A minha pequena, grande aventura

noody_here

New Member
Caros companheiros
Vou partilhar aqui uma volta que fiz por estes dias e que era algo que já tinha vontade de fazer á algum tempo.
Assim, saquei uns dias de férias ao chefe, meti o pedido de autorização á patroa, preparei a máquina, fiz reservas de locais a ficar, imprimi mapas com as rotas que queria seguir, etc, etc.

O objectivo, ou objectivos eram, dar uma volta a solo, sempre nas calmas, com tempo para parar, apreciar, descansar, pensar, meditar, passar em sítios onde ainda não tinha estado, apreciar lugares sob outra perspetiva, sem me ralar minimamente com bater recordes pessoais a nível de kilometragem, ou de médias, até porque não fazia a mínima ideia de como seria fazer uma viagem, sozinho, como é que se portava o corpinho, se eu aguentava, etc.

Assim e posto isto, arranquei na passada terça-feira de Setúbal no Ferry boat em direcção a Troia.

1ª ETAPA

Troia - Porto Côvo
Saída: 09:45h
KMS 87.50 kms
Tempo a pedalar: 03:49h
Média: 23 kms/hora
Chegada: 15:00

Etapa sempre a rolar,as rectas a perder de vista, pouco transito, por vezes só ouvia os passarinhos e o barulho dos pneus a rolar, dia de sol, fresquinho quando soprava o vento, mas estava a sentir-me bem, estava gostar, afinal estava a fazer aquilo que tinha planeado fazer já por várias vezes.
Fui parando para ir tirando umas fotos, ir descansando o rabo (que de toda a viagem foi o meu calcanhar de aquiles, devido a uma má escolha do selim, azar.....), parei em Stº André para comer uma bifana e depois voltei a arrancar, ali é que apanhei uns quantos kms com muito vento que dificultou muito a coisa, até porque depois de comer custame muito dar ao pedal!!!:D.

Avançei pela via rápida até Sines, bem chatinha por sinal, e lá avistei a costa e São Torpes como objetivo para uma paragem, não sem antes apanhar um valente susto com um simpático codutor de camião que fez o favor de me presentear com uma "bela" ultrapassagem de raspão e uma buzinadela amiga:fpalm:....!!!
Arranquei pela estrada junto á costa em direcção ao objectivo, Porto Côvo, sempre com aquele mar ali ao lado a pedir uns pensamentos contemplativos e a deixar-me satisfeito por estar quase a cumprir o meu objectivo e por me ter decidido a avançar com este objectivo, finalmente ao fim de mais uns kms e ao contornar um talude, ali estava.......Porto Côvo.




















2ª ETAPA

Porto Côvo - Zambujeira do Mar
Saída: 09:00h
KMS 61.20 kms
Tempo a pedalar: 03:12h
Média: 19 kms/hora
Chegada: 13:00

Dia de sol, porreiro, acordei bem, descansei. sinto-me bem excepto o rabo, que está maltratado:fpalm:, de resto sinto-me mesmo bem, satisfeito, Ponho o nariz de fora, chiça, tá frio como o raio, isto vai custar; primeiros kms a pedalar para sair de Porto Côvo, começo a sentir mesmo frio, bolas que isto vai custar, muito vento a custar a embalar a bike para atingir velocidade de cruzeiro.
Primeira paragem no parque de campismo do Sitava, para uma barrita e beber uns goles de água, kms feitos, +-10kms, bolas estou cansado, já, o vento está a tramar isto tudo e o frio está um terror, devem estar aí uns 5ºgraus, parado claro, porque com o ventinho a bater deve estar pior.........

