PedroPadinha
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Antes demais como referi foram 16 dias, então a minha ideia essencialmente era não tornar o Rescaldo monótono e chato, então preferi usar as fotos e fazer um genero de foto-report com comentários, que um relato de 50 paginas, com detalhes minuciosos de cada dia..ainda assim ficou bastante grande, mas espero que gostem! [se não gostarem, eu gostei :lol:]
Foi a maior e mais recompensadora experiência do género que já tive. O espírito era o mesmo que foi para o "Lisboa-Santiago" á menos de um ano, ou seja, curtir a cena ao máximo. Nada de andar em pressas, nem stresses, nem andar todo partido diariamente só a pedalar sem descansar nada. Era um desafio, mas também estávamos de férias. A ideia era em traços gerais, acordar ás 7, partir ás 8, parar para almoço, fazer a sestazinha, e retomar a marcha ate encontrar um sitio para dormir ao fim da tarde. Claro que isto é sempre relativo, e se no dia a dia não conseguimos cumprir as nossas tarefas agendadas, quanto mais numa aventura deste genero, onde imprevistos são o pão nosso de cada dia. Houve dias que conseguimos cumprir isso..houve outros dias que dormimos ao relenato por não conseguirmos encontrar sitio para dormir, houve dias que eram 22horas e ainda andavamos a pedalar á procura de uma cama, e claro, também houve dias que nos "dedicamos"mais de manhã e concluimos as etapas por volta das 14, e tiramos o resto do dia para o chillout, até piscina chegou a haver :wink:
A autonomia não era total, ficamos cerca de 10 vezes em pensões/residenciais/pousadas juventude(tudo low cost), 1 vez nos bombeiros no Soito, 2 vezes em casa de familiares, e 2 vezes ao relento, perto da praia na Carrapateira e em Monsanto frente a um restaurante. Por mim tinha sido mais bombeiros..mas a malta la me convenceu pois eram etapas duras, e convinha descansar bem. E ficar nos bombeiros nesta altura a dormir é complicado, mês Agosto = incêndios = sirenes no quartel a toda a hora :wink:
A Travessia de Portugal foi bem diferente do Caminho de Santiago em tudo. Não existe o mesmo misticismo, a tal "cena" do peregrino que entra mesmo em nós, aqui não, chegamos a Sagres e não temos aquela praça espectacular a aguardar-nos com aquele ambiente todo envolvente...ao invés havia montes de malta a chegar pro festival Sagres Surf Fest :mrgreen: Por outro lado..o Caminho de Santiago não tem grande dificuldade se compararmos com isto, as altimetrias são BEM mais baixas, regra geral é muito rolante, fazendo-se 100 a 130/140kms por dia sem grandes complicações nalgumas etapas, apanhando-se também muito mais asfalto que na TransPortugal. Posso talvez adiantar por alto que nos 650kms de Lisboa a santiago talvez 30~35% seja asfalto enquanto que no track da Transportugal tenho duvidas se chegará aos 10%.
Posso assegurar que não me lembro de fazer mais de 15 kms de estrada até chegar ao Alentejo que só "complica" este facto por causa das propriedades privadas e cercas.
Tenho que salientar a diferença ainda notória entre o Track da Travessia de Portugal e o da Transportugal (nós usámos este ultimo). Em termos logisticos este track é mais complicado, muito raramente passa por vilas ou cidades, sendo que aldeias é o mais frequente(e este frequente não é assim tão frequente, se me entendem :wink
, situando-se normalmente em lugares bem remotos, em que não existem sitios para dormir, ou sequer para almoçar. Para nós que não levámos absolutamente NADA preparado, apenas carregámos o track imprimimos as altimetrias/kilometragens e seguimos para Bragança.
Claro que face a esta nossa descontração logo após o primeiro dia começamos a sentir a necessidade de nos assegurarmos juntos das pessoas se nos sítios onde passamos adiante existiam cafés, restaurantes ou sítios para dormir, sobre o risco de ficar "apeado" (mas notem que decidimos não planear nada antecipadamente de propósito, é praticamente impossivel dado os imprevistos também perde a piada tentar definir etapas neste género de cenas, a ideia era irmos á velocidade do vento..).
Alguns factos curiosos.. sentimos essa necessidade que referi anteriormente, porque logo após os 30/40kms iniciais, para quem já fez, decerto se lembrará que é sempre a "rasgar" até aos mil e tal metros, parámos numa aldeia (a unica talvez nesse dia todo além do sitio onde dormimos), e queriamos almoçar, ora..de facto existia um café, mas quando falamos em bifanas até se riram. Para perceberem naquele café para comer apenas havia gelados e refrigerantes. Agora imaginem o choque inicial, obviamente que muitas etapas iriam ser assim, dai a necessidade de termos que perguntar diariamente se em sitio 'x' ou ''y' havia sitios para comer pelo menos. Apartir daí, como bons tugas começamos a andar com o atum ás costas, just in case. Mas acabando este primeiro episódio, não referi como o pessoal do interior é super hospitaleiro pois não? Claro que apareceu logo alguém com um "pãozão" enorme e um chouriço la da terra :wink:
Mais, no caso de Santiago estamos sempre a passar em grandes localidades a cruzarmos-nos com pessoas regularmente e dado as altimetrias baixas, se chegarmos a um sitio onde não haja nada, há decerto algo a 10 ou 20kms, e é facil la chegar em pouco tempo. Na travessia isso é bem mais difícil, 10 ou 20kms podem implicar 2h ou mais quando levamos carga, e nem sempre há "localidades grandes" próximas. Pode dar-se o caso da próxima, ser a 40kms. Ou então temos que fazer desvios enormes.
Outro problema é o terreno, a travessia tem singletracks, tem MUITOS caminhos tecnicos cheios de pedra, é super desgastante para o material, tem que ser verificado MESMO por vezes, caso de folgas principalmente. Tive a hipótese através dos CTT de mandar vir a minha mochila Deuter Transalpine de 30L ao 8º dia e fiz mais 8 dias com ela, porque os alforges estavam-se a rasgar todos, a roçar nos raios, e com estas altimetrias, e subidas de inclinação acentuada puxar mais 15kgs é complicado.
