Scott Spark 930 (2017)

Bem finalmente chegou o dia pelo qual esperei longas semanas... tudo começou quando testei uma Cannondale FS-i Carbon 2 e disse na loja que tinha curiosidade em depois experimentar uma 29er FS para ver a diferença de comportamento entre 29er rígida e uma de suspensão total. Parece que a Spark estava ali escondida atrás de mim a ouvir a conversa... depois de uma breve olhada para a bike reparei logo no espigão telescópico e algo me disse que aquilo queria ripar a sério já que fazia assim tanta questão que lhe baixasse o selim em andamento. É um pormenor que leva as coisas a outro nível na minha opinião.



Fui paciente e eis que recebi notícia de uma acabadinha de chegar para testes e fui o segundo a andar nela após a volta inaugural do proprietário da loja. Preparámo-la com um setup apropriado ao meu peso com 25% de sag na frente e 30% atrás e aproximadamente 2bar nos pneus já convertidos em tubeless. (Mais tarde apercebi-me que o Maxxis Forecaster atrás talvez precisasse de ligeiramente mais pressão pois bati numa pedra a rolar e o impacto contra o aro ofendeu o pneu de lado impossibilitando que vedasse. Tive de recorrer a câmara de ar para me safar embora o furo fosse lento.)







Pessoalmente gosto do setup da transmissão com prato único tal como uso na minha bike de enduro e isso tornou a experiência nesta bike bem familiar. No cockpit torna-se tudo mais simples e se tivermos em conta que a Spark vem equipada com twin-lock para controlar remotamente e em simultâneo o amortecedor e suspensão creio o facto de possuir prato único favorece a gestão de comandos no guiador. (Imagino a trabalheira que seja para um rider gerir 2 shifters + twinlock + dropper post!!! Para não falar da dor de cabeça que deve ser a manutenção de tantos cabos...)

A plataforma ciclística é muito boa tal como me foi mostrado na loja com o funcionamento do amortecedor em andamento. O twin-lock é uma grande mais-valia da marca e algo que sempre gostei bastante que permite ajustes precisos on-the-fly sem qualquer dificuldade. Apesar de se poder usufruir deste comando para trancar total ou parcialmente o amortecimento da bike acho que mesmo na posição aberta a bike permite uma pedalada bastante eficaz sem existir a sensação do dissipar da energia com o efeito do "pedal-bob" que é mínimo mantendo sempre uma ciclística muito reactiva.

Depois do uso que dei à bike com o sag que mencionei antes posso dizer que nunca fiz bottom-out aos 120mm de curso da suspensão e amortecedor. Sente-se a rigidez característica de um quadro específico para XC nos impactos mas com o rebound bem ajustado (mais lento atrás e intermédio/rápido na frente) a bike reage sempre de forma muito controlada após o ciclo de compressão. Nunca senti a bike nervosa ao ponto de me sacudir descontroladamente depois dos impactos o que me agradou e confesso que me deixou surpreendido.



Dá-me sensação que a base é um pouco comprida entre eixos mas digo-o sem grande experiência pessoal em 29ers especialmente de suspensão total. Talvez ainda não esteja bem familiarizado com o tamanho das rodas e por outro lado também creio que o ângulo de direcção contribua para esse efeito que senti. Quando a isto não posso dar uma opinião demasiado fiável... talvez seja uma questão de habituação.

No entanto não senti perda de agilidade a manobrar a bike e até posso dizer que o peso (não) se faz sentir no que toca a puxar a bike de um lado para outro no ar pois isto faz-se com uma facilidade tremenda e dei por mim a encaixá-la com extrema facilidade onde na minha bike de enduro que é mais pesada e ainda 26er me parece dar mais trabalho ou precisar de mais velocidade. Em curvas houve só um caso em particular que me deixou frustrado por não conseguir encaixar lá a bike mas prefiro atribuir as culpas ao estado do piso que estava escorregadio depois de uma manhã de chuva e era uma zona demasiado técnica do que culpar o tamanho das rodas. Talvez com um pneu à frente ligeiramente mais agressivo nas laterais ajudasse a ganhar uns pontos extra nesta situação em particular.

