A moda dos Bichos-Carpinteiros...

lenda

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O assunto que aqui me traz, nem é novidade, mas parece que está a alastrar-se de modo prejudicial e em desarmonia completa sobre a relação de convivência entre o Bttista e a natureza.
Refiro-me à construção de passagens artificiais (pontes,taipais, etc) sobre os nossos caminhos, construções estas, efectuadas pelo que me é dado ver pelo pessoal das bicicletas. Não estou a incluir neste conjunto os "shores" e rampas (desculpem lá se os termos não são os mais correctos, mas esse não é o meu campo) que o pessoal do freeride constrói para as suas manobras mais radicais. Para mim isso são pistas, e não trilhos.
Refiro-me em concreto a passagens artificiais sobre segmentos de trilhos "generalistas".

Já "delirei" a descer o famoso "singletrack das pontes" em Sintra e felicitei telepaticamente dezenas de vezes o(s) seu(s) construtor(s). Não conhecia o sitio antes de lá terem feito as "pontes", mas dá-me a impressão de que o sitio era intransitável (de btt) anteriormente, sendo aquela tarefa de construção a elaboração de uma verdadeira pista.

O que me faz levantar a voz não são estes casos, mas aqueles em que, sendo o caminho viável, a dificuldade técnica motiva alguém a construir passagens artificiais.
Exemplo concreto. O "singletrack das raízes", no parque natural da Arrábida. (Penso que os habitués, sabem a que single me refiro, mas localizando, o que sobe da estrada a Sul da Qta do Alcube, e vai desembocar na estrada que passa pelo Tanque da Qta do Rego D'Água). Este "single" tem uma parte inicial um pouco técnica nos primeiros metros com alguns regos, e logo após esses regos iniciais, uma zona de raízes salientes, que vão ficando à vista, não só com as nossas passagens, mas sobretudo, com o correr da àgua da chuva, que altera frequentemente o relevo do solo nessa zona.
Sendo um single técnico, a subir, não deixa de ser praticável.
Eu subo-o (e desço-o) frequentemente, sem desmontar da bicicleta. Como eu, dezenas de outros bttistas também o conseguem fazer.
No entanto, outros há que não o devem conseguir fazer... e de entre esses, alguém se lembrou de lá construir um passadiço em madeira.
Mas nada melhor do que uma imagem (fotografada no sentido ascendente):

Img003.jpg


A foto apesar de ser tirada com o telemóvel, dá para ver, o que na minha opinião é um verdadeiro DISPARATE!
Apesar de tornar a subida mais fácil, retirando-lhe a componente técnica, torna a descida muito mais perigosa.
Eu costumava descê-la quase a "direito" e agora vejo-me obrigado a travar para conseguir enfrentar esta passagem, que está em diagonal. Mas não pensem que o que me revolta é o facto da passagem estar "desalinhada" com a minha trajectória de descida. O que me chateia, é mesmo o passadiço. Não há razão nenhuma, para construir aquilo naquele sitio. Passava-se lá de bicicleta. Se continuamos nesta "onda", qualquer dia aparecem rampas de madeira para subir passeios... ou alcatroamos os trilhos, para ser mais fácil.
O enquadramento e a harmonia com a natureza também penso que não estão a ser respeitados.

Mas isto, sou eu e o meu mau feitio.
Digam lá vocês o que pensam sobre o assunto.

Boas subidas, (técnicas e sem passadiços)

Carlos Silva
 
Mas aquilo é assim tão mau de passar lá :?: :?: :?:
É que não parece, logo essa passadeira é injustificavel lá.