A decisão tornou-se o melhor que podia ter feito, e se soubesse era de inicio. com 7/8kgs a mochila era super confortável, não a sentia minimamente, dava-me hipótese de levar até 3L de agua, mais 0.75 do bidon, e levava a bicicleta exactamente como ando nela diariamente, sem aquele peso na traseira. Fazia as singletracks de outra maneira, sentia-me muito mais livre.
Para Santiago os alforges chegam perfeitamente, agora para exclusivo BTT com este tipo de terreno da transportugal..por mim, nunca mais. Outro exemplo foi o david, pois o suporte do alforge cedeu junto ao espigão em plena Serra da Malcata! Um deserto completo, com a próxima Vila (Monsanto) a 30 ou 40kms de distância, com um "pico" enorme pelo caminho, era meio dia, com um calor enorme, acreditem que foi uma situação desesperante, apenas existia uma estrada que faziaa ligação Portugal-Espanha, onde passava um carro de meia em meia hora.
Quanto á duração, algo que nos levou a demorar mais 2 ou 4 dias do que o que prevíamos foi essencialmente pela dificuldade logística. Exemplo..queremos fazer 80kms, mas no km 80 ou lá perto não existe nada, pode haver depois só aos 100 ou 100 e poucos km uma localidade maior, o que poderia ser um esticanço imenso, então teríamos que jogar pelo seguro e talvez so fazer 60kms.
Mais seguindo ao que realmente importa..
Antes de mais, o Grupo :
A Sarah, Eu, Pedro Chouriço(e o seu Bob..!) e o David!
O dia começou na Estação de 7 Rios, eu como tinha os papás de férias tive que acartar aquela caixa (maior que eu) mais a bicla la dentro desde casa (fora os alforges e o camelbag ao pescoço..). Missão complexa, passou por meter um vizinho a acordar ás 6 para me ajudar a levar a caixa até ao autocarro, por pedir em Coina a malta para me ajudar a levar para o Comboio da ponte (Fertagus) e mais tarde para me ajudarem a levar até á Rodoviária em 7 Rios :
Uma primeira paragem para comer qualquer coisa em Viseu e esticar as pernas, 6 horas de viagem foi mais duro que certas etapas
As vistas para o Rio Douro, ainda do lado da Terra Fria eram algo do outro mundo.
Em Freixo de Espada a Cinta á porta da Igreija, o David no papel brilhante de empata fo...
A caminho da Calçada de Alpajares e Santa'Ana! Um dos momentos mais marcantes(e perigosos!) conciliando com o douro, provavelmente torna esta uma das melhores etapas da travessia! A solidão das paisagens levou-me para outra dimensão, lembrava os grandes canyon's que custumamos ver em filmes.
Quando as imagens valem mil palavras.
Fizemos ainda uns bons km's da Rota das Aldeias históricas (GR 22) que esta atravessada a mim e a um amigo. Apenas mais uma de tantas as placas a indicar a Rota, esta ainda provavelmente das primeiras aquando da iniciação do projecto por parte do Inatel.
No fim desta etapa, provavelmente uma das mais duras, a nossa tarde foi destinada a uma subida de 20kms, onde tinhamos alturas de subidas ligeiras, a outras com mais de 18 a 20% de inclinação, desde Barca D'Alva a Figueira de Castelo Rodrigo - A primeira Aldeia Histórica ao momento. Felizmente fomos logo muito bem recebidos assim que chegamos, e num piscar de olhos ja tinha uma minie oferecida nas mãos..seguiu-se um queijo e um bolo caseiro e uma indicação de um sitio para dormir!
Pelo caminho cruzariamo-nos ainda com outra Aldeia Histórica que me provocava muita curiosidade á imenso tempo, Almeida - a Aldeia fortificada, muito muito bonita, tive pena de não ficarmos lá mais tempo, mas de qualquer das formas o track fazia-nos dar a volta á aldeia quase toda, pelo que me deixou com um ideia geral.
Nesse mesmo dia acabámos por dormir nos bombeiros do Soito, que foram impecáveis note-se, pois em Alfaiates estava complicado arranjar dormida, apenas havia o Pelicano que é carissimo. Tivemos no entanto que fazer um desvio de 5kms sempre a trepar até aos Bombeiros..Na vila de Soito ja se via bastantes imigrantes e carros de matricula francesa que estariam a voltar para as festas e respectivas familias no mês de Agosto.
No dia seguinte, a etapa incluia a Serra da Malcata, quem diria, tão bonita e tão dura. Resultado : Os meus alforges rasgavam-se, o david partiu o suporte do alforge, o chouriço partia peças do bob, what a view! :mrgreen:
Talvez tenha sido dos momentos em que sentimos maior isolamento, em alturas superiores a 1000metros olhávamos para o horizonte e não viamos vivalma. Serpenteando a fronteira Portuguesa, entre "cá" e "lá", a situação complicou-se com o partir dos alforges do David, que passou a andar com a carga aos ombros("acreditem" que foi quase inacreditavel! Foram 30kms até Monsanto com uma alça a segurar entre os ombros mais de 12kgs e a subir e descer de bicla, pior porque com estes atrasos a agua acabou-se e talvez pela primeira vez a andar de bicicleta senti realmente medo, o GPS não mostrava nenhum ponto de agua além de Monsanto(fim da etapa) e eram cerca das 14h nesta altura. Atingimos uma estrada km's á frente, e enquanto eu e o David ficámos, a Sarah e o Pedro seguiram para uma ribeira que o GPS nos mostrava(o que nem sempre é fiavel pois pode estar seca). No nosso caso..tivemos sorte! A estrada era muito pouco movimentada. Tivemos que começar a mandar parar alguns carros, houve quem parasse outros nem por isso, mas as pessoas regra geral eram bastante afaveis, houve casos engraçados, desde pessoas que nos deram garrafas de agua de 1.5L, a sumos, ao cumulo de um casal nos trazer directamente de uma fonte um garrafão de 5L - este então foi o delirio! O melhor estava para vir...já de partida para ir ter com a Sarah e o Pedro foi-nos dito que a 2kms se encontrava um parque de campismo que o GPS não identificava :s. Com o Pedro e a Sarah a passarem mal, peguei numa boleia, super simpatica de um casal com um filho da minha idade de Coimbra que me deram boleia ao parque e me trouxeram de modo a encher todas as garrafas novamente. Imaginem o que é, após uma "crise" de seca vindos da Malcata dizerem-nos que não havia mesmo nada num raio de 40kms, o GPS dizer-nos o mesmo, e ao fim de contas a 2kms um parque de campismo cheio de malta na piscina, eheh.