Em relação a tracção quando vamos a vergar os cranks a pedalar à bruta, a subir e até mesmo de pé tenho de dizer que esperava sentir a bike a derrapar e para minha surpresa ela continuava a morder bem o piso e a subir sem hesitação. Isto pode não se aplicar em todas as condições mas onde o fiz esperava um resultado menos favorável e enganei-me.

Resta-me deixar o video que editei com filmagens desta tarde aos comandos da Spark para tirarem as vossas próprias conclusões.

[video=youtube_share;Mc6ZfQ7q158]https://youtu.be/Mc6ZfQ7q158?list=PL_fgiw3Ih19YnO7Nvk73whVuqlfJ9_QT H[/video]

Se não conseguirem o video em dispositivos móveis devido aos conflitos de áudio (parvoíce) do youtube deixo este link alternativo para a minha página do Facebook:

https://www.facebook.com/carecovzki2011/videos/1329659010427686/

No final esperava ver a bike com o "berço" inferior do amortecedor cheio de lama e afinal de contas praticamente nada é projectado para o seu interior além de ligeiros salpicos como se vê nas imagens abaixo.



 
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davidream

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bOAS!
Thks Carecovzki pela partilha!é sem dúvida das mais valias que se tem no forúm! a partilha de informação:yeah:

O Video está 5 * !

Estou curioso apenas numa coisa,quando andares mais com a bike,podes partilhar a tua opinião sobre o dito ajuste do Sag/Rebound (frente/trás)neste quadro novo da Spark.
Vou receber uma 900 RC Pro,e queria ter um input sobre o melhor ajuste do mesmo ;)

Thks
 
Qual devagar? Não viram já que a bike é para andar de faca nos dentes? HEHEHE ;)

Quanto ao sag depende um pouco da combinação do amortecedor + sistema de links da bike (vulgo geometria) mas regra geral os 30% de sag são uma marca standard para permitir que se obtenha uma boa "leitura" do terreno. Pouco sag dá menos sensibilidade e reduz drasticamente o propósito de uma bike de suspensão total aumentando a sua rigidez (para isso existem hardtails!)... e demasiado sag "afunda" demasiado a bike que contribui para esgotar facilmente o curso.

Ter em atenção que o ajuste do sag convém ser feito com o equipamento todo que se usa nos passeios/provas pois não é só o peso do rider que conta. Visto que é um segmento em que a maioria dos ciclistas se preocupa com gramas convém levar esse princípio também para os ajustes da bike em relação à pressão utilizada no amortecedor e suspa.
Este tema pode ser desenvolvido se entrarmos no mundo dos espaçadores de volume para aumento de progressividade e por aí fora...

O rebound é algo que é comum a ser ignorado pois poucos se preocupam em mexer nisso mas acho que é um ajuste importantíssimo para o controle geral da bike. Tudo é na verdade... mas sendo o rebound algo bastante frequente em todas as gamas de suspensões e amortecedores convém no mínimo entender o seu funcionamento. Pouco rebound provoca uma recuperação lenta e demasiado faz um efeito tipo "pogo-stick". Nem 8 nem 80 mas pessoalmente prefiro rebound mais lento atrás e intermédio/rápido na frente.

Atrás (não na roda traseira mas no amortecedor) é onde se concentra a maior parte do peso e o centro de gravidade e também onde se gere a maior parte do equilíbrio ao andar de bike e por isso idealmente deve-se ajustar o rebound a partir do lento aumentando progressivamente até chegar ao sweet spot. Aumentando demasiado provoca uma recuperação muito rápida e o efeito "mola" pode causar descontrolo porque projecta o rider tipo os cavalos selvagens dos rodeos, lol. (exemplo drástico ;) ) Com pouco rebound a bike pode não recuperar a tempo em impactos consecutivos se o terreno for irregular e dá sensação de estar sempre a bater no fundo.

Podem ver este video do meu amigo AndréXTR que explica esse ajuste.
https://youtu.be/BiHQd4mzl3Y?list=PL4tH8eqoJoZ-puE8n0kDNVdCuKL7ySEAv

Na suspensão prefiro um rebound ligeiramente mais rápido para uma leitura eficaz do terreno e manter sempre o cockpit na sua posição natural promovendo maior controlo nos obstáculos aos quais nos aproximamos.
 

davidream

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bOAS!!

Thks pelas dicas,se por acaso andares mais com a bike e poderes ir dando um feedback mais "longterm" a malta agradece ;)

Abraço!
 

nunokas

Member
Boas.