Se isto pega moda e em sitio assim já tou a ver uns belos milhares de passadeiras dessas espalhadas pelo país :twisted:


Abraço
 

JCSC

Member
Ate pode nem ter sido o pessoal das bicicletas, podem ter sido pedestres sei la. Ou sera algum morangomoda que achou que aquilo estava muito dificil de passar sem a dita passadeira ?
 

andrextr

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Eheh, agora inclinas o passadiço para fazer de rampa de aterragem e metes um monte mais acima e dá para fazer um salto fixe :D

Mas de facto é uma cena um pouco estupida!... Aquilo é muito facil de passar, a menos que seja a alta velocidade numa bike sem suspensões...
 

fg

New Member
Sugestão:
Por que não agarrar nas tabuinhas e despejá-las no lixo ou utilizá-las para outro fim ?
Limpar e manter os trilhos, também faz parte das nossas "obrigações"....
 

crx16v

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Se por aí andasse regularmente ainda, podes crer que já lá tinha passado com uma machada no bolso do "maillot"! Estupidez pegada...
 

José Martins

Administrator
Estão admirados? como é que acham que os portugueses ganham tantos daqueles concursos internacionais para inventores?
Na volta, aquilo até já está patenteado.
 

Ludos

Benevolent dictator for life
Staff member
No sábado já devo estar por Aires, alguém quer ir comigo lá e desfazer esse lindo serviço ou vou ter que arrancar o tabuado sozinho? 8)
 

MarcoB

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Ludos said:
No sábado já devo estar por Aires, alguém quer ir comigo lá e desfazer esse lindo serviço ou vou ter que arrancar o tabuado sozinho? 8)

Sábado?

Basta avisares :)
 

HR

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Que engraçado...

E eu a pensar que só em Paços de Ferreira é que se faziam grandes "obras" em madeira :) :) :) ...

Abraços e bons trabalhos de remoção, eu até ia mas sou de longe... (Paços de Ferreira) :wink:
 

Rasteiro

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Viva,
Epá, não façam asneiras, lixo não, reutilizem essa madeira para fazer uma sardinhada :lol:, e deixem lá as espinhas.
Cumps.
 

bangpower

New Member
Boas,
Eu não conheço o local, nem tao pouco sei se faz parte de uma propriedade privada ou não, mas ja pensaram q no local podem ter que passar outro tipo de veiculos que não bicicletas. Não estaram a ser um pouco precepitados no que toca a ir la e partir tudo assim sem mais nem menos?
 

José Carlos

New Member
Bem, em relação a este assunto, que tenho andado a evitar responder, porque o sangue começa logo a subir á cabeça
(o que, diga-se de passagem, é fácil), só tenho a dizer o seguinte:

Quem faz uma coisa daquelas não tem respeito por nada nem por ninguém e como já foi referido inúmeras vezes,
não está minimamente preocupado, pois quando acabar (e vai acabar) acaba para todos, mas esses estão-se a cag***r,
pois nessa altura a moda já é outra. Acho que não preciso dizer mais nada.
Quem lá passou comigo aqui há um mês e tal viu a minha reação e a quantidade de #%&="#!!* que eu disse!

Entretanto surgiu-me uma dúvida. E se aquilo afinal até for benéfico para os trilhos?
Eu explico. Eu conheço aquele trilho há 5 anos (ou mais), quase sempre o fiz a descer até há
uns tempos atrás quando finalmente consegui uma forma física que me permitisse arrastar por ali acima, o que não é fácil.
Assisti, e lembro-me disto perfeitamente, ao "desmoronamento" parcial de uma parte desse trilho,
um pouco mais abaixo num ano de muita chuva,
se não me falha a memória foi em 1998, e também assisti ao aparecimento daquelas raizes todas que nessa altura mal se viam.

Ou seja, fazendo um pouco o papel de advogado do diabo, será que aquela aberração (isso ninguém lhe tira) não evita a erosão do solo,
que graças ao cardado dos nossos pneus constantemente a passar-lhe por cima vai ficando cada vêz mais solto permitindo que o vento e a água arrastem as terras por ali abaixo?

Qual é a vossa opinião?

Coloquei a mesma questão no fórum da STW, uma vêz que os Ingleses têm muita experiência nesta matéria, e as respostas são muito variadas, com tendência para a destruição daquilo.

