Olá a todos!
1 -- Eu estive no srp160, também andei perdido, mas mal vi que não havia fitas usei um dos telefones impressos no frontal e ao fim de pouco tempo estava no caminho certo. Não sou nenhum génio da orientação, e até me perco com frequência em maratonas. Bem sei que foi devido aos problemas com os primeiros grupos que a organização já estava alertada, mas no meu caso e de outros que encontrei na altura o problema não foi assim tão grave. Em vez de ter feito as 9h42m que fiz, teria feito 9h32m, ou algo parecido. Totalmente irrelevante, portanto.
Não tiro daqui qualquer conclusão, até porque não consigo imaginar o que é ir nos lugares da frente a lutar contra o cronómetro e ter de lidar com uma surpresa daquele calibre. Alguém falou em psicologia de multidões, e suspeito que pode ajudar a explicar o regresso em conjunto de um grupo tão grande. Não sei se cada um daqueles concorrentes teria feito exactamente o mesmo se estivesse sozinho e se deparasse com a mesma falta de marcações naquele troço.
Por outro lado, acredito que possa ter havido, da parte dos primeiros, a obediência a um sentimento de "fairness", de desportivismo, como quem diz, se entre os melhores uns voltam para trás e os outros continuam, a competição e os resultados deixam de ser inteiramente justos. Não sei, só quem lá estava poderá saber. O resto é especulação mais ou menos educada e informada.
2 -- Alguns comentários que podem ser lidos neste tópico fazendo comparações entre provas (para além de revelarem oportunismo, o que nunca é bom) parecem-me característicos de um mundo pequeno, em que a cada um, para ter satisfação plena, não lhe basta ter o que tem -- é preciso que o vizinho do lado não tenha o mesmo. Como se o azar, o falhanço, mesmo a incompetência do vizinho se ela existir, dessem mais alegria do que as realizações próprias.
Há qualquer coisa de siciliano neste espectáculo profundamente triste. Pelo que sei, houve um acidente há uns anos em Portalegre com um participante chamado Paulo Pedro, ou Padre Pedro (cito de memória), que ainda não estará resolvido de forma satisfatória para a pessoa em causa. O que é que eu quero dizer com isto: que podemos e devemos criticar, mas quando isso é feito de forma oportunista, apenas cria ressentimentos e, sobretudo, torna-nos mais pequenos. Olhando à volta, não é óbvio para mim que em Portugal o BTT seja um desporto assim tão estabelecido e com tantos apoios que se possa entregar livremente a estas guerras de quintais.
3 -- Dito isto, também achei que há vários pontos a melhorar nesta prova de Serpa. Já foram referidos mais atrás e são fáceis de identificar: são aqueles que foram apontados sem satisfação, evidente ou mal disfarçada, no tom de que os escreveu. São também aqueles que constam dos relatos em registo mais neutro e factual -- não os de quem apenas tem paixão pela própria capacidade de indignação.
O facto de ser ou não uma empresa que organiza não é importante. O que interessa é se o serviço é bom. Neste caso, e falando dos 160 kms, eu gostei de ter estado em Serpa -- desde logo, o percurso era fabuloso --, mas também senti algum improviso impossível de superar completamente pela simpatia e a vontade de ajudar das pessoas envolvidas.
Em suma: para a próxima lá estarei, na expectativa de que, tendo sido boa a experiência este ano, ela seja melhorada em 2010.
Abraço!
NHL