabéns por esta análise. Quase parecia que lia um livro. Muito bom
 
fitty77 said:
Eu arriscava dizer que esta é a melhor análise que já li, fosse neste forum, fosse onde fosse, sem duvida.

Subscrevo na integra...

Uma análise com uma linguagem absolutamente extraordinária :!:
 

350plus

New Member
Re:Canyon Nerve XC 8.0 / Helga: A voluptuosa e sedutora alemã / Fim de ciclo

Admito que fiquei surpreendido e assustado com tamanha parede de texto à minha frente. :)

Mas como já tenho acompanhado a qualidade das tuas intervenções no fórum decidi-me a ler com calma a análise. E em boa hora o fiz, pois é um texto delicadamente construído, interessante e com muita e boa informação. Um objecto de partilha cuidada, que se destaca dos restantes.

Muito obrigado pela oferta de conhecimentos e experiência ao domínio público. :wink:
 

varinho

New Member
Bom dia,

Passados 12 meses de convívio com a nova montagem, é tempo de balanço, até porque um novo projecto se avizinha e há que encerrar este ciclo com a merecida, chamemos-lhe, homenagem.

Andava a protelar a colocação da análise aqui no fórum, por um lado porque ainda não tinha a máquina na versão final e poupei-vos assim o aborrecimento de documentar efusivamente cada parafuso que fosse trocando, e por outro porque quando escrevo tendo a ser alongado e portanto levou o seu tempo a escrever as linhas que se seguem.

Concordo plenamente consigo!!!!
Se esta análise fosse feita por fases, ia-se perdendo... Já tinha reparado que por vezes se alonga, mas é um prazer ler as suas palavras!!!!

Para quando um livro? Aliado à fotografia com design, :D

MUITOS PARABÉNS
 

Paulo986

New Member
OMFG :shock: :shock: :shock:
que grande analise!

a primeira foto está qualquer coisa do outro mundo!

parabéns pela bela máquina!

boas pedaladas!

cumps
 

Un4s33n

New Member
Grande análise sim senhor!

Discordo no entanto com vários descritivos de vários componentes, entre os quais os Formula k18... Não são progressivos? Exigentes na manutenção? Não tem capacidade de ajuste face ao desgaste das pastilhas?

Caro colega, tenho uns desses com mais de 8000km, nunca precisei trocar o óleo (sangrar), os travões são bem progressivos, mudo as pastilhas e aquilo quase que se ajusta automáticamente, claro que inicialmente preciso afastar os embolos (nada que um alicate não resolva)! Fica o serviço feito em 5 min!

Podias dizer quantos km já fizeste nesse bicho? E há quanto tempo andas nele...

Também sou um feliz Canyonista... apesar de alguns stresses que o quadro já me deu...
 

duchene

New Member
Antes de mais, obrigado a todos pelos simpáticos comentários.

Naturalmente que fico lisonjeado, não só com a disponibilidade que tiveram em ler tão extenso testemunho, mas também porque reconheço alguns colegas de pedaladas cujas intervenções sigo com atenção, como é o caso do 350Plus (e os seus longos e incisivos testemunhos em fixie, singlespeed e estrada/cross/ciclo/qualquercoisa de rodas grandes e finas), e que comungam da mesma filosofia de partilha e explanação que tentei imprimir nesta análise.

Faltam agora apenas os textos relativos ás rodas e forqueta, que já estão alinhavados e devem ser inseridos ainda hoje. Como os blocos de texto foram escritos em dias separados, poderá notar-se aqui e ali alguma pequena incoerência ou flutuação no tom, mas penso que não se tratando de um trabalho académico, se podem tolerar.

Talvez um pouco propositadamente, não coloquei ainda mais fotos no tópico, já que pretendo focar a atenção para já no texto, e na troca de impressões do que por lá se diz. Antes de desmantelar a Helga fiz uma pequena sessão para a registar o formato final de onde resultaram registos de detalhe e tenho mais uma ou duas no exterior, além das normais que se vão tirando aqui e ali. Normalmente não ando com a máquina comigo e ficou certamente por fazer um bom set de fotos com pés e cabeça, no seu habitat natural.

E o carrocel vai rodando...
 

José Martins

Administrator
Só posso concordar com as opiniões anteriores acerca desta análise.
São estas abordagens que acrescentam valor a este espaço e permitem uma verdadeira partilha de informação entre os diversos membros.

Continua.
 

duchene

New Member
Un4s33n, a canyon está comigo há 12 meses exactos.

A esmagadora maioria dos quilómetros que fiz (fora os que não contabilizei porque ando constantemente sem conta quilómetros) foi feita com os K18, uma vez que já vêm da Rockrider 8.2 que montei um par de meses depois de regressar ao BTT.

A minha opinião pessoal e que já debati com alguns utilizadores de formula que corrobaram, é de que não há uma verdadeira progressividade nestes travões. Naturalmente consegue-se dosear a força de travagem com a manete, mas há claramente uma zona em que o travão morde com vontade e a partir daí acaba-se a progressividade. E isto acontece bem mais cedo do que noutros travões, com comportamentos mais lineares, os tais mais progressivos.

Quanto ao ajuste face ao desgaste da pastilha os K18 não fazem nenhum tipo de compensação e a formula sabe disso, já que introduziu nos K24 e superiores a possibilidade de regulares o ponto de contacto das pastilhas com o disco, por intermédio de uma alavanca na manete. Isto permite que o curso e o tacto da manete seja mantido, quer com pastilhas novas, que com pastilhas gastas, bastando que vás rodando ligeiramente a alavanca à medida que as pastilhas se gastam.

Nos K18 não consegues fazer isso. Não é muito perceptível a variação do curso da manete para quem usa os travões regularmente mas quanto mais gastas as pastilhas, mais perto do guiador a manete fica para atingir a mesma força de pressão. Podes ir atenuando esse efeito com o parafuso que regula o afastamento da manete ao guiador, mas não é para isso que ele originalmente serve.

Nunca uso o alicate para apertar os êmbolos, porque não quero marcar o corpo do travão. Uso umas pastilhas a que tirei o abrasivo e uma chave de fenda. O que noto é que, mesmo depois de totalmente recolhidos, há uma tendência dos êmbolos para saírem um ou dois milímetros para fora, o que impede a correcta montagem das pastilhas novas. Noutro caso que acompanho regularmente, acontece o mesmo, daí assumir que é feitio dos Oro.

No final do ano vou mandar sangrar, como habitualmente, os travões. O DOT é hidrófilo e portanto, absorve água. Nessa altura aproveitarei para ver o estado dos vedantes em geral e tentar diagnosticar alguma situação que leve à relutância dos êmbolos em recolher.
 

ny12xx

Super Moderador
Companheiro duchene

Este foi a melhor análise que já li (tanto aqui no Fórum, como em revistas (muitas) da especialidade.

Continua assim.

Um abraço

NY
 

Jorgex

New Member
Por mim, isto só mostra uma rubrica muito procurada em Portugal que é "testes de longa duração", coisa rara de ser ver nas revistas. A VTT volta e meia faz mas de resto... :shock:
 

JorgeSantos

New Member
Parabéns e obrigado André por esta excelente partilha de conhecimento e informação.

Muito boa mesmo! Tomara a muitas revistas da especialidade fazerem 10% do que aqui foi feito.

Fica já garantido pela minha parte, que esta análise será eleita para ir a melhor análise do ano 2009.

Abraço

Jorge Santos
 
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