Para a 2ª etapa, tínhamos planeado ir desde Ponte de Lima até Porriño.
2º Dia - Ponte de Lima-Tui
Como se pode verificar não conseguimos cumprir o objectivo final planeado.
Mas vamos ao relato:
A manha começou bem (dormimos mais uma hora devido à mudança da mesma) e depois de um óptimo pequeno almoço na pousada da juventude de Ponte de Lima, prosseguimos caminho. Paramos junto ao rio Lima para as fotos no local da praxe.
Como precisávamos de abastecimento ligeiro (Agua, fruta, etc), fomos ao Lidl perto do centro.
Abastecimento efectuado , seguimos viagem, por belos trilhos como estes:
Encontramos depois um viveiro de trutas onde carimbamos as credenciais e tomamos um cafezinho.
Por vezes nos trilhos tínhamos companheiros de outro género.
Outras vezes atravessar estradas com mais movimento.
Estas subidas comparadas com o que vinha a seguir, não eram nada!
- Olha a Labruja é já ali!!
Não... ainda não é isto a Labruja, mas está quase.
Paragem para abastecimento liquido.
Agora sim, já estamos na Labruja.
Como alguém já escreveu, por muitas fotografias que se mostrem, nenhuma consegue retractar fielmente a dureza e o "encanto" da Labruja.
A meio da subida, encontramos um peregrino francês, que tinha saído da Alemanha (não é engano) há 4 meses e meio. Dirigia-se para Fátima, onde contava chegar em mais 15 dias a pé.
Dizia-nos ele, que o caminho mais parecia de cabras, do que para pessoas ou bicicletas. E nós dissemos-lhe que ainda faltava outra descida.
Depois da conversa, continuamos a trepar.
Na cruz dos mortos. Salvo seja!!! Foto obrigatória.
...e continuamos a subir!!
Até que finalmente acaba esta subida. Labruja "conquistada"!
O que torna a Labruja tão difícil, não é a sua percentagem de inclinação, mas o terreno onde temos que a percorrer. Por vezes as bikes não rolam, são içadas sobre os calhaus que estão no caminho, tornando penosa a progressão.
Aqui a questão entre alforges e mochila, dá uma vitoria retumbante para a mochila. Eu, que era o mais pesado de todos, com a mochila às costas, bem vi a dificuldade que os meus companheiros tinham para içar as montadas pelo monte acima , enquanto eu, como tinha o peso extra perto do meu corpo, consegui ultrapassar mais facilmente as dificuldades do terreno.
Mas pior do que subir a Labruja deverá ser descer, porque transpor aqueles pedregulhos no sentido descendente obrigaria a cuidados redobrados e bem mais arriscado.
Depois da descida, não menos acidentada (declive é claro!), paramos no albergue de Rubiães, para tentar abastecer os cantis vazios, reflexo da dura subida. Mas embora o albergue estivesse aberto ,não encontramos lá ninguém.
Como já eram horas, procuramos um sitio para almoçar. A escolha recaiu no restaurante Constantino em Cossorado.
Tratado o almoço, voltamos ao caminho, com mais uma subidinha logo a abrir.
Paramos no S. Bento da Porta Aberta, para obter um dos mais bonitos carimbos.
A viagem foi prosseguindo com uma variedade grande de terrenos.
Até encontramos sinais de transito para bicigrinos.
Como o tempo escasseava, passamos pela confusão do transito de Valença rapidamente, e só paramos na ponte sobre o Rio Minho.
Com a passagem da fronteira "perdemos" uma hora. O que quer dizer que quando chegamos a Tui eram já 18:30
Dirigimo-nos ao interior da catedral, para carimbar as credenciais, e aproveitamos para perguntar ao senhor (que a partir de agora designarei sacristão) que nos colocou os carimbos, onde ficava o albergue. Ele disse-nos que ficava mesmo ali ao lado, e frisou "Cerra a las diez"
No caminho até ao albergue estávamos a ponderar a hipótese de ir até Porrino (faltavam 16kms) ou ficar em Tui, porque se demorássemos 1 hora a chegar a Porrino, ficaríamos com 2 horas para tomar banho e jantar. Mas tudo dependeria também da ocupação do albergue de Tui (36 camas).