Neste momento é apenas "mais uma história para contar" mas durante certos momentos, chegámos a pensar em várias coisas, inclusive desistir, mas tudo foi dissipado já ao fim da noite 8) Uma prima do david trouxe-lhe directamente da decathlon de almada uma mochila que o safou de boa.
Entretanto aparece esta personagem, estávamos nós a descansar por causa do imenso calor, tipo 15h, senti-me uma menina porque este gajo estava a caminhar na boa, com sandálias, 2 mochilas todas tortas nas costas, lá metemos conversa..e não é que vinha de Elvas? fazia media de 40kms por dia a pé, e ia para as vindimas em Espanha, como ele dizia..."um gajo traça um destino, mete na cabeça e tem de o seguir, mais nada..!'
Finalmente...Monsanto-Aldeia Histórica! O Belo banho e dormida ao relento, patrocinados por um restaurante local á beira da estrada, e se não fossem os mosquitos tinha sido uma bela noite!
Do Monsanto fomos até ao Ladoeiro, esta etapa foi super curta, pois estivemos até ás 16h por Monsanto a fazer tempo da prima do David lhe trazer a mochila, acabamos por fazer 35kms sensivelmente, passando por Idanha-a-nova, a qual ja estava cheia de malta por causa do Boom Festival. Já a malta dizia.."aquilo é só droga na cabeça..!"
Mas no Ladoeiro tivemos dos melhores episódios, em termos gastronómicos..7,5 euros tudo á descrição! de álcool a garrafas de refrigerantes de 1,5L, incluindo entradas, sobremesa, café e ginginha no final! O melhor era a comida, eu pedi javali..e a malta outros tipos de carnes, no fim ainda pedi para "experimentar" as codornizes e os pezinhos de coentrada ao que me chegam 2 travessas cheias! E a senhora que nos atendia da Europa de Leste era super simpática! fizemos questão da foto :
No dia seguinte com o Tejo a perseguir-nos...destinado a levar-nos até outros dos pontos que mais aguardava - Vila Velha de Rodão!
Portas de Rodão
A vista da piscina
A dita!
Um pormenor que achei bastante piada , dentro do restaurante. Esta pousada em vila velha de rodão foi a mais cara (25 euros por pessoa) mas foi um sitio espetacular, e como chegamos á hora de almoço optando por fazer uma maior kilometragem de manha, mas relaxar á tarde, valeu mesmo a pena!
De Vila Velha de Rodão seguiamos para Castelo de Vide, mais uma vez optámos pelo menos, uma esticada de 6 horas de manha para termos a tarde livre para o que quisessemos. Além do mais esta vila afamada por ser a "Sintra do Alentejo" merecia uma visita!
Vista do Marvão para Castelo de Vide
Outros amigos pelo caminho..Veados e Cavalos!
De Castelo de Vide, passámos pelo concelho do Marvão com o objectivo de chegar a St. Eulália, onde teriamos uma dormida marcada em casa de familiares do Pedro! fomos extremamente bem recebidos, conseguimos lavar a roupa decentemente, comemos uma super esparguetada numa mesa montada no quintal e dormimos ainda melhor!
Por outro lado por motivos pessoais, com muita pena minha a Sarah teria que nos abandonar, ficando a promessa de ir ter com a gente a Sagres no fim!
Quanto entrei nesta aldeia, e depois neste café, senti um sentimento nostalgico imenso. O casal jovem era simpatiquissimo, e havia com cada coisa..este estabelecimento era café, mas vendia de tudo, tipo drogaria! e na porta ao lado, o senhor cortava cabelo, numa daquelas cadeiras bem antigas..que ambiente!
Este senhor de azul também foi outra agradavel surpresa. Meteu conversa comigo na subida para o café, perguntou imediatamente se estavamos a fazer a Transportugal, e la suspirou.." se calhar ainda ia com vocês ate ao fim da tarde..Monsaraz é?" siga!- Fez-nos companhia numa etapa algo complicada, fizemos quase 100kms nesse dia, alguns bem duros, com estradas em mau estado, muita pedra e muito sobe e desce, a conversa foi bastante agradavel com muita coisa em comum, e quando demos por ela, estavamos á porta de monsaraz, começava o sol a desaparecer!
Monsaraz foi provavemente uma das melhores e mais agradaveis surpresas do algo monotono Alentejo. A Vila esta muito bem conservada, e conta com uma paisagem magnifica, o alqueva apesar das polémicas veio a dar um toque bem giro ao quadro. conseguimos ficar numa pensão espetacular, nada cara tendo em conta os preços la praticados. Tinha uma decoração linda, e era mesmo daquelas casas tipicas, além do mais com pequeno almoço servido de manha no quarto..
Ele parecia bem mais giro antes de chegarmos e deixarmos vestígios betetisticos ;D
Um almoço Volante junto a uma ribeira, onde tivemos hipoteses de um belo mergulho, e ainda ter a visita de uma..Porca! [e dos porquinhos..]
Esta foto poderia ser também facilmente censurada :
Outra calorosa recepção em Pias, em casa da Avó do David! Chouriço, pão e queijo alentejano de entrada, com umas belas migas seguidamente!
