GR22 : When You don't send it!

froids

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GR22 - A Grande Rota das Aldeias Históricas de Portugal
A true self-supported bikepacking adventure.

Day One - The beginning

A semana que antecedeu o meu arranque para a Grande Rota das Aldeias Históricas de Portugal não foi de todo fácil. O muito trabalho e o pouco tempo disponível não me permitiram a preparação e atenção que a aventura merecia. No entanto, Sábado estava a sair exactamente à hora que tinha pré-programada. Às 7am estava a fazer-me ao caminho, mas ao invés de estar a sair de Sortelha como programado, estava a sair de casa, em Oeiras.



Quando cheguei a Sortelha pouco passava das 10am e estacionei o carro no primeiro sitio que vi, em frente a um café/restaurante e que tinha inclusive uma sombrinha livre.
Neste café e depois de preparar tudo, comi mais qualquer coisa, bebi uma coca-cola, café e arranquei. Não disse nada a ninguém, não avisei ninguém que ali iria deixar o carro cinco dias seguidos, nem tal necessidade me passou pela cabeça. Mas Sortelha é uma aldeia e como boa aldeia que é, qualquer coisa fora daquela rotina é estranha. O meu carro, que ninguém conhecia, entrava claramente nessa categoria...

Largando este povo quase às 11am deixava-me numa situação complicada para cumprir o meu objectivo no que tocava às distâncias diàrias a percorrer. Mas foi com uma boa moral que me fiz ao caminho. O chip já estava no modo "aventura" e tudo foi acontecendo tranquilamente, sem pressas. As horas já não faziam tanto sentido, ou pelo menos preocupar-me com o tempo já não fazia tanto sentido.



Os primeiros quilómetros ajudaram a esquecer tudo o resto. Pareceu ser sempre a subir até ao Sabugal, onde parei para almoçar, pertinho das 12am. Essencialmente boas pistas, bosques de carvalhos a providenciarem belas sombras e caminhos mais ou menos fáceis. Mas de elevada exigência física, já que todas as subidas são fortes, empinadas e algo extensas. Começava a desenhar-se o que supunha ir ser a rotina das dias vindouros.

Sempre que podia abastecia de água. Quando cheguei ao Sabugal, 18kms depois de ter partido, já tinha os 3L de capacidade do camelbak cheios de ar. E esta havia de ser a rotina maior. De povo em povo, de fonte em fonte, à procura do milagroso líquido.
No Sabugal almocei e falei pela primeira vez com o meu primo Tiago que disse que teria o 110 disponível para me ir buscar se assim tivesse que ser. Ri-me e disse-lhe que não havia de ser preciso, mas afinal estive bem perto de me ver obrigado a tal. Mas disto, nem eu nem ele desconfiávamos.



Volto a parar na barragem de Alfaiates, ainda antes da aldeia com o mesmo nome. Os dois quilómetros que antecederam esta paragem foram muito duros, literalmente a empurrar a bicicleta por pseudo-caminhos entre muros que não viam pegadas de gente ou de bichos à vários anos.
Trabalho árduo em progredir no terreno e quanto mais lento eu seguia, mais longe ia ficando do objectivo final para este dia, Almeida.
Mas na barragem de Alfaiates e à sombra fiz uma paragem mais demorada, onde fui inclusive a uma banhoca. Eram perto das 14pm quando aqui cheguei e o Sol e o calor estalavam a pino e inclementes sob um céu muito azul.
No entanto, o tempo mostrava-se instável. Conseguia perceber os muitos e pequenos farrapos de algodão branco, inofensivos, a acumularem-se no horizonte, ganhando corpo e um tom mais acizentado e pesado.
Paro novamente no café da aldeia de Alfaiates, onde bebi um mini fresquinha que me soube pela vida e atesto novamente de água, agora atesto também os cantis, já ambos quase vazios.

Uma horta e couves à mão de semear fez-me regressar no tempo algumas horas atrás e rever mentalmente uma determinada conversa, e a bem da verdade e a ter que ser, acho que preferia correr atrás de um javali ou tentar apanhar tordos!
Do que um gajo se vai lembrar, eheheh...

Por esta altura não tinha bem noção do calor que estaria eventualmente.
Comecei a tomar consciência disso ao ver a cara das velhotas sentadas nos bancos à sombrinha quando eu passava por elas e lhes deitava um "Boa tarde"...




Depois do "Boa tarde" de resposta todas elas me atiravam a mesma frase, a mesma admiração;
"Oh menino, de bicicleta por aqui? E com este calor?!"

Na maioria das vezes, sorria, e seguia viagem. Em duas delas, sentei-me ao lado das velhas e descansei. Que sossego e paz têm aquelas alminhas à disposição!
Durante as curtas conversas que tive com algumas das poucas pessoas com que me cruzei, ninguém conhecia o percurso, ou tinham apenas uma vaga ideia do mesmo, não costumavam ver muitas bicicletas e mesmo malta a pé, muito pouca. Apenas a referência às Aldeias Históricas lhes fazia algum sentido.
Um percurso ainda muito jovem, em claro contraste com a vivência daquelas gentes e idade daquelas pedras.



Sigo junto à ribeira de Alfaiates até à povoação de Rebolosa, para depois ir junto do rio Cesarão até Vilar Maior, sempre por caminhos exigentes, fechados, agressivos e lentos.









