Trepador17
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*** “A verdadeira viagem da descoberta consiste não em buscar novas paisagens, mas em ter olhos novos." (Marcel Proust).
*** Terá sido assim? Nesta já saudosa e única 2ª quinzena de Setembro de 2010, teremos nós descoberto o nosso País? Ou terá sido a nossa própria descoberta, das nossas fraquezas e dúvidas, das nossas virtudes e medos? E da nossa gente lusitana? Caros Betetistas, podemos dizer que foi um pouco de tudo.
***A estória desta incrível descoberta e Aventura (imprevisível à partida no seu desfecho), por parte de alguns atletas e amigos do Bike17Eco, será humildemente partilhada.
A Origem.
*** Surgiu um momento único e celestial no início de Primavera de 2010, em jeito de desafio por parte de alguns dos meus Amigos, destas e outras andanças, Pedro Silva “Trilhos”
,Sérgio “Fugas” e Sónia Pimentinha
, e Pimenta “Saca Saca”
, de efectuar uma Travessia de Portugal em BTT.
*** Seria efectuada em período de férias, no mês de Setembro (2ª quinzena), dado o bom tempo que costuma estar nessa época (ou então não) e ser um pouco mais fácil para a malta tirar férias, em 13-15 dias, sem qualquer stress de tempos nem prazos a cumprir mas antes a desfrutar em pleno do nosso Portugal. O objectivo era esse, pedalar todos os dias, fazendo claro os Kms mínimos necessários e com o objectivo de chegar a bom porto, seguindo na medida do possível e razoável as indicações e o trilho marcado da Transportugal, mas sempre com o espírito de férias e não de obrigação em acabar algo, dando-nos a possibilidade de conhecer as nossas aldeias, cidades, gentes de Portugal e estórias por esse país fora.
Os Preparativos
*** Sendo efectuada em quase autonomia total, ponderamos de imediato solicitar a colaboração das forças de segurança deste País, mormente o contacto directo nas Esquadras da PSP ou Postos da GNR, com camaratas, ou Bombeiros, aquando das nossas chegadas, pois três de nós sendo do efectivo da Polícia de Segurança Pública (Eu, o Pedro e Pimenta) , facilitar-nos-ia muito a vida. Acresce que, para além de ficar na memória colectiva o convívio directo que tivemos com todos estas nobres pessoas, não menos importante era também uma grande poupança no orçamento com o alojamento, o que se veio a verificar!). Aliás e sobre esta matéria, quero deixar publicamente as nossas sinceras homenagens e respectiva vénia a todos os elementos Policiais da PSP e da GNR e aos Bombeiros, por esse país fora, que nos receberam como a tradição Portuguesa manda ( o alojamento a civis nunca teve qualquer entrave nas Esquadras ou Postos inclusive pois fomos apanhados a meio do percurso pelo Sr. “Engenheiro” Pedro Cintra, de Setúbal, nobre amigo e companheiro de viagem até Sagres, ganda maluco
que vinha a cumprir a Travessia sozinho, de alforges e seguindo á risca a totalidade do Trilho marcado no seu GPS, mas isto é outra estória a ser contada para a frente…. ) de alma e corações abertos, facilitando-nos a vida ao máximo nos alojamentos, comprovando o brio, dedicação e alma destes Guerreiros e que acredito todos vós Aventureiros terem experiências semelhantes deste saber receber. Bem Hajam.
*** Claro está que eram necessárias também as devidas pesquisas das etapas, planificações pessoais, transportes de bikes e material para levar, preparação física com alguns treinos com as mochilas, etc…. Ficou alinhavado da seguinte forma: seriam 14 dias para mim, o Pedro trilhos e o Pimenta Saca Saca, e a Sónia Pimentinha e Sérgio Fugas acompanhar-nos-iam nos primeiros 3 dias, visto terem outros compromissos e também ser a estreia da Sónia em tão longas distancias em BTT, (mais do que isso e davam em malucos só de nos aturar!). Em Bragança, ficamos no Comando da PSP, já tínhamos efectuado um contacto prévio para marcar os quartos (e que quartos!!!)