Confundimos Cabeça Gorda com Sagres..afinal ainda faltavam uns 250kms..maltidas placas a enganarem um gajo ;D
Nesta etapa chegariamos a Albernôa depois de um almoço em Cabeça Gorda, terra onde se nota alguma presença betetistica! Após alguns contactos que envolveram o meu pai, o sr Nuno Amaral e o João Pereira do BTT_TV conseguimos contactar a Sr. Sandra, presidente da junta que nos consegiu arranjar uma dormida no Centro Paroquial, a vila era bastante pobre, e não tinha sitios para dormir, nem sitios para jantar. As Freiras foram impecaveis, especialmente a irmã Idalina que tratou de tudo fazendo por termos o melhor possivel, que até foi demais! Com aquilo tudo a 7kms contrastava o Hotel Vila Galé, onde tivemos que ir jantar sem haver outra possibilidade, por 20euros buffet..as outras refeições não estavam longe desse valor, siga! Sei que me levantei da mesa por mais de 8 vezes, provei tudo o que havia para provar, e so não tiramos fotos porque parecia mal, já nos sentiamos observados ;D mas a verdade é que uma pequena extravagância ali pelo meio soube mesmo bem, o pessoal na Transportugal deve ser super bem tratado.
De Albernôa a Santa Clara seria provavelmente o dia dos fenomenos.
Enquanto a malta descansava, fiquei no snack bar junto á barragem do monte da rocha a conversar com Pedro "o suiço" que tinha acabado de conhecer, percorreu grande parte da europa descontente com a sua vida na Suiça que como dizia "é tudo perfeitinho demais para mim", fez profissões de todo o tipo desde homem do lixo a guia turistico na Turquia. Este arquitecto ja reformado já estava por cá há mais de 20 anos, vivia numa aldeia com 4 casas bem perto dali, admirei imenso o seu percurso e ficou prometido após convite o ir visitar um dia!
Nesse dia tinhamos pensado em dormir em Frieza..disseram-nos que havia tascos e casas, ok porreiro! chegamos lá nem tascos, nem casas, nem pessoas..vá, até havia 3 casas, uns estrangeiros hippies e um velhote de 82 anos que nos garantia que as estrangeiras "eram boas para caraças! mas com aquela idade já não ia lá..". Dito isto, visto o clima..seguimos para a próxima localidade, Corte Brique a 7kms, esta é que era pelos vistos! Pelo caminho e após 13 dias de fotos perco a maquina fotografica, ia a tirar uma foto quando dou por isso..o caminho para trás eram 7kms a subir e eram 19h, não valia a pena..gritei c******** pelo caminho todo ás arvores e ás montanhas...chegados cá abaixo, surprise! não havia nada, 2 tascos a fechar e sem casas pra dormir! Vá na proxima é que é!!! Mais 7kms, já de noite ate Santa Clara e ai finalmente encontramos casa e por 10 euros! Pelo caminho um casal super simpatico, e pelos vistos assiduos nalgumas actividades da ciclonatur pelo que conversamos emprestou-me uma luzes que depois entregaria no café onde estariam, eu recusei simpaticamente mas o "Nuno" estava realmente preocupado e fez mesmo questão!
A Parte engraçada que passei á frente foi em Corte Brique, pois um gajo podre de bebado insistiu para irmos dormir a casa dele, o homem todo aleijado na cara, dizia-nos que tinha lá espaço, e ate fazia uma açorda de bacalhau, tinha era pouco bacalhau e só um ovo, quando perguntamos por banho fala-nos na ribeira, isto ás 21h : Entretanto enquanto nos dizia isto uns velhotes atrás faziam-nos sinal para nos pisgarmos, a alertar que seria perigoso e afirmarem "tu nem tens lá que chegue prati quanto mais pros outros!", foi o rir! lá começamos a ter algum receio e seguimos para Santa Clara.
De Santa Clara iríamos até á serra de Monchique, o que assustava um pouco. Havia 4 picos grandes, dois deles bem difíceis - Portela da Brejeira e Corchas, ao menos as descidas eram a condizer..!
Saidos de Monchique pretendíamos chegar á Carrapateira, pelo caminho teríamos alguns picos, um deles nesta bela paisagem junto ás eólicas!
Ainda encontrámos dois bacanos que partirampor estrada de bicla de caminha até Vila Real de Santo António, a rondar os 20 e poucos anos, iam dormir na bordeira, antes dir até Sagres e depois atravessar a costa!
Na Carrapateira (Algarve) ficamos logo a perceber que a hospitalidade lá distingue-se bem do resto do pais. Curioso é chegarmos ao sitio mais turistico do pais e não haver sitio para dormir..mas na boa, um sitio qualquer resguardado chegava, estava bastante vento e frio, e na praia era complicado. O chato é que, teimavamos em não encontrar um lugar resguardado, pedimos ao senhor do restaurante se poderiamos ficar no seu quintal ao que disse que "era complicado.." e que "tinha um terreno prali com alguns tijolos.." não ficamos nesse mas num vizinho qualquer, pessoalmente até dormia bem, mas mesmo com repelente o raio dos mosquitos não nos largaram a noite toda!
Os aposentos!
E finalmente chegava o último dia..um misto de cansaço, com grande emoção, o sentimento já nostalgico e grandes expectativas para esta etapa, que seria uma das mais bonitas tal como esperavamos. Mas nada melhor que ver as fotos para compreenderem..
Bem fresquinhos após a melhor noite dormida... :
Com vista para a Praia da Bordeira
Praia do Amado!
Subida da Praia da Barriga, uma praia lindissima!
Fotografia tirada pelo Sr. Agente da Autoridade, aquando do nosso pedido respondeu a sorrir "até ja os policias tiram fotos.." ao que o David responde em tom de brincadeira, "pois, se fosse outro qualquer levava-me a maquina"
A Sarah e o seu twingo amarelo que teve a simptia de nos ir buscar
Provavelmente a foto que mais aguardava! Singletrack para a Praia da Cordoama!
E que venha a próxima!
PS: Agora o super fenómeno..5 dias depois, já de férias e a apanhar sol, decido ir á procura da maquina fotográfica, parecendo que não custou-me mesmo muito, eram 600fotos, a maioria estas que estão agora a ver. Volto la com os meus pais e a Sarah, sabia onde tinha tirado a ultima foto e onde me tinha apercebido que a tinha perdido. Bem..eram 5kms a subir, e até la seriam precisos 4 a 5kms de carro pelo mato, com descidas e subidas bem inclinadas. Chegados a Friezas, saimos do carro e começamos a procurar um pouco sem esperança, embora a estrada pouco frequentada, tinha ficado com o contacto de um senhor que a tinha feito na manha seguinte e nada. Mas ao 3/4km, não é que a sarah a encontra na berma, ja sem pilhas completamente riscada, mas a funcionar?
abraços!
