Rota Vicentina para 2014 Aldeias Históricas

ignite

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Desculpa ser chato:

Desmontar e colocar dentro de uma caixa que caiba debaixo do banco e não exceda o volume blablabla ou apenas desmontar as rodas?
 

anarciso

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Olá,
desmontei as rodas e o espigão do selim, atei as rodas com fitas de electricista (serrilha) de lado ao quadro enfiei o bloco dentro de um saco plástico de 260 litros e envolvi com fita de pintor aquela de papel, assim:
2di1tzp.jpg

depois veio na zona de bagagens, até cabiam na zona destinada a bagagem que fica por cima dos lugares sentados
 

anarciso

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Olá, obrigado Paulo, quanto ao transporte é importante divulgar que a partir de 2015 já se pode transportar bicicletas no Intercidades sem desmontar, a nova legislação assim o obriga e segundo consta já estão a ser tomadas providencias.
 

anarciso

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Olá malta,
à semelhança do companheiro pedromadrugo noutro tópico e copiando a ideia, vou transcrever o texto do relato desta travessia para quem não tem FaceBook poder ler e aproveitar algumas dicas, as fotos é que ficam mesmo só por lá.

Iniciei esta coisa da Rota Vicentina à cerca de 3 anos, comecei nos 2 primeiros pela Rota dos Pescadores (ou algo parecido) nesta rota decidi seguir o conselho de alguns amigos e copiar as alterações por eles efectuadas, pois para se cumprir com rigor só mesmo a pé devido a muitas zonas de areia e algumas arribas onde se torna perigoso andar de bicicleta. À 2 anos ao analisar a Vicentina reparei que tem inicio em Santiago do Cacem o que implicava uma deslocação para este local, ao ler outros relatos reparei que o pessoal normalmente ou vai de carro até Santiago ou de bicicleta por estrada o que me desagradou na altura por isso pedi a pessoal amigo alguns tracks da zona para retirar alcatrão ao percurso entre Tróia e Santiago, o que foi conseguido com relativo êxito mas acresce alguma dificuldade à coisa, tive o mesmo problema para a questão do regresso de Sagres, como a opção comboio me pareceu boa lá tratei de arranjar alternativa à Nacional 125 (Sagres/Lagos) e o que me arranjaram foi um track pedonal, pela costa que viria a mostrar-se muito duro, mas com vistas espectaculares.
Para este ano (2014) decidi percorrer a Vicentina com rigor e para tal optei pelas Aldeias Históricas, que juntamente com os troços Tróia/Santiago do Cacém e Sagres/Lagos dá qualquer coisa como 320Km de comprimento, 6904m de subidas e 6905m de descidas no total.
Como só consigo férias em Agosto o calor iria ser uma dificuldade acrescida mas se é para fazer é para fazer e assim comecei a planear a coisa. O meu companheiro desta travessia foi o meu amigo Joaquim Mateus a quem eu agradeço a excelente companhia, e que teve a paciência de me aturar nestes 4 dias de puro BTT (ganda maluco).
Pela experiencia de outras lides tentei dividir esta travessia em etapas entre os 70Km e os 80Km o que daria um total de 5 dias para finalizar a coisa, não tal foi possível devido à pouca informação e até inexistência de locais para pernoitar, assim tive de inflacionar os Km das etapas e retirar um dia ao projecto o que se revelou excessivo, o ideal são realmente 5 dias e etapas de 70Km no máximo. Mesmo assim não foi fácil arranjar local para dormir no final do 1º dia para tal contei com a simpatia do Sr. Presidente da Junta de Freguesia do Cercal do Alentejo o Sr. António Albino a quem agradeço a simpatia de nos facultar um excelente local para tomar banho e dormir (ver fotos do 1º dia)  as restantes noites foram nos parques de Campismo do Serrão em Aljezur, no Parque de Campismo de Sagres e no ultimo dia no Parque de Lagos, mas chega de explicações vamos ao relato da coisa (pelo menos do que me lembrar).