Nos 2 primeiros dias (Sendim e Freixo Espada A Cinta), ficaríamos em pensões ( a Gabriela e a Fatibel), dando também algum conforto, depois era o improviso..... A logística não foi esquecida e o Vítor, irmão do Fugas, acompanhado do atleta internacional Manel Xinateiro, tiveram a grande amabilidade de fazer o transporte até Bragança das Bikes na carrinha do primeiro, ao fim do dia - nos autocarros, Alfas, aviões, burras só devidamente acondicionadas (ainda tínhamos por resolver o nosso regresso a casa mas isso é outra aventura!), assunto que foi resolvido com um aperitivo de uma sandes de queijo e um copo de vinho para cada um!
O Material
***Optamos por levar todos mochilas, algumas de 40 Lts em detrimento dos alforges, claro alguns mais carregados do que outros, condicionados pelo número de dias, tirando o Pedro Cintra que vinha com 30 Kgs nos alforges, tentando salvaguardar o equilíbrio dado a natureza técnica do percurso. Fizemos a divisão da ferramenta básica necessária pelos 5, optamos por levar um pneu novo cada um não fosse o diabo tecê-las, barras energéticas, fruta e afins eram comprados no dia a dia nas mercearias, aumentando o peso claro mas, analisando a frio e se pudesse voltar atrás, não teria cometido o mesmo erro pois ao fim de vários dias com um peso mínimo de 10 Kgs ( dou-vos uma perspectiva do antes e depois da minha mochila, já com alguns cortes substanciais, por exemplo o saco cama foi amarrado ao espigão da minha bike)
, todos acusaram um desgaste incrível nas costas e sobretudo no rabo para onde o peso era todo dirigido, já só nos apetecia atirar a mochila fora! Eu comecei a ficar com uma bolha na virilha, de roçar no selim (que também não ajudou por ser estreito para tanstos dias)sempre no mesmo sítio devido ao peso, não foi nada fácil acabar. Foi a poupar ao máximo no peso a levar na mochila, a grama certa meus amigos, tipo mini champoos, mini sabonetes, mini tubos de pasta de dentes, etc....., outros a ter que cortar nos haveres a levar para 14 dias a pedalar, a fazerem contas para não se esquecerem de nada, o Pimenta já tinha sido avisado de que não podia levar o frigorífico com ele! – Tirando uns furos, não houve qualquer avaria grave até ao fim.
As Etapas
***Ficaram, num primeiro tempo, acordadas as 13 Etapas previstas, baseadas na Travessia em Lazer da Transportugal, com os principais gráficos, fizemos umas fichas plastificadas com os pontos de referência das Etapas e que passo a descrever:
*Dia 0, 16 de Setembro – Partida para Bragança na Rede Express.
*Dia 1, 17 de Setembro – Bragança – Sendim (77 Kms, 2367 Mts de acumulado, Dificuldade elevada, Parque Natural de Montesinho; Refega; Aldeia de Caçarelhos (percurso fica mais plano).
*Dia 2, 18 de Setembro – Sendim – Freixo Espada á Cinta (67 Kms, 1571 Mts de subidas e 1295 Mts de descidas, Dificuldade média, Etapa de sobe e desce constante - Urrós; Calçada da Bemposta (800 mts de subida em pedra e degraus); Lamoso; Vila de Alá; Miradouro do Carrascalinho; Lagoaça (lajes de pedra); Descida vertiginosa para Mazouco).
*Dia 3, 19 de Setembro – Freixo – Almeida (76 Kms, 1920Mts de subidas e 1250 Mts de descidas, Dificuldade muito elevada e alguma perigosidade, È a Etapa do Douro – Subida ao Penedo Durão; Poiares a Barca D´alva 15 Kms, 10 a descer em zonas perigosas e com ravinas (Calçada de Alpajares); Barcas D´alva até Castelo Rodrigo são 20 Kms a subir e bem duros; Até Almeida faltam 21 kms).
*Dia 4, 20 de Setembro – Almeida – Alfaiate (54 Kms, 627 Mts em subidas, Dificuldade média (considerada a mais fácil da Travessia, Rota dos Contrabandistas – Desenrola-se no grande planalto para além do vale do Côa ; predominam os bons pisos nesta etapa).