Foi a maior e mais recompensadora experiência do género que já tive. O espírito era o mesmo que foi para o "Lisboa-Santiago" á menos de um ano, ou seja, curtir a cena ao máximo. Nada de andar em pressas, nem stresses, nem andar todo partido diariamente só a pedalar sem descansar nada. Era um desafio, mas também estávamos de férias. A ideia era em traços gerais, acordar ás 7, partir ás 8, parar para almoço, fazer a sestazinha, e retomar a marcha ate encontrar um sitio para dormir ao fim da tarde. Claro que isto é sempre relativo, e se no dia a dia não conseguimos cumprir as nossas tarefas agendadas, quanto mais numa aventura deste genero, onde imprevistos são o pão nosso de cada dia. Houve dias que conseguimos cumprir isso..houve outros dias que dormimos ao relenato por não conseguirmos encontrar sitio para dormir, houve dias que eram 22horas e ainda andavamos a pedalar á procura de uma cama, e claro, também houve dias que nos "dedicamos"mais de manhã e concluimos as etapas por volta das 14, e tiramos o resto do dia para o chillout, até piscina chegou a haver :wink:
A autonomia não era total, ficamos cerca de 10 vezes em pensões/residenciais/pousadas juventude(tudo low cost), 1 vez nos bombeiros no Soito, 2 vezes em casa de familiares, e 2 vezes ao relento, perto da praia na Carrapateira e em Monsanto frente a um restaurante. Por mim tinha sido mais bombeiros..mas a malta la me convenceu pois eram etapas duras, e convinha descansar bem. E ficar nos bombeiros nesta altura a dormir é complicado, mês Agosto = incêndios = sirenes no quartel a toda a hora :wink:
A Travessia de Portugal foi bem diferente do Caminho de Santiago em tudo. Não existe o mesmo misticismo, a tal "cena" do peregrino que entra mesmo em nós, aqui não, chegamos a Sagres e não temos aquela praça espectacular a aguardar-nos com aquele ambiente todo envolvente...ao invés havia montes de malta a chegar pro festival Sagres Surf Fest :mrgreen: Por outro lado..o Caminho de Santiago não tem grande dificuldade se compararmos com isto, as altimetrias são BEM mais baixas, regra geral é muito rolante, fazendo-se 100 a 130/140kms por dia sem grandes complicações nalgumas etapas, apanhando-se também muito mais asfalto que na TransPortugal. Posso talvez adiantar por alto que nos 650kms de Lisboa a santiago talvez 30~35% seja asfalto enquanto que no track da Transportugal tenho duvidas se chegará aos 10%.
Posso assegurar que não me lembro de fazer mais de 15 kms de estrada até chegar ao Alentejo que só "complica" este facto por causa das propriedades privadas e cercas.
Tenho que salientar a diferença ainda notória entre o Track da Travessia de Portugal e o da Transportugal (nós usámos este ultimo). Em termos logisticos este track é mais complicado, muito raramente passa por vilas ou cidades, sendo que aldeias é o mais frequente(e este frequente não é assim tão frequente, se me entendem :wink
, situando-se normalmente em lugares bem remotos, em que não existem sitios para dormir, ou sequer para almoçar. Para nós que não levámos absolutamente NADA preparado, apenas carregámos o track imprimimos as altimetrias/kilometragens e seguimos para Bragança. Claro que face a esta nossa descontração logo após o primeiro dia começamos a sentir a necessidade de nos assegurarmos juntos das pessoas se nos sítios onde passamos adiante existiam cafés, restaurantes ou sítios para dormir, sobre o risco de ficar "apeado" (mas notem que decidimos não planear nada antecipadamente de propósito, é praticamente impossivel dado os imprevistos também perde a piada tentar definir etapas neste género de cenas, a ideia era irmos á velocidade do vento..).
Alguns factos curiosos.. sentimos essa necessidade que referi anteriormente, porque logo após os 30/40kms iniciais, para quem já fez, decerto se lembrará que é sempre a "rasgar" até aos mil e tal metros, parámos numa aldeia (a unica talvez nesse dia todo além do sitio onde dormimos), e queriamos almoçar, ora..de facto existia um café, mas quando falamos em bifanas até se riram. Para perceberem naquele café para comer apenas havia gelados e refrigerantes. Agora imaginem o choque inicial, obviamente que muitas etapas iriam ser assim, dai a necessidade de termos que perguntar diariamente se em sitio 'x' ou ''y' havia sitios para comer pelo menos. Apartir daí, como bons tugas começamos a andar com o atum ás costas, just in case. Mas acabando este primeiro episódio, não referi como o pessoal do interior é super hospitaleiro pois não? Claro que apareceu logo alguém com um "pãozão" enorme e um chouriço la da terra :wink:
Mais, no caso de Santiago estamos sempre a passar em grandes localidades a cruzarmos-nos com pessoas regularmente e dado as altimetrias baixas, se chegarmos a um sitio onde não haja nada, há decerto algo a 10 ou 20kms, e é facil la chegar em pouco tempo. Na travessia isso é bem mais difícil, 10 ou 20kms podem implicar 2h ou mais quando levamos carga, e nem sempre há "localidades grandes" próximas. Pode dar-se o caso da próxima, ser a 40kms. Ou então temos que fazer desvios enormes.
Outro problema é o terreno, a travessia tem singletracks, tem MUITOS caminhos tecnicos cheios de pedra, é super desgastante para o material, tem que ser verificado MESMO por vezes, caso de folgas principalmente. Tive a hipótese através dos CTT de mandar vir a minha mochila Deuter Transalpine de 30L ao 8º dia e fiz mais 8 dias com ela, porque os alforges estavam-se a rasgar todos, a roçar nos raios, e com estas altimetrias, e subidas de inclinação acentuada puxar mais 15kgs é complicado.