A aldeia de Freineda serviu de ponto de passagem do Côa. Castelo Mendo estava agora a poucos quilómetros de distância e face às horas, tinha já definido esta como destino final do dia. Não iria chegar a Almeida ainda com luz do dia e não tinha levado mais luz que o meu frontal. Daria eventualmente numa situação de emergência, mas não era de todo o caso e optei por procurar um bom local para pernoita na povoação de Castelo Mendo.








A última subida a este povo foi brutalissima. Para mim, um disparate, mas pronto. Umas paredes inclinadíssimas para ir ganhar uma porta medieval numa zona das muralhas que está cheia de lixo e mal tratada. Muito mais lógico ganhar a entrada principal da vila pela estrada que já se levava, mas pronto, admito que fosse o cansaço já a falar mais alto.



A vila de Castelo Mendo é muito bonita, bem tratada e convidativa, com umas vistas sobre os montes e vales vizinhos que são qualquer coisa, principalmente ao pôr do sol que se mostrava em tons rosáceos e alaranjados com elevado fulgor.


Ainda antes de ligar para casa, encontrei o lugar ideal para passar a noite, na rua do Tribunal, abrigado debaixo do alpendre da casa Nº7.
Julgava que iria ter trovoadas e talvez chuva por companhia durante a noite. O tempo tinha vindo a fechar um pouco, percebia-se a electricidade estática a crescer no ar, carregado e abafado, aquele ar típico das trovoadas de verão do interior.
Algum vento compunha o serão.

Enquanto preparava as coisas apareceu a anfitriã da familia Costa, senhora da casa em frente e à qual tratei de explicar o que estava ali a fazer. Fez-lhe um bocadinho de confusão, mas lá percebeu! Tinha dois filhos, o José de 12 e o Marco, bem mais novinho. Foram a minha companhia durante pouco mais de uma hora. O José tratou logo de ir buscar as suas bicicletas para vermos os pneus que estavam vazios e que enchemos com êxito. Se estivessem furados iria dar mais trabalho, mas também, tinhamos tempo!
Quando aqui parei pouco passava das 19h30pm e as 21pm já os putos tinham ido jantar e já eu me estava a enfiar dentro do saco-cama, de janta comida e tudo tratado, inclusive atestado de água com 3 garrafas de 1.5L frescas que o José me trouxe da arca frigorifica da mãe!



Depois de jantar meti-me a fazer contas.
Hoje tinha concluído somente 80kms entre Sortelha e Castelo Mendo. 80 dos 95kms que tinha estipulado para o dia de hoje! Para estar dentro dos prazos que tinha definido teria que ter alcançado, pelo menos, a povoação de Almeida, a 15kms de distância.

Se tivesse partido às 7am, ao invés de partir às 11am, claramente que teria dado para chegar a Almeida, pelo que mantinha a moral em alta e o cansaço proveniente de um dia duro de pedal era minimizado por essa espectativa ilusória de que são feitos os sonhos.
A carga que trazia às costas era perfeitamente suportável e vinha estável. A bike e respectivas mudanças perfeitamente acamadas, sem saltos e os pseudo-alforges a aguentar na perfeição.
Até o simples facto de estar a dormir no alpende de uma casa com o meu Nº de escola primária e secundário, o 7, parecia um desigino do destino favorecendo a empresa, que esta minha aventura tinha tudo para correr bem e que absolutamente nada poderia correr mal.

Hoje, já em casa e no conforto do sofá, garanto-vos Amigos, como são boas e confortáveis as espectativas e as ilusões!


Continua...



 

froids

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Day Two - The beginning of the End

A noite, ao contrário do que previa, foi calma e tranquila, em tudo à semelhança do dia com que fui brindado assim que abri os olhos, já passava das 7am. Num ápice arrumo o pouco que trago e preparo uma dose de arroz com sultanas. Um género de arroz doce manhoso mas que providencia um bom pequeno-almoço. Junto uma barra e uns frutos secos e estou despachado.
Enquanto tragava o pequeno-almoço pensava no dia que nascia e o que fazer com ele.
Sabia, à saída de Castelo Mendo, que teria pela frente uma das etapas mais rolantes, mas para cumprir a distância estipulada teria que vencer, nada menos ou nada mais que, 160Kms!



Embora já o tivesse feito antes, era uma distância que sabia praticamente impossível de vencer naquelas condições. Tendo que me preocupar com navegação, carga extra, abastecimentos liquidos sabe-se lá onde, etc...

Tudo isso mais a incerteza de que caminhos iria encontrar pela frente obrigavam-me a ter a plena consciência de que seria virtualmente impossível, mas ainda assim arranquei com a moral a tope, para ir, pelo menos, tentar cumprir os 145Kms que tinha, em casa, definido como distância para este dia.

E assim segui.
Sentia-me bem, tinha dormido bem, o dia estava limpo e aparentava estar mais estável. Tudo corria sobre rodas.
Novamente a pedalar atrás das ilusões, o rabujento motor diesel foi aquecendo e bulia agora a toda a força.




Os caminhos foram aparecendo, ora fáceis e rolantes, ora maus a obrigar a constante atenção, mas na sua maioria, com bom piso. E foi rapidamente que cheguei a Almeida, mas não sem antes ter que trepar os 300m de acumulado na subida a esta povoação, todos de uma virada, durante cerca de 2.5kms por uma pista de empedrado pequenino, massacrante.



Mas lá cheguei e subo ao centro da vila muralhada à procura de duas coisas.