Vejam em http://www.singletrackworld.com/forum/read.php?f=2&i=2504424&t=2504424

Entretanto também vou pedir ajuda à ProTrilhos e se for preciso à própria IMBA.

Aguardemos pois!


Editado:
Entretanto lembrei-me de uma coisa.

Aqui há uns tempos atrás retirei precisamente do final desse trilho (em cima), uma fita
vermelha e branca com as iniciais C.M.Setúbal.
e que marcava todo o trilho, com a intenção de procurar saber que teria sido o responsável por essa marcação.

Entretanto o tempo passou e nada fiz, mas foi precisamente na mesma altura em que apareceu a tal aberração que as fitas lá ficaram.

Eu não passo lá há algum tempo (nem lá nem em lado nenhum... :( ) e não sei se ainda lá estão, quer as fitas quer as tábuas,
mas deixo aqui uma foto das ditas que levei para casa para ver se alguém reconhece.

Não quero levantar falsas suspeitas, e até pode ter sido uma infeliz coicidência, mas vale
a pena tentar saber que é o responsável.
Além disso as fitas são muito genéricas e provávelmente a C.M.Setúbal fornece as mesmas a todas as organizações, por isso se alguém utilizou aquelas fitas noutros locais ou se já as retiro ou ainda se não tem nada a ver com a construção de pontes em madeira, que me desculpe.

Alguém participou num passeio que passou pelos lados da Quinta do Rego d'Água (tanque) ou pelo Alcube e conheça estas fitas?
Lembram-se de ver pontes em madeira nesse passeio?
fitahf8.jpg


Vamos ver se é para retirar aquilo ou não.
 

Ludos

Benevolent dictator for life
Staff member
Por acaso ainda não la voltei para arrancar aquilo :oops:

Respondendo à hipótese que o bangpower colocou, é fisicamente altamente improvavel (diria mesmo impossivel) haver um veiculo que necessite de la passar, e que só o consiga fazer com o passadiço lá, isto porque naquele trilho mais abaixo, está um enorme rego que a agua escavou, portanto não é certamente alguém com um carrinho de mão, veiculos com mais que duas rodas também não passam la que o trilho é estreito, portanto a hipótese que colocas, à partida está excluída (digo eu...).

Em relação à dúvida do José Carlos, acho que o inverno demonstrará se aquilo é benéfico ou não para o trilho. Será a erosão causada pela passagem das bikes naquele solo assim tão significativa?
Acho que no inverno a agua vai continuar a escorrer por alí abaixo e a levar o que tem a levar, não é por o passadiço evitar o contacto das nossas rodas no chão que a coisa fica atenuada (digo eu... mais uma vez), o passadiço poderia sim ser desmontado e utilizado para fazer uma espécia de barreira, para suster a terra, e evitar um deterioramento maior do trilho.

Na minha opinião pessoal, está alí um bom exemplo onde se poderia fazer algum "Trail work", o problema aqui é entrar em diálogo com o P.N. Arrábida e o ICN, ao género do que o CPFreeride faz em Sintra, depois disso acho que é fácil arranjar aqui no fórum alguns voluntários para ir lá a cuidar do trilho.
Ou então podemos sempre fazer como os tipos que la colocaram o passadiço e entrar na onda do "é tudo nosso e fazemos o que queremos", evitam-se as burocracias, mas provavelmente na infelicidade de sansações aos bttistas por outras situações de desrespeito (tal como já aconteceu em Sintra) não teremos razão.

Em relação a quem colocou la o passadiço, não tenho nada para dizer :wink:
 

loster

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Tenho umas quantas coisas a dizer sobre este assunto.

Pelo que deu a entender nessa fotografia, dá para passar um pouco ao lado das raízes mais visiveis, pelo que quem fez esse passadiço, só pode ter sido alguém que gosta de perder tempo a fazer coisas que não passam pela cabeça de ninguém e que não deve entender nada de bicicletas, nem de como melhorar o trilho sem prejudicar os outros.