Vicentina 2014 Aldeias Históricas-1ºDia Tróia-Cercal
Primeiro dia 14-08-2014, chegamos à Estação de comboios da Moita pelas 6:15 para apanhar o comboio das 6:37 para Setúbal, chegamos ao porto para o Ferry das 7:30 mas antes fomos matar um café na zona dos restaurantes junto às docas. Devido a avaria só saímos quase ás 8:00, assim que chegamos começamos a bom ritmo entramos nos arrozais até ao Carvalhal onde fomos trincar um bolo e mais um café, passamos pelo Pinheiro da Cruz (estavam cheios, não nos quiseram por lá) e rapidamente chegamos ao ponto de referência o Restaurante da Ti Rosa do Arroz de Pato, referência porque é neste ponto que se abandona a estrada principal para mais à frente entrar nos trilhos a nosso gosto, entramos de raspão em Melides, e logo de seguida um cheirinho do que é a o Alentejo, fomos progredindo passando por várias Aldeias abastecendo sempre que era necessário pois o calor já apertava mesmo a chegar a Santiago tivemos a primeira avaria, o Joaquim partiu a corrente que rapidamente foi resolvida, tendo um companheiro já com alguma idade a assistir à reparação. Entramos em Santiago e fomos comprar fruta para o almoço, comprei 4 pêssegos enormes mas do mais reles que provei até hoje dasssss, subimos (e muito) até ao alto onde se encontra a Igreja Matriz de Santiago do Cacém e tem inicio da Rota propriamente dita, descemos um pouco onde se parou à sombra para entalar uma sandes de presunto e os reles dos pêssegos , depois foi descer e começar comtemplar a Rota que não posso deixar de referir está toda ela muito bem marcada. Foi um sobe e desce habitual nesta zona, mesmo antes de Paiol foi a minha vez de avariar, o Tubless da frente entregou a alma ao criador, mas uma camara de ar resolveu a coisa, depois foi rolar até Vale Seco debaixo de um calor terrível onde bebi a coca-cola mais saborosa de sempre (tal não foi o calor) entramos no Conselho do Cercal, passamos por uma casa onde estava um individuo enorme, já com alguma idade sentado à porta, pedimos água e foi-nos oferecida estadia agradecemos mas fiquei com o contacto para futuras travessias, este indivíduo foi um antigo atleta de Rugby conhecido como o João Campeão, depois de abastecer continuamos, aqui o terreno já nos é familiar do Alvalade-Porto Covo, antes da Barragem de Campilhas ainda nos saiu no trilho uns porcos pretos que por ali andavam à solta, antes do Cercal tivemos a companhia de um companheiro do pedal que ia para S. Luís e foi connosco até ao Campo de Futebol onde terminamos a 1ª etapa, depois foi esperar um pouco pelo nosso anfitrião que nos mostrou os aposentos que nos tinha reservado (Praça de Toiros do Cercal). Á noite fomos jantar ao centro e dormir pois o dia seguinte tinha alguma altimetria e o primeiro foi desgastante.
Dados do primeiro dia:
Distância- 110Km
Acumulado Subida: 2025m
“ “ Descida: 1929m
 

anarciso

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Vicentina 2014 Aldeias Históricas-2º Dia Cercal-Aljezur
Segundo dia 15-08-2014, à partida já sabia que esta seria a etapa mais dura da coisa, e assim foi, acordamos pelas 7:00 fomos ao centro da Vila comer qualquer coisa e partimos pelas 8:00 (devia ter sido mais cedo), o sobe e desce foi uma constante neste dia, mas o comprimento das rampas tanto a subir como a descer foi aumentando, para a primeira visita do dia (Rocha D`água de Alte) fizemos um desvio de 600m a descer , esta rocha ou rochas são umas cascatas que estavam secas mas que devem de ter uns bons 60m ou mais de altura, na Primavera com água deve de ser um espectáculo , mesmo assim deu umas quantas fotos, depois das fotos regressamos ao trilho e tem inicio uma rampa de vários Km que parece interminável, a cada curva quando parece que vai endireitar aparece outra rampa mais a pique dassssssss, os alforjes parecem puxar a bicicleta para traz, o que obriga a desmontar algumas vezes para tomar ar e tirar umas fotos, pelas 10:00 já a temperatura andava alta adivinhava-se um dia escaldante, os 11 Km até S. Luís nunca mais acabavam, “Os Km aqui na Vicentina tem mais metros” esta foi uma frase repetida durante todo o dia. Chegados a S. Luís pelas 11:00 fomos repor calorias com fruta e sandes de presunto, souberam a marisco, reabastecemos com água e siga. A partir daqui foi um dobe e desce constante por caminhos áridos e de pedra, o habitual no Alentejo, mas que de vez em quando no final de uma descida apareciam os ribeiros muitos ainda com água alguns davam para refrescar, neste ponto a Rota percorre alguns Km paralelos aos ribeiros em que a vegetação proporciona uma vista magnifica e um fresco agradável, mas que de vez em quando é interrompido por rampas longas que provocam um desgaste enorme. Antes de Odemira surge o “Pego das Pias” o que obriga a um desvio de 1 Km, o meu companheiro de viagem não resistiu a um mergulho, regressados ao trilho foram mais umas rampas até Odemira, onde fomos matar a sede num Bar “Jardim da Fonte Ferrea” muito agradável, passava ali o resto do dia mas tinha-mos que chegar a Aljezur e ainda faltavam alguns Km. Saímos de Odemira pela ponte de ferro e fomos paralelos ao Rio Mira por alguns Km, cruzando algumas ribeiras que desaguam no rio, mas rapidamente surgiram as rampas o sobe e desce para temperar as perninhas, antes de S. Teotónio paramos na aldeia de “Quintas” para um geladinho e o respectivo abastecimento de água, finalmente surgiu S. Teotónio uma simpática aldeia tipicamente Alentejana muito bem conservada, faltavam 17 Km para Odeceixe, estes 17 Km iriam provar a nossa teoria de que na Rota Vicentina os Km têm muitos mais metros que no resto do País  a saída de S. Teotónio é feita por uma Azinhaga muito agradável mas rapidamente começa a dar lugar a um eucaliptal com rampas com uma % fora do vulgar e intermináveis, foram os 17 Km mais compridos que percorri até hoje até dói. Chegamos a S. Miguel onde já se sentia o cheiro a mar a ribeira de Odeceixe estava já ali, faltavam 18 Km para terminar a etapa, e eu sabia que de Odeceixe a Aljezur o terro é plano e muito rolante o que deu animo, mas como tudo na Vicentina a coisa não foi bem assim, as setas e o GPS mandavam subir, subir e mais subir, até escadas subimos para chegar ao ponto mais alto da vila e ai sim rectas paralelas aos canais de rega muito rolantes ora em single track ora mais largo mas finalmente a direito, ao longe lá avistei a mancha de eucaliptos que conheço bem, onde se situa o Parque de Campismo do Serrão, foi entrar montar a tenda já ao cair da noite, tomar banho e pelas 10:00 mesmo quase a fechar o restaurante do Parque jantamos, eu comi uma massa salteada com camarão como se não houvesse amanhã, tal não era a fome.