Um café, mas mais importante, um sitio onde levantar dinheiro. Com as pressas não levantei dinheiro antes de sair de Sortelha e os 15€ que levava comigo já tinham ido quase todos em águas, minis e gelados.
O jardim principal da vila estava enfeitado pelas crianças da escola lá do sítio e uma das ruas forrada a chapéus de chuva de várias cores e tons. Engraçado e insólito.



Saíndo de Almeida, o objectivo principal passou a ser alcançar Castelo Rodrigo. inadvertidamente, acabei por ir dividindo as distâncias totais a percorrer em pequenos sectores pois facilitava-me o trabalho de gerir àgua, cansaço, cabeça, tudo. No entanto, os caminhos bons do início foram substituídos novamente por caminhos menos bons, de passo mais dificil, mais lento e por vezes bem mais doloroso.





A Castelo Rodrigo cheguei pouco passava das 12am.
Subi à Igreja e ao Castelo para depois descer e tomar o abrigo fresco de uma esplanada. Uma daquelas esplanadas típicas destas aldeias, quem tem tudo para turista ver mas nada que comer. Nem uma bifana, nem uma sandes, nada, nadinha!





Quando perguntei ao rapaz se tinha alguma coisa para comer, respondeu-me que para petiscar só em Figueira de Castelo Rodrigo, meia dúzia de quilómetros montanha abaixo....


"Naaaa" - Pensei eu!
"Então, olhe, dê-me um Corneto de morango, uma coca-cola e uma garrafa de água de meio litro, fresquinha, por favor." - Respondo depois de uns segundos de silêncio.



Serviu-me e fui sentar-me na esplanada, à sombra.

No entanto, devo confessar, o que me apetecía mesmo era um bitoque com uma bruta salada, uma cola fresquinha a estalar e um Corneto sim, mas como sobremesa.
Não me apetecia nada, por outro lado, ir me meter a aquecer água para preparar um prato de lentilhas de sabor duvidoso e quentes, demasiado quentes e pesadas para o dia que estava.

Daí que, apesar de ter estado quase duas horas parado à sombra, apenas comi umas barras e petisquei uns frutos secos, além do geladinho já mencionado.



Nesta esplanada soube da temperatura no exterior. 42º comentaram uns emigrantes/turistas da France que tinham entrado pela porta à uns minutos. Após isto, perdi-me uns momentos a fazer contas à quantidade de água que já tinha bebido e surpreendi-me com os valores deste e do dia anterior. Tinha consumido perto de 11L de água no primeiro dia e no segundo e até ali, um pouco mais, indo mais perto dos 13L.

Mas as horas iam passando e eu, sem pensar muito, ou melhor, sem pensar de todo, arrumo tudo e volto a pegar na bicicleta com o objectivo de chegar a Marialva.

Larguei o fresco da esplanada de Castelo Rodrigo eram 14pm.
E cerca de 15kms depois estava sobre a Ponte da União, acima das águas do Côa.
Este foi o ponto de viragem. Foi o principio do fim, literalmente, já que não terminei de cumprir os restantes 20kms até Marialva. Bem, nem cheguei à povoação de Juízo tão pouco, a pouco menos de meia dúzia de quilómetros de distância.





Mas deixai-me tentar explicar o que acontceu...

Cheguei a este ponto do percurso eram 15pm, e foi a essa hora que iniciei a grande subida da parede oposta do vale onde estava. Uma língua de asfalto rugoso, terrivelmente brilhante, quase incandescente debaixo daquele calor todo.



E que calor. Além dos 40 e tal graus, estava um ar pesadão, abafado, espesso.

Trovões ribombavam já ao longe. Podia ouvi-los ainda sem os ver.
A onda de calor que emanava daquela tira de asfalto chegava-me ao peito e impedia-me de respirar enquanto empurrava a bicicleta de cabeça baixa. Tinha que parar de andar e levantar a cabeça para conseguir algum ar respirável e que não me queimasse os pulmões de forma atroz a cada inspiração.
Os pneus arrastavam-se no alcatrão quente com aquele típico barulho de borracha a derreter e a colar no chão. Parecia que estava dentro de um forno em lume alto. Escorria suor de forma mais intensa do que se tivesse uma torneira aberta por cima da cabeça.
Já em piloto automático consigo largar a linha de asfalto para entrar novamente em caminhos de terra. Mas a subida não termina, abranda de inclinação mas acaba por aumentar de intensidade devido ao piso que piora.
O meu organismo acaba por ceder e começo com vómitos. Tudo o que ainda me restava de fuel estava agora espalhado no meio do trilho. O calor não amainava e eu não conseguia arrefecer um motor cada vez mais quente.
Tinha perdido as forças de uma forma avassaladora. Custava-me dar dois passos seguidos a empurrar a bike. O meu corpo queimava por dentro e por fora. Os músculos gritavam-me dentro da cabeça dores absurdas, como não me lembro de alguma vez ter sentido.



O objectivo passou rapidamente a ser encontrar um sitio cómodo para parar e preparar-me para passar a noite. Isto eram 16pm, sensivelmente. E de uma sombra onde me pudesse abrigar, nem sinal.

Era impossível para mim continuar naquela condição.
Empurrei a bicicleta para o lado e sentei-me encostado a umas telhas empilhadas à beira do trilho.
Não conseguia dar nem mais um passo.



