Bem, estou a responder porque li por alto e vi muita asneira escrita.
As bicicletas utilizam pressões de ar muito mais altas que os carros. Nas btt usa-se algo à volta dos 3 BAR, nas híbridas algo por volta dos 4 BAR e nas bicicletas de estrada, algo como 7 ou 8 BAR. TODOS automóveis ligeiros que conheço, usam uma pressão entre os 2, 2.5 BAR.
O uso de pneus com pouca pressão geralmente NÃO RESULTA em problemas nos raios. Muito antes de tal coisa acontecer (que mesmo assim não consigo imaginar como seria possível), sofre-se furos nas câmaras por compressão do pneu contra as mesmas (snake bite), ou perda total de ar por descolamento de um dos flancos do pneu (caso estejamos a usar tubeless). Pressões elevadas resultam em desconforto e em menor aderência dos pneus ao solo. se a pressão for superior à máxima permitida pelo pneu, poderá mesmo ocorrer o rebentamento da câmara ou pneu ou a formação de papos no pneu (provocados pelo rompimento de parcial de uma camada do pneu).
Os compressores das bombas de gasolina são para encher rodas com válvulas Schrader (válvulas "grossas" com um pino interior que abre a mesma quando pressionado), que são as válvulas dos carros, motas e de grande parte das bicicletas de montanha. As válvulas schrader são mais robustas, fiáveis e fáceis de utilizar que o outro tipo de válvula: presta (também conhecido como válvula fina, com um pino exterior que é preciso desenroscar antes de ser pressionado). Existem outros tipos de válvula para as bicicletas, mas que estão a cair ou já caíram mesmo em completo desuso.
A razão pela qual se usa um tipo de válvula menos robusto nas bicicletas, é o facto das válvulas presta oferecerem menor resistência ao caudal de ar e possuírem uma anilha no exterior do aro que as impede de serem empurradas para dentro do pneu quando a pressão do pneu é demasiado baixa e a câmara está mole. Estas características facilitam imenso o enchimento com uma bomba de ar portátil (que deve fazer SEMPRE parte do equipamento de um ciclista, acompanhado de pelo menos uma câmara de ar suplente).
É possível encher um pneu com válvula presta comprando um dos tais adaptadores mencionados, mas aconselho a que o mesmo seja testado anteriormente em casa ou em condições que permitam o regresso sem ser montado na bicicleta. Estes adaptadores existem em diferentes comprimentos e nem sempre funcionam quando solicitados. Tive uma má experiência há uns anos quando fiz uma viagem longa com uns amigos. Tínhamos um carro de apoio, por isso levamos algum material de oficina connosco. Tentamos não levar ferramenta duplicada e acabamos por deixar a minha bomba de oficina em casa e levamos outra. Ao início da primeira etapa verifiquei que precisava de aumentar a pressão dos meus pneus (tubeless com válvula presta) e verifiquei também que a bomba que tínhamos connosco não se adaptava a válvulas presta. Enchi com a minha bomba portátil, mas não consegui a pressão ideal. Uns kms mais abaixo passamos por uma decathlon, onde comprei um desses adaptadores (bem caro, por sinal). Não enchi imediatamente os pneus, porque calhou de ser num turno em que me cabia a mim conduzir o carro de apoio. Quando finalmente tentei encher, o adaptador era demasiado comprido, não funcionou com as minhas válvulas e acabei por perder ainda mais ar e tive que voltar a encher com a bomba portátil. Resultado: dezenas de kms feitos com pressão insuficiente nos pneus em asfalto. Não foi perigoso, pois a pressão era alta o suficiente para garantir a permanência dos flancos dos pneus colados aos aros, mas foi desnecessariamente cansativo.