Dados do segundo dia:
Distância- 94Km
Acumulado Subida: 2300m
“ “ Descida: 2323m
 

anarciso

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Vicentina 2014 Aldeias Históricas-3º Aljezur-Sagres
Terceiro dia 16-08-2014, supostamente esta seria uma etapa mais soft do que a do dia anterior, e assim foi mas pouco, saímos do parque de Campismo do Serrão pelas 8:20 levamos logo com a enorme descida até Aljezur e fomos ao centro tomar o pequeno almoço e abastecer, comprei uns pêssegos do melhor que já comi até hoje, mais para a frente iriam saber a mel . Reabastecimento feito lá seguimos as marcações sempre a descer mas rapidamente começou uma subida daquelas que duram, duram e duram ainda por cima numa zona que está em obras, quando terminou a subida estava no ponto mais alto lá do sitio, no serro que fica paralelo ao castelo de Aljezur (grandes vistas) por entre os montes já se conseguia ver o mar, lá continuamos num sobe e desce de partir pernas e braços e tudo o resto, aqui a vegetação é muito baixa o que leva a que não existam sombras tornando a coisa mais quentinha dasssssssssssss!!!!!!!!!!!! Até dói. Finalmente chegamos ao mar mais precisamente à praia do Amado, uma longa descida levou-nos até ao nível do mar logo de seguida uma subida de tirar o folgo, daquelas que duram, duram para finalmente rolarmos por estradões paralelos a ribeiros sem água mas com alguma sombra, entramos numa aldeia “Bordeira” para depois aparecerem novamente as rampas sem fim e sem sombras, estávamos a chegar ao Algarve, o tempo quente e o terreno árido já eram uma constante, este foi o único momento de toda a travessia em que a água quase faltou e os pêssegos já tinham marchado, este é um aspecto que para quem quiser percorrer este trilho tem que ter em conta. Finalmente lá chegamos à Carrapateira, martelamos umas colas e atestamos com água, e vamos embora que está quase (pensava eu) qual não é o meu espanto quando julgo que vamos finalmente encostar ao mar o GPS nos manda em sentido contrário, mandanos para a esquerda percorrendo as ruelas mais estreitas da terra, sempre a subir até ao ponto mais alto lá da terra, o maldito marco geodésico, mas mais uma vez com vistas fantásticas, a partir daqui foi descer, descer e descer por entre vales e ribeiros, singles e estradões até à Herdade de Vilarinha, onde temos duas escolhas, uma mais curta para quando chove muito e outra mais longa para quando o tempo está seco, claro que esta ultima foi a opção tomada, entramos num trilho em que o sobe e desce, suave foi longo sempre paralelo ao ribeiro que estava seco, e até Vila do Bispo ainda tivemos que ultrapassar duas rampas daquelas que não lembra ao diabo, “o gajo que desenhou este percurso deve de ser mesmo um judeu do caraças” dizíamos um para o outro nesta altura, pois Vila do Bispo devia ser já ali. Chegados a Vila do Bispo foi martelar um geladinho num tasco perto da igreja e até ao Cabo de S. Vicente foram só estradões a direito (finalmente) ainda com um furo e uma ligeira queda por causa da areia.
Chegamos ao Cabo foi registar o momento e Parque de Campismo com eles, não foi fácil registar a nossa entrada, o pessoal do parque é de uma lentidão que enerva, montada a tenda e banho tomado foi altura de irmos martelar uma dourada ao Restaurante “O Retiro do Pescador” que fica no bairro mesmo em frente ao Parque de Campismo.
Dados do terceiro dia:
Distância- 76Km
Acumulado Subida: 1490m
“ “ Descida: 1590m
 

