Para a maioria dos participantes a principal recordação desta maratona será o calor infernal que se fez sentir, agravado para os participantes do X100 menos rápidos (mas pessoalmente, não considero que esse seja motivo suficiente para alterar a data da maratona; quem foi, sabia ao que ia).
Globalmente, a organização esteve bem. Disponibilizou previamente toda a informação relevante, separou a partida dos 60 e 90km e publicou os tempos rapidamente.
O percurso em geral foi agradável, com trilhos variados e bem escolhidos, embora com um ligeiro excesso de alcatrão. Não sendo deslumbrante, a paisagem da zona é aprazível e convidativa ao BTT, com relevo para a travessia de algumas das aldeias de xisto.
Isto até cerca do km 60. A partir daí apareceram alguns carreiros pedestres demasiado técnicos, estreitos, perigosos ou não cicláveis que quebraram o ritmo do percurso. Combinados com a fraca marcação e o calor, questiono-me se a sua inclusão (sem opção de os evitar) se justifica, e se haverá um número significativo de participantes que aprecie passear pelo meio de pedregulhos com uma bicicleta às costas usando o calçado menos adequado possível.
Além disso, enquanto deambulava pelo meio das pedras tive o infortúnio de incomodar um vespeiro, sendo prontamente recompensado com múltiplas e dolorosíssimas picadas. Só não desisti porque estava longe de qualquer possível ajuda.
Já perto do final, nas margens de uma barragem junto a Castelo Branco, mais um carreiro pedregoso e mal marcado, que embora possa ter piada numa descontraída volta de 20km, resultou absurdo quando já se percorreram 90km sob um sol abrasador e as capacidades físicas e mentais atingiram o limite.
As marcações, embora presentes, revelaram-se escassas, obrigando a uma procura atenta e desgastante. Basicamente deveriam ser mais abundantes e visíveis. (Não pretendo entrar na discussão sobre o GPS como alternativa, porque além de não estar suficientemente divulgado, não resolve todos os problemas. Basta verificar que sistematicamente, ano após ano, existem organizações que marcam bem os percursos, e outras marcam mal, apresentando sempre as mesmas justificações, conhecidas de todos.)
Os abastecimentos foram suficientes, com abundância de água e Isostar. Almoço bom. Chegando tarde, embora muito antes do encerramento da prova, já não pude lavar a bicicleta, mas a surpresa pior viria a seguir sob a forma de um banho de água quente, com temperatura não regulável, naquele que foi seguramente um dos dias mais quentes do ano!
Em conclusão não tenciono voltar, pelo menos se os carreiros excessivamente técnicos e não cicláveis se mantiverem. Podem ser “selectivos” em termos competitivos, mas eu prefiro “des-seleccionar-me” previamente. Sou grande apreciador da zona, mas com maratonas de superior qualidade como Alcains ou Paul, por exemplo, existem alternativas bem mais agradáveis e gratificantes no final.