A decisão tornou-se o melhor que podia ter feito, e se soubesse era de inicio. com 7/8kgs a mochila era super confortável, não a sentia minimamente, dava-me hipótese de levar até 3L de agua, mais 0.75 do bidon, e levava a bicicleta exactamente como ando nela diariamente, sem aquele peso na traseira. Fazia as singletracks de outra maneira, sentia-me muito mais livre.
Para Santiago os alforges chegam perfeitamente, agora para exclusivo BTT com este tipo de terreno da transportugal..por mim, nunca mais. Outro exemplo foi o david, pois o suporte do alforge cedeu junto ao espigão em plena Serra da Malcata! Um deserto completo, com a próxima Vila (Monsanto) a 30 ou 40kms de distância, com um "pico" enorme pelo caminho, era meio dia, com um calor enorme, acreditem que foi uma situação desesperante, apenas existia uma estrada que faziaa ligação Portugal-Espanha, onde passava um carro de meia em meia hora.
Quanto á duração, algo que nos levou a demorar mais 2 ou 4 dias do que o que prevíamos foi essencialmente pela dificuldade logística. Exemplo..queremos fazer 80kms, mas no km 80 ou lá perto não existe nada, pode haver depois só aos 100 ou 100 e poucos km uma localidade maior, o que poderia ser um esticanço imenso, então teríamos que jogar pelo seguro e talvez so fazer 60kms.
Mais seguindo ao que realmente importa..
Antes de mais, o Grupo :
A Sarah, Eu, Pedro Chouriço(e o seu Bob..!) e o David!
O dia começou na Estação de 7 Rios, eu como tinha os papás de férias tive que acartar aquela caixa (maior que eu) mais a bicla la dentro desde casa (fora os alforges e o camelbag ao pescoço..). Missão complexa, passou por meter um vizinho a acordar ás 6 para me ajudar a levar a caixa até ao autocarro, por pedir em Coina a malta para me ajudar a levar para o Comboio da ponte (Fertagus) e mais tarde para me ajudarem a levar até á Rodoviária em 7 Rios :
Uma primeira paragem para comer qualquer coisa em Viseu e esticar as pernas, 6 horas de viagem foi mais duro que certas etapas
As vistas para o Rio Douro, ainda do lado da Terra Fria eram algo do outro mundo.
Em Freixo de Espada a Cinta á porta da Igreija, o David no papel brilhante de empata fo...
A caminho da Calçada de Alpajares e Santa'Ana! Um dos momentos mais marcantes(e perigosos!) conciliando com o douro, provavelmente torna esta uma das melhores etapas da travessia! A solidão das paisagens levou-me para outra dimensão, lembrava os grandes canyon's que custumamos ver em filmes.
Quando as imagens valem mil palavras.
Fizemos ainda uns bons km's da Rota das Aldeias históricas (GR 22) que esta atravessada a mim e a um amigo. Apenas mais uma de tantas as placas a indicar a Rota, esta ainda provavelmente das primeiras aquando da iniciação do projecto por parte do Inatel.
No fim desta etapa, provavelmente uma das mais duras, a nossa tarde foi destinada a uma subida de 20kms, onde tinhamos alturas de subidas ligeiras, a outras com mais de 18 a 20% de inclinação, desde Barca D'Alva a Figueira de Castelo Rodrigo - A primeira Aldeia Histórica ao momento. Felizmente fomos logo muito bem recebidos assim que chegamos, e num piscar de olhos ja tinha uma minie oferecida nas mãos..seguiu-se um queijo e um bolo caseiro e uma indicação de um sitio para dormir!
Pelo caminho cruzariamo-nos ainda com outra Aldeia Histórica que me provocava muita curiosidade á imenso tempo, Almeida - a Aldeia fortificada, muito muito bonita, tive pena de não ficarmos lá mais tempo, mas de qualquer das formas o track fazia-nos dar a volta á aldeia quase toda, pelo que me deixou com um ideia geral.
Nesse mesmo dia acabámos por dormir nos bombeiros do Soito, que foram impecáveis note-se, pois em Alfaiates estava complicado arranjar dormida, apenas havia o Pelicano que é carissimo. Tivemos no entanto que fazer um desvio de 5kms sempre a trepar até aos Bombeiros..Na vila de Soito ja se via bastantes imigrantes e carros de matricula francesa que estariam a voltar para as festas e respectivas familias no mês de Agosto.
No dia seguinte, a etapa incluia a Serra da Malcata, quem diria, tão bonita e tão dura. Resultado : Os meus alforges rasgavam-se, o david partiu o suporte do alforge, o chouriço partia peças do bob, what a view! :mrgreen:
Talvez tenha sido dos momentos em que sentimos maior isolamento, em alturas superiores a 1000metros olhávamos para o horizonte e não viamos vivalma. Serpenteando a fronteira Portuguesa, entre "cá" e "lá", a situação complicou-se com o partir dos alforges do David, que passou a andar com a carga aos ombros("acreditem" que foi quase inacreditavel! Foram 30kms até Monsanto com uma alça a segurar entre os ombros mais de 12kgs e a subir e descer de bicla, pior porque com estes atrasos a agua acabou-se e talvez pela primeira vez a andar de bicicleta senti realmente medo, o GPS não mostrava nenhum ponto de agua além de Monsanto(fim da etapa) e eram cerca das 14h nesta altura. Atingimos uma estrada km's á frente, e enquanto eu e o David ficámos, a Sarah e o Pedro seguiram para uma ribeira que o GPS nos mostrava(o que nem sempre é fiavel pois pode estar seca). No nosso caso..tivemos sorte! A estrada era muito pouco movimentada. Tivemos que começar a mandar parar alguns carros, houve quem parasse outros nem por isso, mas as pessoas regra geral eram bastante afaveis, houve casos engraçados, desde pessoas que nos deram garrafas de agua de 1.5L, a sumos, ao cumulo de um casal nos trazer directamente de uma fonte um garrafão de 5L - este então foi o delirio! O melhor estava para vir...já de partida para ir ter com a Sarah e o Pedro foi-nos dito que a 2kms se encontrava um parque de campismo que o GPS não identificava :s. Com o Pedro e a Sarah a passarem mal, peguei numa boleia, super simpatica de um casal com um filho da minha idade de Coimbra que me deram boleia ao parque e me trouxeram de modo a encher todas as garrafas novamente. Imaginem o que é, após uma "crise" de seca vindos da Malcata dizerem-nos que não havia mesmo nada num raio de 40kms, o GPS dizer-nos o mesmo, e ao fim de contas a 2kms um parque de campismo cheio de malta na piscina, eheh.