anarciso

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Vicentina 2014 Aldeias Históricas-4º Sagres-Lagos
Quarto e último dia 17-08-2014, tinha alguma expectativa neste dia, pois já seria a 3ª vez que iria iniciar esta etapa mas por esta ou aquela razão nunca tinha percorrido este track na sua totalidade, no máximo que tinha ido até a praia da Salema, desta vez tinha prometido a mim mesmo de que custasse o que custasse iria terminar o track e assim fiz. Acordamos mais tarde pois o cansaço dos dias anteriores tinha feito estragos, depois de tudo arrumado fomos abastecer ao Intermarche de Sagres e saímos pelas 10:00, antes de entrar no track ainda deu para registar um pequeno jardim onde estão expostas várias peças forradas com lã, muito original digamos. O começo deste trilho é sempre complicado, pois os empreendimentos no local tem tapado a pequena abertura de acesso ás arribas, mas lá demos com a coisa, como eu sabia o inicio do trilho é muito pedonal, não dá mesmo para pedalar temos que empurrar as bicicletas arribas a cima até a coisa começar a ter mais espaço e ai já dá para montar na bicicleta, antes do meio dia já se sentia o bafo quente que se iria sentir todo o resto do dia, a recompensa são as vistas e as fotos que dá para registar. Mais à frente descemos para a primeira praia (não sei o nome) onde se começa a ver marcações da Via Algarviana, para sair dessa praia temos que subir a primeira rampa do dia, logo a seguir uma paragem para a primeira cola do dia e uma bela foto à beira mar, a esta hora a temperatura devia de estar próxima dos 40 o calor é demais nesta zona, mas lá continuamos, num sobe e desce por trilhos de terra batida até uma ciclovia em alcatrão, antes da praia da Figueira temos novamente um sobe e desce ora em single ora em estradão onde por vezes tem que ser com a bicicleta a empurrão porque não cabemos os dois no trilho. De vez em quando num ponto mais alto viro-me para traz e tiro uma foto ao local onde passamos antes e digo para mim mesmo “mas que grande maluquice andar aqui com este calor” . Chegados à Salema foi altura de visitar um supermercado para abastecer e comer alguma coisa, a saída como sempre é pelo ponto mais alto da aldeia e sempre a subir lá se passa a arriba seguinte. Depois chegamos a uma praia com umas ruinas onde a saída pelo outro lado foi extremamente difícil o trilho é muito fechado e é sempre a subir, no cimo ficam umas ruinas antigas. Andamos nisto todo o dia, sobe arriba desce arriba, por vezes a empurrar as bicicletas, um desgaste enorme, até que se começa a ver a Aldeia da Luz o que quer dizer que está quase, a entrada na aldeia da Luz é feita pelas rochas num trilho plano muito bonito, vamos encontrado pessoas a correr e a passear , até que nos surge um indivíduo de bicicleta com prenuncia Brasileira que me pergunta se falo Português, fiquei admirado e respondi que era Português, ele também admirado dizia que vinha da Aldeia da Luz onde não se fala Português dai a pergunta. Chegados à Aldeia da Luz visitamos à pressa o local e saímos por onde o GPS mandava e já com o cheiro a Lagos, mas o melhor ainda estava para vir, a dada altura o GPS apontava para um enorme morro e para o marco geodésico no cimo, tivemos que subir uma espécie de pista de downhill, que até a empurrar a bicicleta foi um pincel para lá chegar, a recompensa foram as fotos que deu para tirar. A partir daqui foi rolar mais uns Km em trilho, descer para outra praia e estava-mos em Lagos, à entrada do Parque de Campismo o GPS marcava 4:58 da tarde com 40Km feitos e um brutal empeno no corpo todo, depois foi montar tenda, tomar banho, e visitar Lagos com paragem na Estação de Comboios onde compramos bilhetes para o dia seguinte regressar. Não posso deixar de referir o espectacular jantar na Adega da Marina. Na manhã seguinte foi apanhar o comboio das 9:00 para Tunes e depois o Intercidades com chegada ao Pinhal Novo pelas 12:30.

Dados do Quarto dia:
Distância- 40Km
Acumulado Subida: 1070m
“ “ Descida: 1065m
 
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