Começo a duvidar, não vou conseguir, tou cheio de frio, que raio de ideia que eu tive de me meter nesta aventura, vou mas é telefonar para casa para me virem buscar........enfim as chamadas "diarreias cerebrais"

Montei de novo, toca a pedalar, o vento até parece que acalmou um pouco, frio continua, passo por V.N.Milfontes, para outra vez para um bolinho um cigarrinho e um café. Saio pela ponte por cima do rio, tiro uma foto e toca a subir por aquela ladeira acima, já não tenho frio, tou até com bastante "calor", avanço e mais uns kms á frente desvio para Almograve, dou uma volta para conheçer, vou até ao porto de pesca, tiro as fotos da praxe, como mais umas bolachinhas e vamos embora, que o farol do Cabo Sardão espera por mim.
Lá cheguei uns kms depois, o vento volta a soprar mais forte, ando por estradas sem transito, nas calmas em silencio, tranquilo, vou aproveitando para ir pensando na vida, nos problemas, nas soluções e vamos pedalando.......Tiro mais umas chapas da praxe, beber água e vamos até á Zambujeira do Mar onde aterro mesmo á hora de almoço......e se pensei melhor o fiz, tirei mais umas fotos, um telefonema para casa para dar a conheçer onde me encontro e escolho um restaurante para saborear uma bem merecida refeição.
Depois de bem comido e já novamente satisfeito por estar ali, fiz os últimos kms até ao alojamento rural onde iria ficar; mandei-me para cima da cama para esticar as costas e toca a dormir uma sestinha para fazer tempo para o belo banho.

















3ª ETAPA

Zambujeira do Mar - Santiago do Cacém
Saída: 09:15h
KMS 73,90 kms
Tempo a pedalar: 03:57h
Média: 18.5 kms/hora
Chegada: 14:00

Há pois é, como se diz na gíria "hoje é que a porca torçe o rabo"; tenho serra a fazer, 70kms para pedalar, e o prato do dia previsto é, dia com céu cheio de nuvens, sem sol, mais frio do que o anterior dia e amplas possibilidades de chuva para o fim da tarde; se não der bem ás canelas para chegar cedinho ainda vou apanhar um banho forçado.
Portanto, e considerando tudo isto, salto da cama, preparo as coisas, tomo um banho quentinho, toca a equipar e tomar o pequeno almoço, cafézinho, cigarrinho e toca a botar o pé na estrada.

Muito frio, vento mais calmo que no dia anterior, mas mesmo assim sempre aquela "brisa" muito fresquinha, demoro a aqueçer, mas lanço-me a pedalar com energia, porque hoje quero chegar cedo e tb porque preciso aqueçer.

Chego a V.N.Milfontes, "enquanto o diabo esfrega um olho", todo satisfeito, granda média que eu vou fazer hj, para para abasteçer de água e café, tou tão satisfeito que fumo mais um cigarro, monto de novo e vamos embora.

Mas dali para a frente as coisas vão começar a aqueçer; faço mais uma vintena de kms sem grandes problemas, mas a partir dali começo a ter de começar a trepar.
Para evitar a subida ao Cercal, passando pela respectiva serra, vi no mapa que mais ou menos a par de Porto Côvo ,podia apanhar uma terreola chamada Sonega e daí cruzar a estrada que ia do Cercal a Santiago do Cacém.
Melhor pensado, melhor fazer, lá vou eu por estradas secundárias sem transito, porreiro, comunhão quase total com a natureza, paro para um trago do meu Gel revigorante, uma necessidade fisiológica e toca a trepar, puxadinho aquilo, começo a arfar, toca a meter umas velocidades abaixo e a apanhar o ritmo e passados uns 5 kms a subir, lá chego á Sonega.

Apanhei um café onde devorei uma bela de uma bifana acompanhado pela respectiva MINE:D, meto mais nicotina no pulmão e preparo-me para o pior.....Estrada nacional N120, até Santiago do cacém, curvas e contracurvas quase sempre a subir, não muito inclinado mas dá para ver a vida a andar para trás ás vezes.......

Mais uma vez, tirando o meu massacrado rabo (estava tão danado da escolha do selim, que se encontra-se uma loja de bikes ainda era capaz de comprar outro), sentia-me porreiro, lá encontrei o meu ritmo, pedalando a uma cadência confortável, aproveitando as curtas descidas para descansar, e depois de uns valentes kms lá encontrei a tão desejada placa a anunciar o meu ponto de chegada e passado mais uns 2 kms lá encontrei o meu alojamento.