Bela análise e vídeo Carecovski. Muito bem detalhada e "vivida" :)
Ou seja, com fox 34 e 120mm de curso fica uma bela bike de trail não é?

Adorei também o teu vídeo com a slate. É bom ir percebendo que isto não é estático e desmistificar certos preconceitos.

Venham mais.

Cumps
 
Espero ainda dar pelo menos mais um passeio nela mas sem a preocupação das filmagens já que nesta primeira vez foi onde perdi mais tempo em vez de me concentrar tanto do resto embora tenha dado perfeitamente para ter noção do potencial da Spark. E sim os 120mm são bem capazes de limpar tudo! Pessoalmente desfruto imenso ao poder mostrar que certos segmentos de bikes vão muito além do que é suposto. E normalmente o que acontece é isso mesmo... o rider atingir o limite mais rapidamente que a bike.
 
GPS da Gopro ON! E siga pelo trilho abaixo!!! Raio da bike é mesmo MUITO capaz! Acho que fizeram uma bike de enduro sem saberem...

[video=youtube_share;ECaSij4hN8E]https://youtu.be/ECaSij4hN8E[/video]
 
Bem, o primeiro ride foi o que foi... deu para ter uma noção muito superficial do que é esta bike mas a maior parte do tempo foi a carregá-la às costas para as filmagens do clip que mostrei inicialmente.
Desta vez fiz a desforra!!! :twisted: Foram 40km dos melhores trilhos na zona de Palmela incluindo os mais técnicos e impiedosos.

Sag ajustado a 30% à frente e atrás e desta vez o amortecedor pareceu-me mais sensível. Provavelmente as primeiras utilizações tendem a "acamar" o retentor que depois ganha um funcionamento mais eficaz. Uma das alterações que os riders anteriores fizeram foi ajustar os carris do selim puxando-o o mais à frente possível. Isto faz com que se pedale mais verticalmente em cima do eixo pedaleiro e a melhoria foi notável. O pneu de trás também foi mudado para um mais estreito e rolante na medida 2.20 e apesar de rolar muito melhor deixa a desejar em tracção especialmente a subir em terreno solto e a curvar mais à bruta. Pode até tornar-se divertido sentir a traseira assim mais viva com um pneu que agarre menos mas há situações onde se perde mais do que se ganha.

Não sou viciado no "escrava" mas confesso que neste passeio me deu algum gozo olhar para as stats (apesar de alguns bugs no mapa) e vi que esta bike é muito mais rápida do que a minha de enduro na maior parte dos casos. Aliás depois de cada trilho tinha mesmo essa sensação sem ser necessário ver os resultados. Houve excepções em que parei para fotografar e tal e não pude analisar ou ver diferenças.

A rapidez deve-se claramente ao tipo de plataforma da bike, ao peso e o tamanho das rodas... tenho de o dizer e finalmente comprovei que as rodas 29 limpam mesmo tudo no caminho. O ângulo de direcção também é generoso e facilita a abordagem em terrenos mais agressivos. Não lhe senti qualquer perda de agilidade devido às rodas 29 e o raio da bike incentiva mesmo a largar travões nas descidas e a pedalar que nem um doido nos trilhos a fora porque responde de forma incrível à potência aplicada.
Requer é cuidados redobrados na escolha das linhas o que por sua vez até pode não ser visto como algo negativo mas sim como um aperfeiçoamento na pilotagem para se fazer uma leitura melhor do piso. Só em sítios com muito calhau é que o esqueleto se sente com isso mas lá está... a limitação é mais do rider do que a bike porque se a metermos nessas zonas ela não se nega.

Nas subidas o lockout ajuda imenso e utilizei-o bastante não só a subir como a rolar. A posição intermédia pessoalmente não lhe vi grande utilizade... usei sempre aberto ou fechado. Mesmo com o bloqueio total a bike cede ligeiramente (não confundir com pedalbob porque não se trata disso) e isso mantém de certa forma algum conforto a não ser que esteja a rolar por piso muito irregular. Só dei por mim a fazer subidas na posição aberta quando já estava ligeiramente cansado e optava pelo conforto para descomprimir. Sentir a bike a bombear parece que nos tira um pouco aquele incentivo de pedalar à bruta que acontece quando está tudo trancado e se sente a intensidade total de cada pedalada.
 
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