Até Já…
Talvez pela idade, talvez pelo estado das coisas que nos rodeiam, talvez por ambas, gostaria de permanecer eternamente com o espírito das tardes de funeral! Gostaria de conseguir transmitir a necessidade que temos de perceber que naquelas horas percebemos a fragilidade da vida e a interrogação que colocamos sobre quanto tempo demora esta mudança, a única irreversível. É tudo tão rápido e sem solução que vivemos estas tardes como de fraternidade e de comunhão de afectos. Arrependemo-nos do que cometemos de mal e temos consciência de que o não devíamos ter feito, quase que olhamos em redor e tentamos descobrir se alguém está ao nosso lado e com quem tenhamos tido um momento desagradável, para sentirmos vergonha e pena de o termos feito, mesmo que seja um pequeno acto sem valor.
À nossa volta paira um discurso muito honesto e que gravita em redor de mais, ou menos, estas palavras:”Para quê…!? Para quê tanta ganância!? Para quê darmo-nos mal!? Para quê querer mundos e fundos!? Será que vale a pena!?” Estas são as interrogações que oiço, vindas de fora e de mim mesmo. Todos prometemos ser melhores, vamos todos mudar. Mas, facilmente esquecemos! Uns mais do que outros, é certo…mas esquecemos!
E, descobrimos um valor belo, o valor tardio da verdade! Descobrimos que aquela pessoa que está ali, com uma beleza que nunca lhe havíamos visto, se nos aparenta boa pessoa, um coração bom e que, mesmo o que achamos ter feito de mal, tem uma justificação! “Era o seu génio!”, ouvimos os velhotes (que ternura me desperta esta palavra!) dizer, como que sendo testemunhas abonatórias neste julgamento em que não querem seja mau para o desafortunado que se foi antes do tempo que seria legítimo.
Muitas interrogações se colocam, uma é a mais frequente:”Porquê ele e não eu!? Já não faço falta nenhuma!”
Como me doeu a alma ouvir a mãe do António, com milhentos bocados de coração no peito, um coração destroçado, dizer com a sinceridade que só vai dentro do peito de uma mãe que, na morte relembra o que de fora do peito viveu, enquanto lhe transmitia vida no seu leite materno (bela expressão…mais uma!) que, para ela, era muito mais importante do que o sangue que lhe corria nas veias. O sangue dava vida a si própria, o leite fazia viver o sangue de seu sangue (estas expressões…)!
Momentos de verdadeira e inesquecível tristeza, desalento e solidão…
Para todos os Antónios, todos os bttistas, todos os seres humanos, encaminho o meu desejo de VIDA e de FELICIDADE!