Quando chegamos ao albergue, eram 18:45, a senhora que lá estava foi muito simpática. Nós explicamos o nosso dilema entre ficar ou continuar. Ela disse-nos que o albergue estava quase vazio, não estava ninguém de "bici" e que uma hora podia ser pouco para fazer a distancia, alem de que os albergues são muito rigorosos na questão do horário. Por unanimidade ficou decidido ficar em Tui, e no dia seguinte sair uma hora mais cedo para recuperar a distancia não efectuada.
No albergue foi-nos explicado o funcionamento do mesmo, e este tem uma particularidade: como a camarata fica no 1º andar, ninguém pode levar o calçado que traz da rua, lá para cima. Têm umas prateleiras para colocar o calçado. O que quer dizer que fomos todos descalços fazer a visita guiada.
Entregam-nos um saco fechado composto por uma protecção para o colchão e outra para o travesseiro, tudo material descartável. O mais curioso é que a senhora faz questão de explicar individualmente as regras da casa. As bicicletas ficaram numa zona dentro da casa, que tem até rampa de acesso.
A senhora deu-nos indicações onde jantar e onde poderíamos tomar o pequeno almoço a partir das 6 da manha.
Depois de um banho retemperador, para alguns, pois como o albergue tinha cilindro, o ultimo a ir para o duche ( o roda 28 ) tomou banho em agua fria! Preparamo-nos para ir jantar.
Quando íamos a sair do albergue, quem estava à porta do mesmo com a senhora? Esse mesmo, o sacristão, que nos lembrou: "Cerra a las diez".
Jantamos no restaurante "Santa Columba", que tem um menu peregrino maravilhoso, composto por: uma entrada fria à base de massa com pedaços de azeitona, milho e atum ; bifinhos de frango com batata frita; sobremesa com 4 hipóteses de escolha; café e cervejinha. Tudo impecável!
A meio da refeição fomos interpelados por duas italianas que queriam saber se eramos peregrinos. Uma era da Sicília e outra de Milão, e pelos vistos estavam no nosso albergue.
Estavam a fazer o caminho a pé desde o Porto, e tinham apanhado aquele temporal que esteve na semana anterior a termos saído. Uma delas tinha escrito um livro, que nos mostraram. Como só tinham ido tomar uma bebida, saíram antes de nós.
Quando nos dirigíamos para a saída do restaurante para carimbar as credenciais, quem é que vimos sentado ao balcão? O sacristão, a olhar para o relógio e a rir-se para nós!!
Entramos no albergue, faltavam cerca de 20 minutos para as 22:00, e ao chegar à camarata ficamos a saber que as camaratas são mistas, porque as nossas "amigas" já lá estavam na conversa com mais 3 peregrinos (2 espanhóis e 1 italiano) de meia-idade. Depois de uma partilha de conhecimentos sobre os caminhos, tratamos da higiene, e combinamos a alvorada para as 6:30. Entretanto as luzes das camaratas também se apagaram.
Enquanto uns ainda navegavam na net para os updates, outros tentavam entrar no sono pelo meio dos ruídos dos "motores" que vinham das outras camas!
Normalmente o relato do 2º dia terminaria aqui, mas não.
Começamos a ouvir muitas vozes no exterior, e muitos sons com batidas fortes. Estávamos a travar conhecimento com "la movida de Tui". Como o albergue está dentro da zona histórica de Tui, tínhamos bares de todos os lados, e como já começa a ser habito também por cá, todo o pessoal vem para fora dos bares conversar. Resumindo eram 2:30 e não conseguíamos pregar olho.
Rapidamente concordamos, devido àquele cenário, em sair do albergue às 6:00 da manha (já tínhamos verificado que a porta do albergue abria por dentro), uma vez que o local para o pequeno almoço abria a essa hora. Como não se dormia, tratamos de preparar as mochilas e alforges fora da camarata, porque nos corredores havia luz. Depois de tudo preparado, como não tínhamos o que fazer, fomos ver o livro de visitas do albergue (vem gente dos sítios mais recônditos).
Aguardamos pelas 6:00.