Neste momento é apenas "mais uma história para contar" mas durante certos momentos, chegámos a pensar em várias coisas, inclusive desistir, mas tudo foi dissipado já ao fim da noite 8) Uma prima do david trouxe-lhe directamente da decathlon de almada uma mochila que o safou de boa.
Entretanto aparece esta personagem, estávamos nós a descansar por causa do imenso calor, tipo 15h, senti-me uma menina porque este gajo estava a caminhar na boa, com sandálias, 2 mochilas todas tortas nas costas, lá metemos conversa..e não é que vinha de Elvas? fazia media de 40kms por dia a pé, e ia para as vindimas em Espanha, como ele dizia..."um gajo traça um destino, mete na cabeça e tem de o seguir, mais nada..!'
Finalmente...Monsanto-Aldeia Histórica! O Belo banho e dormida ao relento, patrocinados por um restaurante local á beira da estrada, e se não fossem os mosquitos tinha sido uma bela noite!
Do Monsanto fomos até ao Ladoeiro, esta etapa foi super curta, pois estivemos até ás 16h por Monsanto a fazer tempo da prima do David lhe trazer a mochila, acabamos por fazer 35kms sensivelmente, passando por Idanha-a-nova, a qual ja estava cheia de malta por causa do Boom Festival. Já a malta dizia.."aquilo é só droga na cabeça..!"
Mas no Ladoeiro tivemos dos melhores episódios, em termos gastronómicos..7,5 euros tudo á descrição! de álcool a garrafas de refrigerantes de 1,5L, incluindo entradas, sobremesa, café e ginginha no final! O melhor era a comida, eu pedi javali..e a malta outros tipos de carnes, no fim ainda pedi para "experimentar" as codornizes e os pezinhos de coentrada ao que me chegam 2 travessas cheias! E a senhora que nos atendia da Europa de Leste era super simpática! fizemos questão da foto :
No dia seguinte com o Tejo a perseguir-nos...destinado a levar-nos até outros dos pontos que mais aguardava - Vila Velha de Rodão!
Portas de Rodão
A vista da piscina
A dita!
Um pormenor que achei bastante piada , dentro do restaurante. Esta pousada em vila velha de rodão foi a mais cara (25 euros por pessoa) mas foi um sitio espetacular, e como chegamos á hora de almoço optando por fazer uma maior kilometragem de manha, mas relaxar á tarde, valeu mesmo a pena!
De Vila Velha de Rodão seguiamos para Castelo de Vide, mais uma vez optámos pelo menos, uma esticada de 6 horas de manha para termos a tarde livre para o que quisessemos. Além do mais esta vila afamada por ser a "Sintra do Alentejo" merecia uma visita!
Vista do Marvão para Castelo de Vide
Outros amigos pelo caminho..Veados e Cavalos!
De Castelo de Vide, passámos pelo concelho do Marvão com o objectivo de chegar a St. Eulália, onde teriamos uma dormida marcada em casa de familiares do Pedro! fomos extremamente bem recebidos, conseguimos lavar a roupa decentemente, comemos uma super esparguetada numa mesa montada no quintal e dormimos ainda melhor!
Por outro lado por motivos pessoais, com muita pena minha a Sarah teria que nos abandonar, ficando a promessa de ir ter com a gente a Sagres no fim!
Quanto entrei nesta aldeia, e depois neste café, senti um sentimento nostalgico imenso. O casal jovem era simpatiquissimo, e havia com cada coisa..este estabelecimento era café, mas vendia de tudo, tipo drogaria! e na porta ao lado, o senhor cortava cabelo, numa daquelas cadeiras bem antigas..que ambiente!
Este senhor de azul também foi outra agradavel surpresa. Meteu conversa comigo na subida para o café, perguntou imediatamente se estavamos a fazer a Transportugal, e la suspirou.." se calhar ainda ia com vocês ate ao fim da tarde..Monsaraz é?" siga!- Fez-nos companhia numa etapa algo complicada, fizemos quase 100kms nesse dia, alguns bem duros, com estradas em mau estado, muita pedra e muito sobe e desce, a conversa foi bastante agradavel com muita coisa em comum, e quando demos por ela, estavamos á porta de monsaraz, começava o sol a desaparecer!
Monsaraz foi provavemente uma das melhores e mais agradaveis surpresas do algo monotono Alentejo. A Vila esta muito bem conservada, e conta com uma paisagem magnifica, o alqueva apesar das polémicas veio a dar um toque bem giro ao quadro. conseguimos ficar numa pensão espetacular, nada cara tendo em conta os preços la praticados. Tinha uma decoração linda, e era mesmo daquelas casas tipicas, além do mais com pequeno almoço servido de manha no quarto..
Ele parecia bem mais giro antes de chegarmos e deixarmos vestígios betetisticos ;D
Um almoço Volante junto a uma ribeira, onde tivemos hipoteses de um belo mergulho, e ainda ter a visita de uma..Porca! [e dos porquinhos..]
Esta foto poderia ser também facilmente censurada :
Outra calorosa recepção em Pias, em casa da Avó do David! Chouriço, pão e queijo alentejano de entrada, com umas belas migas seguidamente!
Confundimos Cabeça Gorda com Sagres..afinal ainda faltavam uns 250kms..maltidas placas a enganarem um gajo ;D
Nesta etapa chegariamos a Albernôa depois de um almoço em Cabeça Gorda, terra onde se nota alguma presença betetistica! Após alguns contactos que envolveram o meu pai, o sr Nuno Amaral e o João Pereira do BTT_TV conseguimos contactar a Sr. Sandra, presidente da junta que nos consegiu arranjar uma dormida no Centro Paroquial, a vila era bastante pobre, e não tinha sitios para dormir, nem sitios para jantar. As Freiras foram impecaveis, especialmente a irmã Idalina que tratou de tudo fazendo por termos o melhor possivel, que até foi demais! Com aquilo tudo a 7kms contrastava o Hotel Vila Galé, onde tivemos que ir jantar sem haver outra possibilidade, por 20euros buffet..as outras refeições não estavam longe desse valor, siga! Sei que me levantei da mesa por mais de 8 vezes, provei tudo o que havia para provar, e so não tiramos fotos porque parecia mal, já nos sentiamos observados ;D mas a verdade é que uma pequena extravagância ali pelo meio soube mesmo bem, o pessoal na Transportugal deve ser super bem tratado.