O objectivo era de Santiago do Cacém no outro dia, seguir para a Barrosa, junto a Alcácer do Sal, mas o agravamento das temperaturas a ficarem francamente desagradáveis, e o início da prometida chuva, fez-me dar por terminado a minha aventura até porque começei a sentir uns sintomas de que se avizinhava uma valente gripalhada.

Como para mim o mais importante nas minhas pedaladas é eu tirar o maior prazer possivél disto e como não estava nem a bater recordes nem a tentar provar nada a ninguém (a não ser talvez a mim próprio), tratei de combinar a chegada da minha assistência em viagem (esposa e filhas com o respectivo veículo de resgate), aproveitei para conheçer mais um pouco Santiago do Cacém.

Em jeito de rescaldo e porque acho que já chega, só tenho a dizer que gostei da experiência, estava a precisar deste tempinho comigo próprio, estava a precisar de pensar, meditar, cansar o corpo, conheçer mais um pouco e melhor o nosso belo país.

A minha companheira de viagem foi a minha fiel Qüer, equipada com pneus de estrada , suporte de alforges e os respectivos, para levar as minhas tralhas, 0 furos, 0 problemas, foi pedalar e andar.

Conclusão numa palavra: RECOMENDO.

Abraço a todos os companheiros.
 

NC0sta

Member
Boa noite companheiro,
mais uma Aventura de deixar a malta com inveja. Parabens, muito bom.
Continuação de boas pedaladas, um abraço.
 

Jean73

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Muito bom, Parabéns pela "evasão"!
1 pergunta, a bolsa que vai fixa ao quadro por baixo da cx direção é p/ ferramentas? é possível saber onde se compra, e qt €??
Já vi várias em fotos mas nunca as encontrei á venda ....
 

commendatore

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Muito bem. Conheço muito bem a zona.
COmpreendo a escolha por asfalto, afinal de contas ias sózinho... Embora nessa zona hajam zonas de pinhal, o solo é maioritariamente areia de praia. Rebenta um gajo todo!

Bela passeata
 

noody_here

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Companheiros, Obrigado pelos Vossos posts.

Realmente esta minha aventura teve só a ver com a necessidade de precisar de fazer algo para descomprimir e pôr em prática algo que já vinha com vontade de fazer á algum tempo.
Em relação á questão de ter sido só alcatrão, tem a ver com o facto de ter ido sozinho, e em relação a estas aventuras ser a primeira experiência e pelo menos em estrada sempre ia um pouco mais "seguro", se eventualmente fosse necessário ajuda por algum problema.

Como disse no relato o meu principal objectivo foi experimentar, descontrair, pensar, meditar, conhecer as minhas fraquezas, conheçer coisas que não conhecia ainda, pelo menos na perspectiva do passeio de bicicleta, não tentei bater records nem médias, para mim foi traçar rotas e tentar cumprir essas metas.
Eu comecei a andar de bike, porque precisava de fazer exercício, e descobri o prazer de andar, de pedalar, mas para mim tenho de fazer isso com algum conforto, pois se começo a entrar no campo do sacrifício, já deixo de retirar prazer desta actividade, portanto as etapas e os kms que fiz por dia, foram aqueles que eu achei que conseguia fazer dentro da minha zona de conforto.

Jean73, em relação á questão da bolsa do guiador, comprei no OLX, andam por lá modelos do mesmo género um pouco maiores, mas preferi estas, pois foi onde transportei a carteira, o telemóvel, bolsa de moedas e máquina fotográfica, sendo as coisas que precisava de ter mais á mão, é relativamente pequena, não leva muita coisa, mas pelo menos retira-me coisas dos bolsos do jersey.
As ferramentas que levei, foram na bolsa do selim e camaras de ar e bomba, foram no encaixe do suporte dos alforges.

Obrigado a todos, abraço.
 

brunors

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Obrigado pelo post e parabéns pela aventura e pela coragem de fazeres sozinho.

Na minha opinião, são este tipo de aventuras que nos enchem a alma e pela qual vale a pena andar a treinar.

Só mais uma coisa: pelo que vi, estivestes na entrada de um dos percursos mais fantásticos que já fiz até hoje de BTT: junto ao Cabo Sardão em direção ao sul tens um percurso junto às falésias brutal, com umas paisagens magnificas.

Boas voltas
 
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