Do sitio onde me deixei cair avisto um poço e ao lado uma pequena casinha de guarda de materiais do campo, mas não me consigo arrastar até lá. Nem tento, pelo que me deixo ir ficando pelo primeiro sitio que encontrei e que até determinada altura me protegeu. E foi aqui também que me inteirei completamente da situação que tinha em mãos e da possível gravidade da mesma.

Um bocado depois ligo para casa e explico o que se estava a passar. Mais ao menos, claro.
O meu pai de imediato se prontificou a arrancar para cima para ir ao meu encontro a Juízo, mas eu não saberia se lá chegaria pelo que combinámos que eu entraria em contacto quando decidisse o que fazer ou se precisasse de ajuda.
Mas naquela altura o que eu sabia era que dar mais um passo estava fora de questão e que a travessia tinha acabado ali. Precisava de dormir e que amanhã logo veria o que faria. Nem sequer sabia se estaria em condições de andar no dia seguinte. Tinha que descansar antes de tudo.
Eram as únicas ideias e pensamentos que, naquele momento, conseguia racionalizar.
Nos montes à minha volta eram visiveis as colunas de chuva, mais escuras, no horizonte. Os trovões caiam agora a todo o meu redor, com muito maior frequência e com uma intensidade absurda.
Sabia que corria o risco certo de vir a apanhar chuva mas apenas me preocupei em tapar a mochila com a capa impermeável e vestir o saco de bivaq, também ele impermeável, ao saco-cama.
Enfiei-me lá dentro e tentei dormir.

Começam a cair as primeiras pingas uns minutos depois de me ter deitado. As primeiras caiam em cima da capa impermeável do saco-cama com um barulho harmonioso, quase romantico, tranquilizante.
Mas foram aumentando progressivamente de intensidade para passar a cair com a mesma violência com que continuavam a ribombar os trovões em meu redor.
Completamente enturpecido toma a decisão de me ir abrigar convenientemente na tal casinha que já tinha visto anteriormente. Indo buscar forças ao instinto de sobrevivência, saio novamente para fora do saco-cama que fecho rapidamente dentro do bivaq para que não se molhe, visto o meu impermeável, calço os sapatos já completamente encharcados e meto a mochila às costas. Pego na esteira em conjunto com o bivaq e arranco disparado, a corta mato, direito ao que aparentava agora ser a minha salvação.
E foi mesmo!
Uma casinha seca, vazia e que me permitiu uma noite calma e de alguma forma revigorante.
A bike ficou caída no mesmo sitio onde estava desde que a deixei cair para o lado.

Tento comer alguma coisa, mas sem sucesso. Não entra nada. Se forçar, sai.
Mantinha água comigo e era isso que me apetecia. Água. E bebi à vontade durante toda a noite.
Por volta das 22pm o meu pai, preocupado, liga-me. Arranca-me já do sono.
Pergunta-me, "Como está o tempo aí?!"
Respondo-lhe sem levantar a cabeça da esteira, "Chove de cara#$!"&/"

Mas depois de lhe explicar que já estava abrigado e protegido, lá descansou. É Alpinista e montanheiro experiente e habituado às agruras das aventuras no meio dos montes e Montanhas, e tranquilizou-se um pouco mais quando percebeu que eu tinha a situação minimamente controlada e que não teria que passar a noite realmente ao relento, encharcado que nem um texugo debaixo de uma tempestade que valia Alerta Amarelo nas informações da Internet.
Por esta altura também já tinha recuperado algum descirnimento e já tinha também traçado um plano para me pirar dali para fora e que consistia em chegar a Juízo ou outra povoação qualquer e chamar um táxi de regresso a Sortelha. Se tivesse que deixar a bicicleta para trás, trataria de a vir buscar depois.
Por isso ficámos combinados que eu daria notícias logo de manhã assim que acordasse.

Volto a sentar-me na esteira e enrolo um cigarro. Continuava a trovejar e a chover copiasamente lá fora.
Volto a beber mais água, mas essencialmente mantenho-me inerte, absorvendo a intensidade daquele momento enquanto o tabaco arde completamente na murtalha, quase sem o chegar aos lábios.

Assim que volto a encostar a cabeça na esteira, adormeço de imediato.


Continua...
 

froids

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Day three - Conclusion

Acordo às 5h45am com um nascer de dia simplesmente radiante. O nascer do Sol que aconteceu uns minutos depois foi com o mesmo fulgor e intensidade com que tinha desabado o céu apenas umas horas antes...



Mas o meu estado geral mantinha-se idêntico à tarde do dia anteirior. Uma lástima.
De todas as formas tinha sobrevivido à noite e precisava agora de me fazer ao caminho até uma povoação onde de alguma forma, pudesse pedir ajuda na forma de táxi.
O ânimo inicial de um belo amanhecer, de um sentir-se vivo e em paz com o que o rodeia, depressa desapareceu quando percebi que não tinha forças para andar 20 metros seguidos sem ter que parar com dores nas pernas e restante corpo como se me tivesse passado um TIR por cima.
Se fosse a subir, parava a cada dois passos. Só me conseguia manter em cima da bike se fosse a descer pois não conseguia forças para efectuar mais de 10 rotações nos cranks sem ter que parar, mesmo no plano.
Mexer-me, fosse o que fosse, era uma tarefa brutal.
Fui andando marcando objectivos em distâncias curtas e tentava parar para descansar somente nesses pontos. Não estava sequer calor, eram 6h30am. Mas eu precisava constantemente de parar para descansar. E cada vez me sentia mais fraco. A cada passo que dava sobrava-me menos força para o passo seguinte.