*Dia 5, 21 de Setembro – Alfaiate – Termas de Monfortinho (86 Kms, 1819 mts de Subidas e 1960 Mts de descidas, Dificuldade muito elevada, É a etapa considerada a mais selvagem, distante e isolada – Segundo a descrição atravessa uma reserva com portão e guarda ( a ter que ver isso); Serra da Malcata , ao Km 15 Fóios é o último contacto com a civilização e a seguir são 70 Kms quase isolados; Serra do Ramiro e Vale feitosa; Rio Erges; Local de perigo e quedas frequentes ao Km 66 numa descida de 6 kms).
*Dia 6, 22 de Setembro – Termas de Monfortinho – Ladoeiro (79 Kms, 1804 Mts em subidas e 1035 Mts em descidas, Dificuldade média, Singletrack junto ao Erges; Subida a Monsanto em calçada muito inclinada; Descida de Monsanto perigosa; Idanha-a-Velha; Subida para Alacafozes (Santuário da Sr do Loureto).
*Dia 7, 23 de Setembro – Ladoeiro – V.V Ródão – Castelo de Vide (98 Kms ( 61 Kms até V. Ródão), 1815 Mts de acumulado, Dificuldade média, Muito rolante na parte inicial junto ao Rio Ponsul até Lentiscais; Srª do Socorro; Monte Fidalgo; Portas de Ródão; Vila Velha de Ródão; Atravessa-se o Tejo em direcção à aldeia de Salavessa; 20 Kms do fim Penedo de Marvão; Parque megalítico dos Coureleiros; Subida da calçada íngreme para Castelo de Vide).
*Dia 8, 24 de Setembro – Castelo de Vide – Campo Maior (81 Kms, 1748 Mts em subidas e 1525 em descidas, Dificuldade média/alta, Atravessa o Alto Alentejo junta á fronteira espanhola sobre a Serra de São Mamede; Descida da calçada de Castelo de Vide ( 3 kms) e Descida empinada para Alegrete; Esperança; Nova barragem do Abrilongo; Pintura rupestre da Lapa dos Gaivões; Serras salpicadas de papoilas e malmequeres a norte de Campo Maior).
*Dia 9, 25 de Setembro – Campo Maior – Monsaraz (102 Kms, 1653 Mts em subidas e 1380 Mts em descidas, Dificuldade média, É a etapa mais longa – Rio Guadiana ao Km 20 na Srª da Ajuda onde existe a ponte internacional que liga Elvas a Olivenza; Barragem do Alqueva; Castelo de Jeromenha; Convento da Orada; Descida do Monte de S. Gens; Subida técnica da calçada medieval para Monsaraz).
*Dia 10, 26 de Setembro –Monsaraz – Pias (74 Kms, 930 Mts em subidas e 865 Mts em descidas, Dificuldade média, Etapa do Alqueva e Alentejo, muito rápida, grandes planícies e herdades – 20 Kms iniciais em alcatrão desde Monsaraz até à Nova Aldeia da Luz (velha está submersa) ; Cromeleque do Xerês; Mourão; Aldeia de Santo Amador, Rio Ardila; Ao Km 30 deixa-se o Guadiana e entra-se no carrossel, sobe e desce constante dos montes até Moura).
*Dia 11, 27 de Setembro – Pias – Albernoa (69 Kms, 985 Mts em subidas e 770 Mts em descidas, Dificuldade média / fácil, Etapa que diagonaliza o país, atravessa o centro do Alentejo em direcção á Costa Vicentina – verdadeira etapa do Alentejo; Rio Guadiana; Ponte do Guadiana; depois da ponte 5 Kms de singletrack ao lado dos carris muito técnico e perigoso junto a uma ravina; Direcção Alentejo profundo, Salvada, Cabeça Gorda, Albernoa).