Aos utilitários desse trilho por favor deixem esses trilhos bem seguros e limpos, e com certeza os mais naturistas e desportitas devem tomar uma decisão extremamente acertada para essas "obras de arte".

Eu já fiz duas pistas em dois locais diferentes, e nos dois sempre dei primórdia às várias vertentes do BTT.

Dois montes onde se passam umas belas horas de pura diversão e natureza, alguns trilhos juntavam-se pelo que tomei a liberdade de alargar um pouco os mesmos para todos poderem circular à vontade, saltando, rolando, subindo, etc.

Para esses montes, segui muitas dicas da IMBA, pedi muita ajuda a vários habitantes, pelo que uns levavam para fazer fogo nas lareiras, outros que levaram escadotes para curtar alguns ramos que atrapalhavam, ou seja os montes ficaram limpos e de agrado de todos inclusivé dos donos dos mesmos.

E a relembrar que fazem bons joggings pela fresca nestes montes.
 

José Carlos

New Member
Só para informar que esta aberração já não se encontra no local. Teriam sido os autores!? :-K

Passei lá no domingo e realmente aquele trilho sem "auto-estradas" é um desafio espectacular (a subir) com uma bela dose de adrenalina (a descer). :lol:

Quanto ás minha dúvidas em relação à conservação do trilho, a resposta da IMBA não demorou a chegar (1 dia, ao contrário das 6 ou 7 entidades nacionais a quem enviei um mail com um pedido de ajuda, onde se incui: o PNA, ICN, CMS, CMP entre outros, e que até hoje...), e segundo eles os elementos naturais (vento, chuva, etc...) são os responsáveis pela sua erosão, mais do que os pneus da bicicletas.

Em todo o caso eles consideram o trilho "insustentável" do ponto de vista ecológico e recomendam uma alternativa, mas não o que ali estava. Será que conseguimos / queremos fazer alguma coisa?

Depois de ver o interesse mostrado pelas entidades que considero responsáveis por estes assuntos, sinceramente, acho que não me vou esforçar muito.

Fica aqui a resposta para Inglês ver:
Jose,

First of all, the trail isn't real sustainable in an ecological sense. Water is moving soil away from the tree roots rather than tires. At some point the roots will be completely out of the ground, will start breaking, and the future of the tree will be in jeopardy. I believe our right to ride on the land, whether mandated by policy or by our own joint sense of stewardship and appreciation for the land, should come with the responsibility of not harming an area.

Don't get me wrong, I love a rowdy trail, but think that we should be able to design these sustainably rather than wait for enough erosion to occur where the trail becomes difficult to ride. If we watch this happen to every singletrack around, we begin to shut off the sport to newcomers and our children because they won't have the capacity to ride difficult trails when they learn to ride and the bumps and bruises that they get from riding this type of trail will discourage them from a second ride.

So, if this trail is typically very technically challenging along its course, I would remove the badly constructed ladder bridge and look for other options to keep the trail difficult to ride without it having to erode to that state. If this trail is typically smooth and non-technical, I would advise a re-route the trail along the contour to remove the erosion problem and market the trail to newer riders, but to leave the bridge until that is done, as it does provide at least some protection to the exposed roots.

The short story- the trail shouldn't be aligned the way it currently is.


Best of Luck,
Scott


Scott Linnenburger - Director Of Field Programs
International Mountain Bicycling Association
PO Box 7578, Boulder, CO, 80306 USA
ph: 303-545-9011 x 117, fax: 303-545-9026
email: scott@imba.com, web: http://www.imba.com


What would we do without trails?

Editado: Já agora, só para se saber, já são conhecidos os autores da proêza, mas como ainda não há provas concretas (nem nunca vai haver) e a resposta ao e-mail enviado foi igual à das entidade contactadas sobre o problema, não o vou divulgar. Está registado neste fórum e tudo.
 
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