Consigo chegar à estrada de asfalto e agarro-me aos mapas do GPS.
Tinha duas opções.
A primeira, seguia o traçado da Rota direito ao povo de Juízo e aí tentaria arranjar um táxi desde um café mas caso não houvesse nada, teria que seguir até Marialva, sempre por caminhos de terra, sem viva-alma por perto.
Na segunda, seguia pela estrada de alcatrão até à primeira povoação que encontrasse e que o mapa mostrava ser Madalena, a uma dezena de quilómetros de distância.

Sem hesitar, optei pela segunda. Essencialmente por uma questão de segurança.
Se me desse o fanico por completo haveria de ser à beira da estrada onde seria mais fácil de me verem. Esta foi a ideia principal mas também pensei que seria mais fácil encontrar um café numa povoação de beira de estrada, ainda que pequena, do que numa povoação perdida no meio do monte e que tem apenas três ou quatro casas. E se Madalena não tivesse nada, a próxima povoação seria sempre mais fácil de alcançar que Marialva. E por estrada, os solavancos eram quase nulos o que permitia algum conforto em cima da bike.

Cheguei a Madalena ainda não eram 7am e perguntei se havia café ao primeiro senhor que vi. Havia e deveria estar quase a abrir, disse. No final do povo, última casa à esquerda.
Sigo, a pedalar, até chegar à última casa da aldeia de Madalena.
Paro em frente à porta, do lado oposto da rua, num dos bancos de cimento que lá estavam.
Não tinha conseguido fazer nem mais 5kms.

O senhor Francisco Sequeira, presidente da Junta de Freguesia de Madalena durante vinte anos e actual dono do café onde me encontrava ouve-me atentamente enquanto lhe conto a minha aventura. Serve café a mais dois clientes habituais, mas volta a centrar a sua atenção na minha situação assim que pode.
Expliquei-lhe o que se tinha passado e que não tinha condições fisicas para continuar e que precisava de um táxi até Sortelha. Ele percebeu e tratou de me ajudar, inclusive guardaria a minha bicicleta se caso fosse preciso.

"Liga para o teu cunhado, Josefa, e pergunta-lhe onde é que ele anda" - resmunga para a mulher que chegava de dentro do mini-supermercado que mantinham na loja adjacente ao café.
"Ele é taxista e todos os dias passa aqui a esta hora. Nem sei como é que ainda não passou" - Não parava de me dizer.

O cunhado do Sr. Francisco lá aparece mas está ocupado com outro serviço. Falamos 2 minutos e diz-me que vai mandar vir outro taxi de Pinhel, mas uma carrinha, para que possa levar logo a bicicleta.
Eu agradeço tantas vezes quantas posso e ele segue à vida dele.



Fico à beira do café, que é mesmo à beira da estrada, onde quase não passam carros, em conversa com um fulano que deveria ter a mesma idade que eu e com o Sr. Francisco. A conversa deve ter demorado quase uma hora e terminou quando chegou o Vitor dos Táxis de Pinhel, como se auto-proclamava.

Ao volante de uma Mercedes grandalhona vinha um gajo mais ou menos da minha idade, bonacheirão e de sorriso aberto e honesto.
Enfio a bicicleta para dentro da mala, volto a desfazer-me em agradecimentos, despeço-me das pessoas que comigo passaram aquela hora e meia e que muito me ajudaram e arrancamos direitos a Sortelha, a mais de uma centena de quilómetros de distância.
A conversa foi descontraída o suficiente para o tempo passar relativamente rápido.

Mas assim que tiro o pé fora do táxi em Sortelha, estava-me reservada mais outra lição.
Ainda não tinha tirado a bicicleta para fora da mala da Mercedes já a senhora dona do café/restaurante estava aos berros comigo que aquilo não era coisa que se fizesse e que assim que acabasse de almoçar iria ligar para um familiar que era GNR para que me rebocassem a carrinha...
Um filme do além e eu sem perceber grande coisa.
Mas lá percebi e lá tive que me desfazer em desculpas!
O estacionamento onde havia parqueado o carro era privativo do restaurante e eu nada disse que iria ali deixar o carro tantos dias sozinho. Não avisei ninguém, nem disse nada e o mal foi só esse. Como aquilo é uma aldeia, começou a fazer confusão na cabeça das pessoas um carro estranho ali estacionado, como que abandonado.
Portanto, se calho a demorar mais duas horas, quando chegasse a Sortelha não teria carro para regressar a Lisboa. Muito menos caso tudo tivesse corrido bem.
Bastava ter dito ao que ia que até sitio melhor me tinham arranjado!

Enfim... Nada poderia correr mal, certo?!
Mas, que poderia ter corrido bastante pior, realmente isso podia.

Era aventura que eu desejava, foi aventura que a vida me concedeu.
Vida vivida como ela é, por vezes brutal, inóspita ou simplesmente menos cómoda.
Mas como já tive hipótese de comentar com uma ou duas pessoas, enquanto a coisa correu bem, adorei cada segundo e absorvi o que pude e mesmo quando a coisa começou a ficar feia e descontrolada, senti e vivi momentos que jamais esquecerei, que me marcaram e que seguirão para sempre comigo.
Uns dificeis de explicar, de racionalizar sequer, demasiado íntimos, pessoais e introspectivos, outros mais latos e abrangentes mais também difíceis de verbalizar.