*Dia 12, 28 de Setembro – Albernoa – Santa Clara (88 Kms, 1718 Mts em subidas e 985 Mts em descidas; Dificuldade média / fácil, Transição da planície para a serraria típica do Algarve, é a etapa das Barragens – Planície a Oeste de Castro verde até a Barragem do Monte da Rocha; Depois entra-se na serra com o carrossel de subidas e descidas; Aldeia de Garvão; Aldeia das Amoreiras; Barragem de Corte Brique; Singletrack para uma cumeada a norte da Barragem de Santa Clara; Fonte de Santa Clara (1892).
*Dia 13, 29 de Setembro – Santa Clara – Vale da Telha (71 Kms, Dificuldade alta, Uma das mais difíceis e trabalhosas, muitas subidas com a passagem para o Algarve em cima da espinha montanhosa de Odeceixe até à Serra de Monchique; Ao Km 24 Espinhaço de Cão (20% inclinação de subida); Rogil; Castelo de Aljezur).
*Dia 14, 30 de Setembro – Vale da Telha – Sagres (59 Kms, Dificuldade alta Etapa dura (vento) e das falésias – Praia do Canal; Carrapateira perto já do mar; Rola-se nas falésias; Praia do Amado; Ao Km 28 descida mítica (100 mts quase verticais com degraus pelo meio); Lagoa do jardim; Singletrack em Cordoama (Fio Dental); Subida até Torre de Aspa; Fim na praia da Mareta.)
*** Ufa, Preciso de uma pausa depois de tanto pedalar… E Vocês? :roll:
*** Contudo e como vão poder constatar mais adiante nos relatos das etapas efectuadas, não cumprimos na íntegra esta ordem de Etapas, confirmou-se o improviso, o desfrutar da Travessia, a luta mental e física para chegar a bom porto, a surpresa e os imprevistos, resultando num encurtar do trajecto em 13 dias, o não cumprimento total do Trilho com estrada à mistura, boleias de Viteleiras, o aparecimento fortuito do Pedro Cintra pelo caminho, etc…
Continua brevemente com o Dia O ……
Bem Hajam. Sousa “Trepador”
PS. Qualquer azelhice no texto, postagem de fotos, links, respostas a posts, etc.. deste humilde Betetista pseudo cronista, é mesmo da sua Responsabilidade.
*** Terá sido assim? Nesta já saudosa e única 2ª quinzena de Setembro de 2010, teremos nós descoberto o nosso País? Ou terá sido a nossa própria descoberta, das nossas fraquezas e dúvidas, das nossas virtudes e medos? E da nossa gente lusitana? Caros Betetistas, podemos dizer que foi um pouco de tudo.
***A estória desta incrível descoberta e Aventura (imprevisível à partida no seu desfecho), por parte de alguns atletas e amigos do Bike17Eco, será humildemente partilhada.
A Origem.
*** Surgiu um momento único e celestial no início de Primavera de 2010, em jeito de desafio por parte de alguns dos meus Amigos, destas e outras andanças, Pedro Silva “Trilhos”
,Sérgio “Fugas” e Sónia Pimentinha
, e Pimenta “Saca Saca”
, de efectuar uma Travessia de Portugal em BTT.
*** Seria efectuada em período de férias, no mês de Setembro (2ª quinzena), dado o bom tempo que costuma estar nessa época (ou então não) e ser um pouco mais fácil para a malta tirar férias, em 13-15 dias, sem qualquer stress de tempos nem prazos a cumprir mas antes a desfrutar em pleno do nosso Portugal. O objectivo era esse, pedalar todos os dias, fazendo claro os Kms mínimos necessários e com o objectivo de chegar a bom porto, seguindo na medida do possível e razoável as indicações e o trilho marcado da Transportugal, mas sempre com o espírito de férias e não de obrigação em acabar algo, dando-nos a possibilidade de conhecer as nossas aldeias, cidades, gentes de Portugal e estórias por esse país fora.