De Albernôa a Santa Clara seria provavelmente o dia dos fenomenos.
Enquanto a malta descansava, fiquei no snack bar junto á barragem do monte da rocha a conversar com Pedro "o suiço" que tinha acabado de conhecer, percorreu grande parte da europa descontente com a sua vida na Suiça que como dizia "é tudo perfeitinho demais para mim", fez profissões de todo o tipo desde homem do lixo a guia turistico na Turquia. Este arquitecto ja reformado já estava por cá há mais de 20 anos, vivia numa aldeia com 4 casas bem perto dali, admirei imenso o seu percurso e ficou prometido após convite o ir visitar um dia!
Nesse dia tinhamos pensado em dormir em Frieza..disseram-nos que havia tascos e casas, ok porreiro! chegamos lá nem tascos, nem casas, nem pessoas..vá, até havia 3 casas, uns estrangeiros hippies e um velhote de 82 anos que nos garantia que as estrangeiras "eram boas para caraças! mas com aquela idade já não ia lá..". Dito isto, visto o clima..seguimos para a próxima localidade, Corte Brique a 7kms, esta é que era pelos vistos! Pelo caminho e após 13 dias de fotos perco a maquina fotografica, ia a tirar uma foto quando dou por isso..o caminho para trás eram 7kms a subir e eram 19h, não valia a pena..gritei c******** pelo caminho todo ás arvores e ás montanhas...chegados cá abaixo, surprise! não havia nada, 2 tascos a fechar e sem casas pra dormir! Vá na proxima é que é!!! Mais 7kms, já de noite ate Santa Clara e ai finalmente encontramos casa e por 10 euros! Pelo caminho um casal super simpatico, e pelos vistos assiduos nalgumas actividades da ciclonatur pelo que conversamos emprestou-me uma luzes que depois entregaria no café onde estariam, eu recusei simpaticamente mas o "Nuno" estava realmente preocupado e fez mesmo questão!
A Parte engraçada que passei á frente foi em Corte Brique, pois um gajo podre de bebado insistiu para irmos dormir a casa dele, o homem todo aleijado na cara, dizia-nos que tinha lá espaço, e ate fazia uma açorda de bacalhau, tinha era pouco bacalhau e só um ovo, quando perguntamos por banho fala-nos na ribeira, isto ás 21h :
Entretanto enquanto nos dizia isto uns velhotes atrás faziam-nos sinal para nos pisgarmos, a alertar que seria perigoso e afirmarem "tu nem tens lá que chegue prati quanto mais pros outros!", foi o rir! lá começamos a ter algum receio e seguimos para Santa Clara.De Santa Clara iríamos até á serra de Monchique, o que assustava um pouco. Havia 4 picos grandes, dois deles bem difíceis - Portela da Brejeira e Corchas, ao menos as descidas eram a condizer..!
Saidos de Monchique pretendíamos chegar á Carrapateira, pelo caminho teríamos alguns picos, um deles nesta bela paisagem junto ás eólicas!
Ainda encontrámos dois bacanos que partirampor estrada de bicla de caminha até Vila Real de Santo António, a rondar os 20 e poucos anos, iam dormir na bordeira, antes dir até Sagres e depois atravessar a costa!
Na Carrapateira (Algarve) ficamos logo a perceber que a hospitalidade lá distingue-se bem do resto do pais. Curioso é chegarmos ao sitio mais turistico do pais e não haver sitio para dormir..mas na boa, um sitio qualquer resguardado chegava, estava bastante vento e frio, e na praia era complicado. O chato é que, teimavamos em não encontrar um lugar resguardado, pedimos ao senhor do restaurante se poderiamos ficar no seu quintal ao que disse que "era complicado.." e que "tinha um terreno prali com alguns tijolos.." não ficamos nesse mas num vizinho qualquer, pessoalmente até dormia bem, mas mesmo com repelente o raio dos mosquitos não nos largaram a noite toda!
Os aposentos!
E finalmente chegava o último dia..um misto de cansaço, com grande emoção, o sentimento já nostalgico e grandes expectativas para esta etapa, que seria uma das mais bonitas tal como esperavamos. Mas nada melhor que ver as fotos para compreenderem..
Bem fresquinhos após a melhor noite dormida... :
Com vista para a Praia da Bordeira
Praia do Amado
!
Subida da Praia da Barriga, uma praia lindissima!
Fotografia tirada pelo Sr. Agente da Autoridade, aquando do nosso pedido respondeu a sorrir "até ja os policias tiram fotos.." ao que o David responde em tom de brincadeira, "pois, se fosse outro qualquer levava-me a maquina"
A Sarah e o seu twingo amarelo que teve a simptia de nos ir buscar
Provavelmente a foto que mais aguardava! Singletrack para a Praia da Cordoama!
E que venha a próxima!
PS: Agora o super fenómeno..5 dias depois, já de férias e a apanhar sol, decido ir á procura da maquina fotográfica, parecendo que não custou-me mesmo muito, eram 600fotos, a maioria estas que estão agora a ver. Volto la com os meus pais e a Sarah, sabia onde tinha tirado a ultima foto e onde me tinha apercebido que a tinha perdido. Bem..eram 5kms a subir, e até la seriam precisos 4 a 5kms de carro pelo mato, com descidas e subidas bem inclinadas. Chegados a Friezas, saimos do carro e começamos a procurar um pouco sem esperança, embora a estrada pouco frequentada, tinha ficado com o contacto de um senhor que a tinha feito na manha seguinte e nada. Mas ao 3/4km, não é que a sarah a encontra na berma, ja sem pilhas completamente riscada, mas a funcionar?
abraços!