A minha viagem foi brutal.
Aliás, a viagem é brutal!
E até ao ponto onde me vi forçado a desistir, as paisagens são fabulosas. O percurso foi engraçado embora pense que tenha realizado a parte menos interessante em termos paisagísticos. Mas vale muito a pena e passa por sitios lindíssimos e tem um valor histórico muito interessante.
Pude constatar in loco que é realmente exigente, mas vale sem questões, uma visita. Noutros moldes, talvez, mas certo é que conto regressar.
A époco do ano, sem dúvida, finais de Abril, principios de Maio.

Aquilo é quente, pá! Aquece mesmo!


Vemo-nos por aí.

Abraçorros,
Frederico Nunes "Froids"
@2015
 

SeteGu

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Já vi que isso foi agreste... talvez tivesse sido melhor optar por não pedalar no período de maior calor. Com essas temperaturas torna-se complicado...

Vê se tens febre... eu uma vez por jogar à bola a tarde toda (e ao sol) apanhei uma insolação.
 

Mr.sa

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Já tinha comentado no outro tópico, é pena froids, mas como te disse lá, a tua infelicidade vai ser a minha aprendizagem e de outros que lerem isto. E de certeza que da próxima vez que fores, limpas aquilo.

A minha 1ªpergunta que te queria fazer, daquilo que fizeste, é se achas que os trilhos por onde passaste se dá para ir de alforges ou se existe uma grande vantagem de ir de mochila. Eu estou a pensar comprar a mochila, mas já tenho os alforges, daí a minha questão.

Passaste por quantas zonas em que era impossível ir montado na bicla?

Não encontraste fontes de água pelos trilhos, sem teres de andar a comprar a mesma?

Desde já obrigado pela tua disponibilidade
 

Speças

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Froids,

por vezes, "temos de dar um passo atrás para depois podermos dar dois em frente".
Esta foi a sensação com que fiquei ao ler este teu relato.

Noto algum desalento, mas também sinto alegria.
Noto alguma frustração, mas também vejo realização.
Noto algum desânimo, mas também percebo ânimo.
O doce e o amargo!

A tal "viagem" de que falas... de facto, já teve o seu início, mas - a julgar pelo que a tua crónica deixa transparecer! - ainda está longe de ter terminado.

E como também já te disseram, o pioneirismo de alguns é que alimenta a alma de - nós - outros.

Boa recuperação e toca mas é a sair pó mato!
 

sonoro

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froids


Cometes muitos erros principiantes meu amigo, admiro a tua louca coragem de te meteres numa aventura dessas , no meu ponte de vista foste muito mal preparado!

Levas te isso como uma bela aventura e fizeste um bom resumo desse teu acto tresloucado , não estiveste uma alimentaçao digna de uma viagem dessas levas te o pensamento sempre na positiva e nem te passou pela cabeça que corre se algo mal tal como aconteceu.

Gelados e coca colas de almoço? De certo que pensas te na tua aventura com muita teoria , mas pratica no terreno e que se ve toda a situação , para mim era impensavel nao levar algum tipo de multivitaminico ou magnesio e calcio para o giro dessa envergadura!Fizeste muita matematica para a volta que deste mas as tuas contas a maior parte delas deram resultado errado , tua provisoes sairam gouradas!

Espero que na proxima vaz mais bem preparado , porque o desgaste fisico é brutal ,locais
longínquos de tudo sozinho etc.

Acho que deves repensar toda a tua estrategia para tua proxima aventura e levar algo mais contigo para necessidades que não pensamos vir a precisar....



Fica bem curti do teu relato e ficou um pouco preocupado contigo arriscas te muitooo ,penso que seja a teu perfil levar as cenas ao limite mas como sabes a limite e limites.
 

froids

Active Member
Viva,

Sonoro, enganas-te no que refere à alimentação e em mais um ponto. Nos restantes estás certíssimo. Cometi muitos erros e fui negligente numa série de factores.
Mas em termos de alimentação até ia preparado e com alguma margem extra. Apenas não almocei convenientemente em Castelo Rodrigo devido ao calor. Como nãp havia nada que comer ali, contava fazer o meu almoço uns 4 ou 5 kms mais à frente quando apanhasse novamente umas sombras... Só que isso nunca voltou a acontecer.
A minha quebra deu-se num espaço de hora e meia, após a ponte da união e devido à elevada temperatura.

Eu quando atingi o esfalto antes de começar a descer para o Côa já não conseguia respirar com o calor.
A sensão era estar tentar respirar o ar de uma sauna. Não com a mesma humidade mas com a mesma "densidade"... nao sei se me consigo fazer entender...

A outra questão, a questão de não ter ponderado se algo corresse mal...
Eu ponderei e pondero, sempre. Tanto que tinha ajuda externa caso a mesma fosse realmente necessária. Tinha o meu primo em Abrantes com um Defender 110 a postos, habituadissimo a andar no mato e a interpretar tracks e mapas e tinha o meu pai em Lisboa, também ele disponivel para o que desse e viesse. No entanto sabia que contava essencialmente comigo e sabia o que poderia correr mal e aceitei esse risco quando me decidi a embarcar nesta aventura.