Os Preparativos
*** Sendo efectuada em quase autonomia total, ponderamos de imediato solicitar a colaboração das forças de segurança deste País, mormente o contacto directo nas Esquadras da PSP ou Postos da GNR, com camaratas, ou Bombeiros, aquando das nossas chegadas, pois três de nós sendo do efectivo da Polícia de Segurança Pública (Eu, o Pedro e Pimenta) , facilitar-nos-ia muito a vida. Acresce que, para além de ficar na memória colectiva o convívio directo que tivemos com todos estas nobres pessoas, não menos importante era também uma grande poupança no orçamento com o alojamento, o que se veio a verificar!). Aliás e sobre esta matéria, quero deixar publicamente as nossas sinceras homenagens e respectiva vénia a todos os elementos Policiais da PSP e da GNR e aos Bombeiros, por esse país fora, que nos receberam como a tradição Portuguesa manda ( o alojamento a civis nunca teve qualquer entrave nas Esquadras ou Postos inclusive pois fomos apanhados a meio do percurso pelo Sr. “Engenheiro” Pedro Cintra, de Setúbal, nobre amigo e companheiro de viagem até Sagres, ganda maluco
que vinha a cumprir a Travessia sozinho, de alforges e seguindo á risca a totalidade do Trilho marcado no seu GPS, mas isto é outra estória a ser contada para a frente…. ) de alma e corações abertos, facilitando-nos a vida ao máximo nos alojamentos, comprovando o brio, dedicação e alma destes Guerreiros e que acredito todos vós Aventureiros terem experiências semelhantes deste saber receber. Bem Hajam.
*** Claro está que eram necessárias também as devidas pesquisas das etapas, planificações pessoais, transportes de bikes e material para levar, preparação física com alguns treinos com as mochilas, etc…. Ficou alinhavado da seguinte forma: seriam 14 dias para mim, o Pedro trilhos e o Pimenta Saca Saca, e a Sónia Pimentinha e Sérgio Fugas acompanhar-nos-iam nos primeiros 3 dias, visto terem outros compromissos e também ser a estreia da Sónia em tão longas distancias em BTT, (mais do que isso e davam em malucos só de nos aturar!). Em Bragança, ficamos no Comando da PSP, já tínhamos efectuado um contacto prévio para marcar os quartos (e que quartos!!!)
Nos 2 primeiros dias (Sendim e Freixo Espada A Cinta), ficaríamos em pensões ( a Gabriela e a Fatibel), dando também algum conforto, depois era o improviso..... A logística não foi esquecida e o Vítor, irmão do Fugas, acompanhado do atleta internacional Manel Xinateiro, tiveram a grande amabilidade de fazer o transporte até Bragança das Bikes na carrinha do primeiro, ao fim do dia - nos autocarros, Alfas, aviões, burras só devidamente acondicionadas (ainda tínhamos por resolver o nosso regresso a casa mas isso é outra aventura!), assunto que foi resolvido com um aperitivo de uma sandes de queijo e um copo de vinho para cada um!
O Material
***Optamos por levar todos mochilas, algumas de 40 Lts em detrimento dos alforges, claro alguns mais carregados do que outros, condicionados pelo número de dias, tirando o Pedro Cintra que vinha com 30 Kgs nos alforges, tentando salvaguardar o equilíbrio dado a natureza técnica do percurso. Fizemos a divisão da ferramenta básica necessária pelos 5, optamos por levar um pneu novo cada um não fosse o diabo tecê-las, barras energéticas, fruta e afins eram comprados no dia a dia nas mercearias, aumentando o peso claro mas, analisando a frio e se pudesse voltar atrás, não teria cometido o mesmo erro pois ao fim de vários dias com um peso mínimo de 10 Kgs ( dou-vos uma perspectiva do antes e depois da minha mochila, já com alguns cortes substanciais, por exemplo o saco cama foi amarrado ao espigão da minha bike)
, todos acusaram um desgaste incrível nas costas e sobretudo no rabo para onde o peso era todo dirigido, já só nos apetecia atirar a mochila fora! Eu comecei a ficar com uma bolha na virilha, de roçar no selim (que também não ajudou por ser estreito para tanstos dias)sempre no mesmo sítio devido ao peso, não foi nada fácil acabar. Foi a poupar ao máximo no peso a levar na mochila, a grama certa meus amigos, tipo mini champoos, mini sabonetes, mini tubos de pasta de dentes, etc....., outros a ter que cortar nos haveres a levar para 14 dias a pedalar, a fazerem contas para não se esquecerem de nada, o Pimenta já tinha sido avisado de que não podia levar o frigorífico com ele! – Tirando uns furos, não houve qualquer avaria grave até ao fim.