Mas, realmente cometi bastantes erros. Um deles, crasso, foi não ter estudado o track convenientemente e não ter tido o "amdurecimento" de saber esperar e arrancar em horas convenientes para andar.

As etapas com distancias acima dos 100kms são dificeis de realizar com os trilhos como estão, isso é um facto.
Mas com tempo ameno, são perfeitamente exequiveis.

Abraçorros
:xau:
 

lgass

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eu percebo a coisa da introspeção e do ir sozinho. contudo acho que aqui poderia faltar companhia. estas "aventuras" sempre aprendi que deve ser feitas por pelo menos 3 pessoas. no limite, acontecendo algo a um, um membro fica com ele e o outro pode ir buscar ajuda. claro que ainda há outros "se's"... mas isto seria o mínimo.
 
Froids
Erros ou não, penso que apenas menosprezaste a canícula.
O resto foi a tua opção e acredito que vais fazer tudo igual, mal possas, apenas com temperaturas mais amenas. Porque é assim que te dá "pica". Autonomia total, casa às costas como o caracol mas bem menos vagaroso porque há que fazer muitos quilómetros por dia.
Eu, não o faria assim. Faria 1/3 dos quilómetros por dia. Tentaria acabar as etapas em locais onde houvesse bom alojamento e boa comida para repor energias. Mas isto sou eu.
Só uma memória minha que partilho; em Agosto de 2002, quando fiz a Rota pelo Inatel, lembro-me de desse alcatrão e da ponte que cruza o Côa e de nessa ocasião, também o sol estar de tal forma inclemente que comecei a sangrar abundantemente do nariz. Quando acabei a subida, o tubo superior do quadro da bicicleta era uma mancha vermelha. Tive de parar debaixo de uma sombra e recuperar. Estavam 42° graus à sombra. Felizmente éramos muitos- talvez demais- participantes, acompanhados pelo INATEL.
 

Mr.sa

Active Member
eu não quero ser mauzinho, mas ás vezes parece que algum pessoal vem comentar, sem conhecimento de causa, pelo menos em crónicas deste tipo, e não, ir a santiago em companhia de um grupo, nada tem a haver com o que o froids fez.

O que o froids fez, o título deste e do seu outro tópico diz tudo, a partir do momento que vais em self-support arriscas-te, e a ideia é mesmo essa, é a aventura e a adrenalina, para alguns tresloucada que isso acarreta.

O froids previu quase tudo, infelizmente não previu foi uma única coisa, o tempo, pois o que ele se meteu a fazer em 5 ou 6 dias é exequível, difícil, mas exequível, agora quando andas de baixo de sol de 40+ºC pouco há a fazer, principalmente se andas assim e em alcatrão alguns quilómetros.

O único erro que alguém pode apontar ao froids será o ter definido esta semana para o fazer, pois arriscou-se ao tempo que iria apanhar, mas se calhar também não teria outra hipótese que não assim, e mesmo assim, mesmo sabendo o tempo e tendo mais tempo, se calhar faria tudo igual, eu no lugar dele, quase garantidamente ia cometer o mesmo erro, por isso eu digo, a infelicidade, e recalco a esta palavra, do froids, vai ser a felicidade de muitos, inclusive eu que irei fazer a mesma crónica mas em Agosto ou Setembro.
 

sonoro

New Member
froids

Boa sorte para proxima, sao lugares inospitos por onde passas te , todos os recurso que poderemos ter serão bem vindos mas como ja disseram acaba por ser uma grande liçao que levas te e também a nos que estamos no sofá (
SeteGu) aprender com erros dos outros e tentando ajudar para que nas proximas voltas de btt da malta corram melhor.
SeteGu -> mesmo no sofa se comete muitos erros e grande exemplo disso chama se obesos mórbidos!

De certo que tinhas ajuda para te socorrer, mas nunca se sabe ? formas de comunicar estariam 100%? rede ? satelite? E que tambem vou a locais embora nao seja de bicla que rede de telemovel não existe e ajuda nao aparece do nada!

Ps:Criticar e muito facil , ve se correu bem faz se o diferencial do que nao correu tao bem e pronto esta feito aponta se as pontas defeituosas!
Espero que minha opniao ajude para proxima com as restantes opinadores de sófa!

Eu admiro muito esses aventureiros , também gostaria de fazer uma dia gosto de ve los passar de bike com as malitas e as suas burras carregadas que nem camelos no deserto (pricipalmente as camones gostosas) :eek: .
A minha aventura seria mais barco da troia (Pato real )e seguir rumo algarve ai com cabeça todas tresloucada também :cool:. Talvez um dia!!
 

sonoro

New Member
Mr.sa

De certo que não iras comenter os mesmos erros, boa sorte estarei ca para ler essa bela cronica ;)!

Acho que dever do forum e dialogar foi isso que fizemos opinamos , construimos algo melhor mais acertivo e nesse ponto estamos todos de acordo penso eu.

Eu nunca fiz nenhuma aventura dessas até gostaria de fazer e penso para comigo mesmo que pensemos em tudo vai faltar sempre algo o ser humano não é perfeito e com os seus erros e inteligência que chegamos a conclusão que faltou algo, é ai que nos vamos concentrar reflectir e melhorar para próxima ser sempre melhor.

Concerteza gostaria que nosso amigo estivesse concluído a sua volta , falhou em algumas coisas e natural até eu falharia porque e muito facil escrever o bloco de notas dizer que vamos fazer isto e aquilo e chegamos la falta nos pernas , perdemos liquidos , sais minerais etc.

Fiquem bem desculpem qualquer coisita :bompost: mas sempre incentivar a continuar esses grandes giros para que mais possam fazer , e claro tiras aquelas grandes fotos que nos deliciam a todos desses grandes recantos portucalenses
 

Mr.sa

Active Member
sonoro, eu não estava a querer ser negativo com quem posta, se calhar comecei mal o meu post, pois eu sei e percebo perfeitamente que principalmente quem não está habituado a fazer isto, seja de todo tresloucado e sem lógica ler algumas coisas.

O problema, é que tu estás limitado ao que podes levar e acima de tudo, por muito que queiras prever as coisas, nunca as consegues prever na totalidade como bem disseste e é aí que os erros acontecem, mas é mesmo esse o espírito da coisa, saber que vais fazer uma coisa com a ideia de ultrapassar os teus limites conhecendo coisas novas, e por vezes isso acarreta sofrimento e acontecimentos, que numa volta longa de um dia, de certeza que não cometeríamos.

Fica o desafio para te aventurares numa coisinha destas sonoro, acredita que é uma coisa que depois do sofrimento, se passa a adorar fazer. Só é preciso é dares o 1º passo eheheheheh :p
 

SeteGu

Active Member
O que disse não foi uma critica ao Sonoro mas algo que me parece óbvio... é fácil, para nós que estivemos a assistir à aventura a partir do nosso "sofá", apontar o dedo.

Nunca andei de bicicleta nestes moldes... mas já fiz, num dia apenas, algumas pequenas "expedições". Claro que não se compara... mas mesmo nessas pequenas aventuras (sozinho ou acompanhado) também já cometi alguns erros... e alguns mesmo sabendo que os estava a cometer pensei "que se lixe, não há-de ser nada" e depois, quando se sente na pele, é pior...

Quanto à coca-cola sinceramente nem me parece que seja um erro... tem carradas de açúcar (energia) e cafeína (que supostamente também é benéfico). Claro que no dia-a-dia é mau e não será a coisa mais saudável do mundo mas não me parece que neste contexto seja errado.

Depois há aquelas coisas como o whisky e o tabaco (não aprecio nenhum) que são aqueles pequenos "excessos" mas que, pela descrição, dão um certo prazer ao froids... e quem sou eu para dizer que devia abdicar deles... o whisky à noite, a meu ver, até nem há-de fazer mal nenhum... agora o tabaco certamente não ajuda.
 

froids

Active Member
Olá malta!

Obrigado por todas as palavras. Todas elas são bem vindas. Cabe-me a mim filtrar depois aquelas que se adaptam mais ou menos à minha reflexão pessoal da aventura que vivi.

Mas, umas das poucas coisas que eu acho realmente essenciais neste género de aventuras é estar mentalmente preparado para lidar com todos os problemas que possam surgir.
Incluíndo os graves, de mecânica ou de saúde.
Ninguém está livre de cair e fazer uma fractura num braço, numa mão, ou de se sentir mal... Ou de ter uma avaria mecânica grave... E, na minha opinião, é preciso ir mentalmente preparado para lidar com TUDO o que possa acontecer e que nos saia do controlo. E há tantas variáveis a contemplar que não é viável estar-se preparado para todas elas...
Pelo que neste tipo de aventura, o factor "risco" existirá sempre. Depende um pouco da nossa aceitação desse nivel de risco e o que ele acarreta.

E eu não sou louco nem tresloucado :) se não me sentisse mentalmente preparado para lidar com uma situação extrema não me tinha metido nisto à priori...
Mas sabia que era um desafio grande e que iria exigir de mim tudo o que eu tivesse para dar para levar até ao fim e a bom porto.
E no fundo, assim foi!

Mas continuo a dizer que é mesmo um excelente desafio e se antes ja queria realizar esta rota, agora ainda mais. Irei tentar novamente, sem dúvidas.
E provavelmente nos mesmos moldes, porque como já disseram, é assim que me realiza, que me dá pica.
De certo, em finais de Abril, principios de Maio, conforme me disseram as pessoas com que me cruzei.

Mas agora só para o ano é que posso pensar nisso. E ao contrário deste ano, em que apenas tinha esta semana de Junho disponivel, vou agendar férias especificamente para esta travessia. Assim também conseguirei 6 dias para a realizar, ao contrario dos 5 desta vez.


No post a seguir, o VIDEO da aventura.

Abraços
:xau:
 

froids

Active Member
Filmito do que foi a minha aventura até ao momento em que me vi forçado a desistir!

[video=youtube;uFOouYv2FK0]https://www.youtube.com/watch?v=uFOouYv2FK0[/video]


Abraçorros
:xau:
 

Mr.sa

Active Member
gostei do vídeo, mas uma parte adorei, porque de tudo o que é bonito que gravaste, a tua última frase é a verdade absoluta nestes desafios e não só.

Quando poderes responder-me ao que te perguntei no 2ºpost sem ser o teu no tópico, agradecia, e desculpa te estar a chatear eheheheh :p
 

NC0sta

Member
Froids, seja qual for o desfecho das coisas, uma aventura é aquilo que levamos a cabo e depois de fazer o balanço, podermos dizer o que correu bem ou mal e não o que se tinha planeado. Parabens pelo relato e pela aventura... venha a proxima. Boas pedaladas. ;)
 
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