As Etapas
***Ficaram, num primeiro tempo, acordadas as 13 Etapas previstas, baseadas na Travessia em Lazer da Transportugal, com os principais gráficos, fizemos umas fichas plastificadas com os pontos de referência das Etapas e que passo a descrever:
*Dia 0, 16 de Setembro – Partida para Bragança na Rede Express.
*Dia 1, 17 de Setembro – Bragança – Sendim (77 Kms, 2367 Mts de acumulado, Dificuldade elevada, Parque Natural de Montesinho; Refega; Aldeia de Caçarelhos (percurso fica mais plano).
*Dia 2, 18 de Setembro – Sendim – Freixo Espada á Cinta (67 Kms, 1571 Mts de subidas e 1295 Mts de descidas, Dificuldade média, Etapa de sobe e desce constante - Urrós; Calçada da Bemposta (800 mts de subida em pedra e degraus); Lamoso; Vila de Alá; Miradouro do Carrascalinho; Lagoaça (lajes de pedra); Descida vertiginosa para Mazouco).
*Dia 3, 19 de Setembro – Freixo – Almeida (76 Kms, 1920Mts de subidas e 1250 Mts de descidas, Dificuldade muito elevada e alguma perigosidade, È a Etapa do Douro – Subida ao Penedo Durão; Poiares a Barca D´alva 15 Kms, 10 a descer em zonas perigosas e com ravinas (Calçada de Alpajares); Barcas D´alva até Castelo Rodrigo são 20 Kms a subir e bem duros; Até Almeida faltam 21 kms).
*Dia 4, 20 de Setembro – Almeida – Alfaiate (54 Kms, 627 Mts em subidas, Dificuldade média (considerada a mais fácil da Travessia, Rota dos Contrabandistas – Desenrola-se no grande planalto para além do vale do Côa ; predominam os bons pisos nesta etapa).
*Dia 5, 21 de Setembro – Alfaiate – Termas de Monfortinho (86 Kms, 1819 mts de Subidas e 1960 Mts de descidas, Dificuldade muito elevada, É a etapa considerada a mais selvagem, distante e isolada – Segundo a descrição atravessa uma reserva com portão e guarda ( a ter que ver isso); Serra da Malcata , ao Km 15 Fóios é o último contacto com a civilização e a seguir são 70 Kms quase isolados; Serra do Ramiro e Vale feitosa; Rio Erges; Local de perigo e quedas frequentes ao Km 66 numa descida de 6 kms).
*Dia 6, 22 de Setembro – Termas de Monfortinho – Ladoeiro (79 Kms, 1804 Mts em subidas e 1035 Mts em descidas, Dificuldade média, Singletrack junto ao Erges; Subida a Monsanto em calçada muito inclinada; Descida de Monsanto perigosa; Idanha-a-Velha; Subida para Alacafozes (Santuário da Sr do Loureto).
*Dia 7, 23 de Setembro – Ladoeiro – V.V Ródão – Castelo de Vide (98 Kms ( 61 Kms até V. Ródão), 1815 Mts de acumulado, Dificuldade média, Muito rolante na parte inicial junto ao Rio Ponsul até Lentiscais; Srª do Socorro; Monte Fidalgo; Portas de Ródão; Vila Velha de Ródão; Atravessa-se o Tejo em direcção à aldeia de Salavessa; 20 Kms do fim Penedo de Marvão; Parque megalítico dos Coureleiros; Subida da calçada íngreme para Castelo de Vide).
*Dia 8, 24 de Setembro – Castelo de Vide – Campo Maior (81 Kms, 1748 Mts em subidas e 1525 em descidas, Dificuldade média/alta, Atravessa o Alto Alentejo junta á fronteira espanhola sobre a Serra de São Mamede; Descida da calçada de Castelo de Vide ( 3 kms) e Descida empinada para Alegrete; Esperança; Nova barragem do Abrilongo; Pintura rupestre da Lapa dos Gaivões; Serras salpicadas de papoilas e malmequeres a norte de Campo Maior).
*Dia 9, 25 de Setembro – Campo Maior – Monsaraz (102 Kms, 1653 Mts em subidas e 1380 Mts em descidas, Dificuldade média, É a etapa mais longa – Rio Guadiana ao Km 20 na Srª da Ajuda onde existe a ponte internacional que liga Elvas a Olivenza; Barragem do Alqueva; Castelo de Jeromenha; Convento da Orada; Descida do Monte de S. Gens; Subida técnica da calçada medieval para Monsaraz).
*Dia 10, 26 de Setembro –Monsaraz – Pias (74 Kms, 930 Mts em subidas e 865 Mts em descidas, Dificuldade média, Etapa do Alqueva e Alentejo, muito rápida, grandes planícies e herdades – 20 Kms iniciais em alcatrão desde Monsaraz até à Nova Aldeia da Luz (velha está submersa) ; Cromeleque do Xerês; Mourão; Aldeia de Santo Amador, Rio Ardila; Ao Km 30 deixa-se o Guadiana e entra-se no carrossel, sobe e desce constante dos montes até Moura).
*Dia 11, 27 de Setembro – Pias – Albernoa (69 Kms, 985 Mts em subidas e 770 Mts em descidas, Dificuldade média / fácil, Etapa que diagonaliza o país, atravessa o centro do Alentejo em direcção á Costa Vicentina – verdadeira etapa do Alentejo; Rio Guadiana; Ponte do Guadiana; depois da ponte 5 Kms de singletrack ao lado dos carris muito técnico e perigoso junto a uma ravina; Direcção Alentejo profundo, Salvada, Cabeça Gorda, Albernoa).
*Dia 12, 28 de Setembro – Albernoa – Santa Clara (88 Kms, 1718 Mts em subidas e 985 Mts em descidas; Dificuldade média / fácil, Transição da planície para a serraria típica do Algarve, é a etapa das Barragens – Planície a Oeste de Castro verde até a Barragem do Monte da Rocha; Depois entra-se na serra com o carrossel de subidas e descidas; Aldeia de Garvão; Aldeia das Amoreiras; Barragem de Corte Brique; Singletrack para uma cumeada a norte da Barragem de Santa Clara; Fonte de Santa Clara (1892).
*Dia 13, 29 de Setembro – Santa Clara – Vale da Telha (71 Kms, Dificuldade alta, Uma das mais difíceis e trabalhosas, muitas subidas com a passagem para o Algarve em cima da espinha montanhosa de Odeceixe até à Serra de Monchique; Ao Km 24 Espinhaço de Cão (20% inclinação de subida); Rogil; Castelo de Aljezur).
*Dia 14, 30 de Setembro – Vale da Telha – Sagres (59 Kms, Dificuldade alta Etapa dura (vento) e das falésias – Praia do Canal; Carrapateira perto já do mar; Rola-se nas falésias; Praia do Amado; Ao Km 28 descida mítica (100 mts quase verticais com degraus pelo meio); Lagoa do jardim; Singletrack em Cordoama (Fio Dental); Subida até Torre de Aspa; Fim na praia da Mareta.)
*** Ufa, Preciso de uma pausa depois de tanto pedalar… E Vocês? :roll:
*** Contudo e como vão poder constatar mais adiante nos relatos das etapas efectuadas, não cumprimos na íntegra esta ordem de Etapas, confirmou-se o improviso, o desfrutar da Travessia, a luta mental e física para chegar a bom porto, a surpresa e os imprevistos, resultando num encurtar do trajecto em 13 dias, o não cumprimento total do Trilho com estrada à mistura, boleias de Viteleiras, o aparecimento fortuito do Pedro Cintra pelo caminho, etc…
Continua brevemente com o Dia O ……
Bem Hajam. Sousa “Trepador”
PS. Qualquer azelhice no texto, postagem de fotos, links, respostas a posts, etc.. deste humilde Betetista pseudo cronista, é mesmo da sua Responsabilidade.
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